Notas sobre a participação feminina na dinâmica canavieira de Itu ( )

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Transcrição:

Notas sobre a participação feminina na dinâmica canavieira de Itu (1781-1830) Joseph Cesar Ferreira de Almeida PPG-USP Profª. Drª. Eni de Mesquita Sâmara - USP Introdução Este estudo é um embrião do trabalho em desenvolvimento para o mestrado sobre a participação das mulheres proprietárias em Itu do final do século XVIII a meados do século XIX i, tendo em vista sua participação na dinâmica econômica da época. A documentação escolhida reúne os inventários, testamentos e censos de Itu, cujas informações permitiram obter dados para uma análise ampla do objeto de estudo. A pesquisa sobre as mulheres em Itu insere-se no campo de estudos relativos à História das Mulheres, voltando-se para a análise das distinções e semelhanças entre as próprias mulheres do período, e a sua situação neste contexto histórico. O trabalho, no entanto, não se limita a uma História das Mulheres na economia canavieira de Itu, mas busca uma oportunidade de dialogar com a historiografia brasileira sobre temas mais abrangentes, como a própria formação econômica de São Paulo. O estudo das mulheres proprietárias, ao inserir-se dentro de uma perspectiva de História Mulheres, está vinculado a uma tendência recente na historiografia da mulher, que aponta para uma tentativa de distanciamento do contexto ideológico, com o objetivo de mostrar a mulher na sua integração com sistemas de poder, redes de dominação e laços de parentesco, tentando desvendar a realidade além da norma prescrita, ultrapassando mitos e estereótipos e evitando a tendência funcionalista de ver o feminino como o reverso da cultura masculina ii. 1

Assim, o trabalho consiste em uma tentativa de trazer para o campo específico de uma localidade, no caso é Itu, esta nova abordagem conceitual, ou seja, a participação feminina na dinâmica econômica, durante o período em que a cana-de-açúcar representava a maior fonte de renda dos paulistas. Nesse período há um desenvolvimento da capitania, que transformou a agricultura, até então predominantemente de subsistência, em uma agricultura integrada ao cenário econômico mundial iii. Dentro desse contexto econômico, as mulheres participam ativamente da circulação da riqueza, e na liderança de famílias e negócios. Revelando o seu papel não apenas dentro do campo da história das mulheres, e sim em toda a História de São Paulo. O tema e seus desdobramentos A partir, desta abordagem historiográfica, o estudo da História das Mulheres em Itu durante o período de 1781 a 1830 justifica-se, pelo fato de a cidade nessa época possuir tanto um setor rural quanto um setor urbano documentado pelos Maços de População e inventários. Além de estar inserida em um sistema de latifúndios monocultores voltados para o mercado externo, e possuir uma estrutura social baseada na família patriarcal e escravocrata. Ademais, o trabalho que deveria abranger apenas o período colonial teve de ser alongado pela necessidade de conseguir visualizar melhor a participação das mulheres nesta economia, uma vez que diversas mulheres que viveram naquele período irão fazer o seu testamento e, posteriormente, o inventário apenas no início do Império. Por intermédio dos Maços de População podemos perceber o crescimento populacional e econômico da vila de Itu através do aumento do número de Companhias de Ordenanças em função da expansão dos bairros e freguesias. Em 1773, existia 2

apenas uma Companhia para toda a região de Itu, esse número vai aumentando chegando a 8 em 1818, e permanecendo assim até 1829. Da sua fundação, em 1610, até a expansão da lavoura canavieira, Itu passa por um período de economia incipiente, tendo na atividade de subsistência a única forma de vida. De modo geral, os níveis de produção agrícola deviam ajustar-se ao consumo próprio com pequenos excedentes comercializados iv. O desenvolvimento da cultura canavieira na Capitania de São Paulo inicia-se durante o governo de Morgado de Matheus (1765-1775), que implementa medidas empreendedoras, visando o mercado externo v. A nova política para capitania de São Paulo acarretou em uma transformação sócio-econômica significativa, devido ao surgimento de novos núcleos populacionais e à passagem de uma economia baseada na agricultura de subsistência para exportação de açúcar. Os produtores de açúcar, em São Paulo, eram estimulados pelo alto preço do produto no mercado externo, em decorrência das revoltas sociais nas colônias francesas no caribe (1791-1804) e a guerra de independência norte americana (1776-1782), esse fatos desorganizaram o mercado mundial de açúcar e favoreceram o aumento de preço do produto. Dessa maneira, o cultivo da lavoura canavieira no interior de São Paulo situa-se entre a segunda metade do século XVIII e a primeira do século XIX. A produção açucareira se estende por toda a área denominada de Quadrilátero do Açúcar (compreendida entre Sorocaba, Piracicaba, Mogi Guaçu e Jundiaí, na qual estão inseridas Itu e Campinas). O fato de Itu ser local de trânsito para as Minas vi trouxe impactos na economia, o que, certamente, contribuiu para formação de um mercado relativamente regular de gêneros alimentícios, incluindo o açúcar, que era enviado junto para as Minas. Como 3

afirmou Sérgio Buarque de Holanda, os descobrimentos das minas constituíram a primeira oportunidade considerável para o avanço da indústria açucareira vii. O surto da lavoura canavieira foi favorecido por diversos fatores tanto sócioeconômico quanto geográfico e demográfico que havia se desenvolvido na região de Itu durante o bandeirantismo de apresamento de índios e de mineração, e posteriormente o comércio propiciado pelas monções em zonas mineradoras. Fatores de ordem climática e tipo de solo também foram decisivos para o desenvolvimento da agricultura da cana-de-açúcar. Campinas, Itu, Moji Mirim e Sorocaba situam-se na divisa entre solos que tem origem na decomposição de rochas cristalinas pré devonianas e a área onde os solos se formam, predominantemente, pela decomposição de rochas sedimentares viii. Neste contexto, as mulheres desempenharam papéis importantes na expansão da fronteira agrícola paulista, pois com a morte ou ausência dos maridos, muitas delas tornavam-se responsáveis pelos bens e filhos deixados. Assim, mulheres com maridos ausentes, viúvas, filhas solteiras e órfãs são expressão da independência feminina existente na época. Não sendo raros os exemplos de mulheres que chefiavam famílias e negócios. Um exemplo deste fenômeno foi Maria de Sampayo, viúva e inventariante amigável de Estevão Cardozo Negreyros ix, onde é destacado o lugar de morada de seus primeiros filhos, Lorenso Cardozo e Antonio Antunes de Campos. O primeiro era morador do Caminho de Goyazes e o segundo morava nas minas do Matogrosso, revelando, uma liderança feminina dentro do lar, enquanto que os filhos participavam da dinâmica econômica do interior brasileiro. Outro exemplo encontrado foi o testamento da viúva senhora de engenho Dona Ignacia Maria do Carmo onde Declara que se acharem que alguem dos meus herdeiros tenhão desfalcado o monte em couza grave sejão obrigados por justiça, sendo este o 4

ultimo remedio, o que parece mal entre estranhos quanto mais entre parentes, demonstrando uma certa autonomia e também uma desconfiança das suas disposições testamentarias perante os seus herdeiros, não aceitando a tutela de alguns dos filhos após a morte de seu cônjuge. Emancipação ou casamento tardios resultaram desse aumento da participação materna. A outra conseqüência foi uma vida sexual mais espaçada e a diminuição considerável no número de filhos, quando não uma vida sexual extraconjugal x. Em nossas pesquisas encontramos o exemplo do inventário de Rosa Maria, onde está descrito que fora casada com Reinaldo Pinheiro que logo se casou se ausentou para as partes de mato grosso a muitos anos xi. Assim, o enfraquecimento da família patriarcal, iniciada no século XVIII, atingiu não só o patriarca, mas também sua representante. Uma mulher casada na São Paulo colonial desempenhava muitas vezes importante papel como representante do marido nos negócios comerciais ou como administradora dos bens do casal. As viúvas não só se tornavam a chefe legal da família, controlando todos os seus bens, como ainda, muitas delas, controlavam também seus filhos não emancipados, e inclusive os filhos adultos xii. Com vista em um levantamento feito nos estudos realizados sobre o período açucareiro na região de Itu, poucos trabalhos faziam referências ao papel da mulher dentro desta dinâmica econômica. Entre eles há de se destacar o trabalho de Eni de Mesquita xiii, que ao verificar o papel do agregado em Itu dedica um estudo especial sobre as mulheres agregadas no cotidiano da região. Para um melhor aproveitamento desta pesquisa foram utilizados basicamente três tipos de documentos: testamentos, inventários e os censos populacionais. Dentre tais fontes, testamentos e inventários compõem um conjunto de dados e informações importantes sobre o papel desempenhado pelas mulheres na dinâmica econômica da colonização. 5

Nos testamentos estão contidas informações variadas como nome completo do testador e de seus pais, local de nascimento, o estado conjugal, o nome do testamenteiro e as disposições quanto à herança. Nos inventários encontramos dados como: herdeiros, a idade de cada um, a descrição e o valor de cada bem arrolado, escravo e a partilha, que se efetivava após o pagamento das dívidas. Ambos os tipos de documentos fazem parte do Arquivo do Museu Republicano Convenção-MP/USP localizado na cidade de Itu. Por fim, os maços de população, evidencia-se pelo caráter estatístico, como número de habitantes, composição de família, escravos, forros e agregados, ocupação dos habitantes por cada fogo, total de fogos, distribuição da população pela Companhia de Ordenanças, ruas e bairros, preços correntes dos produtos, registro da produção local, consumo e quantidade exportada, nascimentos, casamentos e óbitos. Estes documentos são do acervo do Departamento do Arquivo do Estado de São Paulo. Devido à riqueza de informações sobre os procedimentos adotados por ocasião das partilhas de bens e a vida material da época, estes documentos permitem análises do papel feminino, de modo que a história dessas mulheres não seja apenas um adendo à História de São Paulo. E finalmente, com auxílio das fontes documentais podemos levantar dados com objetivo de visualizar a participação da mulher na economia da região de Itu, e por consequência, o seu papel na história paulista. i Devido ao trabalho estar em estágio inicial, o presente artigo restringe-se a uma versão preliminar do estudo. ii,samara, Eni de Mesquita. Família, mulheres e povoamento: São Paulo, século XVII. Bauru, SP: Edusc, 2003.P.89 iii PETRONE, Maria Thereza Schore Petrone. A lavoura Canavieira em São Paulo: Expansão e declínio (1765-1851). Difusão Européia do Livro. São Paulo. P. 7 6

iv SAMARA, Eni de Mesquita, O papel do agregado na região de Itu. (1780-1830), Coleção Museu Paulista, Série História vol.6, Edição do Fundo de Pesquissa do Museu Paulista da USP, São paulo 1977. v PETRONE, Maria Thereza Schore Petrone. A lavoura Canavieira em São Paulo: Expansão e declínio (1765-1851). Difusão Européia do Livro. São Paulo. P 12 vi Itu, assim como Curitiba, Sorocaba, Jundiaí e Guaratinguetá, neste período podiam ser consideradas bocas de sertão por ser um dos locais que mais se afastavam da orla litorânea. SAMARA, Eni de Mesquita, O papel do agregado na região de Itu. (1780-1830), Coleção Museu Paulista, Série História vol.6, Edição do Fundo de Pesquissa do Museu Paulista da USP, São paulo 1977. P. 21 vii HOLANDA, Sérgio Buarque de. Monções. Ed Brasiliense, 1990, P.44. viii PETRONE, Maria Thereza Schore Petrone. A lavoura Canavieira em São Paulo: Expansão e declínio (1765-1851). Difusão Européia do Livro. São Paulo. P.91 ix Arquivo do Museu Republicano convenção de Itu- MP-USP, inventário de Estevão Cardozo Negreyros cx.13 1780. x SILVA, Maria Beatriz Nizza da Silva. Sistema de Casamento no Brasil colonial. São Paulo: T ª Queiroz Ed. Da Universidade de São Paulo. P190 xi Arquivo do Museu Republicano convenção de Itu- MP-USP, inventário de Rosa Maria 1803 cx.16a xii NAZZARI, Muriel O desaparecimento do dote: mulheres, famílias e mudança social em São Paulo, Brasil 1600-1900, trad de Lólio Lourenço de Oliveira. Companhia das Letras, São Paulo, 2001 P. 168 xiii SAMARA, Eni de Mesquita. O papel do agregado na região de Itu. (1780-1830), Coleção Museu Paulista, Série História vol.6, Edição do Fundo de Pesquissa do Museu Paulista da USP, São paulo 1977 7