SISTEMATIZAÇÃO DO : SISTEMA DE JUSTIÇA, MEIO AMBIENTE E DIREITOS HUMANOS Consulta Pública Diretriz 1: Promoção e garantia da assistência e manifestação religiosa plural Objetivo: Assegurar a ampla liberdade de culto, de crença e de expressão religiosa nos espaços públicos e nos espaços privados com oferta de serviços públicos. 1. Garantir que as lideranças religiosas e dos religiosos de todas as confissões tenham livre acesso às unidades de cerceamento de liberdade, terapêuticos, ou outros locais de encarceramento similares, visando prover assistência religiosa aos internos que a solicitarem; 2. Elaborar e definir protocolo específico de procedimento assistencial-religioso em todos os locais de internação, acolhimento coletivo ou similares; 3. Especificar a singularidade do tratamento e cuidado aos fiéis religiosos, respeitando os interditos, tabus, práticas específicas garantindo a integralidade da atenção e o cuidado com equidade a essas/es usuários/as; 4. Criação e/ ou inclusão no campo dos registros e assentamentos, seja prontuário ou outro tipo de documentação usado pelas instituições do Sistema de Justiça, o item confissão/ segmento religioso para fins de visibilidade da religiosidade e o tratamento singular junto a essa/e usuária/o, assegurado (a) a este (a) a voluntariedade do registro. 5. Garantir a laicidade do Estado, vedando a institucionalização de qualquer religião nos espaços públicos, em detrimento das demais confissões religiosas e de crença, por meio de afixação de símbolos, pregações ou manifestações religiosas, dos agentes públicos, respeitando o patrimônio histórico cultural no Estado. 6. Garantir a livre utilização de trajes, símbolos religiosos pessoais, desde que não impeçam a identificação do indivíduo; 7. Transformar todos os espaços religiosos nos órgãos e unidades públicas, em espaços interreligiosos, de forma que a regulamentação interna possibilite o seu uso equânime por todas as confissões e crença religiosas, respeitando o patrimônio histórico cultural no Estado; 1
8. Assegurar o acesso de lideranças religiosas ou religiosos dos diferentes credos nos espaços privados, sejam confessionais ou não, e que recebam algum financiamento público e que atuem como unidades de cerceamento de liberdade com fins terapêuticos ou locais de encarceramento similares, para que promovam a livre assistência religiosa aos residentes e usuários que a desejarem; 9. Assegurar a equânime cooperação entre o Estado e as diversas entidades religiosas ou confessionais que prestem serviços públicos, respeitando-se os princípios da conveniência, necessidade e qualidade, dentre os demais princípios administrativos aplicáveis. a. Recomendar as entidades reguladoras e administradoras de transportes aeroviários, ferroviários, rodoviários e marítimos que respeitem a utilização de trajes, símbolos religiosos pessoais, desde que não impeçam a identificação do indivíduo no momento da revista; b. Recomendar que, respeitando-se a proporcionalidade verificada em censos religiosos, respeitando a proporcionalidade aferida no mencionado censo, seja permitido que as lideranças de Confissão Religiosa possam concorrer aos cargos de capelania em todos os órgãos públicos estaduais, a partir de uma demanda neles aferida em pesquisas realizadas pelos mesmos. Diretriz 2: Promoção da Assistência Integral: Jurídica, Social e Psicológica às Vítimas de Intolerância Religiosa Objetivo: Ampliar o atendimento jurídico, social e psicológico às vítimas de intolerância religiosa. 1. Sensibilizar o sistema de justiça como um todo, em especial o Poder Judiciário e o Ministério Público, para os temas referentes à liberdade religiosa e filosófica, da diversidade cultural e dos direitos humanos; 2
2. Fortalecer o atendimento realizado pela Defensoria Pública, sensibilizando os defensores para lidar com os casos de intolerância religiosa, a partir de capacitação e produção de material de referência; 3. Fortalecer o atendimento realizado pelo Centro de Promoção da Liberdade Religiosa & Direitos Humanos, seja jurídico, psicológico e social; 4. Criar um núcleo de mediação no Centro de Promoção da Liberdade Religiosa & Direitos Humanos; 5. Promover a capacitação dos servidores em exercício nas Delegacias de Polícia e outras unidades policiais, em relação à adequada identificação e tipificação dos casos de intolerância religiosa para fins de atendimento e registro; 6. Fortalecer o atendimento realizado por escritórios modelos das faculdades de Direito, sensibilizando os operadores atuantes para lidar com os casos de intolerância religiosa, a partir de capacitação e produção de material de referência; 7. Fortalecer o atendimento às vítimas pelos centros de mediação do Poder Judiciário, sensibilizando os operadores atuantes para lidar com os casos de intolerância religiosa, a partir de capacitação e produção de material de referência; 8. Sensibilizar os operadores do Sistema de Segurança Pública, para os temas referentes aos casos de intolerância religiosa, a partir de capacitação e produção de material de referência; a. Divulgar amplamente na comunidade acadêmica o Plano Estadual Pela Liberdade Religiosa e Direitos Humanos; b. Incentivar a criação de núcleos de mediação e de outros núcleos de Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos, para lidar com os casos de intolerância religiosa; c. Sensibilizar a Guarda Municipal, para os temas referentes aos casos de intolerância religiosa, a partir de capacitação e produção de material de referência; 3
Diretriz 3: Combater a Criminalização das Práticas Religiosas e dos Agentes Religiosos como Expressão da Intolerância Religiosa e Desrespeito aos Direitos Humanos Objetivo: Assegurar o direito à liberdade de exercício de práticas religiosas de forma a proteger os agentes religiosos de criminalização enquanto expressão de violência institucional. 1. Mapear as práticas religiosas que são consideradas Ilícitos Penais e construir base de dados no CEPLIR para que sirva à análise e elaboração de soluções técnico-científicojurídico-legislativas a serem adotadas como estratégia de combate à Intolerância Religiosa e ao desrespeitos aos direitos humanos; 2. Criar a Notificação Compulsória para o CEPLIR, ou seu similar, a partir do sistema da Delegacia Legal, sempre que houver aplicação de tipos penais existentes que possam ser usados para criminalizar as práticas religiosas, a fim de que o CEPLIR acompanhe as investigações, em especial as seguintes tipificações: curandeirismo (Código Penal, art. 284); charlatanismo (Código Penal, art. 283); falsa identidade (Código Penal, art. 307); perturbação da ordem e do sossego (Lei de Contravenções Penais, art. 42); vadiagem (Lei de Contravenções Penais, art. 59); submeter animal a crueldade ou trabalho excessivo em exibição ou espetáculo público (Lei de Contravenções Penais, art. 64, 2º); prática de ato de abuso, maus tratos, ferimento ou mutilação contra animais (Lei de Crimes Ambientais, art. 32); danificação de floresta com infringência de normas de proteção ambiental (Lei de Crimes Ambientais, art. 38); danificação de vegetação primária ou secundária com infringência de normas de proteção ambiental (Lei de Crimes Ambientais, art. 38-A); dano direto ou indireto às unidades de conservação ambiental, danificação de floresta com infringência de normas de proteção ambiental (Lei de Crimes Ambientais, art. 40); degradar floresta plantada ou nativa, danificação de floresta com infringência de normas de proteção ambiental (Lei de Crimes Ambientais, art. 50-A); poluição de praia (Lei de Crimes Ambientais, art. 54, 2º, IV); poluição por lançamento de resíduos sólidos ou detritos (Lei de Crimes Ambientais, art. 54, 2º, V), dentre outros aplicáveis; 3. Criar a Notificação Compulsória das infrações administrativas ambientais existentes que são usadas para criminalizar as práticas religiosas a partir do sistema da SISNAMA para que o CEPLIR ou outro serviço similar possa acompanhar as investigações, em especial dos seguintes tipos: prática de ato de abuso, maus tratos, ferimento ou mutilação contra animais (Decreto Federal n. 6514/2008, art. 29); danificação de vegetação com infringência de normas de proteção ambiental (Decreto Federal n. 6514/2008, art. 43); dificultar o uso de praias (Decreto Federal n. 6514/2008, art. 62, IV); poluição pelo lançamento de resíduos ou detritos (Decreto Federal n. 6514/2008, art. 62, V); poluição de praias, mar e recursos hídricos pelo lançamento de resíduos (Decreto Federal n. 4
6514/2008, art. 62, IX); realização de qualquer atividade em desacordo com o regulamento de unidades de conservação (Decreto Federal n. 6514/2008, art. 90); causar dano à unidade de conservação (Decreto Federal n. 6514/2008, art. 91), dentre outros aplicáveis; 4. Instrumentalizar o CEPLIR, ou seu similar, que fará o encaminhamento e acompanhamento das notificações recebidas às entidades que tenham a missão institucional de garantir a ampla defesa e o direito ao contraditório dos agentes religiosos criminalizados; a. Que os órgãos e mecanismos estaduais de promoção da liberdade religiosa e promoção dos direitos humanos possam acompanhar o processo de reforma do Código Penal, a fim de colaborar com as instâncias federais para atuar na descriminalização das condutas que são manifestação do exercício da liberdade religiosa, assim como aquelas que se referem à liberdade de expressão que pode ser cassada por um agente público, tal como o tipo de desacato, dentre outros aplicáveis. Diretriz 4: Criação de Rede de Compartilhamento de Informações entre as Instituições Públicas e Privadas de Proteção a Liberdade Religiosa e aos Direitos Humanos Objetivo: Possibilitar a criação de um banco de dados e monitoramento das ações de todos os entes envolvidos com essa temática. 1. Criação de um campo no registro de ocorrência para ser preenchido pela Delegacia Legal com o motivo presumido do crime; 2. O CEPLIR, ou seu similar, deve digitalizar os processos a fim de criar um acervo memorial dos casos de Intolerância Religiosa e torná-lo acessível, antes que o judiciário incinere os mesmos; 3. Criar a possibilidade de um informe relatando os conflitos relacionados aos temas da liberdade religiosa incluindo-se os casos de competência dos Juizados Especiais Criminais (JECRIM) e que tenham na sua descrição do fato a motivação religiosa para o conflito; 4. Verificar no sistema da Delegacia Legal os tipos penais que criminalizam práticas religiosas. O CEPLIR deve enviar um ofício solicitando essa informação; 5
5. Criação de convênios com universidades e o Instituto de Segurança Pública ISP para elaboração do relatório anual; 6. Orientar o Poder Judiciário que digitalize os casos de Intolerância Religiosa ou encaminhe para que o CEPLIR possa realizar a digitalização antes que estes processos sejam incinerados; 7. Orientação para os Centros de Mediação, escritórios modelos que realizem mediação préprocessual que encaminhem fotocópias ou documentos digitalizados do procedimento para o CEPLIR; 8. No caso de determinado sigilo processual, que seja orientado ao Poder Judiciário que sejam encaminhados as seguintes informações: histórico resumido do caso, sem identificação de nomes de partes ou da instituição religiosa, porém com a identificação dos segmentos religiosos envolvidos no conflito e com a sua classificação do ofensor e/ou ofendido e a solução do caso; 9. No caso de ser acordado o sigilo nos procedimentos de mediação, que seja adotado o mesmo procedimento do item anterior; 10. O CEPLIR deve formular um documento de quais os dados deverão ser fornecidos para a consolidação do banco de dados, nos casos de decretação ou acordo sobre sigilo processual ou na mediação. Diretriz 5: Garantir o Uso Plurireligioso dos Espaços Públicos Objetivo: Assegurar a ampla liberdade de culto, de crença e de expressão religiosa nos espaços públicos. 1. Que o Estado fomente e divulgue todas as manifestações culturais e turísticas de cunho religioso; 2. Que seja feita uma campanha de esclarecimento sobre o significado e pelo o respeito aos Geossímbolos que são identificados pelos grupos religiosos como lhes fortalecendo; 3. Que seja promovida, ainda que em regime de coleta especial, e descarte dos resíduos sólidos de práticas religiosas e a limpeza dos locais públicos de uso frequente para essas práticas; 6
4. Garantir nos parques estaduais de conservação ambiental, o acesso e o uso democrático de espaços para as manifestações, cultos, práticas de crenças religiosas respeitando-se a diversidade religiosa e a conservação do meio ambiente; 5. Manter e preservar os monumentos e espaços de importância turística e cultural de cunho religioso com as verbas do orçamento público anual, e incentivar a parceria e cooperação de entidades religiosas de interesse e sociedade civil. 1. Revisão da legislação municipal com respeito as seus códigos de postura de forma a viabilizar o uso do espaço público sem nenhum tipo de discriminação; 2. Que o Estado identifique os espaços importantes para os religiosos e que podem importar para o público em geral; 3. Garantir nos parques municipais de conservação ambiental, acesso e uso democrático aos espaços para as manifestações, cultos, práticas de crenças religiosas respeitando-se a diversidade religiosa e o meio ambiente; 4. Sensibilizar a empresa COMLURB, ou a sua similar, e seus agentes para os temas da liberdade religiosa e direitos humanos. FIM 7