AVALIAÇÃO SOCIOAMBIENTAL DE PRODUTORES RURAIS LOCALIZADOS NA BACIA DO MANANCIAL DE ITUPARARANGA

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Transcrição:

AVALIAÇÃO SOCIOAMBIENTAL DE PRODUTORES RURAIS LOCALIZADOS NA BACIA DO MANANCIAL DE ITUPARARANGA Luiz Augusto Manfré 1 ; Alexandre Marco da Silva 1 ; Rodrigo Custódio Urban 1 1 UNESP Campus Sorocaba. Av. Três de março, 511 - Sorocaba /SP. CEP: 18087-180. e-mail: luizmanfre@yahoo.com.br Resumo A agricultura possui íntima relação com os recursos naturais, sendo que, o equilíbrio entre produção e preservação é essencial para o desenvolvimento sustentável e para a manutenção da capacidade produtiva. O presente estudo objetivou avaliar as condições ambientais, o manejo do solo e a relação homem/ambiente junto a pequenos produtores rurais. O estudo foi desenvolvido na bacia do manancial de Itupararanga, localizada no município de Ibiúna (SP). Foram aplicados 30 questionários, com perguntas semi-estruturadas, buscando levantar informações sobre as condições de saneamento básico, tratos culturais, práticas e posturas dos produtores com relação aos recursos naturais e questões sócio-econômicas da produção. Os resultados evidenciaram grande predominância de respeito às APPs localizadas dentro das propriedades. Além disso, ficou evidente a falta de organização comunitária para promover a comercialização dos produtos e grande participação de revendedores. Desta forma, o questionário permitiu a identificação de problemas que podem agravar a qualidade ambiental da área, servindo como indicador para ações municipais que possam subsidiar a melhoria da relação entre os produtores e os recursos naturais. Palavras-chave: Recursos Naturais; Tratos culturais; Saneamento Básico; Alto Sorocaba. Introdução De acordo com Rodrigues, Castro e Teixeira (2007) entre os anos de 1960 e 1992 foram transferidos, anualmente, 40% da renda do setor agrícola para outros setores, o que agravou a situação da agricultura no Brasil. Entre as décadas de 60 e 70, foi instituída a política de crédito rural, que beneficiou principalmente o grandes produtores, contribuindo pouco com a agricultura familiar, que é responsável por mais de 40% da produção agrícola do país. Visando melhorar a infra-estrutura da agricultura familiar, duas políticas nacionais foram implantadas, sendo que a Política de Estabilização de Renda tem sido uma alternativa para incentivar os produtores familiares. Entretanto, as políticas de incentivo ao desenvolvimento não têm considerado uma premissa extremamente importante, considerando-se a atual conjuntura ambiental, que é a montagem de sistemas ambientalmente sustentáveis e economicamente rentáveis. Segundo Abramovay (1997), esse é um dos maiores desafios colocados pelos agricultores aos especialistas. O encontro entre a questão ambiental e a produtividade se materializa por meio das estratégias que os agricultores implementam, pois tentam promover a conservação aliada à produção (VILLABERDE, 2002). Desta forma, é extremamente importante avaliar o manejo do solo aplicado por produtores rurais e suas condições ambientais, bem como, sua postura com relação aos recursos naturais que utiliza, sobretudo em bacias de manancial, que possuem grande importância social e ambiental. O presente estudo visou avaliar as condições ambientais, o manejo do solo e a relação homem/ambiente na região do Alto Sorocabuçu, município de Ibiuna (SP).

Metodologia Foram aplicados questionários em 30 propriedades rurais onde a principal atividade econômica fosse a horticultura. Além de traçar o perfil dos produtores rurais de cada bacia hidrográfica estudada, foram levantados os principais diferenciais entre os tratos culturais empregados no cultivo convencional (bacia hidrográfica do rio Paiol) e no cultivo orgânico (bacia hidrográfica do rio Sorocabuçu. A elaboração do questionário baseou-se nos trabalhos de Rodrigues e Campanhola (2003), Luiz e Silveira (2000), Villaberde (2002). Os critérios adotados pelos autores originaram um questionário semi-estruturado, que buscou explorar as informações relativas ao saneamento básico, recursos hídricos, postura com relação aos recursos naturais, tratos culturais, aspectos sócio-econômicos e escoamento da produção. Para facilitar a interpretação das informações obtidas através da aplicação dos questionários, os dados foram agrupados por bacia hidrográfica, tendo sido extraídas a porcentagem e a estatística descritiva para as informações de perguntas fechadas. As demais informações e observações foram consideradas para a compreensão holística de cada caso. Resultados e Discussão A tabela 1 mostra as informações coletadas sobre as ações e postura dos proprietários entrevistados com relação aos recursos naturais. É importante destacar que 80% dos entrevistados respeitam as Áreas de Preservação Permanentes (APPs) localizadas em suas propriedades. O histórico de ocupação das propriedades mostrou que a maioria delas (72%) possuem uso destinado ao cultivo há mais de 10 anos. A retirada de vegetação para práticas de cultivo ocorreu em 12% dos entrevistados, bem como, a mudança de atividade, de reflorestamento para cultivo. Além disso, de acordo com o levantamento, apenas 12% dos entrevistados consideram os recursos naturais imprescindíveis e estão dispostos a alterar as práticas adotadas e recuperar áreas degradadas. Tabela 1 Práticas e postura dos entrevistados com relação aos Recursos Naturais. Presença de Recursos Nenhum Um Dois ou mais Hídricos 20 68 12 Nenhuma Uma Duas ou mais Presença de Nascentes 76 12 12% Respeito às APPs 80 20 Fonte de Água para Rede Pública Poço Nascente Rio consumo 0 52 28 20 Fontes de Poluição 56 44 Erosão Aparente 4 96 Práticas Conservacionistas 0 100 Alteração em Intervenção Práticas com Impactos Queimadas Desmatamentos Cursos D'água em Nascentes Negativos 0 20 40 15

Uso anterior do solo nos últimos 10 anos Postura com relação aos Recursos Naturais Disposição para alterar o uso do solo Disposição para recuperar áreas degradadas Presença de Açudes na propriedade Vegetação Reflorestamento Pastagem Cultivo 12 4 12 72 Imprescindíveis Importantes Estão em Sem segundo plano importância 12 44 40 4 Grande Razoável Pequena 12 64 24 Grande Razoável Pequena 12 56 32 40 60 Na tabela 2 pode-se verificar os dados relativos aos tratos culturais dos proprietários, que em geral são acompanhados por um técnico especializado (80%), utilizam máquinas para o preparo do solo (92%) e apresentam problemas com pragas de origem vegetal (64%). Considerando-se apenas os produtores de agricultura convencional, destaca-se a destinação das embalagens, que em sua maioria são lavadas e encaminhadas para a coleta específica. No entanto, 18% dos produtores, promovem outra destinação para as embalagens, que incluem a queima das mesmas ou o descarte aleatório. Tabela 2 Tratos culturais praticados pelos entrevistados. Presença de Pragas Vegetais Fungos Insetos 64 20 40 Doenças na lavoura 36 64 Lavagem adequada das embalagens de agrotóxicos 82 18 Coleta Coleta Descarte Destinação das Embalagens Queima Específica Convencional Aleatório de Agrotóxicos 82 0 6 12 Acompanhamento de Técnico Especializado 80 20 Captação de água para Rio Nascente Poço Açude irrigação 52 4 4 40 Uso de Máquinas 92 8 Disposição para alterar técnica de cultivo * 41 59 * Considerando-se apenas os agricultores que praticam cultivo convencional. Os dados sobre saneamento básico são mostrados na tabela 3, que evidencia a falta de coleta de esgoto, que em geral é destinado a fossas negras (82%) e a baixa qualidade da coleta de lixo, que acarreta na queima por parte dos resíduos produzidos. Além disso, a participação, no programa de

coleta seletiva municipal, é baixa (31%), o que foi justificado pelos entrevistados pela baixa assiduidade do programa. Tabela 3 Saneamento básico para os entrevistados. Destinação dos Resíduos Queima Coleta Municipal Sólido 12 88 Participação da Coleta Seletiva * 31 69 Realização de processo de compostagem 16 84 Rede Municipal Destinação do Esgoto Fossa Negra Fossa Séptica Curso d'água 82 18 0 0 *Considerando-se apenas os bairros atendidos pelo serviço de coleta seletiva municipal. A tabela 4 apresenta as informações relativas à questões sócio-econômicas dos produtores rurais. Nota-se que 32% dos entrevistados contratam mão-de-obra, sendo que, o restante restringe à família o trabalho na lavoura. Além disso, destaca-se que em 28% das propriedades os residentes se deslocam para o centro urbano mais próximo para exercer atividades remuneradas. A baixa atividade de organizações comunitárias para promover a venda de produtos e a grande participação de revendedores também deve ser destacada. Tabela 4 Informações sócio-econômicas dos entrevistados. Utilização de mão-de-obra contratada 32 68 Produção em área arrendada 20 80 Famílias Residentes na área Nenhuma Uma Duas ou mais de Produção 20 64 16 Alocação da mão-de-obra fora da propriedade Beneficiamento de produtos Conexão com Organização Comunitária Venda de Produtos Criação de Animais Condição de Acesso à propriedade Na zona rural 4 Na zona Urbana 28 16 84 12 88 Consumidor Organização Comunitária Revendedor 8 12 80 56 44 Boas Regulares Ruins Péssimas 52 28 12 8

*Foram contabilizadas a quantidade de propriedades que possuem moradores que trabalham na propriedade e fora dela, sendo que, em todas ao menos um morador trabalha na propriedade, por isso a somatória dos itens é maior que 100%. Conclusões O estudo permitiu concluir que os produtores rurais da área de estudo não recebem infra-estrutura suficiente para a destinação de esgoto e de resíduos sólidos de maneira adequada, o que prejudica a qualidade ambiental da região. Além disso, nota-se que agricultura é a principal atividade da região e que muitas famílias se dedicam exclusivamente ao cultivo de hortaliças. O comportamento dos produtores com relação aos recursos naturais se mostrou bem dividido entre os entrevistados, o que evidencia a necessidade programas de conscientização sobre a relação homem e ambiente. Desta forma, a ferramenta apresentada se mostrou de grande valia para o diagnóstico socioambiental para pequenos agricultores. Agradecimentos À FAPESP, pela concessão das bolsas de mestrado (Processos nº 2009/02534-7 e nº 2009/02182-3) aos autores do trabalho. Aos produtores rurais que forneceram as informações utilizadas neste trabalho. Referências ABRAMOVAY, R. Agricultura familiar e uso do solo. São Paulo em pesquisa, v. 11, n. 2, p. 73 78, abr./jun., 1997. Disponível em: <www.econ.fea.usp.br/abramovay/artigos_cientificos/1997/agricultura_familiar.pdf>. Acesso em: 20 Fev. 2009. LUIZ, A.J.B.; SILVEIRA, M.A. Diagnóstico rápido e dialogado em estudos de desenvolvimento rural sustentável. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 35, n. 1, p. 83-91, 2000. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/pab/v35n1/6903.pdf>. Acesso em: 18 Ago 2010. RODRIGUES, G.S.; CAMPANHOLA, C. Sistema integrado de avaliação do impacto ambiental aplicado a atividades do Novo Rural. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 38, n. 4, 445-451, 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pab/v38n4/a01v38n4.pdf>. Acesso em: 18 Ago 2010. RODRIGUES, R. V.; CASTRO, E. R.; TEIXEIRA, E. C. Avaliação de uma política de estabilização de renda para a agricultura familiar. Revista de Estudos Rurais, Rio de Janeiro, v. 45, n. 1, p. 139 162, jan./mar., 2007. VILLABERDE, M. S. Agricultura e meio ambiente: posições sociais e estratégias de agricultores assentados em áreas de proteção ambiental. 119 p. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Rural Agricultura, Meio Ambiente e Sociedade)- Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, 2002.