Aporte de Serapilheira em Povoamentos de Pinus no Sudoeste da Bahia
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- Manoel Bentes Marroquim
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1 Aporte de Serapilheira em Povoamentos de Pinus no Sudoeste da Bahia Flávia Ferreira de Carvalho (1) ; Patrícia Anjos Bittencourt Barreto (2) ; Mariana de Aquino Aragão (1) ; Aline Pereira das Virgens (1) (1 ) Graduanda em Engenharia Florestal, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, Estrada do Bem Querer, km 4, Caixa Postal 95, CEP: Vitória da Conquista Bahia, carvalho.f.flavia@gmailcom; mariana.aragão06@gmail.com; apereira.aline@hotmail.com (2) Professor Adjunto do Departamento de Engenharia Agrícola e Solos, UESB; Estrada do Bem Querer, km 4, Caixa Postal 95, CEP: Vitória da Conquista Bahia, patriciabarreto@uesb.edu.br. RESUMO A serapilheira constitui a camada de resíduos depositados na superfície do solo e possui papel importante no retorno de nutrientes ao solo. O presente trabalho foi realizado em dois povoamentos: um povoamento puro de Pinus caribaea e outro povoamento misto, composto de Pinus oocarpa e Pinus taeda. Como referência foram coletados dados em área de Floresta Estacional Semidecidual, conhecida como mata de cipó. O trabalho teve como objetivo quantificar e comparar a produção de serapilheira nas coberturas, num período de três meses (junho, julho e agosto). Após a coleta do material em coletores do tipo bandeja, as amostras foram triadas, secas e pesadas. As frações folhas, estruturas reprodutivas e cascas não variaram dentro das médias mensais de cada cobertura, porém a fração galhos da mata de cipó foi superior à mesma fração dos povoamentos de Pinus. O componente que mais contribuiu na composição da serapilheira foi a fração folhas em todas as áreas. Conclui-se que as coberturas apresentam similaridade no aporte de serapilheira, ao passo que a maior contribuição vem da fração folha. Palavras-chave: produção de serapilheira, mata de cipó, Pinus caribaea INTRODUÇÃO Em decorrência da crescente demanda de produtos florestais, o cultivo de espécies exóticas tem sido uma alternativa para substituir a utilização de florestas nativas. O gênero Pinus vem sendo empregado no Brasil com esta finalidade. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EMBRAPA (2011), o gênero Pinus abrange mais de 100 espécies com grande potencial de utilização. A sua madeira é utilizada, principalmente, pelas indústrias de madeira, de serrados e laminados, de chapas, de resina e de celulose e papel. As principais características que levam a utilização deste gênero são a qualidade da madeira e a rusticidade e tolerância, que possibilita o plantio em solos marginais para agricultura. As florestas em geral, bem como os cultivos de Pinus, apresentam aporte contínuo de material senescente da parte aérea e do sistema radicular, promovendo o acúmulo de uma camada orgânica na superfície do solo, também denominada de serapilheira. - Resumo Expandido - [133] ISSN:
2 De acordo com Vieira & Shumacher (2010), a serapilheira constitui-se na camada de detritos vegetais (folhas, ramos, caules, cascas, frutos e flores) e animais disposta na superfície do solo. Esta camada exerce importante papel na manutenção ou aumento da produção, uma vez que permite o retorno de nutrientes e de carbono da biomassa vegetal para o solo por meio da decomposição (GOMEZ et al.,2006). Além disso, dentre as inúmeras contribuições da serapilheira, pode-se destacar a interceptação da água da chuva, por meio do amortecimento e da consequente dispersão da energia cinética das gotas, minimizando os efeitos erosivos, e contribuindo para o armazenamento de água no solo e aumento da taxa de infiltração (OLIVEIRA FILHO, 1987). A serapilheira, juntamente com a parte aérea e radicular das plantas, oferece ainda proteção ao solo e propicia condições para restabelecimento de suas propriedades físicas, químicas e biológicas (ANDRADE et al., 2000). Diversas pesquisas acerca do estudo da produção, qualidade e decomposição da serapilheira vêm sendo realizadas ao longo dos anos em plantios de Pinus no Brasil, entretanto ainda são escassos aqueles realizados nas condições da região do Nordeste e, em particular, do Estado da Bahia. Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a produção mensal de serapilheira em dois povoamentos de Pinus na região do Sudoeste da Bahia. MATERIAL E MÉTODOS Caracterização da área O estudo foi realizado em dois povoamentos de Pinus (um povoamento misto composto de Pinus taeda e Pinus oocarpa e um povoamento puro de Pinus caribaea var. hondurensis), ambos com cerca de 11 anos de idade, utilizando-se como referência um fragmento de Floresta Estacional Semidecidual, conhecida regionalmente como Mata de Cipó. Todas as três áreas estudadas estão localizados no Campo Agropecuário da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, campus de Vitória da Conquista, Bahia. O clima da região é o tropical de altitude (Cwb), de acordo a classificação de Köppen, com média anual de 21 C e precipitação entre 700 mm e 1100 mm anuais. A região apresenta altitude em torno de 880 m e o solo é classificado como Latossolo Amarelo Distrófico. Amostragens de serapilheira Em cada povoamento de Pinus, foram distribuídas aleatoriamente quatro parcelas de 15 m x 15 m, com três coletores em cada parcela. No fragmento de mata de cipó estabeleceu-se uma parcela de 100 x 100 m, onde foram instalados quatro coletores. Os coletores utilizados eram do tipo bandeja com rede de náilon de 2 mm, dimensões de 50 cm x 50 cm e pés que os mantinham suspensos a 15 cm do solo (Figura 1). Os coletores foram posicionados de forma aleatória nas projeções das copas das árvores. Foram realizadas coletas mensais do material, nos meses de junho, julho e agosto (Figura 2). Após a triagem, que dividiu o material coletado em frações (folhas, estruturas reprodutivas, cascas e galhos), as amostras foram levadas a estufa (60 C por 72 horas) para secagem e, posteriormente, foram pesadas em balança científica de precisão 0,01g. - Resumo Expandido - [134] ISSN:
3 Figura 1. Coletor tipo bandeja em campo. Fonte: arquivo pessoal Figura 2. Coleta do material. Fonte: Arquivo pessoal Análises estatísticas Os dados de produção mensal de serapilheira, das frações e total, foram submetidos a análises de normalidade (teste de Lilliefors) e homogeneidade da variância dos erros (teste de Cockran e Bartlet), em seguida, foi realizada a análise de variância segundo um delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições, por meio do programa SAEG 9.1. Adotou-se o teste de Tukey a 5% de significância para comparação de médias. RESULTADOS E DISCUSSÃO As deposições médias mensais de serapilheira das frações folhas, estruturas reprodutivas e cascas não variaram significativamente entre as coberturas (Tabela 1). Já o aporte da fração galhos foi superior na mata de cipó (33,6 kg ha -1 ) e menor nos povoamentos de Pinus, que não se distinguiram estatisticamente (média de 1,0 kg ha -1 ). Barreto et al. (2012), estudando produção de serapilheira de diferentes povoamentos florestais no Sudoeste da Bahia, observaram maior produção da fração galhos em mata de cipó (130 kg ha -1 ) em relação a um povoamento de Pterogyne nittens (53,0 kg ha -1 ). A produção mensal média de serapilheira dos povoamentos de Pinus (254,0 kg ha -1 ) está de acordo por Vieira & Shumacher (2010) que encontraram aporte mensal de 212,1 kg ha -1 em povoamento puro de Pinus taeda com cerca de 11 anos de idade, em Cambará (RS). Por sua vez, o aporte mensal médio de serapilheira do fragmento de mata de cipó (357,1 kg ha -1 ) é inferior ao observado por Vital et al. (2004) em Floresta Estacional Semidecidual em Zona Ripária (887,2 kg ha -1 ) e por Pimenta et al. (2011) em Floresta Estacional Semidecidual no sul do Brasil (684,3 kg há -1 ). Tabela 1: Produção mensal média de serapilheira em um período de três meses em três povoamentos florestais no Sudoeste da Bahia. - Resumo Expandido - [135] ISSN:
4 Frações da Serapilheira (kg ha -1 mês -1 ) Cobertura Folhas Est. Reprod. Cascas Galhos Total * Pinus Misto a a 2.52 a 0.17 b a Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância. Pinus caribaea a 8.71 a 0.63 a 1.88 b a A folha foi o componente que mais contribuiu na composição da serapilheira total em todas as coberturas Mata de Cipó e em todos os meses a de coleta, 2.36 com a média 2.00 de 87,7% a (Tabela ), a resultado superior a ao encontrado por Kleinpaul et al. (2005), que observou 57,2% de folhas, em plantio de Pinus elliottii. Diversos estudos em florestas naturais e plantadas também constataram que a folha constitui o principal componente do material aportado sobre o solo (ANDRADE et. al, 2008; MARTINS & RODRIGUES, 1999; SCHUMACHER et al., 2004). A participação das demais frações (galhos, cascas e estruturas reprodutivas) na formação da serapilheira total foi de 6,8%, 4,2% e 1,4%, respectivamente. Tabela 2: Produção mensal e contribuição das diferentes frações formadoras da serapilheira em um período de três meses em três povoamentos florestais no Sudoeste da Bahia. Mês/Ano Frações da Serapilhiera Folhas Est. Reprod. Cascas Galhos Total kg.ha -1 % kg.ha -1 % kg.ha -1 % kg.ha -1 % kg.ha -1 Pinus Misto Junho 472,70 94,33 18,00 3,59 4,00 0,80 6,40 1,28 501,10 Julho 187,83 86,77 7,20 3,33 21,43 9,90 0,00 0,00 216,46 Agosto 199,10 70,77 2,30 0,82 79,90 28,41 0,00 0,00 281,30 Total 859,63 86,06 27,50 2,75 106,13 10,62 6,40 0,64 998,86 Pinus caribaea Junho 222,57 98,65 1,28 0,56 1,77 0,78 0,00 0,00 225,62 Julho 215,37 96,57 2,56 1,15 5,10 2,29 0,00 0,00 223,03 Agosto 135,70 65,78 0,60 0,29 2,00 0,97 68,00 32,96 206,30 Total 573,64 87,58 4,45 0,68 8,87 1,35 68,00 10,38 654,95 Mata de Cipó Junho 348,10 92,16 0,60 0,16 2,40 0,64 26,60 7,04 377,70 Julho 234,00 91,84 4,30 1,69 0,30 0,12 16,20 6,36 254,80 Agosto 375,20 85,53 2,20 0,50 3,30 0,75 58,00 13,22 438,70 Total 957,30 89,37 7,10 0,66 6,00 0,56 100,80 9, ,20 Considerando os três meses de estudo, a produção acumulada foi de 998,9; 655,0 e 1071, 2 kg ha - 1 para os povoamentos de Pinus caribaea, Pinus oocarpa x Pinus taeda e mata de cipó, respectivamente. Em geral, a variação do aporte das frações nos povoamentos seguiu a ordem: folhas > galhos > cascas > estruturas reprodutivas. CONCLUSÕES Os povoamentos de Pinus caribaea, Pinus oocarpa x Pinus taeda apresentam similaridade com a mata de cipó quanto à produção mensal de serapilheira, com exceção do aporte da fração galhos, maior aporte na mata de cipó. As folhas apresentam maior contribuição na composição da serapilheira total de todas as coberturas estudadas.. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - Resumo Expandido - [136] ISSN:
5 ANDRADE, A.G.; COSTA, G.S.; FARIA, S.M.. Deposição e decomposição da serapilheira em povoamentos de Mimosa caesalpiniifolia, Acacia manguim e Acacia holosericea com quatro anos de idade em planossolo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, vol. 24, núm. 4, ANDRADE, R.L.; SOUTO, J.S.; SOUTO, P.C.; BEZERRA, D.M. Deposição de serapilheira em área de caatinga na rppn Fazenda Tamanduá, Santa Terezinha PB. Revista Caatinga, v.21, n2, maio/junho de BARRETO, P.A.B.; SANTOS NETO, A.P.S.; GAMA-RODRIGUES, E.; NOVAES, A.B.; BARBOSA, V.A.; CINTRA, H.P. Aporte de serapilheira, carbono e nitrogênio em floresta natural e em plantios de madeira nova e eucalipto no sudoeste da Bahia. In: Fertbio Maceió, Alagoas. Embrapa Florestas. Cultivo de Pínus. Sistemas de Produção, 5-2 ª edição - Versão Eletrônica Maio, GOMEZ, S.R.; MAURENZA, D. LOPEZ, M.I.M.S.; PINTO, M.M. Produção de serapilheira e retorno de nutrientes ao solo em arboreto de pau-brasil (Caesalpinia echinata Lam.) em Mogi- Guaçu, São Paulo, Brasil. Hoehnea 33(3): , KLEINPAUL, I. S.: SHUMACHER, M.V.: BRUN, E.J.; BRUN, F.G.K.; KLEINPAUL, J.J. Suficiência amostral para coletas de serapilheira acumulada sobre o solo em Pinus elliottii Engelm, Eucalyptus sp. E floresta estacional decidual. Rev. Árvore vol.29 no.6 Viçosa Nov./Dec MARTINS, S.V.; RODRIGUES, R.R. Produção de serapilheira em clareiras de uma floresta estacional semidecidual no município de Campinas, SP. Revista brasil. Bot., São Paulo, V.22, n.3, p , dez OLIVEIRA FILHO, R. R. Produção e decomposição de serapilheira no Parque Nacional da Tijuca, RJ f. Dissertação (Mestrado em Geografia) - Instituto de Geociências, Rio de Janeiro, PIMENTA, J.A.; ROSSI, L.B.; TOREZAN, J.M.D.; CAVALHEIRO, A.L.; BIANCHINI, E. Produção de serapilheira e ciclagem de nutrientes de um reflorestamento e de uma floresta estacional semidecidual no sul do Brasil. Acta Bot. Bras. vol.25 no.1 Feira de Santana Jan./Mar SCHUMACHER, M.V.; BRUN, E.J.; HERNANDES, J.I.; KONIG, F.G Produção de serapilheira em uma floresta de Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze no município de Pinhal Grande - RS. Revista Árvore 27: SOUTO, P.C. Acumulação e decomposição da serapilheira e distribuição de organismos edáficos em área de caatinga na paraíba, brasil. Areia, Universidade Federal da Paraíba, 26p. VIEIRA, M.; SHUMACHER, M.V.; Variação Mensal da deposição de serapilheira em povoamento de Pinus taeda L. em área de campo nativo em Cambará do Sul-RS. Revista Árvore, Viçosa-MG, p , VITAL, A.R.T.; GUERRINI, I.A.;FRANKEN, W.K.; FONSECA, R.C.B. Produção de serapilheira e ciclagem de nutrientes se uma floresta estacional semidecidual em zona ripária. R. Árvore, Viçosa- MG, v.28, n.6, Resumo Expandido - [137] ISSN:
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