UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO VICE-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO E CORPO DISCENTE CURSO DE FISIOTERAPIA



Documentos relacionados
ALTERAÇÕES RESPIRATÓRIAS RELACIONADAS À POSTURA

TRATAMENTO FISIOTERÁPICO NA ASMA

O IMPACTO DO PROGRAMA DE GINÁSTICA LABORAL NO AUMENTO DA FLEXIBILIDADE

Título: Modelo Bioergonomia na Unidade de Correção Postural (Total Care - AMIL)

CURSO DE FORMAÇÃO ISO-STRETCHING

Tipos de tratamentos utilizados para os pectus: vantagens e desvantagens de cada um

VALÊNCIAS FÍSICAS. 2. VELOCIDADE DE DESLOCAMENTO: Tempo que é requerido para ir de um ponto a outro o mais rapidamente possível.

EXERCÍCIOS RESISTIDOS. Parte I

Relaxar a musculatura dos braços. Entrelace os dedos de ambas as mãos com suas palmas para cima e levante os braços por 10 segundos.

Patrícia Zambone da Silva Médica Fisiatra

INVOLUÇÃO X CONCLUSÃO

1 O que é o pectus? Fotografia de paciente portador de pectus carinatum. Fotografia de paciente portador de pectus excavatum.

CARACTERÍSTICAS POSTURAIS DE IDOSOS

ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES COM DOENÇA DE PARKINSON SUBMETIDOS AO TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO NO SOLO E NA ÁGUA

PREFEITURA MUNICIPAL DE CHOPINZINHO PR SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE GESTÃO

FIBROMIALGIA EXERCÍCIO FÍSICO: ESSENCIAL AO TRATAMENTO. Maj. Carlos Eugenio Parolini médico do NAIS do 37 BPM

CAPACIDADE PULMONAR E FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA EM OBESOS

Treino de Alongamento

GINÁSTICA LABORAL Prof. Juliana Moreli Barreto

ESCOLIOSE Lombar: Sintomas e dores nas costas

Uso de salto alto pode encurtar músculos e tendões e até provocar varizes!!!

Programa de Ginástica Laboral

A IMPORTÂNCIA DAS TÉCNICAS MINISTRADAS NA DISCIPLINA DE RTM II PARA A ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO DISCENTE DE FISIOTERAPIA

Comparação da força da musculatura respiratória em pacientes acometidos por acidente vascular encefálico (AVE) com os esperados para a idade e sexo

Cefaleia crónica diária

As disfunções respiratórias são situações que necessitam de intervenções rápidas e eficazes, pois a manutenção da função

Componente Curricular: Fisioterapia nas Disfunções Posturais PLANO DE CURSO

Lucimere Bohn Área de Formação: 813 Desporto. Curso: Musculação e Cardiofitness. Módulo: Bases Morfofisiológicas

Por esse motivo é tão comum problemas na coluna na sua grande maioria posturais.

EFETIVIDADE DA ESCOLA DE COLUNA EM IDOSOS COM LOMBALGIA

PUC- RIO. Claudia Dias Cordeiro

TÍTULO: REEDUCAÇÃO POSTURAL GLOBAL COMO ESTRATEGIA DE TRATAMENTO PRA PACIENTES COM DPOC INSERIDOS EM UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO PULMONAR

Centro de Reeducação Respiratória e Postural S/C Ltda Josleide Baldim Hlatchuk Fisioterapeuta CREFITTO F

MODIFICAÇÕES NA FLEXIBILIDADE E NA FORÇA MUSCULAR EM PACIENTES COM DOR LOMBAR TRATADOS COM ISOSTRETCHING E RPG

Dor no Ombro. Especialista em Cirurgia do Ombro e Cotovelo. Dr. Marcello Castiglia

SISTEMA RESPIRATÓRIO

21/6/2011.

Coluna no lugar certo Fisioterapeutas utilizam método que reduz dores nas costas em poucas sessões e induz paciente a fazer exercícios em casa

REABILITAÇÃO CARDÍACA

Discussão para Prova ENADE/2007

TREINAMENTO DE FORÇA RELACIONADO A SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA

TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR TRM. Prof. Fernando Ramos Gonçalves-Msc

CARTILHA DE AUTOCUIDADO DE COLUNA

Qualidade de vida laboral

LER/DORT.

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA

PLANO DE CURSO. EMENTA: Disciplina específica que visa embasar a avaliação fisioterápica nos aspectos teóricos e práticos.

Adaptações Cardiovasculares da Gestante ao Exercício

Pilates e Treinamento Funcional

Os desafios da EducaÄÅo FÇsica na EducaÄÅo de Jovens e Adultos (EJA)

ATIVIDADE FÍSICA, APTIDÃO FÍSICA, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA

Semiologia Cardiovascular. B3, B4, Cliques, Estalidos e Atrito Pericárdico. Por Gustavo Amarante

SEQÜÊNCIA DE PULSO. Spin-eco (SE); Inversion-recovery (IR); Gradiente-eco (GRE); Imagens eco - planares (EPI).

Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional-FMUSP. Profa. Dra. Sílvia Maria Amado João

Ficha Informativa da Área dos Conhecimentos

EXERCÍCIO E DIABETES

Introdução ao Aplicativo de Programação LEGO MINDSTORMS Education EV3

INCOR REALIZA MUTIRÃO NESTE FINAL DE SEMANA PARA CORREÇÃO DE ARRITMIA

PROCESSO DE PRESCRIÇÃO E CONFECÇÃO DE ÓRTESES PARA PACIENTES NEUROLÓGICOS EM UM SERVIÇO DE TERAPIA OCUPACIONAL

1. CONSIDERAÇÕES SOBRE A MARCHA EM CASOS DE FRATURAS DO MEMBRO INFERIOR.

TÉCNICAS EM AVALIAÇÃO E REEDUCAÇÃO POSTURAL

PROJETO DE LEI N.º 605, DE 2015 (Do Sr. Lobbe Neto)

A desigualdade de renda parou de cair? (Parte I)

O QUE É TREINAMENTO FUNCIONAL? Por Artur Monteiro e Thiago Carneiro

Deficiência de Desempenho Muscular. Prof. Esp. Kemil Rocha Sousa

Osteoporose. Trabalho realizado por: Laís Bittencourt de Moraes*

FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA

É uma fratura comum que ocorre em pessoas de todas as idades. Anatomia. Clavícula

Avaliação Fisioterapêutica do Ombro Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional-FMUSP

Fisioterapia nas Ataxias. Manual para Pacientes

Considerada como elemento essencial para a funcionalidade

RESOLUÇÃO No- 454, DE 25 DE ABRIL DE 2015

DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS AO TRABALHO EM PROFISSIONAIS DA LIMPEZA

Provas de Função Pulmonar

AULA 04 - TABELA DE TEMPORALIDADE

Alterações da Estrutura Corporal

Dados Pessoais: História social e familiar. Body Chart

TÍTULO: ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NA PREVENÇÃO DA OSTEOPOROSE CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: FISIOTERAPIA

A respiração ocorre dia e noite, sem parar. Nós podemos sobreviver determinado tempo sem alimentação, mas não conseguimos ficar sem respirar por mais

Vou embora ou fico? É melhor ir embora Estratégias de Evitamento

RESOLUÇÃO DO CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL - COFFITO Nº 402 DE D.O.U:

PICO DO FLUXO EXPIRATÓRIO ANTES E APÓS UTILIZAÇÃO DA MÁSCARA DE EPAP NA DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA: ESTUDO DE CASO

RESPOSTA RÁPIDA 365/2014 Doença de Parkinson Exelon Pacth

PARADA CARDIO-RESPIRATÓRIA EM RECÉM-NASCIDO

Diminua seu tempo total de treino e queime mais gordura

TÍTULO: AVALIAÇÃO DE UM PROGRAMA DE PILATES NA CAPACIDADE RESPIRATÓRIA FUNCIONAL EM PACIENTES COM DPOC

OS CONHECIMENTOS DE ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA E SUA IMPLICAÇÃO PARA A PRÁTICA DOCENTE

CHECK - LIST - ISO 9001:2000

TREINAMENTO FUNCIONAL PARA GESTANTES

Efeito de um protocolo fisioterapêutico na função respiratória de crianças com paralisia cerebral

Avanços na transparência

Avaliação Postural e Flexibilidade. Priscila Zanon Candido

EXERCÍCIO FÍSICO: ESTRATÉGIA PRIORITÁRIA NA PROMOÇÃO DA SAÚDE E DA QUALIDADE DE VIDA.

Protocolo em Rampa Manual de Referência Rápida

Traumaesportivo.com.br. Capsulite Adesiva

É um exercitador respiratório também chamado de inspirômetro de incentivo. Pode ser utilizado com dois objetivos:

Meditação Diária. Guia pessoal para praticar meditação

DOCENTES DO CURSO DE JORNALISMO: CONHECIMENTO SOBRE SAÚDE VOCAL

Humberto Bia Lima Forte

Gestão da Qualidade Políticas. Elementos chaves da Qualidade 19/04/2009

Transcrição:

Revista Eletrônica Novo Enfoque, ano 2010, v. 10, n. 10, p. 77 85 UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO VICE-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO E CORPO DISCENTE CURSO DE FISIOTERAPIA APLICABILIDADE DAS TÉCNICAS DE SUSTENTAÇÃO MÁXIMA DA INSPIRAÇÃO E AUTOPOSTURAS RESPIRATÓRIAS NA MELHORA DA FUNÇÃO RESPIRATÓRIA DE UM PACIENTE PARKINSONIANO. Irini Pazos Bugarin*, Juliana Veiga Cavalcanti** *Acadêmica da UCB do curso de Fisioterapia, Rio de Janeiro, Brasil **Mestre em Biologia (UERJ), Doutoranda em Fisiopatologia Clínica e Experimental (UERJ), Fisioterapeuta do Centro Municipal de Reabilitação do Engenho de Dentro (SMS-RJ), Professora da graduação do curso de Fisioterapia da UCB, Rio de Janeiro, Brasil. e-mail: iriniucb@yahoo.com.br Resumo O objetivo deste estudo foi analisar as alterações respiratórias de um paciente portador de Doença de Parkinson (DP), após uma intervenção fisioterapêutica baseada no alongamento da musculatura respiratória e na sustentação máxima da inspiração (SMI). O paciente foi submetido a três meses de fisioterapia respiratória e foi avaliado mês a mês, avaliação esta que consta da cirtometria torácica e da mensuração do pico de fluxo expiratório. Foi observada uma melhora no paciente em ambos os parâmetros avaliados, concluindo que através do trabalho realizado, obteve-se um bom resultado e uma melhora significativa do paciente, em relação à função respiratória. Palavras-chaves: DP, Pico de fluxo expiratório, cirtometria torácica. Abstract This study aimed to examine the respiratory changes of a patient with Parkinson's disease (PD), after a physiotherapy intervention based on breathing and stretching the muscles in support of maximum inspiration (SMI). The patient was submitted to 3 months of physiotherapy and breathing was assessed month to month, which is part of this assessment cirtometria chest and measurement of peak expiratory flow. It was observed improvement in patients in both parameters measured, concluding that through the work, we obtained a good result and a significant improvement of the patient, in relation to respiratory function. Key words: DP, peak expiratory flow, cirtometria chest

Introdução Em 1817, James Parkinson descreveu as características clínicas principais do que é reconhecido atualmente, como um complexo de sintomas manifestados pela combinação de seis características básicas: tremor em repouso, postura em flexão, perda de reflexos posturais e o fenômeno do congelamento. Pelo menos duas características com pelo menos uma sendo tremor em repouso ou bradicenesia, devem estar presentes, para um diagnóstico de Doença de Parkinson. [1] Uma das características de destaque para o estudo, diz respeito à postura que, por muitas vezes, acaba sendo adotada de uma forma errada, a atitude geral em flexão aparece precocemente ao nível do cotovelo, acentua-se durante a evolução da patologia, onde a cabeça se inclina para frente e as costas começam a entrar em cifose, os membros superiores apresentam-se em ligeira flexão e adução, enquanto o membro inferior encontra-se do mesmo modo, porém em um grau um pouco menor. O indivíduo adota esta postura em todas as suas atividades, principalmente na marcha, que se realiza em um só bloco, sem flexibilidade, em pequenos passos, às vezes, acelerando até chegar à corrida, que se denomina festinação.[1] A tendência à flexão persiste mesmo no decúbito, isso tudo acaba acarretando problemas respiratórios, pois ao adotar este tipo de postura descrita, conhecida também como postura do esquiador, o parkinsoniano acaba tendo uma dificuldade maior para respirar, devido à restrição da caixa torácica, com consequente diminuição da expansibilidade. A sensação de dispneia pode ocorrer nos pacientes com DP devido ao aumento do trabalho respiratório. A Fisioterapia Respiratória dispõe de recursos que podem auxiliar na melhora deste quadro respiratório apresentado pelo parkinsoniano, através de um protocolo de tratamento, conciliando exercícios respiratórios, alongamentos e principalmente, um trabalho de conscientização do paciente quanto ao ato de respirar. O ato de respirar consiste em um ciclo, dividido em dois momentos: o da inspiração e o da expiração. A inspiração inicia-se no momento em que o músculo diafragma se contrai e desce, aumentando o espaço da caixa torácica, o pulmão se expande, logo, o diâmetro dos alvéolos irá aumentar, diminuindo assim a pressão, ficando esta menor que a pressão atmosférica, o ar entra por diferença de pressão. Já na expiração ocorre o inverso, o diafragma relaxa, voltando a sua posição normal, diminuindo assim o diâmetro dos alvéolos, ficando esta supratmosférica.[2] No paciente parkinsoniano, devido a sua má postura, acaba ocorrendo uma dificuldade nesse processo, o qual podemos, através da fisioterapia respiratória, melhorar este quadro, através do estímulo à ventilação colateral, que pode ser realizado através da técnica de 78

sustentação máxima da inspiração (SMI), que é uma manobra de reexpansão pulmonar que, associada a outros trabalhos como alongamento da musculatura envolvida na respiração, conscientização e concentração deste paciente, tem por objetivo melhorar o quadro respiratório do mesmo. O objetivo do estudo foi verificar a melhora da função respiratória da paciente após uma intervenção fisioterapêutica, baseada em autoposturas respiratórias e exercícios respiratórios associados à SMI. Materiais e métodos Trata-se de um estudo de caso que envolveu uma paciente FEG, 73 anos, proveniente do setor de Fisioterapia Neurofuncional do Centro Municipal de Reabilitação do Engenho de Dentro - Rio de Janeiro, com diagnóstico de DP, classificada como grau II, de acordo com a escala Hoehn e Yahr [3]. O estudo teve aprovação do Comitê de Ética da UCB, sob protocolo 0069/2008 e a paciente deu seu consentimento de participação através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram utilizados os seguintes parâmetros para a avaliação da paciente: capacidade de expansão torácica, capacidade de redução torácica e pico de fluxo expiratório, através da cirtometria torácica e peak flow, respectivamente. Para a cirtometria torácica foi utilizada uma fita métrica, a mesma foi posicionada primeiramente ao redor da caixa torácica da paciente, na altura da linha axilar. Foi solicitado que a paciente mantivesse sua respiração normal e, ao comando do fisioterapeuta, foi solicitado que a mesma realizasse uma expiração profunda. Neste momento obteve-se o primeiro valor (E1), em seguida foi solicitado uma inspiração profunda, obtendo-se o segundo valor (I). Por fim, foi solicitada uma nova expiração profunda, obtendo-se o terceiro valor (E2). O procedimento foi realizado por duas vezes no referido ponto e em seguida realizado, também, por duas vezes em outro ponto, na altura do apêndice xifoide. Após a verificação, calculou-se a média de E1, I, E2, em seguida calculou-se a capacidade de expansão torácica (I- E1) e a capacidade de redução torácica (I-E2). O teste foi realizado com a paciente em posição ortostática, com braços relaxados ao longo do corpo. [4] Para o peak-flow, foi utilizado um clipe nasal para que não houvesse perda de fluxo pelas fossas nasais deixando-as ocluídas e um aparelho de Peak-Flow da marca (Vitalography), onde foi solicitado que a paciente mantivesse sua respiração normal. Ao comando do fisioterapeuta, foi solicitado que a mesma realizasse uma inspiração profunda e em seguida realizasse uma expiração de forma mais rápida e forte possível, simulando um sopro bem forte. O procedimento 79

foi realizado três vezes e o maior valor foi adotado, ressaltando que o exame foi realizado com a paciente sentada, com os braços relaxados ao longo do corpo. [5] A intervenção fisioterapêutica foi realizada durante três meses, totalizando 20 sessões com frequência semanal de 2 vezes e duração de 50 minutos. As sessões semanais foram divididas em dois momentos: uma sessão apenas com o protocolo de autoposturas e a outra somente com os exercícios respiratórios associados à SMI, conforme descrito na Tabela 1. Tabela 1 Descrição dos exercícios realizados durante a intervenção fisioterapêutica. Tipo de intervenção Autoposturas respiratórias totalizando o número de 10 posturas. Exercícios respiratórios e exercícios associados à técnica de SMI totalizando o número de 10 exercícios. Duração do Objetivo exercício Treino da 5 minutos para cada autopostura. 2 séries com 8 repetições. respiração; Dissociação de cintura; Alongar músculos como: Ecom, Peitoral, Escalenos, Trapézio e Adutores. Estimular a ventilação colateral; Estimular o aumento da expansibilidad e pulmonar. Os dados foram analisados de forma observacional e descritos na seção de resultados através de gráficos confeccionados no software Origin 8.0. 80

Resultados Nota-se que a paciente obteve uma melhora durante o período em que esteve sob tratamento, a mesma relatou uma melhora no seu quadro respiratório, com diminuição da dispneia e uma melhor disposição ao realizar suas tarefas diárias. Os resultados da mobilidade torácica e do Peak-Flow estão ilustrados nas Figuras 1, 2 e 3. Capacidade de Expansao (I-E1) 9 8 7 6 5 4 Linha Axilar Apêndice Xifoide 3 Avaliaçao 1 Avaliaçao 2 Avaliaçao 3 Avaliaçao 4 Figura 1: Análise dos resultados obtidos da capacidade de expansão torácica da linha axilar e do apêndice xifoide da paciente mensurado através da cirtometria torácica. Capacidade de Reduçao (I-E2) 9 8 7 6 5 4 3 2 Linha Axilar Apendice Xifoide 1 Avaliaçao 1 Avaliaçao 2 Avaliaçao 3 Avaliaçao 4 Figura 2: Análise dos resultados obtidos da capacidade de redução torácica da linha axilar e do apêndice xifoide da paciente mensurado através da cirtometria torácica. Peak-Flow (L/min) 260 240 220 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 Avaliaçao 1 Avaliaçao 2 Avaliaçao 3 Avaliaçao 4 Figura 3: Análise dos resultados do pico de fluxo expiratório da paciente mensurados através do peak-flow. 81

Discussão O paciente parkinsoniano, além das suas características já conhecidas como: tremor, rigidez, bradicinesia, pode apresentar alterações musculoesqueléticas como: fraqueza e encurtamento muscular, além do comprometimento cardiorrespiratório.[6] Ao se analisar as figuras 1 e 2, observa-se que houve um ganho de mobilidade após a intervenção fisioterapêutica realizada, sendo esta mais evidente ao nível da linha axilar em relação ao apêndice xifoide. A configuração anormal da coluna e do gradil costal, diminuem a complacência das paredes torácicas e pulmonares, tais deformidades, juntamente com a perda da força muscular respiratória, caracterizam um efeito restritivo.[7] Stenne [8] mostrou por meio de análise eletromiográfica que o diafragma do paciente parkinsoniano possui ativação normal, fato que se relaciona com a presença de um padrão respiratório predominantemente diafragmático. Por outro lado, outros músculos inspiratórios (intercostais externos e ecalenos) estão continuamente ativados, mesmo na expiração. Este fato aliado à constatação da maior ativação tônica (e consequentemente, maior participação na manutenção da postura) dos músculos intercostais externos explicam a rigidez da caixa torácica característica do parkinsoniano. Tal evento ainda contribui para que os intercostais externos participem na manutenção da postura. Assim os movimentos torácicos inspiratórios e principalmente expiratórios são realizados de maneira ineficiente, o que explica os distúrbio respiratórios restritivos comumente encontrados. Nosso corpo é dividido em cadeias musculares, entre elas temos por exemplo, a cadeia respiratória (inspiratória), as cadeias anterior e posterior. No caso específico do paciente parkinsoniano, este inclina-se para frente, apresentando um encurtamento da cadeia anterior. Com o passar do tempo e com este padrão respiratório acaba por se provocar um desequilíbrio de toda musculatura do tórax. O paciente cria um ciclo vicioso no qual a respiração errada piora a postura e vice-versa.[9] Com isso, a mobilidade torácica do paciente parkinsoniano torna-se difícil, devido à rigidez muscular. 82

Ao se observar a figura 3, nota-se uma melhora do fluxo expiratório da paciente, após a intervenção fisioterapêutica realizada. Tal fato pode ter relação com o aumento da mobilidade torácica, com consequente aumento da complacência pulmonar da paciente. Os exercícios respiratórios associados aos exercícios de SMI, têm por objetivo estimular a ventilação colateral que, por sua vez, tem por objetivo ventilar áreas que por algum motivo estão com déficit ventilatório [10]. A técnica de SMI é uma técnica de espirometria de incentivo que pode ser realizada através da implementação de padrões ventilatórios ou com a utilização de espirômetros de incentivo. No presente estudo foi realizado o padrão ventilatório com inspiração por no mínimo três segundos ou o quanto fosse confortável para a paciente. Durante a fase inspiratória de uma respiração espontânea, a queda da pressão pleural causada pela expansão torácica é transmitida aos alvéolos. Agora, com uma pressão alveolar negativa, é criado um gradiente de pressão entre a abertura das vias aéreas e os alvéolos. Esse gradiente de pressão transrespiratório (Prs) faz com que o gás flua das vias aéreas para os alvéolos. Dentro de certos limites, quanto maior for o Prs, maior será a expansão pulmonar.[10] Associado ao trabalho respiratório proposto pelos exercícios de SMI, estão as autoposturas respiratórias. Segundo Souchard [11], toda atividade mistura sistematicamente os músculos da dinâmica e os músculos da estática. Um músculo nada mais é do que um elástico vivo, ele pode encurtar bastante se for bem esticado antes. Os músculos inspiratórios participam da manutenção do tórax, eles são músculos estáticos, ou seja, nunca param suas atividades, mesmo em repouso. Já os abdominais puxam o tórax para baixo. São os músculos dinâmicos, ou seja, terminada sua contração, voltam para sua descontração normal, já que não são indispensáveis à manutenção da posição ereta. A hipomobilidade causada pelo encurtamento adaptativo dos tecidos moles, pode ocorrer como resultado de vários distúrbios e situações. Os fatores incluem: imobilização prolongada de um segmento corporal, sedentarismo, desalinhamento postural e desequilíbrios musculares, desempenho muscular comprometido associado a um conjunto de distúrbios musculoesquelético ou neuromusculares, dor e inflamação devido a traumas do tecido [6]. Para evitar esse quadro, o alongamento pode ter um papel importante. Este, nada mais é do que um termo designado para descrever qualquer manobra fisioterapêutica elaborada para aumentar a mobilidade dos tecidos moles e melhorar o arco de movimento, por meio do alongamento de estruturas que tenham encurtamento adaptativo e tornaram-se hipomóveis com o tempo, que é o caso do paciente parkinsoniano. 83

A terapêutica aplicada visou reeducar a respiração e o corpo ao mesmo tempo, promovendo assim uma reestruturação global. As posturas realizadas foram desenvolvidas através de posturas estáticas de alongamento e relaxamento de todos os músculos do corpo de forma suave e progressiva. Conclusão A diminuição da amplitute torácica e da expansão pulmonar são fatores relevantes para alterações respiratórias em pacientes portadores de DP. Em geral, o tratamento da DP visa somente a manutenção das habilidades motoras prejudicadas, sem se levar em conta outras alterações como as respiratórias. É importante que o trabalho fisioterapêutico global seja incentivado, inclusive com abordagem respiratória. Contudo, a evolução da paciente foi satisfatória, porém, trata-se de um estudo de caso não sendo suficiente para se dizer que a terapêutica mostra-se eficaz. Faz-se necessário que mais estudos sejam elaborados com um número maior de pacientes, para que se possa verificar a eficácia do protocolo. Agradecimentos A todos que estiveram ao meu lado nesta etapa tão importante da minha vida, e principalmente agradeço a minha orientadora Juliana Veiga, pelos ensinamentos transmitidos. Referências [1] ROWLAND. P. L. 2000. Merrit Tratado de Neurologia. 10. ed. São Paulo: Guanabara Koogan. [2] CALAIS-GERMAIN B. 2005. Respiração: Anatomia - Ato Respiratório. São Paulo: Manole. [3] GOULART, F.; PEREIRA, X. L. jan-abr. 2000. Uso de escalas para avaliação da Doença de Parkinson em fisioterapia. Fisioterapia e Pesquisa. Minas Gerais, v. 11, n.1, p. 49-56. [4] KAKIZAKI, F.; SHIBUYA, M.; YAMAZAKI, T.; YAMADA, M.; SUZUKI; H., HOMMA, I. 1999. Preliminary report on the effects of respiratory muscle stretch gymnastics on chest wall mobility in patients with chronic obstructive pulmonary disease. Respir Care. USA, v. 44, n.4, p. 409-14. [5] DIAS, R.; CHAUVET, P.; SIQUEIRA, H.; RUFINO, R. 2001. Testes de função respiratória. Rio de Janeiro: Atheneu. 84

[6] GOULART, F.; SANTOS, C. C.; TEIXEIRA-SALMELA, L. F.; CARDOSO, F. abr. 2004. Análise do desempenho funcional em pacientes portadores de Doença de Parkinson. Acta Fisiátrica. São Paulo, v. 11, n. 1, p. 12-6.. [7] KISNER, C.; COLBY, L. 2005. Exercícios Terapêuticos - Fundamentos e Técnicas. 4. ed. São Paulo: Manole. [8] ESTENNE, M.; HUBERT, M.; TROYER. dez. 1984. A Resiratory muscle involvement in Parkinson s disease. The New England Journal of Medicine. USA n. 23, v.311, p. 1516-7. [9] ABRA. Associação Brasileira de Asmáticos. Desenvolvido por um grupo de médicos, profissionais de saúde, portadores de Asma e seus familiares. Apresenta orientação das formas de prevenção e tratamento da asma. Acesso em: 30 out. 2008. [10] EGAN, Donald F.1916-2000. Fundamentos da terapia respiratória de Egan. São Paulo: Manole, 2000. xxiii, 1284 p.: il. [615.836 Eg13e. [11] SOUCHAD, E. P. 2004. Fundamentos do SGA RPG a serviço do esporte. 2 ed. São Paulo: É Realizações. 85