A EXPANSÃO DOS LIMITES TERRITORIAIS BRASILEIROS. Prof Robert Oliveira Cabral

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Transcrição:

C O A EXPANSÃO DOS LIMITES R t TERRITORIAIS BRASILEIROS r e b o R f o r P Prof Robert Oliveira Cabral

Tratado de Tordesilhas Início de um Território

A EXPANSÃO DOS LIMITES TERRITORIAIS BRASILEIROS A evolução e expansão do território brasileiro tem como marco inicial o tratado de Tordesilhas (1494), onde Portugal pressionou a Espanha a ampliação de sua dominação para 200 milhas náuticas.

A EXPANSÃO DOS LIMITES TERRITORIAIS BRASILEIROS Fatores responsáveis pela expansão dos limites territoriais além do tratado de Tordesilhas Quilombos Negros em fuga das senzalas das fazendas canavieiras (principalmente no Nordeste) fixando aldeias após os limites territoriais portugueses. Caça de Índios (bugres) pelos Bandeirantes Escravizar indígenas a partir de guerras forjadas (escravidão por guerra justa). A descoberta de ouro e pedras preciosas em áreas fora do limite de Tordesilhas. Expansão da pecuária para atender as demandas internas por charque

A EXPANSÃO DOS LIMITES TERRITORIAIS BRASILEIROS Outro fator importante é a entrada de portugueses e espanhóis no seio da América do Sul através da bacia do Amazonas. Os fortes e as missões marcaram a fixação e disputa futura de diversas áreas. Portugal estimulou as missões na bacia amazônica, possibilitando a soberania de coroa sobre um vasto território repleto de riquezas e pouco povoado. As drogas do sertão (canela, cacau, cravo, salsaparrilha) foram os elementos responsáveis pela manutenção da ocupação da planície amazônica.

» Tratado de Utrecht (1713)» Tratado assinado entre França e Portugal, onde a França passou a controlar a região conhecida como Guiana Francesa, tendo o rio Oiapoque como fronteira.

TRATADO DE MADRI (1750) Esta intimamente ligado ao conceito de UTI POSSEDITIS. Forte pressão sobre a Espanha em função dos interesses portugueses sobre os metais e pedras preciosos existentes no interior do território. Espanha ficaria com o território de Sacramento e Portugal, em troca, com a área dos Sete Povos das Missões.

TRATADO DE MADRI

Tratado de Pardo (El Pardo) - 1761» Em função da ocupação espanhola da região dos Sete Povos das Missões, especialmente dos Guaranis e Jesuítas espanhóis, notamos a negativa destes de aceitarem a dominação de Portugal sobre a região.» Um dos grandes pontos de negação, frente a dominação portuguesa está no ódio dos Guaranis frente os bandeirantes portugueses.» Este tratado anulou todos os elementos do Tratado de Madri que buscavam uma resolução para os problemas de confronto entre as fronteiras coloniais de Portugal e Espanha.» Contudo devemos lembrar que o Marquês de Pombal e os colonos lusitanos não estavam interessados em perder o controle sobre a região, principalmente pela proximidade das áreas detentoras de prata.

TRATADO DE SANTO ILDEFONSO (1777) Esta intimamente ligado aos interesses lusitanos sobre a região do rio da Prata (Cisplatina), onde notamos um recuo das linhas lusitanas pela pressão espanhola. Em troca, Portugal recebeu algumas regiões até o atual Rio Grande do Sul, especialmente a ilha de Santa Catarina. Neste acordo, a Espanha fica com a região de Sacramento e os Sete Povos das Missões.

Tratado de Badajós (1801)» Foi a última negociação entre Portugal e e Espanha sobre a região, onde Sacramento fica com a Espanha e as Missões com Portugal» A anulação da Tratado de Santo Ildefonso ocorreu pela permanência de colonos portugueses na região dos Sete Povos das Missões.» Este fato foi fundamental para o recuo da Espanha que abre mão da região das Missões.

Tratado de Badajós (1801) P o r R f b o t r e C O R

TRATADO DE PETRÓPOLIS -1903» Em função dos conflitos na região do Acre (território boliviano), visto que a maioria dos seringueiros eram brasileiros, notamos o Tratado de Petrópolis, firmado entre Brasil e Bolívia, onde o Barão do Rio Branco foi seu condutor.» O governo brasileiro, com o intuito de minimizar as tensões na região, pagou 2 milhões de libras esterlinas pelo território do Acre, incorporando ao país.» A construção da ferrovia Madeira-Mamoré também estava no acordo, como forma de escoar a produção boliviana pelo Amazonas.

TRATADO DE PETRÓPOLIS - 1903

C O Amazônia Azul R t r e b o R f o r A Territorialidade Brasileira sobre a sua Área Costeira P

Direito do Mar: C O R III Conferência da ONU sobre as Fronteiras marítimas Em 1982, na Jamaica ocorreu a conferência da ONU que estabeleceu as diretrizes sobre o direito do mar. t r e Contudo a conclusão de 1982 era resultado de negociações iniciadas ainda no período da liga das nações (1930). b o Este foi o maior empreendimento normativo das relações internacionais, definindo não só a questão territorial mas também o uso e exploração dos recursos oceânicos e no seu subsolo. o r R f Dentre os artigos e anexos que compõem a legislação firmada temos : delimitação, controle ambiental, investigação científica marinha, atividades econômicas e comerciais, transferência de tecnologia e disputas. P

Direito do Mar: C O R III Conferência da ONU sobre as Fronteiras marítimas A convenção entrou em vigor em 16 de novembro de 1994, contudo até esta data muitos países ainda não haviam ratificado a convenção, dentre eles EUA, Rússia, Holanda, Japão, França e Suécia por fatores que veremos afrente. b o t r e Até 2005, um total de 148 Estados haviam ratificado a convenção ( o Brasil ratificou a convenção em 1988). R f Os interesses brasileiros atuais em sua costa compreendem as descobertas relativas ao pré-sal. P o r Contudo notamos uma miríade de recursos, além do petróleo em nossa costa que amplificam as preocupações sobre a manutenção da nossa soberania costeira.

Amazônia Azul: Recursos além do Petróleo

Direito do Mar: III Conferência da ONU sobre as Fronteiras marítimas» O Brasil submeteu a ONU, a partir de 1986, o projeto de ampliação dos limites externos da plataforma continental brasileira para além das 200 milhas náuticas, segundo o artigo 76 da convenção.» Este fato possibilita ao Brasil ampliar sua área de territorialidade marítima para 350 milhas náuticas, maximizando a exploração dos recursos existentes nesta região.» O Brasil recebeu da ONU a resposta positiva sobre a ampliação de sua ZEE (2009/2010), tomando toda a sua plataforma continental. Atualmente esta capacidade técnica do Brasil está possibilitando ao país dar suporte a outras nações (em especial as africanas) para garantir o acesso aos seus recursos costeiros.

A CONSTRUÇÃO DE UMA TERRITORIALIDADE MARÍTIMA A PARTIR DA CONVENÇÃO DA ONU A convenção da ONU possibilitou uma nova estrutura de soberania pelo Estado com linhas costeiras, a partir de subdivisões da costa, em: * Mar Territorial: representa uma faixa de 12 milhas, onde o Estado possui soberania sobre as águas, o subsolo e o espaço aéreo. Nesta faixa navios de outras nacionalidades podem circular, desde que obedeçam as regulamentações militares, comerciais e migratórias. * Zona Contígua: faixa de 12 a 24 milhas, onde o Estado deixa de exercer soberania e passa a ter a jurisdição sobre a faixa em relação a navegação. Contudo os recursos continuam sob o controle e exploração exclusiva do Estado costeiro.

A CONSTRUÇÃO DE UMA TERRITORIALIDADE MARÍTIMA A * Zona Econômica Exclusiva: Representa a faixa de 12 a 200 milhas da costa onde o Estado goza de direitos de soberania para a exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais, vivos ou não-vivos, do solo e subsolo marinhos e a exploração para fins econômicos (produção de energia - ventos e correntes marítimas). Nesta faixa o Estado tem o direito de fixar ilhas artificiais e outras estruturas, investigação científica, proteção e preservação do meio marinho * Plataforma Continental: Esta faixa pode se estender para além das 200 milhas, onde o Estado pode requerer sua exclusividade a partir da apresentação de estudos, mapas e relatórios ao secretário geral da ONU, podendo amplificar o controle exclusivo até 350 milhas. Contudo a exploração fica baseada nos recursos minerais e outros não-vivos do solo e subsolo e espécies vivas sedentárias

A CONSTRUÇÃO DE UMA TERRITORIALIDADE MARÍTIMA A * Alto-mar: faixa aberta a todos os Estados, até mesmo os que não possuem zona costeira, sendo sua utilização para fins pacíficos. Nenhum Estado pode submeter o Altomar a sua soberania * Acesso ao mar: Os Estados sem zona costeira devem ter acesso ao mar para exercerem o direito ao Alto-mar e ao patrimônio comum da humanidade (Área). * Área: Representa o solo e o subsolo marinho além da jurisdição de um Estado, onde os recursos são patrimônio comum da humanidade

P o r R f b o t r e C O R