Correlation of mandibular asymmetry with tilts in palatal plane and occlusal cant in adults: posteroanterior cephalometric study

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Transcrição:

Correlação do laterognatismo mandibular com as alterações na inclinação dos planos palatino e oclusal em indivíduos adultos: estudo em telerradiografias póstero-anteriores Correlation of mandibular asymmetry with tilts in palatal plane and occlusal cant in adults: posteroanterior cephalometric study Taís Kunert 1, Giselle Namur Menusier 1, Kurt Faltin Júnior 2, Rodrigo Ramires Borbolla 1, Gustavo Henrique Mota, Thalita Ariane Borge Lima 1 1 Programa de Pós-Graduação em Ortodontia e Ortopedia Facial pela Universidade Paulista, São Paulo-SP, Brasil; 2 Programa de Pós- Graduação em Ortopedia Facial pela Universidade de Bonn-Alemanha; Programa de Pós-Graduação em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial pela Universidade Paulista, São Paulo-SP, Brasil. Resumo Objetivo Correlacionar, por meio da análise de telerradiografias póstero-anteriores, o laterognatismo mandibular com as alterações na inclinação dos planos palatino e oclusal. Métodos Foram selecionadas para compor a amostra telerradiografias póstero-anteriores de indivíduos adultos, de ambos os sexos, com laterognatismo mandibular igual ou maior a mm. Resultados De acordo com a análise estatística do coeficiente de correlação de Pearson, a inclinação do plano palatino apresentou correlação negativa para as variáveis correlacionadas, porém não estatisticamente significante. A inclinação do plano oclusal apresentou correlação positiva e estatisticamente significante para a correlação desvio de Linha Mediana Maxilo-Mandibular ( ) e inclinação do Plano Oclusal de Ricketts. Conclusões Em relação à inclinação do plano palatino, nenhuma das variáveis correlacionadas se mostrou estatisticamente significante, sendo assim, o laterognatismo mandibular não apresenta correlação com a inclinação do plano palatino. Já em relação à inclinação do plano oclusal, uma das variáveis correlacionadas se mostrou estatisticamente significante. Desta forma, o laterognatismo mandibular pode ser correlacionado à inclinação do plano oclusal, sendo que, quando este aumenta, a tendência do plano oclusal é inclinar proporcionalmente. Descritores: Cefalometria; Telerradiografia póstero-anterior; Laterognatismo mandibular; Plano palatino; Plano oclusal Abstract Objective To correlate through the analysis of posteroanterior cephalometric radiography, the mandibular asymmetry with tilt of palatal plane and occlusal cant. Methods posteroanterior radiographs of adults of both genders with mandibular asymmetry equal to or greater than mm were selected for the sample. Results According to the statistical analysis of Pearson correlation coefficient, the tilt of palatal plane showed a negative correlation but it was not statistically significant for the correlated variables. The occlusal cant showed a positive correlation and it was statistically significant when correlated with deviation of Median Line Maxillo-Mandibular ( ) and Occlusal Cant of Ricketts. Conclusions About the tilt of palatal plane, none of the correlated variables were statistically significant. So the mandibular asymmetry shows no correlation with the tilt of palatal plane. About the occlusal cant, one of the variables correlated was statistically significant. So the mandibular asymmetry can be correlated to the occlusal cant and when it increases the tendency of occlusal plane is canted correspondingly. Descriptors: Cephalometric; Posteroanterior radiography; Mandibular asymmetry; Palatal plane; Occlusal cant Introdução O corpo humano é constituído de estruturas bilaterais e, se dividido ao meio em um plano sagital, terá dois lados homólogos, porém, não idênticos. Isso porque a simetria, quando aplicada ao corpo humano, é subjetiva aos olhos de quem examina e significa a relação harmônica entre as duas metades. Mesmo uma face aparentemente harmônica, com boa oclusão dentária, pode apresentar assimetrias esqueléticas pois podem estar presentes compensações ósseas, posturais ou do próprio tecido mole adjacente, mascarando essas alterações (Hewitt 1, 1975; Severt e Proffit 2, 1997; Legan, 1998). As assimetrias faciais podem ser classificadas em esqueléticas, dentárias, funcionais e uma combinação entre as mesmas (Joondeph, 2). Para Erickson e Waite (1974), Pirttiniemi (1994), Legan (1998), Reyneke et al. (1997) e Joondeph (2), as etiologias das alterações morfológicas dos tecidos ósseos da face podem ser divididas em três categorias: congênitas (genética), de desenvolvimento (ambiental, interferências oclusais e desvios funcionais) e adquiridas (traumas, fraturas, inflamações, infecções, atrofia hemifacial progressiva ou provenientes de outras patologias). Tendo em vista a complexidade da face humana e a inter-relação dos tecidos, a interferência de um dos fatores supracitados pode desequilibrar o crescimento e resultar em assimetrias de uma ou mais regiões da face. Severt e Proffit 2 (1997) encontraram em 74% dos indivíduos avaliados, assimetria do terço inferior da face e 41% com inclinação do plano oclusal, o que para os autores, normalmente é um reflexo do crescimento assimétrico vertical da mandíbula. J Health Sci Inst. 217;5():1-7 1

Segundo Hewitt 1 (1975), as alterações relacionadas à mandíbula contribuem mais efetivamente para a assimetria facial do que as relacionadas à maxila. Isso ocorre, pois a mandíbula é um dos últimos ossos da face a cessar o seu crescimento (Erickson e Waite, 1974). Hewitt 1 (1975) encontrou em 7% dos casos estudados, desvio da mandíbula para o lado esquerdo, assim como o resultado encontrado por Severt e Proffit 2 (1997). O desenvolvimento anormal de uma única estrutura é seguido por uma sequência de crescimento assimétrico de estruturas e tecidos adjacentes, que pode ser um reflexo dos processos adaptativos para dar função aos órgãos (Pirttiniemi, 1994). De acordo com Legan (1998) e Severt e Proffit 2 (1997), a maioria dos casos de assimetria maxilar é secundária ao crescimento assimétrico vertical da mandíbula e podem ser avaliados também pela inclinação do plano oclusal. Cheney 8 (191) relatou que assimetrias ósseas verticais maxilares ou mandibulares podem interferir na inclinação do plano oclusal. Em um caso analisado, de discrepância vertical unilateral do ramo mandibular, encontrou inclinação do plano oclusal para baixo no lado afetado. Para Bishara et al. (1994), além da inclinação do pla - no oclusal, o crescimento unilateral vertical do côndilo e ramo mandibular pode causar a inclinação do plano palatino e uma diferença de altura do osso temporal. Sato et al. 1 (24) relataram que há diminuição da atividade muscular do masseter e temporal do lado afetado pela menor dimensão vertical e desvio mandibular, consequentemente, o processo mastoide se adapta para fora e o osso temporal flexiona lateralmente, equilibrando assim o sistema estomatognático. Hayashi et al. 11 (24) encontraram resultados signifi - can tes na relação desvio do mento e inclinação do pla - no oclusal, porém não foi encontrado resultado estatisti - ca mente significante para a relação com o plano pa latino. Já Hwang et al. 12 (27) em uma amostra com 7 indivíduos, encontraram o desvio do mento para o la do em que o ramo mandibular é menor e, como compen sação anatômica, ocorreu o crescimento assimétrico vertical da maxila, gerando inclinação do plano palatino. Joondeph 4 (2) constatou que nos casos de alongamento unilateral do corpo da mandíbula, o mento desvia para o lado oposto e há uma compensação no ângulo goníaco. Neste caso, não há alterações verticais na mandíbula e o plano oclusal se mantém. Já nos casos de alterações verticais como o alongamento unilateral do côndilo ou ramo mandibular, o mento desvia para o lado da deformidade, sendo assim, possível observar a inclinação dos planos mandibular e oclusal para baixo no lado da deformidade. Ishizaki et al. 1 (21), em um estudo com base em 11 indivíduos apresentando rotação tridimensional da mandíbula para o lado e deslocamento condilar do lado oposto, encontraram correlação positiva, estatisticamente significante, entre as variáveis desvio de linha Mediana Maxilo-Mandibular ( ) e Inclinação do Plano Oclusal ( ), no qual o plano oclusal encontrava-se inclinado para cima no lado do desvio mandibular. Erickson e Waite 5 (1974) relataram que a hiperplasia de côndilo pode resultar em inclinação do plano oclusal e anomalias no osso basal ou crescimento compensatório da maxila, entre outras alterações. Segundo Reyneke et al. 7 (1997) e Padwa et al. 14 (1997), a inclinação do plano oclusal é um fator essencial para assimetria facial. Padwa et al. 14 (1997) encontraram em 58% dos indivíduos analisados, a inclinação do plano oclusal e em 7,5% desses, o limite de inclinação de 4, sendo que quando varia de a pode ser considerado normal. A média de inclinação do plano oclusal encontrada foi de 5 ±1,. Sabe-se que o estudo cefalométrico somado ao senso clínico auxiliam na determinação do diagnóstico de uma face não harmônica e no plano de tratamento ideal, seja ele ortopédico, ortodôntico ou cirúrgico, propusemos um estudo cefalométrico em telerradiografias póstero-anteriores de indivíduos adultos, com laterognatismo mandibular igual ou maior a mm, tendo como objetivo correlacionar as possíveis interferências do laterognatismo mandibular nas inclinações dos planos palatino e oclusal, sem considerar o lado do desvio mandibular, direito ou esquerdo. Métodos A amostra para a realização deste estudo foi selecionada a partir dos registros de documentações ortodônticas da Disciplina de Ortodontia da Universidade Paulista UNIP, no período de 1999 21, e constou de indivíduos (11 homens e 1 mulheres) entre 1 e 41 anos de idade, média de idade de 24,9 anos para os homens e 2 anos para as mulheres. O critério de inclusão foi a presença de dentição permanente completa, com laterognatismo mandibular direito ou esquerdo igual ou maior que mm, avaliados através das telerradiografias póstero-anteriores. Não houve critério de exclusão referente ao tipo de maloclusão anteroposterior, vertical ou transversal. Foram também utilizadas nesta avaliação, as radiografias panorâmicas dos indivíduos analisados. Para a confecção dos cefalogramas, as telerradiografias póstero-anteriores que compõem a amostra foram traçadas em papel acetato do tipo Ultrafan, medindo 2 x 254mm e fixados com fita adesiva. Estes traçados foram realizados em uma sala escura, sobre um negatoscópio, utilizando lapiseira com grafite preto,5mm de espessura. Foram então, identificados os pontos e obtidas as medidas cefalométricas lineares e angulares, mensuradas em unidades de milímetros e graus através de um template (protator cefalométrico). O traçado do cefalograma obedeceu aos critérios descritos na análise cefalométrica frontal de Ricketts (Ricketts et al. 1, 1982) e incrementos a seguir: Para determinar o diagnóstico do laterognatismo mandibular foram utilizadas as medidas relacionadas às al- Kunert T, Menusier GN, Faltin Júnior K, Borbolla RR, Mota GH, Lima TAB. 14 J Health Sci Inst. 217;5():1-7

Figura 1. Traçado anatômico e pontos cefalométricos: CG, Crista Gali; ZI, Igomático Inferior; ENA, Espinha Nasal Anterior; J, Jugal; O, Oclusal; Me, Mentoniano Figura 2. Linhas e Planos: 1 Plano horizontal de Frankfurt; 2 Plano sagital mediano; Linha mediana maxilo-mandibular; 4 Plano maxilar frontal; 5 Plano oclusal terações mandibulares da análise cefalométrica frontal de Ricketts (Ricketts et al. 1, 1982). E, como o critério de seleção da amostra, foram coletados os casos de laterognatismo mandibular igual ou maior a mm. Para o estudo e correlação do laterognatismo mandibular com a inclinação dos planos palatino e oclusal, foram utilizados os critérios de traçado anatômico, pontos cefalométricos, linhas, planos e grandezas cefalométricas descritos nas figuras a seguir. Medidas propostas e estabelecidas pelo examinador: Inclinação do Plano Oclusal (IPO-PZI ) é o ângulo formado entre a projeção do plano oclusal com o plano zigomático inferior (Frankfurt). Norma clínica e desvio padrão ± 2. Figura. Grandezas cefalométricas de Ricketts e medidas propostas pelo examinador: DLM mm, Desvio da Linha Mediana Maxilo Mandibular; DLMº, Desvio da Linha Mediana Maxilo Mandibular; IPOR mm, Inclinação do Plano Oclusal; IPO-PZIº, Inclinação do Plano Oclusal; IPP mm, Inclinação do Plano Palatino; IPPº, Inclinação do Plano Palatino Inclinação do Plano Palatino (IPPmm) é a diferença entre as distâncias verticais bilaterais do plano zigomático inferior (Frankfurt) ao ponto jugal, do lado direito para o esquerdo. Norma clínica mm e desvio padrão ± 2mm. Inclinação do Plano Palatino (IPP ) é o ângulo formado entre a projeção do plano palatino com o plano zigomático inferior (Frankfurt). Norma clínica e desvio padrão ± 2. Após a obtenção das medidas cefalométricas, foi executada a análise estatística para a avaliação dos resultados. Foi utilizado o coeficiente de correlação de Pearson, o qual busca relação entre duas variáveis qualitativas, para comprovar se uma variável é justificada pela outra. O resultado é zero quando as duas variáveis são absolutamente independentes entre si, ou seja, não há correlação entre elas. Quando o resultado evidencia alguma correlação entre as variáveis, pode assumir valores entre 1 a +1 e, quanto mais próximo desses valores, indica que existe um grau maior de correlação. Dependendo do grau de associação a correlação pode ser positiva, quando as duas variáveis crescem ou diminuem em idêntica proporção, ou negativa, quando uma variável cresce e a outra diminui, em proporção inversa. Resultados Os valores descritivos para as variáveis utilizadas no estudo encontram-se na Tabela 1. Os resultados evidenciaram a correlação negativa entre a inclinação do Plano Palatino e Linha Mediana Maxilo-Mandibular porém, não estatisticamente significante (Tabela 2). Foi encontrada a inclinação do plano palatino em 1% da amostra e somente 19,1% dos avaliados apresentaram valores maiores que 2. J Health Sci Inst. 217;5():1-7 15 Laterognatismo mandibular com alterações na inclinação dos planos palatino

Tabela 1. Análise estatística descritiva Medida N Média DP EP I Máx Mín M DLM ( ) DLM (mm) IPOR IPO-PZI IPP (mm) IPP ( ) 5,72 1,975 2,24 1,47 1,22 2,757,97 1,751 1,585 1,89,81,2,7,91,4,28,188 9 9 7,5 11 12 7,5 2 4,5 1,75 1,5 1,5 1 N: número da amostra; DP: Desvio Padrão; ER: Erro Padrão; I: Intervalo; M: Mediana Tabela 2. Correlação do DLM ( e mm) com Plano Palatino Correlação N CC P S DLM ( ) x IPP (mm) DLM ( ) x IPP ( ) DLM (mm) x IPOR (mm) DLM (mm) x IPO-PZI ( ) Observou-se correlação positiva substancial entre as variáveis desvio de Linha Mediana Maxilo-Mandibular e Inclinação do Plano Oclusal, porém, somente a correlação desvio de Linha Mediana Maxilo-Mandibular ( ) e Inclinação do Plano Oclusal de Ricketts mostrouse estatisticamente significante (Tabela ). Da amostra, 95,2% apresentou inclinação do plano oclusal e, destes, 85% com inclinação até,5 e somente 15% com inclinação maior que 4. Tabela. Correlação do DLM ( e mm) com Plano Oclusal Correlação N CC P S DLM ( ) x IPOR DLM ( ) x IPO-PZI DLM (mm) x IPOR DLM (mm) x IPO-PZI ( ),41,59,5,22,519,52,4,12,575,12,191,17,192,118,15,484 N: número da amostra; CC: Coeficiente de correlação; P: valor de probabilidade; S: Significância (p<,5) * N: número da amostra; CC: Coeficiente de correlação; P: valor de probabilidade; S: Significância (p<,5) Das telerradiografias póstero-anteriores analisadas,,% apresentaram desvio do mento para o lado esquerdo. Discussão A proposta deste estudo cefalométrico em telerradiografias póstero-anteriores foi correlacionar as possíveis interferências do laterognatismo mandibular com as inclinações dos planos palatino e oclusal, em indivíduos adultos com laterognatismo mandibular igual ou maior a mm. A assimetria facial envolve mais frequentemente o terço inferior da face do que o terço médio (Hewitt 1, 1975; Severt e Proffit 2, 1997). Dos indivíduos com desvio mandibular avaliados neste estudo,,% apresentaram desvio do mento para o lado esquerdo, assim como os resultados encontrados por Hewitt 1 (1975) e Severt e Proffit 2 (1997). O desenvolvimento anormal de uma única estrutura é seguido por uma sequência de crescimento assimétrico de estruturas e tecidos adjacentes. (Pirttiniemi, 1994). Bishara et al. 9 (1994), Legan (1998) e Hwang et al. 12 (27) afirmaram que distúrbios verticais unilaterais no complexo maxilo-mandibular podem causar inclinações no plano palatino, do lado afetado. Segundo os estudos de Legan, 1998 e Hwang et al. 12, 27, a incli - na ção do plano palatino normalmente ocorre pelo crescimento compensatório da maxila nos casos de laterognatismo mandibular. Porém, Hayashi et al. 11 (24) não encontraram resultados significantes para a correlação entre crescimento compensatório da maxila e laterognatismo mandibular. Sato et al. 1 (24) relatam que há uma adaptação do crânio com rotação compen - sa tória do osso temporal do lado do desvio mandibular para frente e para baixo equilibrando assim, o terço médio da face. O que vai ao encontro dos resultados obtidos neste estudo, no qual a correlação do laterognatismo mandibular com a inclinação do plano palatino apresentou correlação negativa, com resultados não são estatisticamente significantes. Da amostra avaliada, 1% apresentou inclinação do plano palatino, destes, 8,9% com inclinação de até 2 e somente em 19,1% esta inclinação apresentou-se igual ou maior que. Para Padwa et al. 14 (1997) e Reyneke et al. 7 (1997) o fa tor essencial para assimetria facial é a inclinação do plano oclusal. Essa inclinação geralmente está presente quan do há crescimento assimétrico vertical do côndilo ou ramo mandibular (Erickson e Waite 5, 1974; Bishara et al. 9, 1994; Severt e Proffit 2, 1997; Legan, 1998; Hayashi et al. 11 24) e, normalmente, o lado mais bai - xo do plano oclusal se dá para o lado da deformidade, com aumento vertical (Cheney 8, 191; Joondeph 4, 2). Os resultados obtidos neste trabalho para as variáveis correlacionadas entre o laterognatismo mandibular e a inclinação do plano oclusal apresentaram correlação positiva, porém, somente as variáveis desvio de Linha Mediana Maxilo-Mandibular ( ) e Inclinação do Plano Oclusal de Ricketts apresentaram resultados estatisticamente significantes em grau substancial (P =,192 e CC =,519). Pode-se afirmar pela correlação positiva que, quanto maior o laterognatismo mandibular, maior será a inclinação do plano oclusal. Ishizaki et al. 1 (21) também encontraram correlação positiva substancial e estatisticamente significante entre o laterognatismo mandibular e a inclinação do plano oclusal, porém, para as variáveis desvio de Linha Mediana Ma- Kunert T, Menusier GN, Faltin Júnior K, Borbolla RR, Mota GH, Lima TAB. 1 J Health Sci Inst. 217;5():1-7

xilo-mandibular ( ) e Inclinação do Plano Oclusal ( ). Essas medidas também foram utilizadas no presente estudo (DLM e IPO-PZI ), no qual não se mostraram estatisticamente significantes. Padwa et al. 1 (1997) encontraram como limite de inclinação do plano oclusal 4, sendo considerado normal quando varia entre e. Foi encontrado em 95,2% dos avaliados neste estudo, inclinação do plano oclusal, e destes, apenas 15% com inclinação igual ou maior a 4. Severt e Proffit 2 (1997) encontram inclinação do plano oclusal em 74% da amostra analisada e Padwa et al. 1 (1997) em 58%, sendo que destes, 2,5% apresentou inclinação igual ou maior que 4. O dever de todo ortodontista é reconhecer as possíveis interferências oclusais que podem desequilibrar o sistema estomatognático e intervir de maneira eficiente, a ponto de evitar as assimetrias faciais. Sabe-se que todo o sistema estomatognático está em constante adaptação funcional, com atividade mais intensa durante o crescimento. Sugerimos um estudo mais aprofundado das adaptações estruturais que ocorrem na base do crânio e terço médio da face em resposta a essas assimetrias faciais com desvios mandibulares acentuados. Conclusões De acordo com os resultados obtidos neste trabalho, podemos inferir as seguintes conclusões: Em relação à inclinação do plano palatino, os resultados apresentaram correlação negativa e nenhuma das variáveis correlacionadas se mostrou estatisticamente significante. Sendo assim, o laterognatismo mandibular não apresenta correlação com a inclinação do plano palatino. Em relação ao plano oclusal, os resultados obtidos apresentaram correlação positiva. Uma das variáveis estudadas se mostrou estatisticamente significante (desvio de Linha Mediana Maxilo-Mandibular ( ) X Inclinação do Plano Oclusal de Ricketts). O laterognatismo mandibular pode ser correlacionado à inclinação do plano oclusal, sendo que, quando este aumenta, a tendência do plano oclusal é inclinar proporcionalmente. Referências 1. Hewitt AB. A radiographic study of facial asymmetry. Br J Orthod. 1975;2(1):7-4. 2. Severt TR, Proffit WR. The prevalence of facial asymmetry in the dentofacial deformities population at the University of North Carolina. Int J Adult Orthod Orthognath Surg. 1997;12():171-.. Legan HL. Surgical correction of patients with asymmetries. Semin Orthod. 1998;4():189-98. 4. Joondeph DR. Mysteries of asymmetries. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2;117(5):577-9. 5. Erickson GE, Waite DE. Mandibular asymmetry. J Am Dent Assoc. 1974;89:19-7.. Pirttiniemi PM. Associations of mandibular and facial asymmetries a review. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1994;1 (2):191-2. 7. Reyneke JP, Tsakiris P, Kienle F. A simple classification for surgical treatment planning of maxillomandibular asymmetry. Br J Oral Maxillofac Surg. 1997;5:49-51. 8. Cheney EA. Dentofacial asymmetries and their clinical significance. Am J Orthod. 191;47(11):814-29. 9. Bishara SE, Burkey PS, Kharouf JG. Dental and facial asymmetries: a review. Angle Orthod. 1994;4(2):89-98. 1. Sato S, Kim J-II, Kim K-M, Tokiwa O, Yoshimi H, Onodera K, et al. Significance of early orthodontic treatment of malocclusion with dysfunction in the craniomandibular system. Bull Kanagawa Dent Coll. 24;2(1):7-48. 11. Hayashi K, Muguruma T, Hamaya M, Mizoguchi I. Morphologic characteristics of the dentition and palate in cases of skeletal asymmetry. Angle Orthod. 24;74(1):2-. 12. Hwang HS, Youn IS, Lee KH, Lim HJ. Classification of facial asymmetry by cluster analysis. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 27;12():279.e1-e. 1. Ishizaki K, Suzuki K, Mito T, Tanaka EM, Sato S. Morphologic, functional, and occlusal characterization of mandibular lateral displacement malocclusion. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 21;17(4):454.e1-454.e9. 14. Padwa BL, Kaiser MO, Kaban LB. Occlusal cant in the frontal plane as a reflection of facial asymmetry. J Oral Maxillofac Surg. 1997;55:811-1. 15. Ricketts RM. Orthodontic diagnosis and planning their roles in preventive and rehabilitative dentistry. Denver: Rocky Mountain Orthodontics; 1982. 29p. Endereço para correspondência: Taís Kunert Av. Washington Luis, 1.57, apto. 9A Jardim Marajoara São Paulo-SP, CEP 42-2 Brasil E-mail: takunert@hotmail.com Recebido em 1 de agosto de 211 Aceito em 12 de junho de 217 J Health Sci Inst. 217;5():1-7 17 Laterognatismo mandibular com alterações na inclinação dos planos palatino