Portaria PGFN nº 948/2017: responsabilidade tributária...2. IN nº 1.732/2017: IRRF sobre alienação de ativo não circulante...2/3

Documentos relacionados
LEI Nº /2014. Convergência Tributária Às Normas Internacionais de Contabilidade. Edson Pimentel

STJ REINTEGRA a MP n. 651/2014 não gera efeitos para o passado

Regulamenta, no âmbito da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), o Procedimento Administrativo de Reconhecimento de Responsabilidade - PARR.

ORIENTAÇÃO CECO Nº 4. Ementa:

NEWSLETTER TRIBUTÁRIO

ANO XXIX ª SEMANA DE NOVEMBRO DE 2018 BOLETIM INFORMARE Nº 47/2018

NEWSLETTER TRIBUTÁRIO

ANO XXX ª SEMANA DE ABRIL DE 2019 BOLETIM INFORMARE Nº 17/2019

NEWSLETTER TRIBUTÁRIO

Tabela Mensal de Obrigações Abril/2018 Setor Contábil

NEWSLETTER TRIBUTÁRIO

Parecer PGFN 202/2013

Medida Provisória nº 806/ /3. Convênio ICMS nº 106/2017: ICMS sobre mercadorias digitais...3/4

6ª REGIÃO FISCAL - DIVISÃO DE TRIBUTAÇÃO

Solução de Consulta COSIT n. 62/ Tributação das Operações de Resseguro

ANO XXVII ª SEMANA DE JUNHO DE 2016 BOLETIM INFORMARE Nº 24/2016

TRIBUTAÇÃO. JUR_SP v

INFORMATIVO 12/2016 A PARTIR DE 2018, TETO DO SIMPLES NACIONAL SOBE PARA R$ 4,8 MILHÕES

CAPÍTULO I DAS APLICAÇÕES EM FUNDOS DE INVESTIMENTO

NEWSLETTER TRIBUTÁRIO

NEWSLETTER TRIBUTÁRIO

PARCELAMENTO APROVADO PELA LEI Nº /2009 REFIS DA CRISE

Tabela Mensal de Obrigações - Janeiro/2019 Setor Contábil

NEWSLETTER TRIBUTÁRIO

Tabela Mensal de Obrigações Junho/2018 Setor Contábil

Tabela Mensal de Obrigações - Abril/2019 Setor Contábil

ANO XXVII ª SEMANA DE DEZEMBRO DE 2016 BOLETIM INFORMARE Nº 50/2016

TRIBUTÁRIO EM FOCO # edição 11

Clipping Legis. Publicação de legislação e jurisprudência fiscal. Nº 209 Conteúdo - Atos publicados em agosto de Divulgação em setembro/2017

01/08/2014 Ana Cristina Fischer Dell Oso - Advogada

AGENDA DE OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS E PREVIDENCIÁRIAS FEVEREIRO DE 2011

Contribuição previdenciária e a nova sistemática dos prêmios e abonos após reforma trabalhista e outras alterações

Tabela Mensal de Obrigações Maio/2018 Setor Contábil

Boletim de Atualização Tributária BOLETIM DE ATUALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA. Código das Melhores Práticas de

NEWSLETTER TRIBUTÁRIO

Sumário. Parte I SISTEMA TRIBUTÁRIO BRASILEIRO, CONTABILIDADE E CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA Tributo e Sistema Tributário Brasileiro...

Tabela Mensal de Obrigações - Agosto/2016 Setor Contábil

Agenda Trabalhista - Setembro 2017

Tributação de indenização por perdas e danos SC (COSIT) 455/ /2

Relatório. Data 17 de junho de 2015 Processo Interessado CNPJ/CPF

Clipping Legis. Publicação de legislação e jurisprudência fiscal. Nº 206 Conteúdo - Atos publicados em maio de 2017 Divulgação em junho de 2017

Tabela Mensal de Obrigações Julho/2018 Setor Contábil

Tabela Mensal de Obrigações - Maio/2019 Setor Contábil

DIVISÃO DE TRIBUTAÇÃO- 6ª Região Fiscal <!ID > SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 123, DE 14 DE AGOSTO DE 2008

STJ Recurso Repetitivo Delimitação do alcance da tese firmada no Tema repetitivo n. 118/STJ

TRIBUTAÇÃO. BT - 777/ v2

TRIBUTAÇÃO DA CARTEIRA DO FUNDO

AGENDA DE OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS E PREVIDENCIÁRIAS JANEIRO DE Pagamento de salários - mês de DEZEMBRO/2010

Refis da Copa Eliminação dos honorários sobre os débitos previdenciários

ANO XXIX ª SEMANA DE DEZEMBRO DE 2018 BOLETIM INFORMARE Nº 52/2018

Boletim Tributário JUNHO/2016

Coordenação-Geral de Tributação

Programa Especial de Regularização Tributária (Pert)

Débitos-PIS,COFINS-Parcelamento-Lei Disposições-Alterações na Portaria PGFN RFB 08 13

Tabela Mensal de Obrigações Março/2018 Setor Contábil

ANO XXIX ª SEMANA DE SETEMBRO DE 2018 BOLETIM INFORMARE Nº 37/2018

Newsletter N 70 outubro Nesta edição:

DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS E DIVIDENDOS: EFEITOS TRIBUTÁRIOS EDMAR OLIVEIRA ANDRADE FILHO

PGFN regulamenta o PERT

AGENDA DE OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS E PREVIDENCIÁRIAS AGOSTO DE /08/2016

CURSO PIS COFINS CUMULATIVO E NÃO CUMULATIVO. Prof. André Gomes

Discussões Tributárias em matéria tributária ano 2017 Marciano Buffon Marina Furlan.

Controvérsias da Lei nº /2014: Moeda Funcional, JCP e Dividendos. Sergio André Rocha

Clipping Legis. Publicação de legislação e jurisprudência fiscal. Nº 196 Conteúdo - Atos publicados em julho de 2016 Divulgação em agosto de 2016

Lei Complementar nº 162/2018: Refis do Simples Nacional...1/2. Decreto nº 9.393/2018: Reintegra gera discussão no Judiciário...2/3

Instrução Normativa SRF nº 038, de 27 de junho de 1996 DOU de 28/06/1996 Dispõe sobre a tributação de lucros, rendimentos e ganhos de capital

COMITÊ FISCAL PAUTA DE ASSUNTOS SETEMBRO DE 2017 ICMS... 2 IPI... 5 IMPOSTO DE RENDA E CSLL... 6 PIS E COFINS... 8 DIVERSOS... 10

Tabela Mensal de Obrigações - Fevereiro/2019 Setor Contábil

RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO DE TRIBUTOS FEDERAIS. Vanessa Miranda

Instrução Normativa SRF nº 497, de 24 de janeiro de 2005 DOU de

COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS DE CONTROLADAS NO EXTERIOR: CARF DIVULGA INTERESSANTE PRECEDENTE

Coordenação-Geral de Tributação

Programa Especial de Regularização Tributária PERT

Informativo Tributário Novembro/2017

ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). FGTS

Instrução Normativa nº 1.397/13: normas a serem observadas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao Regime Tributário de Transição.

Superior Tribunal de Justiça

Parecer Consultoria Tributária Segmentos IRRF Título financeiro em dólar

Liquidação de débitos de crédito rural assumidos até 2014

PROGRAMA ESPECIAL DE REGULARIZAÇÃO TRIBUTÁRIA PERT MEDIDA PROVISÓRIA Nº 783/17

PÓS GRADUAÇÃO DIREITO E PROCESSO TRIBUTÁRIO

MARCELO NEESER NOGUEIRA REIS

Janeiro-Dezembro/2014

ASPECTOS JURÍDICOS E TRIBUTÁRIOS NA COMPRA DE ENERGIA NO MERCADO LIVRE. Julho / 2005

IRPF 2017 Novidades. IRPF 2017 Novidades 17/02/2017. Obrigatoriedade de CPF

PARECER 050/ Dos Parcelamentos Previstos na Lei /2013:

EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL


BRASÍLIA Complexo Brasil XXI SH Sul Quadra 06, Conj. A, Bloco C, 12º andar Tel. (5561)

Tributário Junho de 2017

AGENDA DE OBRIGAÇÕES FEDERAIS, ESTADUAIS E MUNICIPAIS PARA OUTUBRO/2017

BOLETIM TRIBUTÁRIO AGOSTO/2017. I - Alterações Legislativas/Normativas. Estado de São Paulo institui programa especial de parcelamento PEP-2017

Programa de Regularização Tributária (PRT)

MEDIDA PROVISÓRIA Nº 766, de 04/01/2017.

Legal Letter. Destaques. Projeto prevê reabertura do REFIS Incidência do PIS/Cofins sobre crédito. CNC pede aumento do prazo para

BOLETIM TRIBUTÁRIO. Compensação tributária com precatórios judiciais

Ganhos eventuais = liberalidade + sem habitualidade

DEPARTAMENTO JURÍDICO - FIESP ESTUDO REGIME ESPECIAL DE INCENTIVOS PARA O DESENVOLVIMENTO DA INFRA-ESTRUTURA - REIDI. [última atualização:

Relatório Trabalhista

Transcrição:

INFORMATIVO DE SETEMBRO/2017 APRESENTAÇÃO O informativo Meira Valente Advogados é um meio de comunicação pelo qual buscamos informar aos nossos clientes as principais notícias jurídicas nos ramos do direito tributário e do direito civil. Tem caráter apenas genérico e informativo, não constituindo opinião legal para qualquer operação ou negócio específico. NESTA EDIÇÃO LEGISLAÇÃO Medida Provisória nº 804/2017...1/2 Portaria PGFN nº 948/2017: responsabilidade tributária...2 IN nº 1.732/2017: IRRF sobre alienação de ativo não circulante...2/3 Lei nº 13.467/2017: alguns impactos da Reforma Trabalhista no tributário...3/4 POSICIONAMENTOS DA RECEITA FEDERAL SC nº 415/2017: IRPJ e CSLL na devolução de capital em bens avaliados a valor justo...4/5 SC nº 378/2017: IRRF, PIS/COFINS-importação sobre reembolso de despesas...5 ARTIGO A comissão de corretagem na compra de imóvel na planta...5/6 MEDIDA PROVISÓRIA Nº 804/2017 Foi publicada a Medida Provisória nº 804/2017 (MP 804), que prorrogou para o dia 31 de outubro de 2017 o prazo para adesão ao PERT (Programa Especial de Recuperação Tributária). Além da prorrogação do prazo de adesão, a MP 804 estabelece que a primeira e segunda parcelas a recolher referente ao percentual do débito consolidado, sem reduções, que deveriam ser pagas nos meses de agosto e setembro passam a ser exigidas cumulativamente com a parcela do mês de outubro de 2017. PORTARIA PGFN Nº 948/2017: RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA A Procuradoria da Fazenda Nacional (PGFN) editou, recentemente, a Portaria nº 948/2017, que trata do Procedimento Administrativo de Reconhecimento de Responsabilidade (PARR). Por esta norma, a PGFN poderá apurar infração à lei consistente na dissolução irregular de pessoa jurídica devedora de créditos inscritos em dívida ativa da União, a fim de responsabilizar terceiros (geralmente sócios gerentes). 1

A Portaria estabelece que o PARR deverá conter, entre outros elementos, os fatos que caracterizam a ocorrência de dissolução irregular e será iniciado mediante a notificação, por carta com aviso de recebimento, do terceiro ao qual se pretende apurar a responsabilidade. Após a notificação postal, toda e qualquer notificação do terceiro será feita por meio do Cetro Virtual de Atendimento da PGFN (e-cac). Notificado, o terceiro terá o direito de impugnar, em 15 (quinze) dias, a acusação de dissolução irregular, sendo que tal defesa será julgada pelo Procurador da Fazenda Nacional responsável pela dívida ativa. Da decisão proferida cabe recurso, no prazo de 30 dias, a ser analisado pelo Procurador Chefe, o qual não tem efeito suspensivo. Veja que, caso a acusação de dissolução irregular da sociedade seja acatada pela PGFN, em sede de impugnação ou recurso, o terceiro será considerado responsável pelas dívidas, o que implicará a sensibilização dos sistemas de controle da dívida ativa e poderá ter efeitos sobre todos os débitos inscritos em dívida ativa, em cobrança judicial ou não, em nome das pessoas jurídicas irregularmente dissolvidas e dos corresponsáveis. A nosso ver, a Portaria tem pontos delicados a serem observados quando da sua implementação, tais como: (i) o reconhecimento de dissolução irregular de sociedade para responsabilização de terceiros por meio de procedimento no âmbito administrativo; (ii) a imparcialidade que teriam as decisões proferidas no PARR, uma vez que elas serão dadas pelos próprios Procuradores da dívida ativa; (iii) quais seriam os elementos de fato que a PGFN teria que apresentar para embasar a dissolução irregular da empresa e, por conseguinte, responsabilizar terceiros. Sabendose que no Poder Judiciário cabe à PGFN o ônus de provar essa dissolução irregular, quando o terceiro não consta na CDA, e não é qualquer prova que é aceita para tanto pela jurisprudência. IN Nº 1.732/2017: IRRF SOBRE ALIENAÇÃO DE ATIVO NÃO CIRCULANTE A Receita Federal (RFB) publicou a Instrução Normativa nº 1.732/2017 (IN 1.732/2017), que altera a IN nº 1.455/2014, a qual trata sobre a incidência de imposto sobre a renda na fonte (IRRF) nos rendimentos pagos, creditados, empregados, entregues ou remetidos à pessoa jurídica domiciliada no exterior, em decorrência da alienação de bens e direito do ativo não circulante localizados no Brasil. A norma alterou a alíquota do IRRF, que antes era de 15%, para a aplicação das seguintes alíquotas progressivas: (i) 15% sobre ganho de capital até R$ 5.000.000,00; (ii) 17,5% sobre ganho de capital acima de R$ 5.000.000,00 até R$ 10.000.000,00; (iii) 20% sobre ganho de capital acima de R$ 10.000.000,00 até R$ 30.000.000,00; (iv) 22,5% sobre ganho de capital acima de R$ 30.000.000,00. Segundo tal norma, o recolhimento do IRRF deve ser feito pelo adquirente no Brasil. No caso das operações de incorporação de ações que envolvam valores mobiliários de titularidade de investidores estrangeiros, dispõe a referida norma que a responsabilidade pela retenção e recolhimento será da incorporadora no Brasil. 2

Nos termos da IN 1.732/2017, a tributação desse ganho pelo IRRF deverá observar a Convenção para evitar a dupla tributação firmada entre o Brasil e o país de residência do alienante. Na maioria dos Tratados, o imposto recolhido no Brasil (localização do bem) reduz aquele exigido no exterior. LEI Nº 13.467/2017: ALGUNS IMPACTOS DA REFORMA TRABALHISTA NO TRIBUTÁRIO A Lei nº 13.467/2017, que entrará em vigor no próximo dia 11 de novembro, relativa à Reforma Trabalhista, traz alguns impactos relacionados às verbas que configurariam remuneração do empregado, para fins de recolhimento de contribuição previdenciária. Com a alteração dos 2º e 5º do artigo 457 da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), as seguintes verbas, ainda que habituais, passam a não mais integrar o salário do empregado, não estando sujeitas ao recolhimento de contribuição previdenciária (patronal e empregados): (i) 100% do valor dispendido com diárias de viagem. Antes da reforma trabalhista, apenas as despesas a este título que não excedessem 50% do salário recebido pelo empregado não integrariam o salário; (ii) prêmios concedidos por mera liberalidade pelo empregador ao empregado, em forma de bens, serviços ou valor em dinheiro, em razão de desempenho melhor do que o esperado no exercício de suas funções. Antes da reforma trabalhista, se esses prêmios fossem concedidos com habitualidade, o entendimento era que integravam o salário do empregado para fins de contribuição previdenciária; (iii) seguro médico ou odontológico, ainda que concedido em diferentes modalidades de planos e coberturas. Antes da reforma trabalhista, era questionável pelo Fisco Federal se o seguro médico e odontológico que fosse concedido em diferentes modalidades e planos (por ex. plano de saúde diferenciado para diretores e gerentes) estaria fora da incidência da contribuição previdenciária 1. Além da contribuição previdenciária, vale lembrar que a contribuição sindical tornou-se facultativa, tanto para o empresário quanto para o empregado. Contudo, sabe-se que o Ministério do Trabalho, as Centrais Sindicais e o Executivo têm discutido propostas para instituição, por Medida Provisória, de um novo imposto sindical. SC Nº 415/2017: IRPJ E CSLL NA DEVOLUÇÃO DE CAPITAL EM BENS AVALIADOS A VALOR JUSTO A Receita Federal (RFB), por meio da Solução de Consulta nº 415/2017 (SC 415), respondeu à consulta formulada por uma indústria, sobre o recolhimento de IRPJ e CSLL na devolução de capital aos sócios em bens que foram avaliados a valor justo. No caso analisado, levando-se em conta as alterações promovidas pela Lei nº 11.638/2007 1 Recentemente, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), no processo nº 10380.727103/2014-51), proferiu decisão que entendeu que o seguro médico, ainda que concedido em diferentes modalidades a gerentes e diretores, não integra o salário do empregado para fins de recolhimento de contribuição previdenciária. Este entendimento, contraria entendimento da Câmara Superior do CARF. 3

nas demonstrações contábeis e os procedimentos para a neutralidade tributária estabelecidos pela Lei nº 11.941/2009, revogada pela Lei nº 12.973/2014, o contribuinte procedeu à avaliação a valor justo de determinados bens de seu ativo, contabilizando em subconta o valor do acréscimo ao valor histórico registrado. Tendo em vista que o efeito positivo advindo da avaliação do ativo pelo valor justo foi contabilizado em subconta, nos termos do art. 98 da Instrução Normativa nº 1.700/2017, que revogou a IN nº 1.515/2014, tal ganho somente será tributado quando da realização do ativo, pela baixa, alienação, amortização, etc.. Nesses termos, defende o contribuinte, na SC 415, que o valor do ativo para a contabilidade continuaria sendo o valor histórico registrado, a fim de fazer a devolução de capital com base nesse valor e afastar a cobrança do IRPJ e CSLL. Isso porque a Lei nº 9.249/1995, em seu artigo 22, permite que os bens e direitos entregues aos sócios a título de devolução de sua participação no capital social sejam avaliados pelo valor de mercado ou pelo valor contábil. Se avaliados pelo valor contábil, não haverá reflexos na tributação na pessoa jurídica. Contudo, caso os bens e direitos entregues sejam avaliados pelo valor de mercado, a diferença positiva entre o seu valor contábil e o seu valor de mercado será adicionada à base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Embora o contribuinte quisesse devolver o capital pelo valor histórico dos bens registrados na sua contabilidade, a fim de afastar a tributação da operação, a RFB entendeu que o valor contábil é formado pelo valor histórico acrescido do valor do ajuste registrado em subconta. Partindo desse pressuposto, a RFB se posicionou no sentido de que a devolução de capital em bens seria uma operação de realização de ativos, motivo pelo qual o ganho registrado em subconta, que comporia o seu valor contábil, deveria ser levado à tributação pelo IRPJ e CSLL. SC Nº 378/2017: IRRF SOBRE REEMBOLSO DE DESPESAS A Receita Federal (RFB) publicou resposta à Solução de Consulta nº 378/2017 (SC 378), que trata sobre a incidência de imposto sobre a renda na fonte (IRRF) e de PIS-importação e COFINSimportação sobre rendimentos pagos ao exterior por empresa estabelecida no Brasil a título de reembolso de despesa. No caso, a empresa estabelecida no Brasil recebeu técnicos especializados de sua matriz ou afiliadas localizadas no exterior. A remuneração dos expatriados, contratados pela empresa brasileira, por política do grupo econômico, poderia ser paga, em parte, pela empresa localizada no exterior. Essa parte paga no exterior foi, posteriormente, reembolsada pela empresa brasileira à empresa estrangeira e tributada, na pessoa física do funcionário, pelo imposto de renda mediante carnê-leão. Diante disso, entendeu a RFB que, por se tratar de reembolso de despesa à matriz ou afiliadas no exterior, relativa a rendimento auferido por funcionário expatriado residente no Brasil e contratado aqui, essa operação se caracterizaria como mero retorno de capital ao exterior, não passível de tributação pelo IRRF. Não se trata, portanto, aos olhos do Fisco Federal, de rendimento. No que toca ao PIS-importação e COFINSimportação, também afirmou a RFB que as remessas ao exterior a título de reembolso de despesa não sofreriam a tributação dessas 4

contribuições, por não se caracterizarem como contraprestação por serviços prestados por empresa no exterior, mas mero retorno de capital. A COMISSÃO DE CORRETAGEM NA COMPRA DE IMÓVEL NA PLANTA Assim, a partir de agosto de 2016, se no contrato de venda e compra de um imóvel na planta constar, de forma expressa, que a comissão de corretagem deverá ser paga pelo comprador, não há como pedir a devolução desse valor na justiça. Para quem já comprou um imóvel na planta sabe muito bem que, além do preço que se paga pelo imóvel, também lhe é cobrada a comissão de corretagem, ou seja, aquela destinada aos profissionais que vendem as unidades habitacionais no stand de vendas da obra. De alguns anos para cá os consumidores começaram a questionar na justiça a cobrança dessa comissão, sob a alegação de que nunca contrataram um corretor de imóveis; de que o corretor que estava no stand de vendas trabalhava para a construtora e que só pagaram a comissão para poderem comprar o imóvel, o que, nas relações de consumo pode representar venda casada, que é considerada uma prática ilegal. Durante alguns anos, o Poder Judiciário, de forma majoritária, entendeu que a cobrança de comissão de corretagem pelas construtoras na compra e venda de imóveis na planta era ilegal e que, portanto, o valor pago pelo adquirente consumidor deveria lhe ser devolvido. Ocorre, no entanto, que, em agosto de 2016, em decisão que abrange todo o território nacional e vincula todas as decisões em casos análogos, o Superior Tribunal de Justiça, ao julgar 3 recursos que versavam sobre o assunto, decidiu que a comissão de corretagem pode ser repassada ao consumidor pela construtora, desde que tal disposição esteja expressa em contrato. 5