AMAZÔNIA: UM OLHAR POR TRÁS DAS LENTES



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Transcrição:

AMAZÔNIA: UM OLHAR POR TRÁS DAS LENTES Carlos de Souza Novais 1 ; Leandra de Lourdes Rezende Amaral 2 Universidade Federal de Uberlândia - udicarlos@hotmail.com 1 Universidade Federal de Uberlândia - leandraluciano@netsite.com.br 2 RESUMO Compreender e analisar as funções das imagens nem sempre é uma tarefa fácil, principalmente quando se trata de ensino, por isso, os profissionais da educação devem redobrar a atenção quando buscam os recursos midiáticos para suporte em suas aulas. O presente trabalho propõe uma análise crítica das representações midiáticas da Amazônia, através de um comparativo de fotografias tiradas em trabalho de campo no ano de 2014 e as imagens oferecidas pela mídia no mesmo período de tempo, acompanhada de um arcabouço de informações que muitas vezes criam ou distorcem, contextos, paisagens e realidades conforme interesses e o domínio de quem as produzem e veiculam. Palavras-chave: Imagem, Amazônia, Mídia. Ensino. INTRODUÇÃO O presente trabalho traz como proposta a produção e análise de imagens da Amazônia com uma abordagem geográfica numa perspectiva crítica sobre ideias e representações veiculadas pela mídia e contrastadas por imagens obtidas em trabalho de campo naquela região, oferecida pela disciplina Geografia do Brasil Norte-Nordeste do curso de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia. Ao pensar em Amazônia uma imagem universal surge, floresta com árvores gigantescas, rios largos e caudalosos, índios, ribeirinhos e palafitas. É necessário desmistificar esses estereótipos impostos pela mídia, seja ela impressa, televisionada ou falada. Não podemos limitar a Amazônia nas florestas, para compreendê-la é importante situarmos o seu território com seus limites e abrangências. No Brasil a chamada Amazônia Legal envolve nove estados: Mato Grosso, Acre, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá, grande parte do Maranhão e Tocantins. A Amazônia de hoje não se define apenas em volta dos rios, pois com a chegada das rodovias sua organização regional foi profundamente transformada, outro fator relevante é a melhoria das hidrovias e das redes de telecomunicações. É fato que todas as obras para o desenvolvimento da Amazônia também trouxeram impactos ambientais irreparáveis, como exemplo, temos as barragens que possuem uma

parcela de contribuição nas últimas cheias com enchentes que trouxeram sérios danos a população. Um olhar por trás das lentes Para se compreender uma imagem e construir uma análise crítica sobre ela é preciso deixar o aparente de lado e transportar-se para trás das lentes, pois essas apresentadas pela mídia, muitas vezes, tem sua função distorcida para realçar instâncias políticas ou econômicas vigentes. A imagem no ensino de geografia pode ser utilizada no processo educativo desde que trabalhada de forma crítica e reflexiva, não apenas como uma metodologia reprodutivista de uma realidade construída e induzida por interesses particulares e controladas pela mídia. O significado de olhar por trás das lentes nos traz o desafio de filtrar as primeiras impressões e buscar a análise das partes para compreensão do todo. Concordando com Perayá (1996), para uma correta leitura da imagem é preciso analisar sua função perante aos diferentes públicos, levando em consideração características sociais, religiosas, culturais etc., pois a imagem pode evidenciar mais de um sentido. Todas as imagens não têm a mesma função. Umas fazem sonhar e nos comovem enquanto outras informam com uma objetividade relativa. Para o docente, umas e outras podem se tornar o ponto de partida de numerosas atividades pedagógicas... contanto que um procedimento adequado seja adotado.(perayà, 1996) A seguir trabalharemos com imagens apresentadas pela mídia ancoradas pelo discurso elitista brasileiro e concomitantemente faremos uma análise com base nas imagens produzidas no trabalho de campo, que contemplou uma parte da Amazônia. Imagem 1: O aproveitamento hidrelétrico da Amazônia e seus opositores

Fonte: Envolverde Comunicação e Sustentabilidade,16/05/2011 Nesta reportagem Joaquim Francisco de Carvalho, licenciado em Física e mestre em Engenharia Nuclear, expõem os benefícios do potencial hidrelétrico da Amazônia e se atreve a comparar os impactos causados pela construção de uma hidrelétrica com as queimadas feitas pelos índios preparando a terra para agricultura, é preciso lembrar que o maior desmatamento da Amazônia se dá pela agropecuária extensiva dos latifundiários. O mesmo deixa um questionamento: Assim, porque não aproveitar apenas 80% do potencial hidrelétrico da região, para gerar eletricidade que vai contribuir muito para melhorar a qualidade de vida de toda a população brasileira? (CARVALHO, 2011, Envolverde Comunicação e Sustentabilidade). Pensando nesta questão é preciso analisar alguns pontos, que qualidade de vida este se refere? E para qual população? Pois, diante da construção de hidrelétricas na Amazônia, que segundo ele alagariam apenas 0,5% da área da região, os

seus impactos não trarão tantos benefícios para as populações ribeirinhas, e nem para a indígena, população nativa que não é respeitada pela sua cultura e modo de vida. As críticas lançadas por Joaquim não leva em consideração os povos regionais da Amazônia, mas, sim transforma essa região como uma reserva hidrelétrica brasileira. Na imagem a seguir (imagem 2) produzida no trabalho de campo, é visível o nível que a água alcançou nos barracões da Estrada de Ferro Madeireira Mamoré e a lama que ainda está sobre o calçamento do pátio. A mesma se encontra próxima ao Rio Madeira. Estrada de ferro Madeireira Mamoré Porto Velho Imagem 2: Porto Velho Estrada de Ferro Madeireira Mamoré, 21/07/2014. Autor: FORTUNATO, Ricardo Henrique Em conjunto com a construção das usinas outros problemas surgem na região, tais como: processo de verticalização da cidade; deslocamento da população ribeirinha; aumento da força mecânica do rio e conseqüentemente erosão de suas encostas (imagem 3); por fim, a cheia histórica da Bacia do Madeira. Processo erosivo as margens do Rio Madeira

Imagem 3: Processo erosivo causado por aumento da força mecânica do rio Madeira após a construção das hidrelétricas. Jul/2014 Autor: RAMOS, João Paulo Bernardo. Um fato verídico quanto à produção de energia nas hidrelétricas da Amazônia é que a região não necessita de mais usinas e que a construção das mesmas seria para abastecer outros estados, deixando para a Amazônia problemas ambientais graves juntamente com grandes mazelas sociais em se tratando da população menos favorecida socioeconomicamente e que sofre com o descaso do poder público. A respeito das imagens produzidas aponta Miranda (2011) que: Representando, apresentando, criando ou distorcendo paisagens, contextos,cenários, realidades, conforme intenções, condições e poder de quem as produz e as veicula, as imagens produzidas artificialmente, mais que uma postura meramente de contemplação passiva por parte do sujeito, precisam ser lidas, decifradas, interpretadas,desveladas. Partindo desse pressuposto é possível analisar a reportagem: Rápida subida de rios no Amazonas deixa em alerta produção agrícola. (2013, Portal Amazônia.com) Esta nos trás

informação da cheia inesperada que atinge alguns municípios do Amazonas, mas que a Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas (FAEA) se mobiliza na tentativa de evitar prejuízos aos produtores rurais e que até o momento não haviam sido registradas perdas na safra. (imagem 4) Imagem 4: Produção de Juta, 03/03/2013 Fonte: Portal Amazônia.com Autor: Chico Batata Pensando um pouco, quais agricultores a mídia retrata? Muito provavelmente não são os pequenos e nem os ribeirinhos, mas os grandes e é a esses que o Estado lança esforços para evitar prejuízos na safra. Aos menos favorecidos resta retomar do zero quando a água baixar. A questão da água na Amazônia não trás apenas devastação e prejuízos, mas também é capaz de escoar a produção agrícola da região por meio das hidrovias até os portos (imagem 5). É claro que mais uma vez os latifundiários são beneficiados. Escoamento de grãos no Rio Madeira

Imagem 5: Porto Velho Rio Madeira 21/07/2014. Autor: FORTUNATO, Ricardo Henrique Mas, também é pelo rio que a maioria da população se locomove e mercadorias chegam até as comunidades mais distantes (imagem 6).

Imagem 6: Embarcações no Rio Madeira, julho/2014 Autor: FORTUNATO, Ricardo Henrique Outro fator de relevância na mídia em se tratando de Amazônia é o extrativismo do látex para a produção de borracha, que segundo o Portal Amazônia.com (2013) a meta do Programa Residência Agrária era de quadruplicar a produção de borracha no Amazonas e cerca de 20 municípios receberiam ações deste num período de 36 meses. (imagem 7) Extração de látex

Imagem 7: Extração de látex, 18/06/2013 Fonte: Amazônia.com Mais uma reportagem reforçando o assistencialismo tecnológico aos produtores extensionistas rurais, restando ao pequeno, trabalhar para o grande produtor. Imagem 8: Extração de látex Parque Chico Mendes 24/07/2014.

Autor: FORTUNATO, Ricardo Henrique. Enquanto alguns insistem em dizer que o Acre não existe, aqui se encontra as boas vindas ao Estado do Acre (imagem 9). Imagem 9: Fronteira de Estados. Julho/2014

Autor: FORTUNATO, Ricardo Henrique. Avançando a fronteira selecionamos uma chamada do Jornal do Acre (Rede Amazônica Filial Globo, 25/03/2013) com uma reportagem sobre a cheia no Rio Acre, infelizmente este foi um assunto em segundo plano, pois o destaque foi dado para o assalto à casa do deputado estadual Chico Viga (PSD). Imagem 10: Cheia no Rio Acre, 25/03/2013

Fonte: Rede Amazônica Filial Globo - Autor: Duaine Rodrigues Ruby (1996): Com esta reportagem é possível finalizar concordando com as palavras de Num mundo pós-positivista e pós-moderno, a câmera é condicionada pela cultura da pessoa por trás do aparato; isto é, filmes e fotografias estão sempre relacionados com duas situações: a cultura dos que são filmados e a cultura dos que filmam (RUBY, 1996, p. 1345. Apud CAMPOS, 2011). 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo deste trabalho buscamos analisar imagens com diferentes visões da Amazônia, partindo daquelas veiculadas pelos meios de comunicação, juntamente com todo

arcabouço de informações que a mesma está inserida, contrastando com fotos capturadas em trabalho de campo com o olhar geográfico. Com o objetivo de se criar uma abordagem para a educação geográfica através destas imagens, pode-se fazer diversas criticas sobre as pretensões e interesses da mídia ao divulgar com distorções da realidade a imagem da Amazônia para a sociedade. Desse modo, o que se entende é que os novos meios tecnológicos produzem elementos mais dinâmicos e eficientes no processo de aprendizagem, como por exemplo, as imagens, que facilitam a associação do teórico ao real, mas estas devem ser atentamente interpretadas para que não se tenha uma visão ingênua e parcial de tudo que é informado através dos meios de comunicação. Em nossa análise das imagens buscadas nos meios de comunicação e afrontadas com as capturadas em uma porção da região amazônica através do trabalho de campo, podemos fazer uma série de questionamentos, pois elas estão acopladas a informações parciais, seguindo interesses de determinados atores. Sendo assim, consideramos válido todo esforço em utilizar as imagens como meio didático para se compreender determinada realidade, partindo sempre da crítica e do olhar atento, sobre tudo a que ela está relacionada, seja, fazendo questionamento sobre sua veracidade, sobre quem está publicando e os possíveis interesses em apresenta-las, bem como a estrutura de informações em que a mesma se encontra. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAMPOS, Ricardo. Imagem e tecnologias visuais em pesquisa social: tendências e desafios. Análise Social, vol. 199, 2011, p. 237-259 Disponível em portal Amazônia.com. Meta de programa é quadruplicar produção de borracha no Amazonas. Acesso em julho/2014 Disponível em: Envolver Comunicação e Sustentabilidade. O aproveitamento hidrelétrico da Amazônia e seus opositores. Acesso em julho/2014 Disponível em: Portal Amazônia.com. Rápida subida de rios no Amazonas deixa em alerta produção agrícola. Acesso em julho/2014 FORTUNATO, Ricardo Henrique. Fotos do campo, 2014.

Jornal do Acre. Rede Amazônica Filial Globo. MIRANDA, Sérgio Luiz. As imagens artificiais na sociedade contemporânea e no Ensino de Geografia: uma abordagem através de análise e produção de cartões postais em aula. Revista Brasileira de Educação em Geografia. Rio de Janeiro, v.1, n.1, p. 123-148, 2011. PERAYÁ, Daniel. Análise da prática pedagógica: Ler uma imagem. Educação e Sociedade, Ano XVII, n. 56, p. 502-505, 1996 RAMOS, João Paulo Bernardo. Fotos do campo, 2014.