O uso da reformulação retórica e da hesitação na conquista da audiência em Reality shows

Documentos relacionados
MARCAS DA LÍNGUA FALADA NO GÊNERO DISCURSIVO PREGAÇÃO RELIGIOSA

MARCADORES CONVERSACIONAIS/ DISCURSIVOS NO/ DO FALAR CUIABANO 1

O Tom na fala: estratégias prosódicas

AULA 12: O PAR DIALÓGICO PERGUNTA-RESPOSTA

Koch, I. V. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 1997, 124 p.

Marcadores Discursivos. Introdução aos Estudos de Língua Portuguesa II Prof. Dr. Paulo Roberto Gonçalves-Segundo

AULA 9: HESITAÇÃO. 1. Introdução

PRÁTICAS DOCENTES EM DIÁLOGO: EMERGÊNCIA DE NOVOS LETRAMENTOS NA ESCOLA

Marcadores Discursivos. Introdução aos Estudos de Língua Portuguesa II Prof. Dr. Paulo Roberto Gonçalves Segundo Aula

OS MARCADORES CONVERSACIONAIS NA CONSTITUIÇÃO DO TEXTO FALADO

O FENÔMENO DO DIALOGISMO ESTUDOS DA DIMENSÃO INTERATIVA DA LINGUAGEM Gil Roberto Costa Negreiros (PUC-SP, UNIVERSITAS, FASAMA)

AULA: MARCADORES CONVERSACIONAIS INTERACIONAIS

AULA 10: O TÓPICO DISCURSIVO

I CIED Congresso Internacional de Estudos do Discurso 06, 07 e 08 de Agosto de 2014

A QUESTÃO FLUENTE VERSUS DISFLUENTE NO CONTEXTO DAS AFASIAS

ANDRÉ LUIZ DOS SANTOS PARTICULARIDADES DO INGLÊS FALADO NA CONSTRUÇÃO DA IMAGEM DA DRAG QUEEN AMERICANA COMISSÃO JULGADORA

AULA 1: A DICOTOMIA LÍNGUA FALADA / LÍNGUA ESCRITA

AULA: MARCADORES CONVERSACIONAIS

AULA 16: CORREÇÃO. X Y = x R y (R = relação semântica) R. (2) que fo/ do:: daquele menino pág. 156

O Texto Oral e Sua Aplicação em Sala de Aula: Unidade Discursiva e Marcadores Conversacionais como Estruturadores Textuais

Filol. Linguíst. Port., São Paulo, v. 17, n. 1, p , jan./jun

PERSPECTIVAS PARA O PLANEJAMENTO DE ESCRITA Autor1: Jeyza Andrade de Medeiros. Modalidade: COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA

PASSO 5. Administrando a palestra

A PARÁFRASE EM AULAS PARA OS ENSINOS MÉDIO E SUPERIOR Paulo de Tarso Galembeck (UNESP e UEL) Márcia Reiko Takao (UNESP)

Plano de Ensino IDENTIFICAÇÃO EMENTA

PROCESSOS DISCURSIVOS DE ORALIDADE E DE ESCRITA NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

A PARÁFRASE EM AULAS PARA OS ENSINOS MÉDIO E SUPERIOR 7

Lesson 19: What. Lição 19: Que, Qual

Aula6 MATERIALIDADE LINGUÍSTICA E MATERIALIDADE DISCURSIVA. Eugênio Pacelli Jerônimo Santos Flávia Ferreira da Silva

- SESSÃO VIII - DESCRIÇÃO DE USO

PLANO DE APRENDIZAGEM

A ORALIDADE E O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Polidez/Cortesia/Descortesia: noção de face positiva e negativa

ORDENAÇÃO DOS ADVÉRBIOS MODALIZADORES EM ENTREVISTAS VEICULADAS PELA REVISTA VEJA

ANAIS DO SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PRÁTICAS RELIGIOSAS NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

Introdução A Delphi Com Banco De Dados Firebird (Portuguese Edition)

UNIDADES DISCURSIVAS NA FALA CULTA DE SÃO PAULO 15

#Aula 39: Aprendendo inglês com Filme?

FACULDADE SETE DE SETEMBRO FASETE

ESTRATÉGIAS DE INFERÊNCIA LEXICAL EM L2 ESTUDO DA ANÉLISE GRAMATICAL 1. INTRODUÇÃO

Debora Carvalho Capella. Um estudo descritivo do vocativo em linguagem oral para Português L2. Dissertação de Mestrado

Pesquisadores e suas contribuições para a teoria da polidez

UMA ANÁLISE SOCIOFUNCIONALISTA DA DUPLA NEGAÇÃO NO SERTÃO DA RESSACA

Roteiro de estudos 3º trimestre. INGLÊS. Orientação de estudos

o Repetições de construções oracionais:

PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO DE TEXTOS FALADOS E ESCRITOS 28

EMENTA: O discurso enquanto prática social em diferentes situações de uso. Práticas discursivas (oralidade, leitura e escrita) e análise lingüística.

O PAPEL DAS EXPRESSÕES FACIAIS E MOVIMENTOS CORPORAIS NA PRODUÇÃO DE INTERROGATIVAS

A preservação da face no texto falado: os procedimentos de atenuação enquanto estratégias sócio-interacionais

Lesson 66: Indirect questions. Lição 66: Perguntas indiretas

FORMAS DE MANUTENÇÃO DO DIÁLOGO SIMÉTRICO: ELEMENTOS ANAFÓRICOS E DÊITICOS

TEXTO E TEXTUALIDADE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

ANÁLISE DA CONVERSAÇÃO: (DES)SEMELHANÇAS ENTRE DISCURSOS FALADOS (CONVERSATION ANALYSIS: (DIS)SIMILARITIES BETWEEN SPOKEN DISCOURSES)

UM ESTUDO DA INSERÇÃO PARENTÉTICA COMO ESTRATÉGIA PARA A CONSTRUÇÃO DO SENTIDO EM TEXTOS ORAIS ( * )

Marcadores Conversacionais: Um Estudo Sobre Suas Funções Em Um Diálogo

A caracterização do discurso oral por meio de Marcadores Conversacionais

Plano de Ensino IDENTIFICAÇÃO EMENTA

Higiene e Vigilância Sanitária de Alimentos (Portuguese Edition)

Conversação Para Viagem - Inglês (Michaelis Tour) (Portuguese Edition)

PORTUGUÊS LÍNGUA NÃO MATERNA (PLNM) ENSINO SECUNDÁRIO 2016/2017

POLIDEZ COMO FORMA DE NEGOCIAÇÃO NA INTERAÇÃO PROFESSOR/ ALUNO

ELEMENTOS DE TEXTUALIDADE

CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DE CURITIBA Rua Frederico Maurer, Boqueirão Curitiba Paraná Fone:

Procedimentos de atenuação no inglês falado: o discurso do presidente Obama

As 100 melhores piadas de todos os tempos (Portuguese Edition)

Tag Question Reflexive Pronouns Used to

Ensaio Visual: Com quantas janelas? Homenagem a Ana Mae Barbosa

QUESTÕES DE ORALIDADE E ESCRITA NO DISCURSO ELEITORAL DE AÉCIO NEVES

Collaborative Lesson Plan 01

Lesson 19: What. Lição 19: Que, Qual

MARCADORES CONVERSACIONAIS NA FALA DOS LONDRINENSES: UMA ANÁLISE A PARTIR DOS DADOS DO ATLAS LINGUÍSTICO DO BRASIL

A HESITAÇÃO: UM FATOR DE PROCESSAMENTO LINGÜÍSTICO NO TEXTO FALADO Carmen Elena das Chagas (UFF)

Língua Portuguesa 8º ano

SANTOS, Leonor Werneck. RICHE, Rosa Cuba. TEIXEIRA, Claudia Souza. Análise e produção de textos. São Paulo: Contexto, 2012.

Conceitos de Linguagens de Programação (Portuguese Edition)

MARCADORES CONVERSACIONAIS DAS LÍNGUAS PORTUGUESA E ESPANHOLA: UM ESTUDO COMPARATIVO E CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO/APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS

Tentativa de síntese dos capítulos, um a um, seguindo a ordem cronológica de sua produção e publicação

Como deixar seus cabelos lindos e saudáveis (Coleção Beleza) (Portuguese Edition)

LINGÜÍSTICA TEXTUAL II - CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:

CRENÇAS QUE ALUNOS DE LETRAS PORTUGUÊS/INGLÊS MANIFESTAM A RESPEITO DO PAPEL DA GRAMÁTICA NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

PERFIL DE APRENDIZAGENS 5ºANO

Lesson 23: How. Lição 23: Como. Reading (Leituras) How are your parents? How are you? How was the interview? How is your work?

GUIÃO F. Grupo: Minho. 1º Momento. Intervenientes e Tempos. Descrição das actividades

Introdução. Concepções de texto

conteúdo apresentado e disponibilizado seja capaz de promover a preparação do aluno para o concurso vestibular Unicentro e demais

Meditacao da Luz: O Caminho da Simplicidade

Brasileiros: Como se viram nos EUA

curso de análise das Abordagens antropológica, linguística e sociológica sessão 3 26 outubro 2012

O PAPEL DA REPETIÇÃO NO PROCESSAMENTO DO TEXTO FALADO Carmen Elena das Chagas (UFF e UNESA)

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO 3.º Ciclo do Ensino Básico Departamento de Línguas Disciplina: Português 8º ano

Book Four Corners (Level 3A) Unit 2: Personal Stories Lesson C: I was really frightened(pages 18 and 19) Passive Voice

Aspectos Multidisciplinares das Artes Marciais: 1 (Portuguese Edition)

TABELA DE NÍVEIS DO IDIOMA INGLÊS

GUIÃO I. Grupo: Continente e Ilha. 1º Momento. Intervenientes e Tempos. Descrição das actividades

O Livro de Receitas do Menino Maluquinho - Com as receitas da Tia Emma (Portuguese Edition)

O Livro dos Espíritos - Tradução Evandro Noleto Bezerra (Portuguese Edition)

RELAÇÃO DOS VERBETES. B behaviorismo bilingüismo Black English boa formação

O QUE É A LINGÜÍSTICA TEXTUAL

Transcrição:

O uso da reformulação retórica e da hesitação na conquista da audiência em Reality shows The use of rhetorical reformulations and hesitation for achieving the audience s acceptance in Reality shows André Luiz dos Santos * 1 Vanessa Hagemeyer Burgo ** 2 Letícia Jovelina Storto *** 3 Eduardo Francisco Ferreira **** 4 RESUMO: Este trabalho discute o papel exercido pela reformulação retórica e pela hesitação nos diálogos empreendidos em reality shows. Para tanto, verifica como esses recursos são utilizados na construção da imagem positiva com vistas a conquistar a audiência. O corpus deste trabalho é constituído pela gravação do episódio denominado Reunited, da segunda temporada do reality show Ru Paul s Drag Race, veiculado no canal a cabo VHI, às quintas-feiras, no horário das 21h. Cumpre ressaltar que o corpus pode ser classificado como conversação espontânea, visto que apresenta características básicas do texto falado, tais como: menor grau de planejamento verbal, envolvimento dos interlocutores entre si e com o assunto e a existência de um espaço compartilhado entre os interactantes. Assim, as descrições da materialidade linguística e as interpretações qualitativas alicerçadas em conceitos da Análise da Conversação foram consideradas. Finalmente, os resultados obtidos com a análise da reformulação retórica são apresentados, em especial da repetição e da hesitação, enfatizando, sobretudo, o uso intencional desses recursos pelo locutor com o desejo de construir uma imagem positiva e aumentar sua popularidade entre os telespectadores do programa. PALAVRAS-CHAVE: Reformulação Retórica. Hesitação. Preservação da Face. Inglês Falado. 1 * Aluno regular do Mestrado em Letras da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, campus de Três Lagoas. E-mail: appleaulas@hotmail.com 2 ** Doutora em Estudos da Linguagem pela Universidade Estadual de Londrina. Professora da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, campus de Três Lagoas, ministrando aulas na Graduação e no Mestrado. E-mail: vanessahburgo@hotmail.com 3 *** Doutoranda em Estudos da Linguagem pela Universidade Estadual de Londrina. E-mail: leticia_storto@hotmail.com 4 **** Doutorando em Estudos da Tradução pela Universidade Federal de Santa Catarina E- mail: eduardoferreira.ufsc@gmail.com Entretextos, Londrina, v.12, n.1, p.149-163, jan./jun. 2012. 149

O uso da reformulação retórica e da hesitação na conquista da audiência em Reality shows ABSTRACT: This article deals with the hesitation, repetition and rhetorical formulations used by the competitors of a reality show program in order to have their positive faces preserved and, consequently, to get the audience s agreement and acceptance. The corpus of this study is composed of the recording of the episode entitled "Reunited" from the second season of the reality show "Ru Paul s Drag Race" aired by VHI, a cable television channel, on Thursdays at 09:00 PM. We highlight that the corpus can be classified as a spontaneous conversation as it presents the basic characteristics of the spoken text, such as: low level of verbal planning, involvement of partners with each other and with the subject, and the existence of a shared space among interactants. In such case, the descriptions of linguistic materiality and the qualitative interpretations based on concepts of Conversation Analysis are used. Finally, the results obtained from the analysis of rhetorical formulations are presented, particularly concerning repetition and hesitation, emphasizing the intentional use of these resources by speakers whose aim is to build a positive image and increase their popularity among the viewers of the program. KEYWORDS: Rhetorical Reformulation. Repetition. Hesitation. Face-Work. Spoken English. Considerações iniciais Risso (1995, p.216) argumenta que a ação verbal não pode ser suficientemente explicada e compreendida fora de seu vínculo com a situação concreta de sua efetivação. Assim, faz-se necessário evidenciar a prática social que move os participantes do jogo de atuação comunicativa. Assim, os reality shows configuram um gênero de programa televisivo fundamentado na vida real, no qual muitas vezes não há roteiros a serem seguidos e as conversações espontâneas são privilegiadas. Nesse tipo de programa, os participantes interagem entre si e buscam a aprovação e a aceitação do telespectador, uma vez que cabe a esse o poder de conduzir aqueles até a grande final. Temos como reality shows mais conhecidos no cenário nacional: No Limite, O Aprendiz, Big Brother Brasil, A Casa dos Artistas e a Fazenda. Já no cenário mundial, podemos destacar: The Apprentice, Big Brother, America Idol e Ru Paul Drag Race. Diante da enorme quantidade de programas nesse formato, optamos por analisar o último episódio da segunda temporada do reality americano Ru Paul s Drag Race, que consiste em uma competição entre drag queens com o intuito de eleger a nova drag superstar da América. Entretextos, Londrina, v.12, n.1, p.149-163, jan./jun. 2012. 150

André Luiz dos Santos, Vanessa Hagemeyer Burgo, Letícia Jovelina Storto & Eduardo Francisco Ferreira A escolha foi realizada levando-se em consideração que os diálogos apresentados podem ser tidos como conversações espontâneas e estão repletos de elementos característicos da língua falada, tais como: alongamentos, pausas, acento enfático, marcadores conversacionais. Entretanto, destacaremos, neste trabalho, a reformulação retórica, a hesitação e a repetição, uma vez que são os elementos mais evidentes em nosso corpus. As formas de apresentação dos discursos para análise obedeceram às normas de transcrição apresentadas por Preti (2003, p.13-14). Conversação espontânea e algumas características da língua falada Primeiramente, faz-se necessário conceituar o termo conversação espontânea e apresentarmos algumas das principais características da Língua Falada (LF). Assim, entendemos como conversação espontânea aquela em que planejamento e realização do discurso coincidem no eixo temporal, ou são praticamente concomitantes, como salienta Rodrigues (2003, p.23). De acordo com a autora, entre as principais características da LF podemos citar o fato de ela ser planejada localmente (o planejamento é simultâneo à execução) e de se constituir como uma atividade administrada passo a passo. Outra característica marcante da LF, de acordo com Galembeck (1999, p.109), é o caráter fragmentário tanto no plano de construção da frase ou do enunciado como no da sequência de assuntos, que advém do fato de a LF possuir menor grau de planejamento prévio. Diante dessa característica, Castilho (2003, p.19) assinala que na LF tudo vai para o ar e pode ser observado por meio dos processos de sua própria construção, como, por exemplo, os falsos começos, as repetições, as hesitações, as sobreposições de fala, o predomínio de orações curtas, muitas pausas, entre outros. Cabe evidenciar, por fim, que algumas das caracteristicas cruciais da LF, na visão de Galembeck (1997, p.831), são: a existência de um espaço Entretextos, Londrina, v.12, n.1, p.149-163, jan./jun. 2012. 151

O uso da reformulação retórica e da hesitação na conquista da audiência em Reality shows comum partilhado entre os interlocutores e o seu envolvimento entre si e com o assunto em pauta. Reformulação retórica: repetição De acordo com Koch (2007, p.85-86), a reformulação retórica é vista como uma estratégia de processamento textual e trata-se de uma das principais estratégias de processamento do texto falado. Conforme a autora, a reformulação retórica realiza-se basicamente por meio da repetição e da paráfrase e sua principal função é a de reforçar a argumentação. A reformulação retórica caracteriza-se primordialmente pelo seu aspecto interacional por meio da repetição com força argumentativa e pela função cognitiva quando a repetição visa a facilitar a compreensão e desacelerar o ritmo da fala, propiciando ao locutor mais tempo para elaborar o seu discurso/fala. Segundo Castilho (2003, p.73-74), a reformulação retórica é um processo de construção do texto por reativação, ou seja, o locutor retoma na enunciação as palavras principais e as joga de novo no fluxo discursivo. De acordo com o autor, o falante concebe a reformulação retórica realizando a repetição dos segmentos textuais palavra a palavra ou repetindo o conteúdo com palavras diferentes; ambos os processos devem estar aliados ao funcionamento da memória. Na perspectiva de Marcuschi (2006), a repetição é uma das estratégias de formulação textual de maior maleabilidade funcional. Para o autor, ela: contribui para a organização discursiva e para a monitoração da coerência textual; favorece a coesão e a geração de sequências mais compreensíveis; dá continuidade à organização tópica; e auxilia nas atividades interativas. O pesquisador assevera que a repetição não é um simples ato tautológico, pois ela expressa algo novo (MARCUSCHI, 2006, p.220); além disso, ela pode ocorrer com a retomada integral do segmento com ou sem variação (MARCUSCHI, 2006). A repetição, segundo o autor, promove a Entretextos, Londrina, v.12, n.1, p.149-163, jan./jun. 2012. 152

André Luiz dos Santos, Vanessa Hagemeyer Burgo, Letícia Jovelina Storto & Eduardo Francisco Ferreira coesividade, a referencialidade e a topicidade, mas não a linearidade, pois cada um desses processos possui características próprias. Koch (2007, p.126-127) afirma que a repetição deve ser vista como um mecanismo essencial ao estabelecimento da coesão textual, assim como um recurso retórico usado intencionalmente pelo locutor para reajustar, melhorar o que foi dito anteriormente, reiterando ao mesmo tempo, as ideias e os argumentos básicos para assim, obter a concordância e/ou adesão do interlocutor, vencendo-lhe a resistência. Em consonância com Hilgert (1999, p.107), a repetição surge da necessidade de o locutor de se preocupar concomitantemente com o que vai dizer e com a maneira como realizará a enunciação. Ramos (1984) salienta que a repetição pode ser utilizada com as seguintes funções, a saber: explicitar o tópico 15 da nova sequência e assegurar a coesão das sequências do discurso; enfatizar elementos da sentença; sintetizar; recolocar no foco detalhes da narrativa, que auxiliarão os interlocutores a recompor o fio condutor da conversa. Hesitação A hesitação é um fenômeno inerente à fala, uma vez que o texto falado se apresenta em construção; ademais, é tido como uma estratégia de desaceleração do ritmo da fala (KOCH, 2007, p.91). Para Marcuschi (2003, p.27), em geral as hesitações servem como momento de organização e planejamento interno do turno 26 e dão tempo ao falante de se preparar. Elas se manifestam, conforme Koch (2007, p.91-92), por meio de pausas, alongamentos de vogais, consoantes ou sílabas iniciais ou finais, repetição de palavras de pequeno porte (reduplicação de artigos, de 15 Segundo Brown e Yule (1983, p. 73), o tópico pode ser considerado como aquilo acerca do que se fala ou se escreve. 26 Na visão de Galembeck (2003, p.71), turno é qualquer intervenção dos participantes do diálogo de qualquer extensão. Entretextos, Londrina, v.12, n.1, p.149-163, jan./jun. 2012. 153

O uso da reformulação retórica e da hesitação na conquista da audiência em Reality shows conjunções ou mesmo de sons não lexicalizados como AH, AH, AH e outros) e truncamentos oracionais, entre outros. As pausas, na concepção de Marcuschi (2003, p.63), são um recurso suprassegmental de natureza lingüística, embora não verbal e podem ser curtas, médias e longas e constituem um fator decisivo na organização textual. Preservação da face Na visão de Koch (2007, p.37), a preservação da face é uma estratégia sociointeracional, pois é socialmente determinada e visa a estabelecer, manter e levar a bom termo uma interação verbal. A estratégia de preservação das faces manifesta-se linguisticamente por meio de atos preparatórios, eufemismos, rodeios, mudanças de tópico e do emprego de marcadores de atenuação em geral. Além disso, a autora salienta que: o grau de polidez é determinado, em geral, com base nos papéis desempenhados pelos participantes, na necessidade de resguardar a própria face ou a do parceiro, ou ainda, condicionada por normas culturais. Para Bruyère (apud OLIVEIRA, 1999) ressalta que o espírito da polidez é uma certa atenção em fazer com que, por nossas palavras e maneiras, os outros fiquem contentes conosco e consigo mesmos. Além disso, ela está associada à autoimagem pública das pessoas, que é permanentemente monitorada, tanto pelo falante quanto pelo ouvinte, e resulta na preservação da face. Evidenciamos, ainda, que para Marcuschi (1989, p.284), a conversação, por ser uma atividade em que se desenvolvem negociações permanentes, apresentam sempre uma ameaça potencial à preservação da face dos interactantes. Segundo Goffman (1974), face é o valor social positivo que uma pessoa efetivamente reivindica para si por meio da linha de ação que os outros pressupõem que ela tenha adotado durante um contato específico. La face est Entretextos, Londrina, v.12, n.1, p.149-163, jan./jun. 2012. 154

André Luiz dos Santos, Vanessa Hagemeyer Burgo, Letícia Jovelina Storto & Eduardo Francisco Ferreira une image du moi délinéée selon certains attributs sociaux approuvés 37 (p. 9). Silva (1998, p.112) observa que a face é um conjunto de desejos que podem ou não ser satisfeitos por ações de outros, de modo que a perda da face ocorre quando um dos interactantes arranham a face do outro, como pontua Goffman (1974). Brown e Levinson (1978) afirmam que todo ser social possui duas faces: a positiva (face que o locutor gostaria de preservar e ver preservada) e a negativa (território íntimo que não gostaria de ser invadido). Nesse sentido, vale apresentar um resumo dos atos que ameaçam as faces (Quadro 1), de acordo com Marcuschi (1989, p.284). Face positiva do falante Face positiva do ouvinte 1. Auto-humilhação 1. Desaprovação 2. Autoconfissões 2. Insulto 3. Acusações Face negativa do falante ouvinte Face negativa do 1. Agradecimentos 1. Pedidos 2. Excusas 2. Ordens 3. Aceitação de ofertas 3. Elogios Quadro 1: Atos que ameaçam as faces. Fonte: Marcuschi (1989, p.284). Análise dos dados Ao analisarmos os dados, podemos observar muitos elementos de interação característicos da língua falada, tais como: os pares adjacentes, os marcadores conversacionais, os elementos prosódicos, entre outros. Todavia, neste estudo, analisamos a reformulação retórica, a repetição e a hesitação. 37 A face é uma imagem de si delineada segundo certos atributos sociais aprovados. (tradução nossa). Entretextos, Londrina, v.12, n.1, p.149-163, jan./jun. 2012. 155

O uso da reformulação retórica e da hesitação na conquista da audiência em Reality shows Assim, logo no início do programa, podemos observar a hesitação, fenômeno inerente à língua falada e uma das estratégias de processamento mais recorrentes em nosso corpus, uma vez que o texto falado apresenta seu status nascendi. No recorte abaixo, podemos observar que o falante, por meio da hesitação, procura construir a imagem de uma pessoa contida em suas palavras, cuidadosa com o seu dizer e que tem o intuito de impressionar sua audiência, uma vez que o sujeito dessa fala é o apresentador do programa, Ru Paul. 1) Ru Paul: Angela is that... a corn... on your wrist? 48 Ru Paul: Ângela isso é... uma espiga de milho... no seu pulso? Acerca da hesitação, destacamos que ela se manifesta por meio de pausas, alongamentos de vogais, consoantes, sílabas iniciais ou finais, repetição de palavras de pequeno porte e truncamentos oracionais. Ademais, podemos dizer que o emprego de uma pausa logo após a palavra corn tem a função de enfatizar o que vai ser dito. Em outras palavras, o locutor chama a atenção da sua plateia para a comparação que se pretende realizar entre a espiga de milho e a roupa da entrevistada. Em termos de função, esses elementos contribuem para fornecer mais tempo para que o locutor planeje seu texto. Além disso, a hesitação é condicionada por pressão situacional, nesse caso representado pela apresentação de um programa de reality show de grande alcance mundial e de enorme representatividade no mundo GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transexuais). 48 É importante salientar que, na tradução dos exemplos sob análise, procuramos respeitar as normas de transcrição sugeridas por Preti (2003), transpondo os sinais de alongamentos e entonação enfática à forma como falamos em português. Entretextos, Londrina, v.12, n.1, p.149-163, jan./jun. 2012. 156

André Luiz dos Santos, Vanessa Hagemeyer Burgo, Letícia Jovelina Storto & Eduardo Francisco Ferreira evidenciados: Outros exemplos de ocorrência de hesitação que merecem ser 2) Ru Paul: y know you ve been doing drag for just a few months before coming to drag race do you think you were too gre::en to be on drag race? Ru Paul: sabe... você vem se apresentando como drag há somente alguns meses... antes de vir ao drag race... você acha que estava muito ver::de para estar no drag race? Nesse segmento, podemos examinar que a pausa, além de indicar hesitação, também funciona para a construção interna da unidade comunicativa 5. 9 3) Angela: no... I definitely came to this competition to compe::te...( ) Ângela: não eu definitivamente vim a essa competição para competir:: Podemos observar que, nesse excerto, a pausa vem logo após uma partícula negativa, o que nos leva a considerar que ela marca uma incerteza. Além disso, o locutor a utiliza para obter mais tempo para planejar sua fala, mostrando, assim, ser uma pessoa refletida, contida com a sua enunciação. Ele passa, dessa maneira, uma imagem positiva para o telespectador. 59 Nas palavras de Castilho (2003, p.63), de maneira simplificada, podemos entender a unidade discursiva como o correspondente ao parágrafo na língua portuguesa. Entretextos, Londrina, v.12, n.1, p.149-163, jan./jun. 2012. 157

O uso da reformulação retórica e da hesitação na conquista da audiência em Reality shows 4) Ru Paul: y know ah::... some people felt that you gave it up on the la::st CHAllenge...that you were sort of throwing the towel... Ru Paul: sabe... ah::... algumas pessoas sentiram que você desistiu do úl::timo DEsafio... que você meio que jogou a toalha... No trecho acima, observamos que a pausa vem logo após um sinal de fechamento de tópico; assim, ela serve não somente para fornecer maior tempo para o locutor como também para delimitar e separar as unidades comunicativas. Ressaltamos também que o locutor age com cautela ao se referir a esse evento, o que é evidenciado por meio do marcador de maior envolvimento y know (sabe) e pela utilização da expressão some people (algumas pessoas), com o intuito de resguardar a sua face, uma vez que o emprego desse termo mostra menor envolvimento com o que foi enunciado. Acreditamos, ainda, ser de relevância para este estudo assinalarmos algumas expressões utilizadas pelo falante com o objetivo de ter a sua face preservada. Entre essas expressões, podemos citar: y know, I mean e well, como examinado nos recortes que seguem: 5) Ru Paul: y know you ve been doing drag for just a few months before coming to drag race do you think you were too gre::en to be on drag race? Ru Paul: Sabe você vem se apresentando como drag há somente alguns meses... antes de vir ao drag race... você acha que estava muito ver::de para estar no drag race? 6) Ru Paul: well::... Mystike you look beautiful toni::ght Ru Paul: bem::... Mystike... você está linda ho::je Entretextos, Londrina, v.12, n.1, p.149-163, jan./jun. 2012. 158

André Luiz dos Santos, Vanessa Hagemeyer Burgo, Letícia Jovelina Storto & Eduardo Francisco Ferreira 7) Mystike: I mean the black pants they were blasting Mystike: quero dizer... a calça preta estava arrasando Além da utilização da expressão well, no recorte 6, o falante fez também uso do elogio, ato comunicativo considerado como ameaça à face negativa do ouvinte, de acordo com Marcuschi (1989, p.284). Outro recurso da LF de maior representatividade no corpus analisado foi a reformulação retórica, a qual Castilho (1994) conceitua como um processo de reconstrução do texto, uma espécie de anáfora discursiva, por meio da qual o falante retoma o que foi dito. A reformulação retórica realizou-se basicamente por meio de repetições e suas principais funções foram a de reforçar a argumentação e facilitar a compreensão do ouvinte por meio da desaceleração da fala. Ressaltamos que a repetição, na visão de Castilho (1994), trata da recorrência do mesmo item lexical ou de estruturas sintáticas e sua apresentação decorre do fato de essa modalidade de língua ser planejada localmente, no momento de sua execução. Examinamos, agora, os excertos relacionados à reformulação retórica por meio da repetição: 8) Mystike: yes I got a lo::t of people saying thank you... for showing me:: that I:: can go out there:: and just be me:: and not conform ah:: like like societies thoughts Mystike: sim eu tenho um mon::te de gente dizendo obrigado... por me mostrar:: que eu:: posso sair por aí:: e simplesmente ser eu:: e não conforme ah::... como como os pensamentos das sociedades Entretextos, Londrina, v.12, n.1, p.149-163, jan./jun. 2012. 159

O uso da reformulação retórica e da hesitação na conquista da audiência em Reality shows 9) Mystike: but the thing is I wanted to be like like y know the up to date country type a thing Mystike: mas a questão é eu queria ser como como você sabe... algo do tipo a atualizada... do interior 10) I actually I don t know I I thought I was prepa::red and everything like that I ve learnt so much about myself and about my drag and everything but I feel like the whole time I was here I was in a dream eu na verdade não sei eu eu pensei que estava prepara::da e tudo assim eu aprendi tanto sobre mim mesma... sobre... minha drag e tudo mas eu sinto que todo tempo que eu estive aqui eu estava em um sonho 11) I always knew that something there wasn t right I could ve never been a man enough I ve always been a girl I ve always been a girl arrested in a boy s body I started to be a drag and there was something about it that wasn t enough and I went to doctor and he put me on testosterones blockers and then moved me to hormones and my levels are even and I ve NEver been happier in my whole life eu sempre soube que alguma coisa não estava certa... eu nunca pude ser um homem o suficiente eu sempre fui uma garota... eu sempre fui uma garota presa em um corpo de garoto... eu comecei a ser drag... e havia algo nisso que não era o bastante... e eu fui ao médico e ele me pôs nos bloqueadores de testosterona... e depois me passou para hormônios e os meus níveis estão adequados... eu NUNca fui mais feliz em toda a minha vida A reformulação retórica por meio da repetição ocorreu, principalmente, quando o falante necessitava se posicionar diante de questões delicadas e muito pessoais. Desse modo, podemos afirmar que ela foi constantemente empregada visando à preservação da face positiva. Em outras palavras, Entretextos, Londrina, v.12, n.1, p.149-163, jan./jun. 2012. 160

André Luiz dos Santos, Vanessa Hagemeyer Burgo, Letícia Jovelina Storto & Eduardo Francisco Ferreira desempenhou a função dos marcadores de atenuação 6. 10 Além disso, as repetições podem ser vistas como marcas do planejamento local do texto falado, como se percebe nos excertos (8), (9) e (10). Enfim, de acordo com Koch (2007), as análises mostram que existe no texto falado toda uma gama de implícitos dos mais variados tipos, somente detectáveis quando se tem, como pano de fundo, o contexto sociocognitivo dos participantes da interação. Partindo desse postulado, podemos assinalar que o texto falado não deve ser visto apenas como uma simples decodificação da mensagem resultante de uma codificação do emissor, mas, primordialmente, como uma atividade interativa altamente complexa de produção de sentidos que se põe em relevo, com base nos elementos linguísticos presentes na superfície do texto. Considerações finais Por meio do exame do corpus, foi possível observar o trabalho meticuloso do falante, tido aqui como o sujeito da pragmática, ativo e responsável pelo seu dizer, no qual a ação comunicativa está sempre impregnada de intenção. Na busca pelo sentido, precisamos levar em consideração a intenção do produtor do texto, que, como vimos, faz uso de inúmeros recursos da LF tais como: hesitação, repetição e reformulação retórica para conseguir a aprovação e a aceitação do público por meio da preservação da imagem positiva. Finalmente, faz-se necessário ressaltarmos que, embora esse reality show não conte com a participação do público, ou seja, os telespectadores não são cruciais para determinar a vitória do competidor no programa, são empregados determinados recursos, como a reformulação retórica por meio da repetição e a hesitação, com o intuito de convencer e persuadir os jurados, 6 10 Recurso de preservação da face, sobretudo de natureza verbal, segundo Marcuschi (1989). Entretextos, Londrina, v.12, n.1, p.149-163, jan./jun. 2012. 161

O uso da reformulação retórica e da hesitação na conquista da audiência em Reality shows passando para eles uma imagem de pessoa contida, refletida, parcimoniosa com a sua enunciação, já que os jurados também devem ser entendidos como ouvintes, interlocutores, o outro da conversa. Isso tudo com o objetivo maior de preservar a face dos interlocutores da interação. Referências BROWN, Penelope; Levinson, Stephen C. Politeness: some universals in language use. Cambridge, Cambridge University Press, 1978. BROWN, Gillian; YULE, George. Discourse analysis. Cambridge: Cambridge University Press. 1983. CASTILHO, Ataliba T. Problemas de descrição da língua falada. Revista D.E.L.T.A, v.10, n.1, p.47-71, 1994.. A língua falada no ensino de português. 5.ed. Contexto, 2003. ANDRADE, Maria Lúcia da Cunha Victório de Oliveira; AQUINO, Zilda Gaspar Oliveira de. Oralidade e escrita: perspectivas para o ensino de língua materna. São Paulo: Cortez, 1999. GALEMBECK, Paulo de Tarso. O turno conversacional. In: PRETI, Dino (Org.). Análise de textos orais. 6.ed. São Paulo: Humanitas/ Publicações FFLCH/USP, 2003, p.55-79.. Metodologia de pesquisa em português falado. In: RODRIGUES, Ângela Cecília de Souza et al. (Orgs.). I Seminário de Filologia e Língua Portuguesa. São Paulo: Humanitas/ FFLCH/ USP, 1999, p.109-119. ; CARVALHO, Kelly Alessandra. Os Marcadores Conversacionais na Fala Culta de São Paulo (Projeto NURC/SP). Revista Intercâmbio. Volume VI, 1997, p.830-850. São Paulo: LAEL/PUC-SP. ISSN 1806-275x. GOFFMAN, Erving. Les rites d interaction. Paris: Les Éditions de Minuit, 1974. HILGERT, José. G. Procedimentos de reformulação: a paráfrase. In: PRETI, Dino (Org.). Análise de textos orais. 6.ed. São Paulo: Humanitas/ FFLCH/USP, 2003, p.103-127. KOCH, Ingedore G. Vilhaça. O texto e a construção dos sentidos. 9.ed. São Paulo: Contexto, 2007. Entretextos, Londrina, v.12, n.1, p.149-163, jan./jun. 2012. 162

André Luiz dos Santos, Vanessa Hagemeyer Burgo, Letícia Jovelina Storto & Eduardo Francisco Ferreira MARCUSCHI, Luiz. A. Marcadores conversacionais do português brasileiro: formas, posições e funções: In: Castilho, Ataliba T. de (Org.). Português Falado no Brasil. Campinas/SP, 1989.. Repetição. In: KOCH, Ingedore Villaça; JUBRAN, Clélia Cândida Abreu Spinardi (Orgs.). Gramática do português culto falado no Brasil. Campinas/SP: Ed. Unicamp, 2006, v. I (Construção do texto falado).. Análise da conversação. 5.ed. São Paulo: Ática, 2003. OLIVEIRA, Jair A. Polidez a virtude do simulacro. In: Uniletras, 21, dez, 1999. n. 21. Ponta Grossa/PR. PRETI, Dino (Org.). Análise de textos orais. 6.ed. São Paulo: Humanitas/ FFLCH/USP, 2003. RAMOS, Jânia. Hipóteses para uma taxonomia das repetições de estilo falado. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte: s.c.p.,1984. RISSO, Mercedes. S. A dimensão interacional na construção do texto falado: os marcadores. In: Letras & Letras, Uberlândia, v. 11, n. 1, p.215-225, jan./jun. 1995. RODRIGUES, Ângela C. S. Língua Falada e escrita. In: PRETI, Dino (Org.). Análise de textos orais. 6.ed. São Paulo: Humanitas/ FFLCH/USP, 2003, p.15-37. SILVA, Luiz, A. Polidez na interação professor/aluno. In: PRETI, Dino (Org.). Estudos de Língua Falada: variações e confrontos. São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP, 1998. Enviado em novembro de 2011. Aceito em junho de 2012. Entretextos, Londrina, v.12, n.1, p.149-163, jan./jun. 2012. 163