SISTEMA COOPERATIVO E OS APORTES AO DESENVOLVIMENTO REGIONAL: O CASO DO NOROESTE GAÚCHO 1

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Transcrição:

SISTEMA COOPERATIVO E OS APORTES AO DESENVOLVIMENTO REGIONAL: O CASO DO NOROESTE GAÚCHO 1 Pedro Luís Büttenbender 2, Ariosto Sparemberger 3, Dionatan Perdonsini 4, Bruno Nonnemacher Büttenbender 5. 1 Projeto de Pesquisa da Unijuí/DACEC: Estudo Sobre As Organizações Cooperativas do Noroeste Gaúcho, Direcionado ao Fortalecimento, Sustentabilidade e Inovação do Cooperativismo e Suas Contribuições para o Desenvolvimento Regional. Apoio do Sescoop/RS 2 Professor Pesquisador Unijuí/Dacec e Coordenador do projeto de pesquisa. Doutor em Administração, Mestre em gestão empresarial, Especialista em Cooperativismo e Administrador. Coordenador do Curso de Pós-graduação em Gestão de Cooperativas da Unijuí, Convênio Sescoop/RS. 3 Professor Pesquisador Unijuí/Dacec. Doutor em Administração, Mestre em Administração e Administrador. Membro do projeto de Pesquisa. 4 Acadêmico Curso de Administração, Bolsistas PIBIC/UNIJUI. dionatanperdonsini@hotmail.com 5 Mestrando em Ambiente e Desenvolvimento (Univates) e Egresso do Curso de Administração Unijuí Santa Rosa. Membro voluntário do projeto de pesquisa. brunonbuttenbender@gmail.com Introdução O sistema cooperativo vem ampliando a fortalecendo os seus vínculos de cooperação intra e intercooperativas, nas dinâmicas horizontal e vertical. Os avanços da sociedade e suas relações econômicas, tecnológicas, sociais, políticas, ambientais estão não apenas acompanhando a evolução, mas constituindo-se em protagonistas nos processos de mudanças de inovação e de acumulação de novas competências. Enquanto sociedades de pessoas, orientados pelos fundamentos doutrinários e princípios do cooperativismo, aprimoram os seus processos de geração e de agregação de valor, dinamizando-os nos processos de geração de oportunidades de trabalho e renda, produção, industrialização e comercialização, e a sua equitativa distribuição entre os seus membros partícipes. A geração de riquezas com o combate as desigualdades sociais e promovendo a justiça social. Este estudo é parte integrante de projeto de pesquisa mais amplo que possui como objetivo estudar a gestão e governança das organizações cooperativas do Noroeste Gaúcho, direcionado ao fortalecimento, sustentabilidade, inovação e intercooperação, e contribuições para o desenvolvimento regional. Nesta primeira etapa visa mapear impactos e aportes positivos no processo de desenvolvimento da região. Atendendo a questão sobre a importância das cooperativas na geração de empregos, dinamização econômica e inovação tecnológica em atividades produtivas, influencias na geração do valor adicionado dos municípios e as repercussões na manutenção das políticas públicas. O Cooperativismo tem se apresentado, na sociedade pós-moderna, como uma das formas mais inovadoras de organização do trabalho e da distribuição mais igualitária do poder e da renda. Surgido formalmente na segunda metade do século passado, auge da Revolução Industrial, o cooperativismo tem assumido formas e papeis cada vez mais importantes no desenvolvimento da sociedade. Estes papéis estão diretamente ligados a organização das pessoas, onde elas próprias são os agentes do processo de construção da cidadania. Outras vezes o cooperativismo, na sua história,

tem sido utilizado como instrumento para a implantação de projetos públicos e ou privados, complementando diferentes papeis no seu contexto. A evolução da região noroeste do estado do Rio Grande do Sul possui em suas bases de estruturação orgânicos processos de cooperação. Das iniciativas comunitárias para prover estruturas religiosas, educacionais, sociais e econômicas são evidências que confirmam a cooperação na gênese histórica da região. Desde as reduções jesuítico-guaranis, e os processos de colonial e organização produtiva mais recentes. As instituições sociais, educacionais e econômicas, em sua maioria, possuem elementos da cooperação presentes. Os indicadores de desenvolvimento econômico, social e ambiental, traduzidos pelos níveis de qualidade de vida, tanto nas áreas rurais quanto urbanas, possuem uma distinta participação e influencia do cooperativismo. Metodologia Para responder as questões centrais desta pesquisa, é utilizado o método do estudo de caso, na condição de múltiplos caso, que é mais apropriado para estudos centrados em questões do tipo como e por quê (YIN, 1994). O método concentra o foco no estudo da gestão e da governança das organizações cooperativas do noroeste gaúcho e mapear contribuições para o desenvolvimento regional, apresentando um conjunto de indicadores dos níveis de desenvolvimento da região. Esta pesquisa caracteriza-se como quali-quantitativa e de campo, de natureza exploratória e descritiva. Referência de estudos anteriores sobre o cooperativismo na região (BÜTTENBENDER, 2010, 2011, 2014 e 2015). As fontes de dados e informações para a coleta dos dados são documentos, bancos de dados, registros e publicações, impressas e digitais, da gestão, do cooperativismo, do desenvolvimento e outras. A coleta de dados foi realizada através de entrevistas com lideranças, gestores, técnicos e pesquisadores vinculados a gestão, ao cooperativismo da região e ao desenvolvimento. Em fontes secundárias, foram consultados bancos de dados, documentos e registros das cooperativas e órgãos públicos, com destaque ao Banco de dados da Feedados (FEE, 2016). A observação direta, também esteve presente, pela participação em atividades das cooperativas com seus dirigentes e associados, e organizações regionais de promoção do desenvolvimento, como por exemplo, os Conselhos Regionais de Desenvolvimento. A descrição e a análise dos dados com ênfase as práticas inovadoras de gestão e governança cooperativa e identificação de contribuições do cooperativismo ao desenvolvimento regional. Resultados O processo de participação do cooperativismo no desenvolvimento regional por ser identificado em diferentes dimensões. Através da avaliação direta da organização das cooperativas e seus apores com o desenvolvimento explorados em publicações anteriores, onde as mais recentes são Büttenbender (2014 e 2015). Outra dimensão é o de diagnosticar o conjunto de indicadores econômicos, sociais e ambientais da região, com uma abordagem mais ampla, e extraindo deles aportes específicos e diferenciados das cooperativas. Nesta sunga dimensão que se concentra a presente abordagem. Serão considerados dados vinculados a região noroeste do Rio Grande do Sul, abordados a partir do território geográfico compreendidos pelos Conselhos Regionais de Desenvolvimento Coredes Fronteira Noroeste, Celeiro e Noroeste Colonial. A região noroeste possui sua economia sustentada a partir das cadeias do agronegócio de alimentos. Agronegócios aqui entendidos como o conjunto de negócios e atividades produtivas, industriais e de

mercado que operam no âmbito dos negócios da agricultura, tanto familiar quanto agricultura empresarial. A região possui expressiva concentração de indústrias/agroindústrias, apesar de estar distante geograficamente do centro econômico do Estado. Os planos Estratégicos de Desenvolvimento (2010-2030) para cada uma das três regiões abrangidas, após amplos diagnósticos, priorizam investimentos no fomento cooperativo, empresarial e ao desenvolvimento tecnológico com vista à inovação, prioritariamente nas cadeias produtivas e industriais: Alimentos, com industrialização de leite, suínos, soja, agroindústrias e outros; metal-mecânica, prioridade na fabricação de máquinas e equipamentos agrícolas; móveis, seriados, sob medida e conceito; confecções; construção civil, com olarias e produtos pré-moldados; tecnologia da informação; indústria energética; entre outras. Em específico para a região Fronteira Noroeste, o Plano Estratégico posiciona investimentos na indústria emergente, como por exemplo a produção de energias, que é vinculada a nova economia, articuladas com a cooperativas agropecuárias, de crédito e de infraestrutura. A região Fronteira Noroeste, inserida no território do Noroeste gaúcho, se agrega integralmente a dinâmica e aos desafios de promover o desenvolvimento endógeno da região. Localiza-se na fronteira do Brasil com a Argentina. A região com certo dinamismo econômico, segue o padrão das regiões fronteiriças do Estado, apresentando perda populacional, apesar da intensa participação cooperativa. Os indicadores sociais apresentam valores acima das médias estaduais, o mesmo não ocorrendo em relação à renda, o que auxilia a explicar essa perda de população. Na economia regional, apresenta maior importância na Agropecuária, com o cultivo de grãos e criação de bovinos e suínos, e da indústria de transformação, principalmente a de produtos alimentícios e de máquinas e equipamentos. Vem se conformando nos últimos anos, a indústria de móveis e de confecções. Por exemplo, em 2014, a região possuía uma população de 207.883. habitantes, com uma proporção de 68% de moradores de áreas urbanas e 32% de áreas rurais. A região apresentou, no período 2000-2010, taxa média de crescimento populacional de -0,33% ao ano, constituindo a sétima menor taxa entre os 28 Coredes do RS. As principais atividades econômicas concentram-se na agropecuária, com a presença da atividade industrial, vinculada a cadeia de alimentos (leite, frango, suínos) e pequenas agroindústrias. A indústria contempla também a presença de fabricação de máquinas agrícolas, em especial vinculadas a cadeia do leite, indústria de confecções e calçados. Em sua caracterização, a região Noroeste Colonial em 2014, possuía uma população total de 176.532 habitantes, distribuídos em 11 municípios e uma área de 5.168,1 km². Nesse sentido, a densidade demográfica da região é de 32,3 hab/km² (2011). Em termos de indicadores sociais, a mesma apresentava uma taxa de analfabetismo de pessoas com 15 anos ou mais (2010) de 4,23 % e uma expectativa de vida ao nascer (2000) de 71 anos. Ainda em termos de indicadores sociais, seu Coeficiente de Mortalidade Infantil (2010) era de 10,57 por mil nascidos vivos. No que se referem os indicadores econômicos, observa-se que o Produto Interno Bruto da região em 2011 foi de R$ 4.392.591,00. Enquanto isso, seu PIB per capita (2010), ou seja, o valor do PIB dividido por toda a população da região permaneceu no valor de R$ 26.292,00. No conjunto das três regiões, Celeiro, Fronteira Noroeste e Noroeste Colonial, evidenciam-se no diagnóstico, que a população cresceu de 2010 a 2014, de 526.158 para 529.639 habitantes. Já o IDESE segundo a FEE (2016), das regiões Celeiro, Fronteira Noroeste e Noroeste Colonial foi de

0,729080801, 0,781359333 e 0,800247294, respectivamente. Assim, o menor Idese está na região Celeiro e o maior Idese está na região Noroeste Colonial. Na expressão do Valor Adicionado Bruto (VAB), em 2013, indica o somatório de R$ 2.940.351,06 na região Celeiro, R$ 5.811.551,15 na região Fronteira Noroeste e de R$ 5.563.730,94 na Região Noroeste Colonial. Assim o maior valor adicionado bruto concentra-se na região Fronteira Noroeste. Já considerando o VAB por setores, confirma a importância da atividade da indústria, considerando a distribuição entre indústria, agropecuária e serviços. Na soma das três regiões, a Indústria apresenta um VAB de R$ 3.038.146,72, a Agropecuária um VAB de R$ 3.118.823,01 e os Serviços um VAB dos Serviços Públicos de R$ 2.009.659,67. Destaca-se que o VAB da indústria teve um destacado crescimento nos últimos quatro anos, quantificado em R$ 1.948.052,81, R$ 2.211.766,98, R$ 2.356.927,61 e R$ 3.038.146,72, em 2010, 2011, 2012 e 2013, respectivamente. O cooperativismo, através das cooperativas no seus diferentes segmentos, vem cumprindo um papel fundamental nesta dinâmica do processos de desenvolvimento. A abordagem sendo realizadas sob diferentes ênfases. Considerando, por um lado, que as cooperativas vem sendo efetivos instrumentos de geração de novas oportunidades de trabalho e de renda, novas atividades econômicas, capacitação tecnológica, e agregação de valor através da indústria, da integração do crédito, com investimentos na produção de energia, com a qualificação na prestação de serviços, entre outros. Por outro lado, apesar dos indicadores econômicos e sociais revelarem um processo de fragilização do desenvolvimento regional, as cooperativas cumprem a missão de retardar os efeitos negativos e de desaceleração dos impactos nocivos da exclusão social, das políticas de competitividade internacional, da globalização econômica e do empobrecimento das regiões mediterrâneas, sul-brasileiras e sul-americanas. Portanto, no âmbito dos desafios dos processos de desenvolvimento regional, as cooperativas confirmam ser um importante instrumento e mecanismo de fomento ao desenvolvimento. Vem cumprindo uma missão importante em impulsionar o desenvolvimento, enquanto também assumem responsabilidade de serem instrumentos de resistência e de contraposição aos processos de empobrecimento de determinados territórios. O cooperativismo tem demonstrado as suas positivas contribuições para o desenvolvimento da sociedade, protagonizando o direito à cidadania, gerando melhores condições de vida aos que com elas convivem e participam. O cooperativismo fundamenta a sua atuação nos valores da ajuda mútua e responsabilidade, democracia, igualdade, equidade e solidariedade. Os associados, dirigentes, funcionários e parceiros são chamados a ampliar as suas capacidades humanas e técnicas, para assim aprimorarem as fortalezas da autogestão cooperativa. A liberdade e a autonomia cooperativa sustentam-se na limitada dependência dos fenômenos econômicos e financeiros externos e na amplitude da capacidade interna (endógena) para gerar respostas cooperativas e modernas aos fatores externos. Considerações finais O estudo sugere que o cooperativismo tem relevante importância no processo de desenvolvimento do noroeste gaúcho. Em determinados períodos de desenvolvimento menos acelerado da região, as cooperativas foram referência na sustentação econômica da região e de justificativa de fixação dos empreendedores em suas atividades produtivas, destacando-se a produção primaria. As cooperativas

foram referencia na implantação de políticas públicas e de programas governamentais e que em muito aportaram ganhos produtivos e econômicos para a região e aos municípios. O aporte a economia pública é verificada e reconhecida pelos indicadores, quando as cooperativas, na maioria dos municípios, são as responsáveis pelas maiores participações na geração do valor adicional dos municípios. Evidências vêm demonstrando a relevância dos investimentos em educação, pesquisa e desenvolvimento, gerando novas bases para crescente fixação de jovens no campo e o fortalecimento das atividades produtivas em todos os segmentos produtivos. Os aportes na geração de oportunidades de trabalho e renda e na maior qualificação do universo cooperativo, com repercussões positivas para toda a sociedade, no exercício econômico, político e social. Estes aportes geram contribuições para a melhoria das estruturas de governança nas regiões, expressa ela ativa participa das cooperativas e de seus lideres, por exemplo em organizações locais regionais, como por exemplo, os Conselhos Regionais de Desenvolvimento Coredes. Revela a pertinácia da continuidade dos estudos no âmbito do cooperativismo, que impactam não apenas na qualificação e profissionalização das próprias cooperativas, como também, os aportes para toda a sociedade. O estudo revela e subsidia os conceitos de que o cooperativismo, gerido com competência e profissionalismo, com mecanismos de participação, educação e transparência para a sua estrutura corporativa, potencializando os elementos de autogestão do sistema e de governança corporativa, ampliará as suas capacidades de gerar aportes ao desenvolvimento do noroeste gaúcho e a toda a sociedade. Bibliografias BÜTTENBENDER, P. L., BÜTTENBENDER, Bruno N. A Formação de Competências Empreendedoras In: Empreendedorismo e Intraempreendedorismo: A Importância dos empreendedores e intraempreendedores no desempenho empresarial e o desenvolvimento sustentável. Ed.Berlim, Alemanha: OmniScriptum GmbH & Co. KG, Novas Edições Acadêmicas, 2015, BÜTTENBENDER, P. L. Gestão de Cooperativas. Fundamentos, Estudos e Práticas. Ijuí/RS. Ed.Unijuí, 2011. BÜTTENBENDER, P. L. Cooperativas e o desenvolvimento do noroeste gaúcho. Revista Afinal. Junho/2014. Págians 23 e 24. Três de Maio/RS. 2014. BÜTTENBENDER, P. L. (org.). Cooperativismo na Região Nordeste do Rio Grande do Sul: experiências de gestão cooperativa e de promoção do desenvolvimento. Porto Alegre/RS : Editora Sescoop/RS, 2010. FEE. Fundação de Economia e Estatística do RS. FEEDados. www.fee.rs.gov.br em 30.05.2016. YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.