CONSELHO DA PROCURADORIA GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO



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Transcrição:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR PROCURADOR GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO PROPOSTA: INCLUSÃO DA INTIMAÇÃO PESSOAL DO PROCURADOR DO ESTADO NO PROJETO DE LEI ORGÂNICA DA PROCURADORIA GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO, COMO GARANTIA INSTITUCIONAL Os conselheiros abaixo assinado, vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência propor a inclusão da intimação pessoal do procurador do Estado no Projeto de Lei Orgânica remetida a este E. Conselho, nos seguintes termos: 1.INTRODUÇÃO Apreciando o projeto de Lei Orgânica da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo, verifica-se que dos poucos direitos e prerrogativas ali inseridos, não se encontra a intimação pessoal do procurador do Estado, medida esta que além de garantia institucional, também é constitucional posto que se coaduna com os ditames de nossa Constituição Federal vigente, conforme restará cabalmente demonstrado. 2 FUNÇÕES PÚBLICAS ESSENCIAIS À JUSTIÇA O Sistema Judiciário Brasileiro desenhado pela Constituição Federal, prevê o princípio da inércia da jurisdição, segundo o qual se proíbe ao Poder Judiciário de 1

atuar a não ser por provocação da parte ou de um agente público, titular ou representante do titular do interesse lesado ou ameaçado de lesão. 1 Desta forma, o legislador constituinte originário consagrou algumas instituições públicas como Funções Essenciais à Justiça, as quais, agindo com autonomia e independência no exercício de suas atribuições públicas, provocam e impulsionam a atuação dos órgãos do Poder Judiciário para que estes, também de forma independente e imparcial, possam proferir uma decisão final a qual as partes deverão submeter seus interesses. Estas Funções Públicas são: o Ministério Público (art. 127), a Advocacia Geral da União (art. 131), a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (art. 131, 3 o.), as Procuradorias dos Estados e do Distrito Federal (art. 132), e as Defensorias Públicas (art. 134). 3 INTIMAÇÃO PESSOAL DOS AGENTES DAS FUNÇÕES PÚBLICAS ESSENCIAIS À JUSTIÇA Regulamentando as funções públicas essenciais à Justiça, o legislador infraconstitucional, seguindo o modelo traçado na Constituição Federal, assegurou às mesmas, em leis complementares e ordinárias, com exceção das Procuradorias dos Estadosl, a intimação pessoal de seus agentes públicos. O legislador infraconstitucional defere esta prerrogativa processual a estes agentes em face dos interesses públicos relevantes e indisponíveis representados e defendidos, em juízo ou fora dele, por estas instituições públicas. No entanto, insistase, nada dispõe expressamente quanto à intimação pessoal dos procuradores do Estado nas ações que funcionam defendendo o interesse do Erário Público Estadual. 1 Nemo iudex sine actore. 2

É importante ressaltar que a sucumbência nas ações patrocinadas pelos procuradores do Estado atinge a sociedade como um todo, já que, em última análise, será ela que arcará com o ônus econômico da demanda. 4. FUNDAMENTO JURÍDICO PARA A INTIMAÇÃO PESSOAL DOS PROCURADORES DO ESTADO COMO AGENTE DE UMA FUNÇÃO PÚBLICA ESSENCIAL À JUSTIÇA Manifestando um profundo reconhecimento do papel fundamental que as Procuradorias dos Estados têm desempenhado no aperfeiçoamento das instituições judiciárias, portanto do funcionamento da justiça, o legislador constituinte originário, com exclusividade, atribuiu aos procuradores dos Estados e do Distrito Federal a elevada missão da representação judicial e o exercício da consultoria jurídica das respectivas unidades federadas, 2 defendendo o Estado Democrático de Direito, 3 os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência na Administração Pública. 4 Nesse contexto, tem-se que as Procuradorias Gerais dos Estados tratam-se de instituições de natureza permanente, essencial à Justiça e à Administração Pública, orientadas pelos princípios da legalidade e indisponibilidade do interesse público, tem como funções institucionais a de representar judicial e extrajudicialmente, bem como o exercício da consultoria jurídica do ente federado a qual pertencer. 5 As Procuradorias Gerais dos Estados e do Distrito Federal, através de seus procuradores do Estado, exercem suas atribuições de Contencioso Geral, intervindo em todos os processos judiciais de interesse do Erário Público Estadual que tramitam em todas as instâncias judiciais, inclusive nos tribunais superiores e Supremo tribunal Federal, defendendo o Patrimônio Público Estadual e recuperando créditos tributários 2 Art. 132, CF/88. 3 Art. 1 o. CF/88. 4 Art. 37, CF/88. 5 Art. 132, CF/88 (art. 98 e 99 da Constituição do Estado de São Paulo ) 3

e combatendo a sonegação fiscal. Por sua Consultoria Jurídica, presta assessoramento jurídico ao Poder Executivo Estadual orientando-o no tocante aos aspectos da legalidade, impessoalidade, publicidade, moralidade e eficiência do Serviço Público Estadual. Logo, facilmente é constatável que na atuação de todas as funções públicas essenciais à Justiça: Ministério Público, Advocacia Geral da União, Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, Defensoria Pública, nas quais se incluem as Procuradorias Gerais dos Estados e do Distrito Federal, não há interesses contraditórios, mas, ao contrário, há interesses concorrentes: de preservar o Estado Democrático de Direito cumprindo-se os seus fins essenciais; de manter a ordem na sociedade pela justa observância das leis; de defender os direitos indisponíveis dos cidadãos. Daí a reclamada necessidade de valorização da atuação judicial e extrajudicial dos procuradores dos Estados, a iniciar-se pelo tratamento isonômico com as demais funções essenciais à justiça no tocante às prerrogativas e remuneração, dentre as prerrogativas a de ser intimado pessoalmente de todos os atos do processo. 5 IGUALDADE ENTRE AS FUNÇÕES PÚBLICAS ESSENCIAIS À JUSTIÇA Pois bem! O legislador constituinte, ciente da importância das funções públicas essenciais à justiça, dentre elas a dos procuradores do Estado, tratou de estabelecer, na própria Constituição Federal igualdade ou isonomia concreta entre elas, ao regulamentá-las no Título IV Organização dos Poderes, Capitulo IV Das Funções Essenciais à Justiça: Carreira do Ministério Público (art. 127 e sgts); Carreira da Advocacia Geral da União (art.131); Carreira de Procuradores do Estado e do Distrito Federal (art. 132); e a Carreira de defensores Públicos (art. 134). Ainda, tratando do tema alusivo a igualdade ou isonomia concreta, dispõe o legislador constituinte que aos servidores integrantes das carreiras de Advogado da União, Procurador da Fazenda Nacional, Procurador do Estado e do Distrito Federal, de Defensor Público, tais como os membros de Poder, serão remunerados 4

exclusivamente por subsídios fixados em parcela única 6 com revisão anual sempre na mesma data e sem distinção de índice. 7 Finalmente, impõe que os integrantes das carreiras jurídicas da União possuem como limite o subsídio percebido em espécie pelos Ministros do Supremo Tribunal Federal e nos Estados Membros, os integrantes das carreiras jurídicas membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos - terão como limite o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça. 8 Discorrendo sobre a igualdade entre as carreiras jurídicas públicas ressaltadas na Constituição Federal, esclarece SILVA que: Todas elas são carreiras jurídicas, primeiro porque exigem formação jurídica como requisito para nelas alguém possa ingressar; segundo porque todas tem o mesmo objeto, qual seja: aplicação da norma jurídica; terceiro porque, por isso, sua atividade é essencialmente idêntica, qual seja, a do exame de situações fáticas específicas, emergentes, que requeiram solução concreta em face da norma jurídica... 9 Assim, não tendo o legislador constituinte estabelecido qualquer distinção entre os membros das funções públicas essenciais à justiça, não é dado ao legislador infraconstitucional fazê-lo, concedendo algumas prerrogativas a uns, excluindo-as a outros, sob pena de violar frontalmente a Constituição Federal. p 550. 6 Art. 135 c/c art. 39,$4o. CF/88. 7 Art. 37, X, CF/88. 8 Art. 37, XI, CF/88. 9 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo.11 a. ed. Malheiros: São Paulo. 1996, 5

6. PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA DO ORDENAMENTO JURÍDICO QUE SERVE DE SUBSÍDIO PARA A INTIMAÇÃO PESSOAL DO PROCURADOR DO ESTADO EM LEIS ORGÂNICAS DA PROCURADORIAS GERAIS DOS ESTADOS De outro lado, na interpretação do direito utiliza-se o método de interpretação sistemática, segundo o qual proíbe a interpretação isolada de uma norma e exige que se busque seu sentido levando em consideração todo o ordenamento jurídico, ou seja, interpreta-se a norma dentro de um contexto jurídico lógico de tal modo que as contradições com outras normas sejam evitadas. 10 Denomina-se interpretação sistemática a que leva o investigador ainda mais longe, evidenciando a subordinação da norma a um conjunto de disposições de maior generalização, do qual não pode e não deve ser dissociada. Aqui, o esforço hermenêutico impõe a fixação de princípios amplos, norteadores do sistema a que o interpretando pertence, e o seu entendimento em função dele... Parte o intérprete do pressuposto lógico de que uma lei não existe isolada, e por isso mesmo não pode ser entendida isoladamente...deve o intérprete investigar qual a tendência dominante nas várias leis existentes sobre matéria correlata e adotá-la como premissa implícita daquela que é objeto de suas perquirições. 11 De observar-se que os procuradores do Estado, representando judicial e extrajudicialmente o Erário Público Estadual, bem prestando assessoramento jurídico ao ente federado a qual pertencer no que tange a exata observância aos princípios constitucionais, defendem interesse público indisponível da sociedade, tal como os agentes integrante das demais funções públicas essenciais à justiça. 2001, p. 128. 10 RIZZARDO. Arnaldo. Parte Geral do Código Civil. 3 a. ed., Forense. Rio de Janeiro: 2005, p,107. 11 PEREIRA. Caio Mario da Silva. Instituições de Direito Civil. 19 a. ed. Vol I. Forense: Rio de Janeiro. 6

Desse modo, contando-se que o legislador infraconstitucional não regulamentou expressamente sobre as prerrogativas dos procuradores do Estado - também não as proibiu -, deve-se fazer uma interpretação sistemática de todo o ordenamento jurídico para estender-lhes àquelas prerrogativas previstas para as demais funções públicas essenciais à justiça. Não há razão lógica para que os membros do Ministério Público, os integrantes da Advocacia Geral da União e os Defensores Públicos sejam intimados pessoalmente nas ações judiciais que intervierem, e os procuradores do Estado que também defendem interesse público não o seja. Muito oportuno trazer a lume o fundamento da analogia: Onde há a mesma razão de existir deve-se aplicar a mesma norma jurídica. 6. INTIMAÇÃO PESSOAL DOS PROCURADORES DO ESTADO EM EXECUÇÕES FISCAIS E MANDADOS DE SEGURANÇA - REFLEXOS JURÍDICOS E ECONÔMICOS BENÉFICOS À SOCIEDADE O legislador infraconstitucional vem, paulatinamente, aos menos no que tange a prerrogativas, reconhecendo expressamente a necessidade e importância da intimação pessoal dos procuradores dos Estados em algumas ações judiciais. Lei 6.830/1980 Dispõe sobre a cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública e dá outras providências. Art. 25. Na execução fiscal, qualquer intimação ao representante judicial da Fazenda Pública será feita pessoalmente. $` único: A intimação de que trata este artigo poderá ser feita mediante vista dos autos, com imediata remessa ao representante judicial da Fazenda Pública, pelo cartório ou secretaria. Lei 8.437/1992 Dispõe sobre a concessão de medidas cautelares contra atos do Poder Público e dá outras providências. Art. 2 o. No mandado de segurança coletivo e na ação civil pública, a liminar será concedida, quando cabível, após audiência do representante judicial da 7

pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 horas. Lei 10.910, de 15 de julho de 2004 Institui a intimação pessoal de procuradores Públicos em Mandado de segurança. Art. 19. O art. 3º da Lei nº 4.348, de 26 de junho de 1964, passa a vigorar com a seguinte-redação: Art. 3º Os representantes judiciais da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios ou de suas respectivas autarquias e fundações serão intimados pessoalmente pelo juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, das decisões judiciais em que suas autoridades administrativas figurem como coatoras, com a entrega de cópias dos documentos nelas mencionados, para eventual suspensão da decisão e defesa do ato apontado como ilegal ou abusivo de poder. Estas leis produzem efeitos jurídicos de evitar uma futura alegação de nulidade por violação aos princípios do contraditório e da ampla defesa, tão aclamados pela doutrina e elevado ao status de direito fundamental. Veja-se: Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 Art. 5 o. (...) LV Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. Por contraditório e ampla defesa deve entender como a possibilidade proporcionada ao demandado em qualquer ação judicial de, não apenas contestá-la, mas de razoavelmente participar de todos os atos do processo, produzindo provas e influindo na formação da convicção do magistrado para decidir a lide. É o que vem propiciando estas leis que determinam a intimação pessoal dos procuradores do Estado. 8

De outro lado, estas leis também evitam a malversação de rendas públicas na medida que, ao determinar a intimação pessoal do procurador do Estado, permite-se que este compareça em todo e qualquer ato do processo e faça a defesa intransigente dos interesses do Estado, evitando grave lesão à ordem econômica do Erário Público Estadual. 7 DO PROJETO DE NOVO CÓDIGO CIVIL É importante ressaltar que o próprio Projeto de Lei de Código de Processo Civil - Projeto de Lei nº 8046, de 2010 (PL804610 da Câmara dos Deputados) - que atualmente encontra-se aguardando Parecer na Comissão Especial do Senado Federal, que revoga a Lei nº 5.869, de 1973, prevê a intimação pessoal do procuradores do Estado em todos os processo judicial quando dispõe que os seus prazos contam em dobro e terão início a partir da vista pessoal dos autos. No entanto, o referido projeto prevê a intimação pessoal do representante dos procuradores dos Estados. 8. PROPOSIÇÃO 9

Portanto, diante da análise de todo o exposto, conclui-se que a atribuição constitucional exclusiva dos procuradores do Estado de representar judicial e extrajudicialmente o Erário Público Estadual, bem como de prestar assessoramento jurídico ao ente federado a qual pertencer, trata-se de importante instrumento de defesa do Estado Democrático de Direito, posto que assegura a observância aos princípios constitucionais; a defesa de interesse público indisponível da sociedade e a preservação do patrimônio público de dilapidações. Assim, propomos a inclusão da intimação pessoal no Projeto de Lei Orgânica da Procuradoria Geral do Estado como prerrogativa institucional. São Paulo, 01 de março de 2012. VANDERLEI FERREIRA DE LIMA Conselheiro Representante do Nível IV LUCIANO CORRÊA DE TOLEDO Conselheiro Representante do Cont. Tributário-Fiscal CELSO ALVES DE RESENDE JÚNIOR Conselheiro Representante do Nível I VERA WOLFF BAVA MOREIRA Conselheira MARCUS VINICIUS ARMANI ALVES Conselheiro Representante do Nível II JOSÉ ÂNGELO REMÉDIO JÚNIOR Conselheiro Representante do Nível III MIRIAN GONÇALVES DILGUERIAN Conselheira MARIA DE LUORDES D ARCE PINHEIRO Conselheira 10

Representante do Nível V 11