OCORRÊNCIA DA MOSCA-DA-ESPIGA EM DIFERENTES HÍBRIDOS DE MILHO

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1 OCORRÊNCIA DA MOSCA-DA-ESPIGA EM DIFERENTES HÍBRIDOS DE MILHO Marcos Doniseti Michelotto (1), Aildson Duarte Pereira (2), Rogério Soares de Freitas (3), Melina Zacarelli Pirotta (4), Tamiris Marion de Souza (4), Isabela Fiochi (4), Jonas Henrique Gatti (5) e Antonio Lucio Mello Martins (6) Introdução Um dos principais fatores que compromete o rendimento e a qualidade da produção desta cultura é a incidência de pragas. Dentre os insetos que atacam a espiga do milho, a mosca-da-espiga, Euxesta spp. (Diptera: Otitidae) tem sido relatada como uma praga secundária em milho (PINTO et al., 2004). As larvas, geralmente em grupos, atacam os grãos situados na ponta da espiga, podendo acarretar um processo de putrefação da espiga. Com o ataque, essa região fica apodrecida, o que prejudica o consumo in natura e a produção de milho enlatado (MOREIRA & ARAGÃO, 2009). É uma praga oportunista, pois penetra pelos ferimentos feitos por outros insetos e potencializa os prejuízos causados por eles (LINK et al., 1984). Nas espigas, o seu ataque ocorre geralmente em conjunto com a lagartas que ocorrem na espiga. Entretanto, Villas Bôas e França (1989) relataram que esta praga também ocorre em espigas, independente da lagarta-da-espiga. Com a utilização de híbridos transgênicos (Bt) que tem como alvo os lepidópterospraga, espécies até então consideradas como pragas secundárias podem tem sua ocorrência alterada (MICHELOTTO et al., 2013). 1 Engenheiro-Agrônomo, Dr., Pesquisador Científico da APTA, Polo Regional Centro Norte, Rod. Washington Luis, km 372, , Pindorama, SP. michelotto@apta.sp.gov.br 2 Engenheiro-Agrônomo, Dr., Pesquisador Científico Do Instituto Agronômico de Campinas, Caixa Postal 28, , Campinas, SP. aildson@apta.sp.gov.br 3 Engenheiro-Agrônomo, Dr., Pesquisador Científico da Apta, Polo Regional Noroeste Paulista, , Votuporanga, SP. freitas@apta.sp.gov.br 4 Graduandas em Biologia, Estagiárias da APTA, Polo Regional Centro Norte, Rod. Washington Luis, km 372, , Pindorama, SP. melina_pirotta@hotmail.com; tamirismdsouza@hotamail.com 5 Graduando em Agronomia, Bolsista Pibic CNPq/APTA, Polo Regional Centro Norte, Rod. Washington Luis, km 372, , Pindorama, SP. jonas_gatti@yahoo.com.br 6 Engenheiro-Agrônomo, Dr., Pesquisador Científico da APTA, Polo Regional Centro Norte, Rod. Washington Luis, km 372, , Pindorama, SP. lmartins@apta.sp.gov.br [1]

2 Desta forma, o objetivo deste trabalho foi verificar a ocorrência da mosca-da-espiga, Euxesta spp. em diferentes híbridos de milho contendo diferentes tecnologias Bt (Yieldgard, Herculex, VTPro, VTPro2, Viptera 3, Optimum Intrasecta e Powercore). Material e Métodos O ensaio foi instalado no dia 25 de março de 2013 em área experimental do Polo Regional Noroeste Paulista da Agência Paulista de Tecnologias dos Agronegócios (APTA) em Votuporanga, estado de São Paulo, seguindo normas recomendadas pela CTNBIO. Foi utilizado o delineamento experimental de blocos casualizados, com 38 tratamentos (híbridos) e quatro repetições. Dos 38 híbridos, 15 contendo a tecnologia VTPro, nove Herculex, cinco Powercore, três Yieldgard, dois VTPro2, um Viptera3 e três híbridos convencionais (Tabela 1). As parcelas foram constituídas de 4 linhas de 5 metros, com 80 cm entre linhas e população inicial de plantas.ha -1. Já a adubação de semeadura consistiu de 300 kg.ha -1 de adubo formulado (NPK) e a adubação de cobertura de 300 kg.ha -1 do formulado Aos 85 dias após a emergência das plantas, quando os grãos da maioria dos híbridos atingiram o ponto de pamonha, dez espigas de cada parcela foram colhidas e encaminhadas ao Polo Regional Centro Norte em Pindorama, SP. As espigas foram abertas e avaliadas quanto à presença e ausência de larvas da mosca. Para análise dos resultados, foi realizada análise de variância e as médias foram transformadas em x + 5 e comparadas pelo teste de Scott Knott a 5% de probabilidade. Resultados e Discussão A porcentagem de espigas atacadas pela mosca-da-espiga foi agrupada pelo método estatístico em três grandes grupos (altamente atacadas, medianamente atacadas e pouco atacadas). Dentro de todos os grupos, porém, há uma grande diversidade de tecnologias (Bt). Por exemplo, o híbrido com maior porcentagem de ataque foi o NS 50 PRO com 95% das espigas com presença de larvas da mosca, enquanto o híbrido AG 7098 PRO não apresentou espigas com presença de larvas ou com sintomas de ataque, embora ambos sejam de mesma tecnologia VTPro (Tabela 1). [2]

3 Tabela 1. Porcentagem de espigas atacadas com Euxesta spp. em diferentes híbridos de milho transgênicos e convencionais. Votuporanga, Híbridos % de espigas com mosca NS 50 PRO 95,0 a BI 8160 YG 85,0 a 2B433 PW 80,0 a GNZ 9505 YG 70,0 a 2B604 PW 62,5 a AG 8500 PRO 60,0 a 2B512 PW 60,0 a 20A78 HX 55,0 a AS 1642 PRO 55,0 a AS 1555 PRO 55,0 a BG 7061 H 55,0 a DKB 350 PRO 50,0 b DKB 175 PRO 47,5 b DKB 390 PRO2 42,5 b 2B688 PW 42,5 b BG 7065 H 40,0 b 30A37 PW 40,0 b P 4285 H 40,0 b P 3646 H 35,0 b GNZ 9688 PRO 32,5 b Impacto Vip3 30,0 b GNZ 9626 PRO 30,0 c CD 384 HX 27,5 c IAC ,5 c CD 333 HX 17,5 c DKB 310 PRO 17,5 c BX 1293 YG 15,0 c BG 7032 H 12,5 c AL Piratininga 12,5 c AG 5055 PRO 12,5 c DKB 177 PRO2 10,0 c IAC ,0 c DKB 340 PRO 10,0 c AS 1626 PRO 10,0 c AS 1581 PRO 7,5 c NS 90 PRO 7,5 c 30A16 HX 2,5 c AG 7098 PRO 0,0 c Média 35,86 Teste F 6,76** C.V (%) 26,57 Médias seguidas da mesma letra na coluna pertencem ao mesmo grupo pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade; **= significativo a 1% de probabilidade. [3]

4 Outro ponto importante a ser destacado é a posição dos híbridos convencionais IAC 3330, AL Piratininga e IAC 8390, todos localizados no grupo de baixo ataque com 27,5; 12,5; e 10%, respectivamente. Desta forma, pode-se inferir que a ocorrência desta mosca pode estar mais relacionada com características genotípicas do híbrido e não com a tecnologia (Bt) empregada no controle de lepidópteros-praga. Tal fato pode ser confirmado analisando-se a Tabela 2, na qual híbridos convencionais e de tecnologia VT Pro2 não diferem entre si apresentando as menores porcentagens de ocorrência de moscas, 16,7 e 26,5%, respectivamente; enquanto híbridos de tecnologia Powercore e Yieldgard apresentam 57,0 e 56,7% de suas espigas atacadas, respectivamente. Tabela 2. Comparação entre as tecnologias disponíveis em relação a porcentagem de espigas atacadas com Euxesta spp. Votuporanga, 2013 Tecnologias % de espigas com mosca Powercore (5) 57,0 a Yieldgard (3) 56,7 a VT Pro (15) 32,7 ab Herculex (9) 31,7 ab Viptera3 (1) 30,0 ab V T Pro2 (2) 26,3 b Convencional (3) 16,7 b Média 35,9 Teste F 6,14** CV (%) 15,76 Médias seguidas da mesma letra na coluna pertencem ao mesmo grupo pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade; **= significativo a 1% de probabilidade. Conclusões Os híbridos com maior porcentagem de ataque foram NS 50 PRO, BI 8160 YG, 2B433 PW, GNZ 9505 YG, 2B604 PW, AG 8500 Pro, 2B512 PW, 20A78 HX, AS 1642 Pro, AS 1555 Pro e BG 7061H, enquanto o híbrido AG 7098 PRO foi o único a não ter espiga com presença de larvas da mosca-da-espiga. O uso da tecnologia Bt empregada no controle de lepidópteros-praga não apresentou efeito sobre a ocorrência da mosca-da-espiga, Euxesta sp. [4]

5 Referências LINK, D.; STORCK, L.; CERVI, J.A.; PADOIN, J.; GIULIANI, D. Ocorrência da mosca Euxesta sp. em milho-doce na região de Santa Maria. Revista do Centro de Ciências Rurais, v.14, p.93-99, MICHELOTTO, M. D.; CROSARIOL NETTO, J.; FREITAS, R.S.; DUARTE, A. P.; BUSOLI, A.C. Milho transgênico (Bt): efeito sobre pragas alvo e não alvo. Nucleus, Ituverava, v.10, n.3, p.67-82, MOREIRA, H.J.C.; ARAGÃO, F.D. Manual de pragas do milho. Campinas: [s.n.], p. PINTO, A. de S.; PARRA, J.R.P.; OLIVEIRA, H. N. de. Guia ilustrado de pragas e insetos benéficos do milho e sorgo. Ribeirão Preto: A. S. Pinto, p. VILLAS BÔAS, G. L.; FRANÇA, F. H. Controle da lagarta da espiga Heliothis zea (Bod., 1850) (Lepidoptera: Noctuidae) e da mosca Euxesta sp. (Diptera: Otitidae) em milho-doce. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENTOMOLOGIA, 12, 1989, Belo Horizonte. Resumos... Belo Horizonte, p.290. [5]