EFEITO DO EXTRATO AQUOSO DE Avicenia schaueriana SOBRE Aedes aegypti



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Transcrição:

EFEITO DO EXTRATO AQUOSO DE Avicenia schaueriana SOBRE Aedes aegypti Santana, M.A.N. (1) ; Araújo, J.G. (1) ; Neto, P.P.M. (1) ; Rodrigues, C.F.C. (1) ; Barbosa, J.A.P. (1) ; Oliveira, T. B. (1) ; Pinto, I.M.A. (1) ; Lima, F.T. (2) ; Bezerra, H.M.S. (2) ; Gomes-Júnior, P.P. (2) ; Vieira, J.R.C. (1) Marllon_gb@hotmail.com (1) Departamento de Histologia e Embriologia, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Recife - PE, Brasil; (2) Unidade Acadêmica de Serra Talhada, Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE, Serra Talhada - PE, Brasil. RESUMO Avicenia schaueriana (Avicenniaceae), popularmente conhecida como mangue-preto, é uma das espécies mais comuns do mangue brasileiro. O objetivo do estudo foi avaliar o efeito do extrato aquoso de pneumatóforo de A. schaueriana sobre a eclosão de larvas de Aedes aegypti. O pneumatóforo (200g) foi triturado, extraído por infusão em água destilada (80ºC) e liofilizado. Ovos de A. aegypti (n=200) foram expostos às concentrações de 250, 500, 750 e 1000 µg/ml do extrato aquoso por um período de 0-7 dias em temperatura de 27-29 o C. Como controle negativo, foi utilizado água mineral. Os ovos foram observados e contados em esteomicroscópio (1.2x) e os dados estatísticos foram analisados no software SigmaStat 3.5 através do teste de Tukey com valor de p < 0,05. O controle negativo eclodiu 60%, assim como na concentração de 1.000 µg/ml que não mostrou diferença significativa em relação ao controle. Nas concentrações de 250, 500 e 750 µg/ml o percentual de eclosão foi 22,5%, 35% e 22,5% respectivamente, logo apresentaram valores estatisticamente significativos tanto em relação ao controle quanto à concentração de 1.000 µg/ml. O extrato aquoso de pneumatóforo de A. shaueriana mostrou efeito inibitório na eclosão de larvas para as concentrações de 250, 500 e 750 µg/ml.

Palavras-chave: Mangue-preto, Pneumatóforo, Dengue. INTRODUÇÃO Avicennia schaueriana é uma planta cuja alocação ao nível de família foi por vezes alterada, ora como membro da Verbenaceae ora como da família Avicenniaceae, mas que após estudos filogenéticos foi finalmente situada na família das Acanthaceae, listado como um gênero nativo do Brasil (SOUZA e LORENZI, 2008). É uma espécie endêmica da vegetação de manguezal popularmente conhecida como manguepreto ou siriúba, tendo abrangência em áreas que vão desde as Pequenas Antilhas e ao longo da Costa do Atlântico da América do Sul ao Uruguai. Espécies do gênero Avicennia têm importância como estabilizadoras do solo da costa, produção de mel, curtimento do couro, além de sua madeira ter utilidade na construção e como combustível (SMITH et al., 2004). Avaliando a atividade antibacteriana de extratos hidro-alcoólicos de folhas, casca e raiz de A. schaueriana Santos et al. (2010) encontrou maiores halos testando os extratos das raízes contra Staphylococcus aureus ATTC 6835, Micrococcus luteus ATCC 9341 e Klebsiella pneumoniae ATCC 700603. Os extratos da casca também exibiram atividade inibitória, mas com menores halos. Apresentou atividade antifúngica contra Cladosporium cladosporioides e C. 2

sphaerospermum, onde o extrato bruto do caule teve destaque nesta inibição e as principais substâncias responsáeis por esta atividade foram o lupeol (triterpeno) e a naftoquinona (lapachol) (FARDIN e YOUNG, 2011). Em estudos de fitorremediação, a A. schaueriana alcançou uma eficiência na remoção de frações de hidrocarbonetos do petróleo de 87% e este mesmo estudo demonstrou a capacidade de bioestimulação desta planta quando no crescimento microbiano no meio que reproduzia as características do mangue (MOREIRA et al., 2013). Apesar de se tratar de uma planta pouco estudada, A. schaueriana já revela que possui ações farmacológicas importantes e é preciso então conhecer os efeitos toxicológicos desta planta para dar suporte a posteriores estudos de suas ações biológicas e conhecimento de seus metabólitos bioativos. A família Rhizophoraceae e a antiga Avicenniaceae, que compreende o gênero Avicennia (Acanthaceae), são produtoras de compostos químicos pertencentes a grupos de importante aplicabilidade biológica, incluindo, assim, compostos que estão entre os produtos do metabolismo primário e secundário, possuindo importância ecológica, toxicológica e farmacológica. Constituem uma rica fonte de taninos, compostos utilizados nas indústrias de plásticos, tintas e cerâmica; compostos orgânicos contendo enxofre, os alcalóides (BANDARANAYAKE, 2002). 3

Compostos polifenólicos diversos são produzidos nas folhas de R. mangle cujos níveis são dinâmicos de acordo com o desenvolvimento e a senescência das folhas e altamente influenciados pelos fatores abióticos como salinidade, temperatura e disponibilidade de nutrientes, sobretudo em condições extremas e desfavoráveis destes fatores (KANDIL et al., 2004). Esta classe de compostos extraídos da casca de R. mangle exibiram significativo efeito antiinflamatório através da inibição da atividade da ciclooxigenase 2 (COX-2) e da fosfolipase A 2 in vitro (MARRERO et al., 2006). Dos extratos etanólicos da casca de R. mangle avaliados por cromatografia gasosa e espectrometria de massas também obteve-se uma constituição de 4% de ácidos graxos saturados e insaturados (PERERA et al., 2010). Em geral, os estudos envolvendo o gênero Avicennia avaliam a espécie A. marina e, assim, pouco é conhecido sobre a fitoquímica de A. schaueriana (SHARAF et al., 2000). Estudos químicos utilizando cromatografia a gás e espectrometria de massas em A. schaueriana demonstraram a presença de naftaleno, hexadecanoato de etila, naftoquinona (lapachol), esqualeno e lupeol, este último com maior representatividade (FARDIN e YOUNG, 2011). Por esta carência e pela importância que estas espécies demonstram possuir, um estudo fitoquímico orientado a conhecer os componentes dos extratos aquosos 4

foliares de R. mangle e A. schaueriana deve ser desempenhado para agregar valor a estas espécies naturais de manguezais. MATERIAL E MÉTODOS Material vegetal Pneumatóforo de Avicennia schaueriana foi coletado em março de 2012 em Itamaracá, Estado de Pernambuco, Brasil e autenticado pela bióloga Marlene Barbosa do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Ovos de mosquitos Ovos de A. aegypti foram originalmente obtidos da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Serra Talhada, Pernambuco - Brasil. Os ovos de mosquitos foram mantidos em uma sala à 29 º C em copos plásticos descartáveis umedecidos. Os ovos foram contados usando um microscópio estereoscópico e utilizados no ensaio in vitro. Preparação dos extratos Pneumatóforo (200 g) foi pesado e triturado. O material foi extraído por infusão com água destilada (80 ºC), resultando no extrato aquoso. Após liofilização, os materiais vegetais secos em pó renderam 6,6% e foram armazenadas a 20 º C. Este resíduo seco de extrato aquoso foi 5

homogeneizado em 100 µl de água destilada em tubos de microcentrífuga e diluído em água para as concentrações de 250, 500, 750, e 1000 µg/ml. Bioensaio Os ovos A. aegypti foram expostos ao extrato aquoso de pneumatóforo de A. schaueriana nas concentrações de 250, 500, 750, e 1000 µg / ml. O bioensaio foi realizado em duplicata durante sete dias consecutivos, utilizando 20 ovos para cada concentração que foram incubados em água mineral (200 ml) a 27 29 o C. A eclosão das larvas foi observada em microscópio estereoscópico (1,2 x). Análise Estatística Os dados foram analisados no software SigmaStat 3.5 através do teste de Tukey com valor de p < 0,05. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após sete dias de exposição ao extrato aquoso de pneumatóforo de A. schaueriana, houve eclosão em 60% para o controle negativo, assim como na concentração de 1.000 µg/ml que não mostrou diferença significativa em relação ao controle. Nas concentrações de 250, 500 e 750 µg/ml o percentual de eclosão foi 22,5%, 35% e 22,5% respectivamente, apresentando valores estatisticamente significativos 6

tanto em relação ao controle quanto à concentração de 1.000 µg/ml (Tabela 1) (Figura 1). Altas incidências de embriotoxicidade específica foram encontradas em concentrações que causaram retardo no crescimento de larvas de A. aegypti (WHO, 2009). Tabela 1. Efeito do extrato aquoso de pneumatóforo de A. schaueriana em diferentes concentrações na eclosão de larvas de A. aegypti. Larvas a Dias Tratado b Controle c Concentração de extrato (µg/ml) 250 500 750 1000 Eclosão (%) 0 7 22,5 d 35 d 22,5 d 60 d 60 d a Nº de larvas = 200; b extrato aquoso de pneumatóforo de A. schaueriana; c água mineral; d Percentual de eclosões. Figura 1. Quantidade de larvas de A. aegypti eclodidas em sete dias sobre diferentes concentrações do extrato aquoso de pneumatóforo de A. schaueriana. 7

Estudos relatando efeitos de extrato de plantas de mangue na eclosão de larvas de A. aegypti não foram encontrados na literatura, mas muitas plantas vêm sendo estudadas com diversos efeitos embriotóxicos. De acordo com Vieira et al. (2012), Indigofera suffruticosa, planta comum do agreste e sertão pernambucano, mostrou atividade embriotóxica em relação à eclosão das larvas de A. aegypti, bem como ação repelente na atividade de oviposição. Estudo realizado por Kabaru e Gichia (2001) utilizando casca de Rhizophora mucronata, planta de mangue encontrada na costa africana, relatou que existem atividades repelente e inseticida frente a possíveis pragas da planta. CONCLUSÃO O extrato aquoso de pneumatóforo de A. shaueriana mostrou efeito inibitório na eclosão de larvas para as concentrações de 250, 500 e 750 µg/ml. Na concentração de 1000 µg/ml não houve diferença significativa em relação ao controle negativo. 8

REFERÊNCIAS FARDIN, K. M.; YOUNG, M. C.M. Estudo químico e avaliação da atividade antifúngica em Avicennia schaueriana Stapf. & Leech. Anais da 18 Reunião Anual do Instituto de Botânica, ISSN 2238-5088, 2011. Disponívelem: http://www.ibot.sp.gov.br/publicacoes/raibt/2012/17.pdf, acesso em 27 ago 2013. KANDIL, F. E.; GRACE, M. H.; SEIGLER, D. S.; CHEESEMAN, J. M. Polyphenolics in Rhizophora mangle L. leaves and their changes during leaf development and senescence. Trees, v.18, p.518-528, 2004. HUMAN PROMYELOCYTIC LEUKAEMIA HL-60 cells. Science Asia, v.38, p.349-355, 2012. MARRERO, E.; SÁNCHEZ, J.; ARMAS, E.; ESCOBAR, A.; MELCHOR, G.; ABAD, M. J.; BERMEJO,P.; VILLAR, A. M.; MEGÍAS, J. ALCARAZ, M. J. COX-2 and spla2 inhibitory activity of aqueous extract and polyphenols of Rhizophora mangle (red mangrove). Fitoterapia, Short report v.77, p.313-315, 2006. MARKHAN, K. R. Techniques of flavonoid identification. London: Acad. Pres., p.52-61, 1982. MOREIRA, I. T. A.; OLIVEIRA, O. M. C.; TRIGUIS, J. A.; QUEIROZ, A. F. S.; FERREIRA, S. L.C.; MARTINS, C. M. S.; SILVA, A. C.M.; FALÇÃO, B. A. Phytoremediation in mangrove sediments impacted by persistent total petroleum hidrocarbons (TPH s) using Avicennia schaueriana. Marine Pollution Bulletin, v.67, n.1-2, p.130-136, 2013. PERERA, L. M. S.; ESCOBAR, A.; SOUCCAR, C.; REMIGIO, M. A.; MANCEBO, B. Pharmacological and toxicological evaluation of Rhizophora mangle L., as a potential antiulcerogenic drug: Chemical composition of active extract. Journal of Pharmacognosy and Phytotherapy, v.2(4), p.56-63, 2010. RAMOS, M. G. M.; GERALDO, L. P. Avaliação das espécies de plantas Avicennia schaueriana, Laguncularia racemosa e Rhizophora mangle como bioindicadores de poluição por metais pesados em ambientes de mangue. Eng. Sanit. Ambient., v.12, n.4, p.440-445. 9

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