RENTABILIDADE DA CULTURA DO MILHO SAFRINHA EM FUNÇÃO DO TIPO DE CULTIVAR NA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO

Documentos relacionados
Avaliação econômica de cultivares de milho convencionais e transgênicas nas regiões Norte e Oeste do Estado de São Paulo

AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE MILHO SAFRINHA, TRANSGÊNICO E CONVENCIONAL NO MUNICÍPIO DE COLINA, ESTADO DE SÃO PAULO, SAFRA 2013

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Resultados da Avaliação de Cultivares de Milho IAC/APTA/CATI/Empresas Safra de Verão 2015/16. Aildson Pereira Duarte Programa Milho IAC/APTA

AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE MILHO SAFRINHA TRANSGÊNICO NA REGIÃO NORTE/NOROESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO EM 2012 E

Reunião Técnica Sobre a Cultura do Milho

Resultados da Avaliação de Cultivares de Milho IAC/APTA/CATI/Empresas Safra de Verão 2014/15. Aildson Pereira Duarte Programa Milho IAC/APTA

Resultados da Avaliação de Cultivares de Milho IAC/APTA/CATI/Empresas Safra de Verão 2017/18. Aildson Pereira Duarte Programa Milho IAC/APTA

Resultados da Avaliação de Cultivares de Milho Safrinha em IAC/APTA/CATI/Empresas

CUSTO E RENTABILIDADE DE SISTEMAS DE MÉDIA E ALTA TECNOLOGIA NA PRODUÇAO DE MILHO SAFRINHA, REGIÃO DO MÉDIO PARANAPANEMA, ESTADO DE SÃO PAULO, 2013

AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE MILHO SAFRINHA NA REGIÃO PAULISTA DO MÉDIO PARANAPANEMA EM 2016 E 2017

GOTAS SALVADORAS. Irrigashow reúne cadeia para discutir o correto manejo da irrigação. O Campo é o Nosso Escritório

RESISTÊNCIA DE CULTIVARES PRECOCES DE MILHO SAFRINHA AO ENFEZAMENTO E À RISCA E EFEITO NA PRODUTIVIDADE NO ESTADO DE SÃO PAULO

DESEMPENHO PRODUTIVO E ECONÔMICO DE HÍBRIDOS DE MILHO NO SUL DE MINAS GERAIS

PRODUÇÃO DE MILHO SAFRINHA IRRIGADO, NO MUNICÍPIO DE PEREIRA BARRETO SP: CUSTOS E LUCRATIVIDADE

Viabilidade Econômica da Cultura do Milho Safrinha 2018, em Mato Grosso do Sul

INTERAÇÃO ENTRE NICOSULFURON E ATRAZINE NO CONTROLE DE SOJA TIGUERA EM MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM BRAQUIÁRIA

SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE MILHO PARA PRODUÇÃO DE SILAGEM SAFRA 2017/2018. Campinas 21 de junho de 2018

RESISTÊNCIA DE CULTIVARES DE MILHO SAFRINHA TRANSGÊNICO A MANCHAS FOLIARES NO ESTADO DE SÃO PAULO

ANÁLISES DE RENDIMENTO E RENTABILIDADE DE HÍBRIDOS DE MILHO EM QUERÊNCIA-MT, NA SAFRINHA DE 2013

OCORRÊNCIA DA MOSCA-DA-ESPIGA EM DIFERENTES HÍBRIDOS DE MILHO

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

INCIDÊNCIA DE ENFEZAMENTO E DANOS À PRODUTIVIDADE DE CULTIVARES SUPERPRECOCES DE MILHO SAFRINHA NO ESTADO DE SÃO PAULO

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

ANÁLISE DE CUSTOS DE PRODUÇÃO DE SOJA (GLYCINE MAX) EM PLANTIO CONVENCIONAL NO CENTRO-OESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO

DANOS OCASIONADOS POR Spodoptera frugiperda E Dichelops melacanthus EM HÍBRIDOS DE MILHO SAFRINHA NO ESTADO DE SÃO PAULO

IAC/CATI/EMPRESAS- 2015/16 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AS REGIÕES DO ESTADO. Eng. Agr. PqC. Eduardo Sawazaki Centro de Grãos e Fibras - IAC

INOCULAÇÃO DE SEMENTES COM Azospirillum E NITROGÊNIO EM COBERTURA NO MILHO SAFRINHA

Resultados da Avaliação de Cultivares de Milho IAC/APTA/CATI/Empresas Safra de Verão 2013/14. Aildson Pereira Duarte Programa Milho IAC/APTA

EVOLUÇÃO DO CONSÓRCIO MILHO-BRAQUIÁRIA, EM DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE CULTIVARES DE MILHO EM FUNÇÃO DA DENSIDADE DE SEMEADURA, NO MUNÍCIPIO DE SINOP-MT

Viabilidade Econômica da Cultura da Soja para a Safra 2017/2018, em Mato Grosso do Sul

l«x Seminário Nacional

VIABILIDADE ECONÔMICA DE SISTEMAS DE CULTIVO DE MILHO SAFRINHA

RESPOSTA DE HÍBRIDOS DE MILHO AO NITROGÊNIO EM COBERTURA

CONTROLE QUÍMICO DE DOENÇAS FOLIARES EM CULTIVARES DE MILHO SAFRINHA TRANSGÊNICOS NO ESTADO DE SÃO PAULO

BOLETIM TÉCNICO nº 15/2017

ANÁLISE ECONÔMICA DE SISTEMAS DE MANEJO DE SOLO E DE ROTA CÃO COM CULTURAS ,(, PRODUTORAS DE GRAOS NO INVERNO E NO VERÃO

Posicionamento de Cultivares Convencionais

AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE MILHO E SORGO PARA PRODUÇÃO DE SILAGEM SAFRA 2015/2016

AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE MILHO PARA PRODUÇÃO DE SILAGEM SAFRA 2014/2015

BOLETIM TÉCNICO nº 16/2017

20 PRODUTIVIDADE DE HÍBRIDOS DE MILHO EM

HISTÓRICO E PERSPECTIVAS DA ÁREA, CUSTO E MERCADO DO MILHO SAFRINHA

BOLETIM TÉCNICO 2015/16

Avaliação de Cultivares de Milho na Região Central de Minas Geraisp. Palavras-chave: Zea mays, rendimento de grãos, produção de matéria seca, silagem

DESEMPENHO DE MILHO SAFRINHA EM DUAS ÉPOCAS DE SEMEADURA E POPULAÇÕES DE PLANTAS, EM DOURADOS, MS

6ª Jornada Científica e Tecnológica da FATEC de Botucatu 23 a 27 de Outubro de 2017, Botucatu São Paulo, Brasil

BOLETIM TÉCNICO SAFRA 2014/15

SEVERIDADE DE Puccinia polysora Underw. EM MILHO NO ESTADO DE SÃO PAULO, NA SAFRA 2015/2016 INTRODUÇÃO

Análise comparativa da lucratividade dos plantios de milho e sorgo na segunda safra em Rio Verde - GO

Avaliação de Cultivares de Milho na Região de Sete Lagoas, MG

DOSES E FONTES DE NITROGÊNIO EM COBERTURA NO MILHO SAFRINHA

Caraterísticas agronômicas de híbridos experimentais e comerciais de milho em diferentes densidades populacionais.

Avaliação de aspectos produtivos de diferentes cultivares de soja para região de Machado-MG RESUMO

CULTIVARES DE SOJA NA REGIÃO NORTE DO ESTADO DE SÃO PAULO

PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA DO MILHO HÍBRIDO AG7088 VT PRO3 CULTIVADO SOB DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO

Gessi Ceccon, Giovani Rossi, Marianne Sales Abrão, (3) (4) Rodrigo Neuhaus e Oscar Pereira Colman

PRODUTIVIDADE DO MILHO SAFRINHA EM DIFERENTES ESPAÇAMENTOS ENTRELINHAS

RESULTADOS DO ENSAIO NACIONAL DE MILHO EM CONDIÇÕES DE SAFRINHA, EM MATO GROSSO DO SUL, 2008

ANÁLISE ECONÔMICA DA PRODUÇÃO DE SOJA, MUNICÍPIO DE GUAÍRA, ESTADO DE SÃO PAULO, SAFRA 2005/06

BOLETIM TÉCNICO nº 19/2017

134 ISSN Sete Lagoas, MG Dezembro, 2006

Avaliação de variedades sintéticas de milho em três ambientes do Rio Grande do Sul. Introdução

431 - AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE MILHO EM DIFERENTES DENSIDADES DE PLANTIO EM SISTEMA ORGÂNICO DE PRODUÇÃO

DESEMPENHO DE CULTIVARES DE MILHO DE BAIXO CUSTO DE SEMENTES NA SAFRINHA 2016

ÍNDICE DE ESPIGAS DE DOIS HÍBRIDOS DE MILHO EM QUATRO POPULAÇÕES DE PLANTAS E TRÊS ÉPOCAS DE SEMEADURA NA SAFRINHA

Avaliação da performance agronômica do híbrido de milho BRS 1001 no RS

CUSTO DE PRODUÇÃO DA MANDIOCA PARA INDÚSTRIA, ANO Fernanda de Paiva Badiz FURLANETO 1, Ricardo Augusto Dias KANTHACK 2,

DESEMPENHO DE NOVAS CULTIVARES DE CICLO PRECOCE DE MILHO EM SANTA MARIA 1

Arranjo espacial de plantas em diferentes cultivares de milho

ANÁLISE DE RENTABILIDADE DO SISTEMA DE PRODUÇÃO DE SEMENTES DE MAMONA SOB REGIME DE IRRIGAÇÃO, NA FAZENDA ESTIVAS, EM GARANHUNS, ESTADO DE PERNAMBUCO

RELATÓRIO TÉCNICO WISER TÍTULO: AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA AGRONÔMICA E VIABILIDADE TÉCNICA DA UTILIZAÇÃO DO PROGRAMA WISER NA CULTURA DO MILHO

ATIVIDADES DE INSTALAÇÃO DO GLOBAL MAIZE PROJECT

COMPARATIVO DE LUCRATIVIDADE ENTRE O PLANTIO DE MILHO SEQUEIRO/SOJA E O ARRENDAMENTO DA ÁREA

Resposta de Cultivares de Milho a Variação de Espaçamento Entrelinhas.

Avaliação de Cultivares de Milho na Safra 2009/2010, em Dourados, MS

ESTUDO ECONÔMICO DO CULTIVO DA ALFACE E DO COENTRO SOB EFEITO DE ADUBAÇÕES ORGANOMINERAIS INTRODUÇÃO

AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE MILHO E SORGO PARA PRODUÇÃO DE SILAGEM SAFRA 2016/2017

Adaptabilidade e Estabilidade de Cultivares de Milho na Região Norte Fluminense

08 POTENCIAL PRODUTIVO DE CULTIVARES DE SOJA

Avaliação Preliminar de Híbridos Triplos de Milho Visando Consumo Verde.

Av. Ademar Diógenes, BR 135 Centro Empresarial Arine 2ºAndar Bom Jesus PI Brasil (89)

l«x Seminário Nacional

AVALIAÇÃO REGIONAL DE CULTIVARES DE MILHO SAFRINHA NO ESTADO DE SÃO PAULO IAC/APTA/CATI/EMPRESAS. Resultados 2017

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Leonardo Henrique Duarte de Paula 1 ; Rodrigo de Paula Crisóstomo 1 ; Fábio Pereira Dias 2

Viabilidade Econômica do Milho Safrinha, Sequeiro e Irrigado, na Região Sul de Mato Grosso do Sul, para 2016

Composição Bromatológica de Partes da Planta de Cultivares de Milho para Silagem

ESTIMATIVA DE CUSTOS PARA PRODUÇÃO DE FEIJÃO DAS ÁGUAS PARA REGIÃO DO ESCRITÓRIO DE DESENVOLVIMENTO RURAL (EDR) DE AVARÉ 1 INTRODUÇÃO

AVALIAÇÃO DE HÍBRIDOS DE MILHO SAFRINHA TRANSGÊNICO NO VALE DO PARANAPANEMA, SÃO PAULO, NO BIÊNIO 2012 E 2013

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE CULTIVARES DE MILHO SAFRINHA NO MUNICÍPIO DE SINOP-MT

Rentabilidade da sucessão soja/milho em Naviraí, MS, na safra 2017/2018 COMUNICADO TÉCNICO

AVALIAÇÃO REGIONAL DE CULTIVARES DE MILHO SAFRINHA NO ESTADO DE SÃO PAULO IAC/APTA/CATI/EMPRESAS. Resultados 2014

EFEITO DE ADUBAÇÃO NITROGENADA EM MILHO SAFRINHA CULTIVADO EM ESPAÇAMENTO REDUZIDO, EM DOURADOS, MS

Custos de Produção de Soja e Milho Safrinha em Chapadão do Sul, MS, da Safra 2016/2017

Doses e épocas de aplicação do nitrogênio no milho safrinha.

ADENSAMENTO DE SEMEADURA EM TRIGO NO SUL DO BRASIL

AVALIAÇÃO DE CULTIVARES E ÉPOCAS DE SEMEADURA DE MILHO SAFRINHA NA REGIÃO DE RIO VERDE (GO)

Transcrição:

618 RENTABILIDADE DA CULTURA DO MILHO SAFRINHA EM FUNÇÃO DO TIPO DE CULTIVAR NA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DE SÃO PAULO Fernando Bergantini Miguel (1), Aildson Pereira Duarte (2), Rogério Soares Freitas (3), Antonio Lucio Mello Martins (4), Paulo Boller Gallo (5) e Ivana Barbaro Marino Torneli (6) 1. Introdução O incremento da produtividade da cultura de milho tem acontecido em virtude do avanço tecnológico proporcionado pelo desenvolvimento de híbridos com genética superior. Para o agricultor ser bem-sucedido, a escolha das sementes é um dos aspectos mais importantes da lavoura. Devido à quebra da resistência à lagarta do cartucho da maioria das tecnologias Bt e ao aumento expressivo do preço das sementes, tem aumentado o interesse pelo cultivo do milho convencional. Para embasar a tomada de decisão na escolha do tipo de cultivar, não basta apenas a avaliação da produtividade física, devendo-se agregar a análise econômica. O presente trabalho tem como objetivo levantar o custo de produção e estimar a rentabilidade da cultura do milho safrinha empregando cultivares de milho convencionais e transgênicas nas regiões Norte e Oeste do estado de São Paulo em 2017. 2. Material e Métodos Os ensaios regionais de avaliação de cultivares de milho IAC/APTA/CATI/Empresas foram instalados na safrinha de 2017, em estações experimentais nos municípios de Guaíra, Pindorama, Votuporanga e Mococa, no Estado de São Paulo. Para o presente trabalho foi utilizada a média da produtividade de grãos na análise conjunta de todos os ensaios. A rentabilidade foi estimada utilizando-se os preços dos insumos e serviços e do milho, a partir da realidade do mercado e do histórico de preços do CEPEA (2017), nos meses de julho, agosto e setembro. Considerou-se a colheita com máquina própria. Os ensaios foram instalados no delineamento experimental de blocos ao acaso com quatro repetições. As parcelas experimentais foram compostas por quatro fileiras de 5,0 m espaçadas em 0,8 m, utilizando as duas fileiras centrais como área útil para colheita das (1) Adm. Empresas, Dr., Pesquisador, Apta, Colina SP. E-mail: fbmiguel@apta.sp.gov.br (2) Engenheiro Agrônomo, Dr., Pesquisador, IAC, Campinas SP. E-mail: aildson@iac.sp.gov.br (3) Engenheiro Agrônomo, Dr., Pesquisador, IAC, Votuporanga SP. E-mail: freitas@iac.sp.gov.br (4) Engenheiro Agrônomo, Dr., Pesquisador, Apta, Pindorama SP. E-mail: lmartins@apta.sp.gov.br (5) Engenheiro Agrônomo, Dr., Pesquisador, Apta, Mococa SP. E-mail: paulogallo@apta.sp.gov.br (6) Engenheiro Agrônoma, Dra., Pesquisadora, Apta, Colina SP. E-mail: imarino@apta.sp.gov.br

619 espigas, posterior debulha e avaliação da massa de grãos em laboratório. Calculou-se a produtividade de grãos, em sacas ha -1, corrigindo a umidade para 13%. Utilizaram-se 40 cultivares, sendo 14 convencionais: JM 4M50, JM 2M77, JM 2M80, JM 2M60, JM 3M51, P 3898, GNZ 9720, IAC 3330, IAC 8098, IAC 8046, AL Avaré, AL Paraguaçu, AL Piratininga e AL Bandeirante; e 26 transgênicas: AG 7098 PRO2, AG 8780 PRO3, AG 8690 PRO3, 2B810PW, 2B587 PW, 2B633 PW, 2B610 PW, NS 90 PRO, NS 92 PRO 2, DKB 315 PRO, DKB 290 PRO3, MG 580PW, MG 652PW, MG 699PW, MG 744PW, MG 600PW, LG 3055 PRO, RB 9080 PRO2, RB 9005 PRO2, AS 1633 PRO3, GNZ 9688 PRO, ADV 9345 PRO3, 30A37 PW, 30S31 VYH, CD 3770PW e Impacto VIP3. Na maioria dos locais empregou-se o sistema de plantio direto. Na adubação de semeadura foi aplicado 200 kg -1 da fórmula 08-28-16, e uma adubação de cobertura, em média, 200 kg ha -1 de N na forma de ureia. As sementes foram tratadas com o inseticida Tiametoxam, 120 ml do p.c. por 20 kg sementes, contra pragas do solo. A população inicial foi de 55.000 plantas ha -1. Aplicou-se Atrazine em pós emergência para o manejo das plantas daninhas. As pulverizações com inseticidas foram realizadas da seguinte maneira: duas aplicações nas cultivares convencionais e uma para as transgênicas, com o uso dos inseticidas 0,5 L ha -1 de Chlorfenapyr (2.400 g L -1 ) e 0,13 L ha -1 de Clorantraniliprole (200 g L -1 ) na primeira e 0,10 L ha -1 de Cepermetrina e Beta-Cyfluthrin (50 g L -1 ) na segunda aplicação. A aplicação de inseticidas nas cultivares transgênicas foi feita de acordo com as recomendações de Michelotto et al. (2017), que constataram a quebra parcial ou total da resistência da maioria das tecnologias Bt do milho safrinha à lagarta do cartucho. A metodologia para determinação de custos foi baseada em Matsunaga et al. (1976), dessa forma, o custo operacional efetivo (COE) constitui o somatório das despesas com mão de obra, máquinas, equipamentos, insumos e pós-colheita. Foram determinados também os custos e lucros unitários, segundo Martin et al. (1998), sendo os seguintes indicadores para a análise de viabilidade econômica: 1) Margem bruta sobre o COE = margem bruta (COE): é a margem em relação ao custo operacional efetivo (COE), isto é, o resultado que sobra após o produtor pagar o custo operacional efetivo considerando determinado preço unitário de venda e a produtividade do sistema de produção para a atividade. Simplificando, tem-se: margem bruta (COE) = [(RB - COE) / COE) x 100] onde: RB = receita bruta; COE = custo operacional efetivo; 2) Ponto de nivelamento (COE) = COE / Pu. Este indicador mostra, dado o preço de venda e a produtividade do sistema de produção considerado por atividade, quanto está custando à produção em unidades do produto e, se comparado à produtividade, quantas unidades de

620 produto estão sobrando para remunerar os demais custos; 3) Lucro operacional (LO): constitui a diferença entre a receita bruta e o custo operacional efetivo por hectare e mede a lucratividade da atividade no curto prazo, mostrando as condições financeiras e operacionais da atividade agropecuária; 4) Índice de lucratividade (IL): esse indicador mostra a relação entre o lucro operacional (LO) e a receita bruta, em percentagem. É uma medida importante de rentabilidade da atividade agropecuária, uma vez que mostra a taxa disponível de receita da atividade, após o pagamento de todos os custos operacionais efetivos. Para determinação dos custos e dos indicadores econômicos, foram utilizados os resultados de produtividade obtidos para as cultivares convencionais e transgênicas, estabelecendo-se três grupos de cultivares a partir da comparação de médias pelo teste Tukey a 5%. O primeiro grupo foi composto pelas cultivares de elevada produtividade, com média de 5.207 kg ha -1 para as transgênicas e de 5.170 kg ha -1 para as convencionais, o segundo representado por cultivares de média produtividade, com 4.356 kg ha -1 para as transgênicas e 4.582 kg ha -1 para as convencionais e o terceiro, com as cultivares que tiveram os menores valores de produtividade, com média de 3.786 kgha -1 para as transgênicas e de 3.389 kg ha -1 para as convencionais. Estas baixas produtividades ocorreram devido à deficiência hídrica no solo e à quebra das tecnologias transgênicas Bt. Levantaram-se os preços de mercado das sementes de quase todos os híbridos avaliados, calculando-se a média dentro de cada grupo citado. Assim, tanto na produtividade quanto no preço das sementes, adotaram-se as médias dos referidos grupos. 3. Resultados e Discussão Foram simulados dois valores de preços no momento da venda da produção, o preço médio de 25 a 31 de julho de 2017 (R$ 25,53) quando foi realizada a colheita, e o preço médio de setembro de 2017 (R$ 28,49), segundo CEPEA (2017). Verificou-se que no grupo de alta produtividade o COE por hectare foi 13,7% superior para o transgênico em relação ao convencional (Tabela 1). Nas operações mecanizadas a cultivar transgênica teve um aumento de 19% contra a convencional, se comparada ao custo total. Já no item operações manuais, a transgênica teve um incremento de 2% contra 3% da convencional. No item insumos, a cultivar transgênica representou 78,5% do total do custo, contra 72,7% da convencional, diferença basicamente devido ao alto custo da semente transgênica. Também merece ser destacado que a cultivar convencional recebeu duas pulverizações contra uma da transgênica e mesmo assim o percentual da transgênica continuou maior.

621 Tabela 1. Custos de produção, em R$, de cultivares de milho transgênico e convencional de alta, média e baixa produtividade de milho safrinha, regiões Norte e Oeste de SP, 2017. Produtividade ------------- ------------- ----------- ------------ ------------ ------------ Cultivar % % % % % % Op. mec. 434,08 19 485,91 24 434,08 19,5 485,91 24,1 434,08 19,4 485,91 25,5 Op. man. 56,22 2 60,91 3 56,22 2,5 60,91 3,0 56,22 2,5 60,91 3,2 Insumos Semente 606,80 26,6 260,00 13 546,44 24 260,00 12,9 551,28 24,7 153,63 8,0 Tratamento semente 50,00 2,2 50,00 2 50,00 2,2 50,00 2,5 50,00 2,2 50,00 2,6 Corretivo 200,00 8,7 200,00 10 200,00 9,0 200,00 10,0 200,00 8,9 200,00 10,5 Fertilizante 516,20 22,6 516,20 26 516,20 23,2 516,20 25,7 516,20 23,1 516,20 27,1 Herbicida 257,76 11,2 257,76 13 257,76 11,6 257,76 12,8 257,76 11,5 257,76 13,5 Inseticida 154,20 6,7 170,25 8 154,20 6,9 170,25 8,5 154,20 6,9 170,25 8,9 Formicida 7,60 0,3 7,60 0,4 7,60 0,3 7,60 0,4 7,60 0,3 7,60 0,4 Total 1.792,57 78,5 1.461,81 72,7 1.732,20 77,9 1.461,81 72,7 1.737,04 77,9 1.355,44 71,2 COE 2.282,87 2.008,63 2.222,50 2.008,63 2.227,34 1.902,26 Op. mec: operações mecanizadas; Op. man: operações manuais e COE: custo operacional efetivo. No grupo de média produtividade, o COE por hectare foi de 10,6% superior para o transgênico em comparação a convencional. Nas operações mecanizadas, seguiu a mesma tendência do grupo de alta produtividade. No item insumos, as despesas da cultivar transgênica representou, em média, para os três níveis de produtividade, cerca de 78% do custo, enquanto o grupo convencional apresentou 72% em relação ao custo total. Esse maior custo é representado basicamente pelo maior preço da semente, que nos insumos representa 25%. Em alta e média produtividade, o preço da semente, comparando-se os dois sistemas, representa praticamente metade desses valores e em baixa produtividade cerca de um terço do valor total em relação ao custo da semente transgênica. No grupo de baixa produtividade estão incluídas as variedades, com preços mais baixos em relação aos híbridos. Em contrapartida, os gastos com fertilizante impactam em percentuais maiores para o grupo convencional em relação ao transgênico (26% e 23%, respectivamente). Os fertilizantes representam os maiores custos do grupo convencional em todos os níveis de produtividade. Nota-se que os herbicidas (13% e 11,5%) e inseticidas (8,5% e 6,8%) seguem essa mesma tendência, de representar percentuais maiores para o grupo convencional. No grupo de baixa produtividade, as operações mecanizadas do transgênico tiveram uma porcentagem de 19,4% sobre o custo final, contra 25,5% do convencional. Nas

622 operações manuais, o convencional tem 3,2% contra 2,5% do transgênico. No item insumos, o transgênico e o convencional obtiveram porcentagem idêntica ao grupo de média produtividade. Vale destacar que no item sementes o transgênico teve participação de 24,7% do total de insumos contra 8% do convencional. Pelo fato da média da produtividade de transgênicos e convencionais terem sido equivalentes estatisticamente, o índice de lucratividade do convencional foi maior que o transgênico (8,5% e -2,7%), (Tabela 2). No grupo de média produtividade, o cenário não se repetiu, produtividades iguais, mas com o índice de lucratividade negativo nas duas categorias de cultivares (-19,9% para o transgênico e -3,0% para o convencional). Tabela 2. Comparativo de indicadores econômicos da produção de cultivares de milho transgênico e convencional de alta, média e baixa produtividade com preço médio recebido de R$ 25,53, julho de 2017, cultura de milho safrinha, regiões Norte e Oeste de SP, 2017. Unid prod. (1) prod. (2) prod. (3) prod. (4) prod. (5) prod. (6) COE (7) R$ ha -1 2.282,87 2.008,63 2.222,51 2.008,63 2.227,34 1.902,26 Prod. (8 sc ha -1 87 86 73 76 63 56 P.M.R 9 R$ sc -1 25,53 25,53 25,53 25,53 25,53 25,53 R.Brut a10 R$ ha -1 2.221,11 2.195,53 1.853,48 1.949,64 1.610,94 1.442,02 M.Bruta 11 % -2,7 9,3-16,6-2,9-27,6-24,19 C.Unit (12) R$ sc -1 26,31 23,31 30,61 26,30 35,30 33,68 L.Unit 13 R$ sc -1-0,78 2,22-5,08-0,77-9,77-8,15 P.Niv. (14) sc ha -1 89,42 78,68 87,05 78,68 87,24 74,51 L.Op. 15) R$ ha -1-61,76 186,90-369,03-58,99-616,40-460,24 I.Lucr 16 % -2,7 8,5-19,9-3,0-38,2-31,92 (1) cultivar transgênico alta produção, (2) cultivar convencional alta produção, (3) cultivar transgênico de média produção, (4) cultivar convencional média produção, (5) cultivar transgênico baixa produção, (6) cultivar convencional baixa produção, (7) custo operacional efetivo, (8) produtividade, (9) preço médio unitário recebido, (10) renda bruta, (11) margem bruta, (12) custo unitário, (13) lucro unitário, (14) ponto de nivelamento, (15) lucro operacional e (16) índice de lucratividade. O preço médio das sementes do grupo de alta produtividade: foi de R$ 606,80 (trans.) e R$ 260,00 (conv.), o grupo de média produtividade: foi de R$ 546,44 (trans.) e R$ 260,00 (conv.) e de baixa produtividade foi de R$ 551,28 (trans.) e R$ 153,63 (conv.), com decréscimo significativo nas convencionais de média para baixa produtividade (variedades). Simulando um preço médio de venda do mês de setembro de 2017, no grupo de alta produtividade, tem-se como índice de lucratividade 7,9% para a cultivar transgênica e 18% para a convencional, já no grupo de média produtividade, obtivemos valor negativo no índice de lucratividade, com -6,86% para a transgênica e positivo para as convencionais de 7,23%. No grupo de baixa produtividade, o índice de lucratividade se manteve negativo, com - 24,09% para as transgênicas contra -19,23% para as convencionais.

623 Tabela 3. Comparativo de indicadores econômicos da produção de cultivares de milho transgênico e convencional de alta, média e baixa produtividade com preço médio recebido de R$ 28,49, setembro de 2017, milho safrinha, regiões Norte e Oeste de SP, 2017. Unid. prod. (1) prod. (2) prod. (3) prod. (4) prod. (5) prod. (6) COE (7) R$ ha -1 2.282,87 2.008,63 2.222,51 2.008,63 2.227,34 1.902,26 Prod. (8) sc ha -1 87 86 73 76 63 56 P.M.U.R. (9) R$ sc -1 R$ 28,49 R$ 28,49 R$ 28,49 R$ 28,49 R$28,49 R$28,49 Bruta (10) R$ ha -1 2.478,63 2.450,14 2.079,77 2.165,24 1.794,87 1.595,44 M.Bruta (11) % 8,58 21,98-6,42 7,80-19,42-16,13 C.Unit (12). R$ sc -1 26,31 23,31 30,61 26,30 35,30 33,68 L.Unit. (13) R$ sc -1 2,18 5,18-2,12 2,19-6,81-5,19 P.Niv. (14) sc ha -1 80,13 70,5 78,01 70,50 78,18 66,77 L.Op. (15) R$ ha -1 195,76 441,51-142,74 156,6-432,47-306,82 I.Lucrat. (16) % 7,9% 18,0-6,86 7,23-24,09-19,23 (1) cultivar transgênico alta produção, (2) cultivar convencional alta produção, (3) cultivar transgênico de média produção, (4) cultivar convencional média produção, (5) cultivar transgênico baixa produção, (6) cultivar convencional baixa produção, (7) custo operacional efetivo, (8) produtividade, (9) preço médio unitário recebido, (10) renda bruta, (11) margem bruta, (12) custo unitário, (13) lucro unitário, (14) ponto de nivelamento, (15) lucro operacional e (16) índice de lucratividade. 4. Conclusões Produtividade de milho safrinha abaixo de 4,3 t ha -1 é antieconômica, independentemente do tipo de cultivar e do momento da venda produção. Existem cultivares convencionais com o mesmo potencial produtivo das transgênicas que proporcionam melhor rentabilidade devido ao menor preço das sementes e pouco acréscimo no custo com inseticidas, considerando a necessidade de uma aplicação nas transgênicas. Referências CEPEA/ESALQ Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz Disponível em: <https://www.cepea.esalq.usp.br/br/indicador/milho.aspx> Acesso em: 15 set. 2017. MARTIN, N.B.; SERRA, R.; OLIVEIRA, M.D.M.; ÂNGELO, J.A.; OKAWA, H. Sistema integrado de custos agropecuários - CUSTAGRI. Informações Econômicas, São Paulo, v.28, n.1, p.7-28, 1998. MATSUNAGA, M.; BEMELMANS, P.F.; TOLEDO, P.E.N.; DULLEY, R.D.; OKAWA, H.; PEDROSO, I.A. Metodologia de custo de produção utilizada pelo IEA. Agricultura em São Paulo, São Paulo, v.23, n.1, p.123-139, 1976. MICHELLOTO, M.D.; DUARTE, A.P.; FREITAS, R.S.; MIGUEL, F.B.; CROSARIOL, N.J Revista Núcleus, edição especial - 2º Encontro técnico sobre as culturas da soja e do milho no noroeste Paulista, Araçatuba, 14 jul. 2017 - Disponível em: file:///c:/users/fernando/appdata/local/microsoft/windows/inetcache/content.outlook/9t4 TRQ63/Artigo%20Revista%20Nucleus%202017.pdf