QUALIDADE DE VIDA: PERCEPÇÃO DOS IDOSOS COM DIABETES

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Transcrição:

QUALIDADE DE VIDA: PERCEPÇÃO DOS IDOSOS COM DIABETES Helena Beatriz Rodrigues da Cunha, Andréa Mathes Faustino, Jane Dullius, Lizete Malagoni de Almeida Cavalcante Oliveira, Keila Cristianne Trindade da Cruz Universidade de Brasília Email:keilactc@unb.br 1. INTRODUÇÃO Com a crescente elevação do número de pessoas com mais de 60 anos, hábitos de vida não saudáveis, como, por exemplo, o sedentarismo, a ingestão excessiva de açúcar e gorduras ao longo da vida houve um aumento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), uma das maiores causas de mortalidade mundial 1. Dentre as DCNT que atingem a população brasileira, destaca-se o Diabetes Mellitus (DM), doença causada por uma deficiência no pâncreas, que passa a não absorver a glicose que há no sangue ou a absorção faz apenas parcialmente 2. Dentre os diferentes tipos de diabetes, a do tipo 2 é a mais prevalente e geralmente ocorre em 90% dos casos, principalmente com pessoas com idade mais avançada, por causa da resistência das células à insulina 3. Conscientes dessa alterações e da importância de adaptar o sistema de saúde à esta população, os profissionais da área da saúde precisam se planejar e desenvolver ações que promovam o bem-estar e a QV ao idoso, especialmente, àqueles com DM. A QV é um constructo social complexo, multidimensional e subjetivo, que leva em consideração a opinião pessoal de cada indivíduo em determinado momento de sua vida. QV tem sido considerado um indicador de saúde 4. Com base nesta perspectiva, muitos instrumentos de avaliação de QV têm sido elaborados com a intenção de acrescentar parâmetros subjetivos à avaliação integral dos indivíduos 5. Com base no exposto anteriormente, este estudo tem como objetivo geral, conhecer a percepção de idosos com DM em relação à sua QV. 2. METODOLOGIA Trata-se de um estudo qualitativo realizado na numa universidade pública do Distrito Federal, onde acontece o Programa Doce Desafio (PDD), programa de extensão universitário que trabalha com pessoas com diabetes, educação em saúde e atividades físicas orientadas. Os critérios de inclusão da presente pesquisa foram: pessoas idosas, com idade igual ou superior a 60 anos, ter diabetes mellitus e frequentar o PDD.

O roteiro de entrevista semiestruturado possuía perguntas referentes aos dados sociodemográficos e de saúde e as seguintes perguntas relacionadas à QVa: Para o(a) Sr(a)., o que é qualidade de vida? e O que o(a) Sr(a). considera que melhora sua QV? ; O que o(a) Sr(a). acredita que prejudica sua QV?. Cada idoso recebeu a identificação com a letra E (entrevistado), seguida dos números de 1 a 7. A coleta de dados cessou com a saturação das informações. As gravações foram transcritas para melhor analisar os dados, conteúdo e citações. O presente estudo atendeu as recomendações acordo com Conselho Nacional de Saúde - Resolução nº 466/2012. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (Parecer: 1.601.210-2016). 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO As respostas foram categorizadas em características sociodemográficas, características relacionadas à DM e características dobre QV, que foi dividida em três subcategorias: conceito de QV, fatores que melhoram e prejudicam a QV. 3.1 Características sociodemográficas Foram entrevistados sete idosos com DM participantes do PDD. Os dados sociodemográficos encontram-se apresentados na Tabela 1. Dentre os participantes, predominantemente mulheres, casadas, aposentadas e com idade entre 61 e 75 anos e média de 66,3 anos de idade. O estudo mostra que, no Brasil, verifica-se maior prevalência de DM em indivíduos com mais de 60 anos de idade 6 motivo que justifica o objetivo do presente estudo com pessoas idosas. Destacou-se o sexo feminino, pois em geral, as mulheres percebem a real necessidade do autocuidado e procuram ajuda 7. No presente estudo, a realidade financeira dos entrevistados chamou atenção, visto que todos possuem nível superior, a renda pessoal varia entre dois e 9,6 salários mínimos e renda familiar entre 5,9 e 17 salários. Divergindo dos estudos de Lima, Pereira e Romano 8 que evidenciam a baixa escolaridade como predominante na população idosa portadora de DM. Percebe-se que a classe econômica da maioria dos participantes foi mais elevada e pode estar associada ao local de coleta de dados, realizada em uma área nobre de Brasília-DF.

Tabela 1 Apresentação dos dados sociodemográficos dos participantes da pesquisa. Brasília, 2017. Entrevistado Idade Sexo Estado Civil E1 75 M Casado Superior E2 60 F Solteira Superior E3 67 F Casada Superior Escolari-dade Ocupação atual Renda Pessoal* Renda Familiar* Bairro de moradia Aposentado 8,5 14,9 Asa Norte Paisagista 2,6 5,9 Lago Norte Aposentada e 9,6 17 Lago presidente de ONG Norte E4 63 F Casada Superior Aposentada - - Asa Norte E5 61 F Casada Superior Aposentada e 2 7,5 Asa Norte artesã E6 63 F Viúva Superior Servidora pública 8,5 8,5 Sobradinho E7 75 F Casada Superior Aposentada 8,5 17 Asa Norte *Em salários mínimos, sendo 1 salário mínimo R$ 937,00. - Entrevistado recusou-se a informar. 3.2 Características relacionadas à DM A maioria dos idosos entrevistados faz uso de hipoglicemiantes orais. Segundo o relato do idoso que faz uso de insulina: o uso de insulina foi devido a sua indisciplina para tomar remédios, falta de uma rotina e de uma boa alimentação. Nesse sentido, é importante destacar que o controle da DM está associado à boa alimentação, prática de atividade física e administração correta do medicamento 9. 3.3 Características relacionadas à QV 3.3.1 Conceito de QV Segundo Paschoal 10, ao conhecer o significado de QV da pessoa, estamos valorizando sua opinião, pois é individual este conceito, podendo permear pela área da saúde, financeira, emocional, psicológica, diversão. Esse fato foi demonstrado neste estudo. Segundo o conceito, qualidade de vida é: Cuidar de si próprio, cuidados consigo mesmo (E1) Boa alimentação, cuidados com o controle da diabetes, fazer exercícios físicos (citado pelos E1, E4, E5 e E6) Além disso, foi citado fatores preventivos das complicações da própria doença como cuidados para que não haja pé diabético, pelo E1. Tentar não ter stress é a concepção de QV da E2, que dialoga com a saúde mental. Reforçando o que já foi dito, ter uma boa QV está relacionada

ao autocuidado na saúde: Porque eu acho que se você tiver condições de se cuidar você tem uma boa QV (E5) 3.3.2 Fatores que melhoram a QV A saúde foi relatado pela maioria deles. Permeando o controle glicêmico aliado à atividade física, consultas médicas periódicas e uma dieta adequada, os E1 e E6 ainda pontuam a importância da disciplina e organização para praticar exercícios físicos e se alimentar nos horários corretos e na quantidade certa. Essas coisas, simples: se eu cuidar da alimentação, se eu caminhar e se eu manter um certo controle médico, eu estou bem (E1) Esporte, uma boa alimentação, saudável, orientação médica adequada (E6) Além do foco na saúde, E4 destacou a importância do PDD na QV delas, enfatizando que não é somente fazer uma atividade física e receber uma educação em saúde, mas também a convivência com outras pessoas, poder conversar abertamente sobre suas dificuldades, poder trocar receitas diet, entre outros momentos de descontração e amizade, como mostra a fala abaixo: Aqui (PDD) também, a gente joga conversa fora, fala o que quer, o que você não fala em casa. Esse ambiente é muito gostoso, melhora a qualidade de vida. Claro que melhora! (E4) Relacionamentos também foram citados como fatores que melhoram a QV pelos E3 e E6: Quando eu vou de férias com eles (filhos e netos). E vejo todo mundo junto. A família unida e...paz nas relações, ter um bom entendimento com as pessoas que te cercam, respectivamente. Essas falas estão em concordância com Sonati 11. 3.3.3 Fatores que prejudicam a QV Diferentemente das outras questões, quando perguntado aos participantes O que prejudica a sua QV?, houve relatos sobre a vida financeira, psicológica e até uma visão de maturidade de que não há problemas, mas sim, a maneira em que se lida com as dificuldades da vida. Semelhantes respostas tiveram somente as E3 e E5, em relação ao aspecto financeiro, mas mesmo assim, com focos diferentes, pois, para a E3, o fator financeiro com essa crise que está atingindo diretamente todo mundo causa preocupação para ela e sua família. Já a E5 aborda sua instabilidade financeira durante toda a entrevista. Em relação à glicemia, a E2 relata a administração rigorosa dos horários como algo que prejudica sua QV, pois, a DM requer horários fixos para se alimentar e dormir, porém, sua profissão não a permite ter uma rotina fixa.

4. CONCLUSÃO Saúde, alimentação saudável e prática de atividade física foram os termos mais utilizados para definir a QV dos participantes. Relacionamento familiar e sentir-se importante para alguém foram citados como fatores que melhoram a QV desses idosos. Por outro lado, problemas financeiros e ansiedade prejudicam a sua QV. É importante que a equipe interdisciplinar conheça as especificidades envolvidas na vida do idoso com DM para realizar atividades que preconizem a educação em saúde, para que seja realizado o empoderamento desses idosos sobre a DM por meio de informações sobre a doença, tratamentos possíveis, fatores de risco e de proteção para pessoas com DM, transformando-o em agente de sua própria saúde. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1- Brasil. Ministério da Saúde. Portal da Saúde SUS. Vigilância das doenças crônicas não transmissíveis. MS: 2014. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/ principal/leia-mais-o-ministerio/671-secretaria-svs/vigilancia-de-a-a-z/doencas-cronicas-naotransmissiveis/14125-vigilancia-das-doencas-cronicas-nao-transmissiveis. Acesso em: 29 nov. 2015. 2- Chaves Miriam de Oliveira, Teixeira Mirian Rose Franco, Silva Sílvio Éder Dias da. Percepções de portadores de diabetes sobre a doença: contribuições da Enfermagem. Rev. bras. enferm. [Internet]. 2013 Apr [cited 2017 Oct 22] ; 66( 2 ): 215-221. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0034-71672013000200010&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/s0034-71672013000200010. 3- Sociedade Brasileira de Diabetes 2015-2016. Diretrizes Sociedade Brasileira de Diabetes. GEN: 2016. Disponível em: http://www.diabetes.org.br/ profissionais/images/docs/diretrizes-sbd- 2015-2016.pdf. Acesso em: 20 jul. 2017. 4- Organização Mundial da Saúde. Envelhecimento ativo: uma política de saúde. Brasília: HO;, 2005. Acesso em: 20 Nov. 2016. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/envelhecimento_ativo.pdf. 5- Campolina Alessandro Gonçalves, Dini Patrícia Skolaude, Ciconelli Rozana Mesquita. Impacto da doença crônica na qualidade de vida de idosos da comunidade em São Paulo (SP, Brasil). Ciênc. saúde coletiva [Internet]. 2011 June [cited 2017 Oct 22] ; 16( 6 ): 2919-2925. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s1413-81232011000600029&lng=en.

http://dx.doi.org/10.1590/s1413-81232011000600029. 6- Silva Dilza Holland Martins. Caracterização dos portadores de diabetes mellitus internados em um hospital universitário do Distrito Federal. BDM UNB. 2014. Disponível em: <bdm.unb.br/bitstream/10483/10805/1/2014_dilzahollandmartinssilva.pdf>. Acesso em: 16 Jul. 2017. 7- Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde: Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem: Princípios e Diretrizes. 2009. Disponível em: http://portalarquivos.saude. gov.br/images/pdf/2014/maio/21/cnsh-doc-pnaish---principios-e-diretrizes. pdf. Acesso em: 16 jul. 2017. 8- Lima Ana Paula, Pereira Danielle Aparecida Gomes, Romano Valéria Ferreira. Perfil sóciodemográfico e de saúde de idosos diabéticos atendidos na atenção primária. Rev. Bras, enferm. [Internet]. 2011 [cited 2017 Jun 21]; 15(1). Disponível em: http://periodicos. ufpb.br/index.php/rbcs/article/viewfile/9911/5813. 9- Teston Elen Ferraz, Sales Catarina Aparecida, Marcon Sonia Silva. Perspectivas de indivíduos com diabetes sobre autocuidado: contribuições para assistência. Esc. Anna Nery [Internet]. 2017 [cited 2017 Oct 22] ; 21( 2 ): e20170043. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s1414-81452017000200214&lng=en. Epub Apr 27, 2017. http://dx.doi.org/10.5935/1414-8145.20170043. 10- Paschoal Sérgio Marcio Pacheco. Qualidade de vida do idoso: elaboração de um instrumento que privilegia sua opinião [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Faculdade de Medicina, [Cited 2015 Nov 29]. Universidade de São Paulo; 2000. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-16052005-112538/pt-br.php. 11- Sonati Jaqueline Girnos, Vilarta Roberto, Maciel Érika da Silva, Modeneze Dênis Marcelo, Vilela Junior Guanis de Barros, Lazari Vanessa Oliveira et al. Análise comparativa da qualidade de vida de adultos e idosos envolvidos com a prática regular de atividade física. Rev. bras. geriatr. gerontol. [Internet]. 2014 Dec [cited 2017 Oct 22] ; 17( 4 ): 731-739. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s1809-98232014000400731&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/1809-9823.2014.13122.