ABORDAGEM AMBIENTAL NOS LIVROS DIDÁTICOS DE QUÍMICA APROVADOS PELO PNLEM/2007. Programa de mestrado em Educação em Ciências e Matemática - UFG



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Transcrição:

ABORDAGEM AMBIENTAL NOS LIVROS DIDÁTICOS DE QUÍMICA APROVADOS PELO PNLEM/2007 Karla Ferreira DIAS 1 ; Dr. Agustina Rosa ECHEVERRÍA 2 1,2 Programa de mestrado em Educação em Ciências e Matemática - UFG 1 karlakimik@hotmail.com; 2 agustina@brturbo.com.br Palavras-chave: Educação Ambiental (EA), Livro Didático. INTRODUÇAO A sociedade contemporânea está passando por grandes mudanças na organização social, nas relações com o trabalho e com a natureza impulsionadas principalmente pelo desenvolvimento científico-tecnológico e pela globalização. A humanidade vive na era da crise ambiental que, provocada por uma verdadeira desconexão entre as necessidades humanas e os limites da natureza, delineou um período de grandes discussões sobre a preservação dos recursos naturais. A transição entre 60 e 70 pode ser interpretada como um momento histórico em que as questões ambientais ganharam destaque na pauta das discussões no mundo todo, principalmente nos países industrializados. A Educação sempre foi citada, desde a Conferência Mundial de Meio Ambiente Humano em 1972, como um dos requisitos à formação de uma sociedade consciente de suas responsabilidades com o ambiente. Dessa conferência resultou a organização do Workshop Internacional de Educação Ambiental em Belgrado (1975) reunindo participantes e observadores de 60 países. O principal objetivo era constituir um marco para o desenvolvimento da Educação Ambiental (EA) em todo o mundo dentro e fora dos espaços formais de ensino. Esse encontro proporcionou a elaboração de uma declaração conhecida como Carta de Belgrado que explana os objetivos da EA: conscientização, conhecimento, incentivo à participação, capacidade de avaliação, competência e comportamento (UNESCO, 1977). No que se refere aos espaços formais, a escola possibilita reflexão crítica através da modificação didática dos conhecimentos científicos ao relacioná-los com o meio sócio-ambiental. Nas escolas brasileiras, A EA ganhou mais força após a inserção do tema meio ambiente de forma transversal nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino fundamental em 1998 e posteriormente para o ensino

médio. Como consequência, os estudos ambientais que antes se concentravam na biologia (e, sobretudo, considerando somente fatores bióticos e abióticos em detrimento do reconhecimento da dinâmica sócio-ambiental), agora passam a ser discutidos por outras disciplinas das Ciências de forma mais integrada agregando questões de ordem política, econômica, social, tecnológica e científica. No Brasil, o livro didático (LD) é o principal recurso utilizado por professores da educação básica. E para a Educação Ambiental este pode ser uma ferramenta de complementação quando trabalha com o ambiente para além da exaltação da ciência/química como instrumento de solução dos problemas ambientais. Mas, o livro didático de química é objeto de análises, há mais de 30 anos, que não apontam resultados positivos em relação ao conteúdo dos textos. Na última década o próprio Ministério da Educação (MEC) criou programas de avaliação (PNLEM 2007 e PNLD 2011) para a melhoria dos livros didáticos. A aprovação da lei 9.795/99 que institui a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) e a inserção do tema meio ambiente nos PCN influenciaram a edição de temas ambientais nos livros didáticos de maneira quase obrigatória, uma vez que esses seriam avaliados pelo MEC por meio de 59 critérios de avaliação, nos quais 4 envolviam questões de natureza ambiental, sendo 2 deles de caráter eliminatório. Assim, partindo da relevância dos estudos sobre Educação Ambiental no mundo atual e da importância dada ao LD na educação brasileira, o presente trabalho se propôs analisar, com base nos princípios de Educação Ambiental da Carta de Belgrado (1977) e de Desenvolvimento sustentável (SACHS, 1986, 2002), a abordagem da temática ambiental nos livros didáticos de Química aprovados pelo PNLEM/2007. METODOLOGIA Esta pesquisa se caracteriza como uma análise de documentos de publicação aberta (FLICK, 2009) destinados à comunicação entre conhecimento científico e aluno. O LD de Química foi escolhido como objeto de pesquisa devido a seu significado para a EA nas escolas brasileiras, já que este representa a classe de materiais instrucionais utilizados no ensino médio, sendo capaz de demonstrar como a questão ambiental está sendo tratada nas escolas por meio do ensino de química que utiliza como recurso os LD. Serão analisados todos os livros aprovados pelo PNLEM/2007 totalizando dez exemplares de seis autorias diferentes. Este trabalho

apresenta os resultados de três livros didáticos analisados. A tabela 1 detalha os livros analisados cujos resultados serão apresentados nesse trabalho: Tabela 1. Livros analisados LD1 MACHADO, A.H; MORTIMER, E. F. Química. 1ºed. Volume Único. São Paulo: Scipione, 2005. LD2 MOL, G.S (org.). Química e Sociedade. 1ºed. Volume Único. São Paulo: Nova Geração, 2005. LD3 NÓBREGA, O.S; SILVA, E.R; SILVA, R. H. Química. 1º ed. Volume Único. Ática, 2005. Com o objetivo de realizar um levantamento dos temas ambientais, o estudo teve como ponto de partida a construção de um mapa temático (tab. 3) que descreve o esquema textual do conteúdo das obras. A partir disso, os pontos discutidos em cada tema foram organizados por meio do agrupamento desses dados em categorias pré-estabelecidas com base nos princípios da Carta de Belgrado e da Sustentabilidade. Considerando a importância da Carta de Belgrado como marco histórico para a determinação dos princípios da EA, decidimos usar as ideias desse documento como fundamento essencial para a construção das categorias de análise. As ideias de desenvolvimento sustentável também foram incluídas na categorização devido à sua autenticidade no contexto de discussão da problemática ambiental. A interpretação dos dados, à luz dos referenciais teóricos da Educação Ambiental e da Educação Química, buscou identificar informações para um estudo sistemático de todos os temas a fim de compreender as intenções dos autores e caracterizar seus valores para a EA. Assim, o objetivo foi identificar os elementos de cada categoria nas idéias estruturadoras do texto. A próxima tabela descreve as categorias empregadas. Tabela 2. Categorias de análise Número da categoria Categorias Descrição I Conhecimento Relação dos conhecimentos científicos com os problemas ambientais. II Conscientização Favorecimento de maior percepção do ambiente em toda a complexidade de seu contexto. III Incentivo à participação Propostas de participação aliada à conscientização. IV Proposta de desenvolvimento Inserção das ideias de sustentável desenvolvimento sustentável. RESULTADOS E DISCUSSÃO Por questões de espaço será apresentada uma parte do mapa temático somente de LD1 para mostrar como os temas foram organizados. Tabela 3. Mapa temático TEMA CONTEÚDO ASSUNTO CONTEXTOS NACIONAIS E POLÍTICAS NACIONAIS E

LD1 Água Eletroquímica Contaminação. Ligação química Importância. INTERNACIONAIS INTERNACIONAIS Separação de misturas Solubilidade Tratamento de esgoto. Composição da hidrosfera; Poluição; Produção de água potável (histórico); Utilização. SABESP (SP); Lagoa da Pampulha (BH); Após leituras e releituras das obras pôde-se agrupar os temas que abordavam assuntos a partir de um conjunto de ideias semelhantes, categorizados na tabela 4. Tabela 3. Temas e categorias Categoria(I) Categoria (II) Categoria (III) Categoria (IV) Lixo A percepção sobre o papel da Química dos próprios autores é mais evidente em LD1 e LD2, em que foi atribuída ao conhecimento químico a capacidade de contribuir para a compreensão do real, incluindo os eventos de natureza ambiental. Assim, por várias vezes LD2 defende que a Química oferece apreensibilidade às realidades sociais e ambientais. LD1 LD2 LD3 Combustão Agrotóxicos Conceito de desenvolvimento sustentável Energia Lixo Com diferentes formas de abordagem, os livros apresentam um grande número de conteúdos relacionados ao meio ambiente. Em LD3 esta categoria foi constantemente identificada, entretanto em LD1 e LD2 o problema é tratado com

maior ênfase nas relações envolvidas entre sociedade e ambiente. A frequência e a diversidade são maiores e a distribuição dos temas é mais transversal no LD2. LD1 e LD2 propõem um número apreciável de atividades do gênero de incentivo à participação o que não foi identificado em LD3. A maioria das atividades relacionadas ao meio ambiente discute implicações sociais buscando despertar nos alunos a capacidade de promover soluções. Em certos casos, as quatro categorias se entrelaçaram no decorrer do texto. Similarmente alguns temas, como lixo e água, percorrem múltiplas categorias ao mesmo tempo. Em termos estruturais, LD3 apresenta temas relacionados ao contexto sócioambiental de forma pontual no início dos capítulos, no capítulo Química Ambiental e nos quadros informativos inseridos no decorrer dos capítulos, diferentemente de LD1 e LD2 nos quais os textos sobre o ambiente percorrem toda a obra. Em alguns casos, como em LD2, o conteúdo químico é introduzido e discutido em torno de um tema ambiental: por exemplo, a unidade Equilíbrio químico e água. CONCLUSÃO Com exceção de LD3, que não contemplou nenhuma proposta de incentivo à participação, nos outros livros foram identificadas todas as categorias que apareceram por meio de diferentes abordagens. Para concluir, é conveniente lembrar que a Educação Ambiental também deve contemplar atividades práticas, nos espaços formais e informais, que viabilizem o despertar de uma nova racionalidade sobre a relação Homem-natureza de modo a problematizar os conflitos que ocorrem entre Sociedade-Ambiente-Ciência- Tecnologia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Educação Ambiental, Lei n º 9.795, de 27 de abril de 1999. GALIAZZI, M.C et.al. O enfoque CTS e a Educação Ambiental: possibilidade de ambientalização da sala de aula de Ciências. In: MALDANER, O.A; SANTOS, W. L. P (orgs). Ensino de Química em foco. Ijuí: Ed. Unijuí, 2010. SACHS, I. Ecodesenvolvimento : crescer sem destruir. São Paulo: Vértice, 1986. SACHS, I. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2002. UNESCO/PNUMA. Seminário internacional de Educación Ambiental: Belgrado, Yugoslávia, 13-22 de octubre, 1975. Paris, 1977. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/ulis/cgibin/ulis.pl?catno=27608&set=4b0dda42_0_24&gp=0&lin=1&ll=1>. Acesso em Agosto de 2010.