A infância Criança indesejável Fardo para a família O infanticídio (matar os filhos ) era comum em muitas culturas antigas tais como na Grécia, Roma, Índia, China, Coreia e Japão. 1
A concepção de infância, até então, baseava-se no abandono, pobreza, favor e caridade, desta forma era oferecido atendimento precário as crianças; havia ainda grande número de mortalidade infantil, devido ao grande risco de morte pós-natal e às péssimas condições de saúde e higiene da população em geral, e das criançasem particular. Emdecorrência destas condições, uma criança morta era substituída por outros e sucessivos nascimentos, pois ainda não havia, o sentimento de cuidado, pois as famílias, naquela época, entendiam que a criança que morresse não faria falta e qualquer outra poderia ocupar o seu lugar. Infância como construção social O termo infância, tal qual o compreendemos nos dias de hoje, surge no Renascimento (séc. XV) e consolida-se no Século das Luzes (XVIII), com o Iluminismo. Até o século XVI, as crianças eram vistas como adultos em miniatura, não há um espaço separado para o mundo adulto e o mundo infantil.. 2
Carlos II da Espanha No século XVII, somente crianças nobres tinham tratamento diferenciado e recebiam educação formal. A partir do século XVII, na França, a criança passa a ser associada à fragilidade, dependência e inocência. Emerge um sentimento de infância e o governo dos infantis, ou seja, impedir a morte e promover a vida. 3
Luís XIV bebê com as mãe, Ana da Áustria e quando assume a coroa e torna-se rei da França, aos 13 anos Nobreza, crianças eram deixadas aos cuidados das amas. mucama em Salvador, em 1870 4
Só a partir do século XVIII as mães passam a ser vistas como cuidadoras dos filhos, surge a noção de amor materno. As amas de leite são substituídas pelas mães no cuidado das crianças, e as primeiras acusadas de promulgar os maus-hábitos e falta de saúde nas crianças. A noção de higiene e cuidados com as crianças passa ser central. Surgem as primeiras instituições destinadas ao atendimento específico para crianças pequenas, destinados, inicialmente, para o cuidado e a assistência às crianças órfãs, filhas da guerra ou do abandono produzido pela pobreza, miséria e movimentos migratórios. 5
Datam estas primeiras instituições de Educação Infantil a primeira metade do século XIX em vários países da Europa, e no Brasil, a partir da década de 1870. Alguns séculos se passaram, comportamentos e pensamentos se modificaram e um novo olhar foi lançado para as crianças. Essas alterações se expressaram na Declaração dos Direitos da Criança em 1924, pela Organização das Nações Unidas (ONU). 6
DIREITOS DA CRIANÇA Os direitos da criança foram declarados na AssembléiaGeral das Nações Unidas, em Genebra (1924) e reconhecidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos em 20 de Novembro de 1959. 7
Direitos da Criança Hospitalizada No Brasil, a Sociedade Brasileira de Pediatria elaborou os Direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizados, que foi apresentado e aprovado por unanimidade na 27ª AssembléiaOrdinária do CONANDA -Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, transformando-se na Resolução de número 41 de 17 de outubro de 1995. 1. Direito à proteção à vida e à saúde, com absoluta prioridade e sem qualquer forma de discriminação; 2. Direito a ser hospitalizado quando for necessário ao seu tratamento, sem distinção de classe social, condição econômica, raça ou crença religiosa; 3. Direito a não ser ou permanecer hospitalizado desnecessariamente por qualquer razão alheia ao melhor tratamento de sua enfermidade; 8
4. Direito de ser acompanhado por sua mãe, pai ou responsável, durante todo o período de sua hospitalização, bem como receber visitas; 5. Direito a não ser separado de sua mãe ao nascer; 6. Direito a receber aleitamento materno sem restrições; 7. Direito a não sentir dor, quando existem meios para evitá-la; 8. Direito a ter conhecimento adequado de sua enfermidade, dos cuidados terapêuticos e diagnósticos a serem utilizados, do prognóstico, respeitando sua fase cognitiva, além de receber amparo psicológico, quando se fizer necessário; 9. Direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde, acompanhamento do currículo escolar, durante sua permanência hospitalar; 9
10. Direito a que seus pais ou responsáveis participem ativamente do seu diagnóstico, tratamento e prognóstico, recebendo informações sobre os procedimentos a que será submetido; 11. Direito a receber apoio espiritual e religioso conforme prática de sua família; 12. Direito a não ser objeto de ensaio clínico, provas diagnósticas e terapêuticas, sem o consentimento informado de seus pais ou responsáveis e o seu próprio, quando tiver discernimento para tal; 13. Direito a receber todos os recursos terapêuticos disponíveis para sua cura, reabilitação e ou prevenção secundária e terciária; 14. Direito a proteção contra qualquer forma de discriminação, negligência ou maus tratos; 15. Direito ao respeito a sua integridade física, psíquica e moral; 16. Direito a prevenção de sua imagem, identidade, autonomia de valores, dos espaços e objetos pessoais; 10
17. Direito a não ser utilizado pelos meios de comunicação, sem a expressa vontade de seus pais ou responsáveis, ou a sua própria vontade, resguardando-se a ética; 18. Direito a confidência dos seus dados clínicos, bem como direito a tomar conhecimento dos mesmos, arquivados na instituição, pelo prazo estipulado por lei; 19. Direito a ter seus direitos constitucionais e os contidos no Estatuto da Criança e Adolescente respeitados pelos hospitais integralmente; 20. Direito a ter uma morte digna, junto a seus familiares, quando esgotados todos os recursos terapêuticos disponíveis. 11
PAPEL DA EQUIPE DE EFERMAGEM PEDIÁTRICA O estabelecimento de um relacionamento terapêutico é o fundamento essencial para o provimento de um cuidado de enfermagem de qualidade. A equipe de enfermagem precisa estar significativamente relacionada às crianças e seus familiares e ainda separar-se suficientemente para distinguir seus próprios sentimentos e necessidades. 12