ACÚMULO DE SERAPILHEIRA EM TOPOSEQUENCIA DE CAATINGA ARBÓREA, NA FLONA CONTENDAS DO SINCORÁ (BA)

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Transcrição:

ACÚMULO DE SERAPILHEIRA EM TOPOSEQUENCIA DE CAATINGA ARBÓREA, NA FLONA CONTENDAS DO SINCORÁ (BA) Vanessa de Souza Gomes (1) ; Patrícia Anjos Bittencourt Barreto (2) ; Mariana dos Santos Nascimento (1) ; Jhuly Ely Santos Pereira (1) ; Francisco Garcia R. Barbosa de Oliveira (3) (1) Graduanda em Engenharia Florestal, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia UESB, vanessadesouzagomes@hotmail.com; nascimentoms30@gmail.com jhulyribeiro_@hotmail.com; (2) Professora Adjunta do Departamento de Engenharia Agrícola e Solos DEAS, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB, patriciabarreto@uesb.edu.br; (3) Instituto Mata Branca, franciscogrbo@hotmail.com. RESUMO A serapilheira é todo material orgânico depositado na superfície do solo que desempenha papel fundamental na dinâmica dos ecossistemas. Este trabalho teve como objetivo avaliar o acúmulo de serapilheira total e de suas diferentes frações em uma toposequencia de Caatinga arbórea, na Floresta Nacional de Contendas do Sincorá, Bahia. A serapilheira acumulada sobre a superfície do solo foi coletada de forma aleatória com o auxílio de um gabarito de madeira. As amostras foram triadas, separando-se folhas, galhos, cascas e material amorfo. Após triagem, as amostras foram levadas a estufa para secagem e pesadas. A quantidade média de serapilheira total acumulada sobre o solo, foi estimada em 5,1 Mg ha -1. Os resultados mostraram que não houve diferenças no acúmulo de serapilheira total e das frações entre as diferentes cotas de altitude. O componente que mais contribuiu na composição da serapilheira total foi a fração galhos. Palavras chave: fitomassa, altitude, superfície. INTRODUÇÃO A caatinga constitui-se em uma cobertura vegetal típica do semiárido nordestino. Sua vegetação pode ser caracterizada como arbórea ou arbustiva, compreendendo principalmente árvores e arbustos baixos, muitos dos quais apresentam espinhos, microfilia e algumas características xerofíticas (LEAL et al., 2005). Dentre essas características, a caducifolia é uma das principais e mais claramente verificada, visto que a queda das folhas ocorre marcadamente no início da estação seca. Tanto a folhagem depositada na estação seca, quanto àquela adicionada ao solo de forma dispersa ao longo dos demais meses do ano tem importante papel na formação da serapilheira. Todavia, segundo Gomes et al. (2006), a serapilheira é todo material orgânico depositado na superfície do solo, composto não apenas por folhas, mas também por caules, cascas, ramos, frutos, flores e raízes, bem como restos de excrementos de animais em diferentes graus de decomposição. Além de proteger o solo contra erosão e elevação da temperatura, este material é considerado a principal via de transferência de nutrientes da vegetação para a superfície do solo. A permanência da serapilheira sobre o solo florestal tem papel fundamental na dinâmica desses ecossistemas, uma vez que possibilita seu reaproveitamento no ciclo de nutrientes por meio da decomposição e mineralização dos resíduos orgânicos, com a consequente liberação dos nutrientes nela contidos e posterior reabsorção pelas raízes das plantas. Dessa forma, as informações sobre a quantidade e qualidade deste material são importantes ferramentas para a

compreensão e conservação dos ecossistemas, bem como das suas inter-relações com o meio (COSTA et al.,2007). Nesse contexto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o acúmulo de serapilheira total e de suas diferentes frações em uma toposequencia de Caatinga arbórea, na Floresta Nacional de Contendas do Sincorá, Bahia. MATERIAL E MÉTODOS Caracterização da área O estudo foi conduzido na Floresta Nacional (FLONA) Contendas do Sincorá, estado da Bahia, Brasil. O clima local é semiárido (BSwh), de acordo a classificação de Köppen, com temperatura média anual de 23 C e precipitação entre 596 mm e 678,5 mm anuais, distribuída nos meses de novembro a abril. A vegetação da região é classificada como Caatinga arbustiva e arbórea e apresenta altitude entre 300 e 400 m. O solo predominante é o Argilossolo Vermelho-amarelo (MMA, 2006). Tratamentos e amostragem Avaliou-se o estoque de serapilheira acumulada sobre a superfície do solo em uma toposequencia, definida por três diferentes cotas de altitude: Cota 1 - situada na parte mais alta do terreno, a 402 m de altitude; Cota 2 - corresponde a cota intermediária, localizada a 370 m de altitude; e Cota 3 - situada na baixada, parte mais baixa do terreno, a 350 m de altitude. As coletas foram realizadas no período de junho de 2015, com o auxílio de um gabarito de madeira de área igual a 0,25 m² (0,5 m x 0,5 m), que foi lançado aleatoriamente com quatro repetições em cada uma das cotas de altitude. Após a coleta, as amostras foram acondicionadas em embalagens plásticas devidamente identificadas. Para a determinação do peso seco, o material foi triado, separando-se em folhas, galhos, cascas e material amorfo (materiais não identificados), e colocados em sacos de papel. As amostras foram secas em estufa a 65ºC por 48 horas e pesadas em balança analítica (0,01 g). Os valores de massa seca de serapilheira acumulada por coletor foram convertidos para kg/ha. Foi realizada uma estimativa do estoque de carbono da serapilheira, multiplicando-se a quantidade de biomassa pelo fator 0,37, considerando o valor de referência para a serapilheira, sugerido pelo IPCC (2006). Análise Estatística Os dados de acúmulo de serapilheira (total e das frações) foram submetidos à análise de variância segundo um delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições. Adotou-se o teste Duncan a 5% de significância para comparação das médias. RESULTADOS E DISCUSSÃO A quantidade média de serapilheira total acumulada sobre o solo, considerando as três cotas, foi estimada em 5.112 kg ha -1 (Tabela 1). Esse resultado é elevado, quando comparado com os obtidos em outros trabalhos realizados em áreas de Caatinga, como os de Santana & Souto (2011) (2.068,6 kg ha -1 ) e Alves et al. (2006) (899,2 kg ha -1 ), no entanto, é semelhante ao observado por Lopes et al. (2009) em área de Caatinga no estado do Ceará (5.366,0 kg ha -1 ). Estima-se que a quantidade média de carbono estocada na serapilheira corresponde a 1.891 kg ha -1. Resultado semelhante foi observado por Souza (2012) em área de Caatinga abustivaarbórea preservada no Seridó da Paraíba (1499 kg ha -1 ). Por outro lado, resultados superiores foram encontrados por Barbosa et al. (2012) em fragmento de Floresta Estacional Semidecidual (2.693 kg

ha -1 ) e em plantio de Eucalyptus urophylla (5.578 kg ha -1 ) no Sudoeste da Bahia e por Godinho et al. (2014) em trecho de Floresta Estacional Semidecidual Submontana, no estado do Espírito Santo (2.800 kg ha -1 ). Tabela 1 Percentual das frações componentes da serapilheira de Caatinga arbórea, na FLONA Contendas do Sincorá. Frações da serapilheira Biomassa (kg ha -1 ) Participação (%) Carbono (kg ha -1 ) Folhas 836,6 16 309,5 Galhos 2064,4 40 763,8 Cascas 677,8 13 250,8 Material amorfo 1532,8 31 567,1 Total 5111,7 100 1891,3 Ainda assim, a quantidade de serapilheira acumulada observada na área de estudo é inferior aos valores encontrados por Caldeira et al. (2007) ( 7,99 Mg ha -1 ) e Oliveira (2010) (12,61 Mg ha -1 ) em uma Floresta Ombrófila Mistas Montana. De acordo com Gisler (1995), valores inferiores de serapilheira acumulada na Caatinga são determinados pelas características morfológicas e fisiológicas comuns de suas plantas, que são de médio porte, com folhas pequenas, modificadas em espinhos e adaptadas às condições climáticas do semiárido. Dentro do material formador da serapilheira, a fração folhas atingiu, em média, 836,6 kg ha - 1, o que correspondeu a apenas 16,36% de todo o material depositado sobre o solo (Tabela 1). Esse percentual diverge de outros trabalhos com serapilheira, nos quais, independente do bioma estudado, as folhas constituíram maior proporção dos resíduos orgânicos depositados sobre o solo. A fração que mais contribuiu para a composição da serapilheira total foram os galhos (40,38%), seguidos da fração material amorfo (30%). A fração cascas correspondeu a 13,26%. Segundo Caldeira et al. (2008), a quantidade de serapilheira acumulada sobre os solos florestais é influenciada por fatores como espécie, cobertura florestal, estágio sucessional, idade, época da coleta, tipo de floresta e local. Além desses fatores, o acúmulo de serapilheira também é função das condições de solo e clima, bem como sub-bosque, manejo silvicultural, proporção de copa, taxa de decomposição e distúrbios naturais ou artificiais, ocorridos na floresta ou no povoamento. O teste de comparação de médias demonstrou que não houve diferenças estatísticas no acúmulo de serapilheira total e das frações entre as diferentes cotas de altitude consideradas no estudo (Tabela 2). Todavia, pode-se notar uma diferença de 66% entre o acúmulo total da cota mais alta e o da baixada, sugerindo que a condição ambiental das cotas mais baixas propiciam maiores acúmulos de serapilheira. Diante disso, estudos futuros podem ser realizados buscando investigar possíveis diferenças entre cotas ao se considerar, por exemplo, a ampliação da amostragem para diferentes estações do ano, além do aumento do número de repetições. Tabela 2 Valores médios de serapilheira acumulada de Caatinga arbórea em três cotas de altitude na FLONA Contendas do Sincorá. Cotas Folhas Galhos Cascas MA Total Biomassa (kg ha -1 ) 1 606,70 a 1791,60 a 544,50 a 992,70 a 4235,80 a 2 905,00 a 1793,60 a 678,90 a 1523,90 a 4732,40 a 3 998,10 a 2608,00 a 810,20 a 2082,00 a 6367,00 a 1: cota mais alta; 2: cota intermediária; 3: cota mais baixa ou baixada

CONCLUSÃO O acúmulo de serapilheira em toposequencia de Caatinga arbórea na FLONA Contendas do Sincorá não difere de acordo com a cota de altitude, todavia há com tendência de maior estoque na baixada. A fração galhos foi a que mais contribuiu na composição da serapilheira total. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, A. R. et al. Aporte e decomposição de serapilheira em área de Caatinga, na Paraíba. Revista de Biologia e Ciência da Terra, Campina Grande PB, v. 6, n. 2, p. 194-203, 2006. BARBOSA, V. A. et al. Fitomassa e Conteúdos de C e N da Serapilheira Acumulada de Plantios de Madeira Nova e Eucalipto no Sudoeste da Bahia. In: Fertbio 2012. Maceió, Alagoas. CALDEIRA, M. V. W. et al. Quantificação de serapilheira e de nutrientes em uma Floresta Ombrófila Densa. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 29, n.1, p. 56-68, 2008. CALDEIRA, M. V. W. et al. Quantificação de Serapilheira e de Nutrientes Floresta Ombrófila Mista Montana Paraná. Revista Acadêmica, Curitiba, v. 5, n. 2, p. 101-116, 2007. COSTA, C. C. A. et al. Produção de Serapilheira na Caatinga da Floresta Nacional do Açú-RN. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, p. 246-248, 2007. GISLER, C. V. T. O uso da serapilheira na recomposição vegetal em áreas mineradas de bauxita, Poços de Caldas, MG. 1995. 147 p. Dissertação (Mestrado em Ecologia) Universidade de Estadual Paulista, São Paulo, 1995. GODINHO,T. O. et al. Quantificação de biomassa e nutrientes na serapilheira acumulada em trecho de Floresta Estacional Semidecidual Submontana, ES. Cerne, Lavras, v. 20, n. 1, p. 11-20, 2014. GOMES, S. R. et al. Produção de serapilheira e retorno de nutrientes ao solo em arboreto de paubrasil (Caesalpinia echinata Lam.) em Mogi- Guaçu, São Paulo, Brasil. Hoehnea, v. 33, p. 339-347, 2006. IPCC- Intergovernmental Panel on Climate Change. Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories: Agriculture, forestry and other land use. Japan: Institute for Global Evironmental Strategies (IGES), v.4, 2006. LEAL, I. R. et al. Ecologia e conservação da Caatinga. 2 ed. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 822 p., 2005. LOPES, J. F. B. et al. Deposição e decomposição de serapilheira em área da Caatinga. Revista Agro@mbiente On-line, Boa Vista RR, v. 3, n. 2, p. 72-79, 2009. MMA- MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Plano de Manejo Floresta Nacional Contendas do Sincorá Volume I: Informações Gerais sobre a Floresta Nacional. Brasília, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 2006.

OLIVEIRA, L. P. Carbono e Nutrientes no Solo e na Serapilheira em Floresta Ombrófila Mista Montana e plantio de Pinus elliottii Engelm. 2010. 64 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) - Universidade Estadual do Centro-Oeste, Irati PR, 2010. SANTANA, J. A. S.; SOUTO, J. S. Produção de serapilheira na Caatinga da região semiárida do Rio Grande do Norte, Brasil. Idesia, Chile, v. 29, n.2, p. 87-94, 2011. SOUZA, B. V. Estoque de carbono em diferentes fisionomias de Caatinga do Seridó da Paraíba. 2012. 55 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) - Centro de Saúde e Tecnologia Rural. Universidade Federal de Campina Grande, Patos PB, 2012.