RECESSÃO EM CURSO NO MERCADO INTERNACIONAL E EVIDÊNCIAS CLARAS DE PERDA DE COMPETITIVIDADE DO PRODUTO NACIONAL PREOCUPA EMPRESAS DO SETOR FLORESTAL

Documentos relacionados
RUMOS DOS NEGÓCIOS FLORESTAIS EM FACE AO AMBIENTE DE INSTABILIDADE NO COMÉRCIO MUNDIAL

commodities, destinadas principalmente ao mercado asiático e cujos preços estiveram

Análise Conjuntural Agosto/2011

O setor florestal em Foi um ano bom ou ruim? E 2012?

INFLAÇAO E CAMBIO EM ALTA DEIXAM MERCADO DE PRODUTOS FLORESTAIS INDEFINIDO

VOLATILIDADE ATUAL DOS MERCADOS GLOBAIS MOLDA CENÁRIO OTIMISTA PARA NEGÓCIOS FLORESTAIS NO MÉDIO E LONGO PRAZO

MERCADOS DE PRODUTOS FLORESTAIS SE SUSTENTAM APESAR DA DURADOURA CRISE ECONÔMICA INTERNA

Segmento de Celulose e Papel

ANO NOVO: HÁ EXPECTATIVAS PARA IMPULSIONAR NEGÓCIOS FLORESTAIS?

MERCADO INTERNO FRACO LEVA NEGÓCIOS FLORESTAIS À EXPORTAÇÃO

Segmento de Celulose e Papel

CAMBIO EM ALTA FAVORECE DE FORMA VARIADA OS SEGMENTOS DO SETOR FLORESTAL

Guerra Cambial e seus Impactos nos Negócios Florestais

NEGÓCIOS FLORESTAIS AGUARDAM NOVO CENÁRIO POLÍTICO ECONÔMICO PARA ALAVANCAGEM

INDÚSTRIA CONTRARIA EXPECTATIVAS E VOLTA A CRESCER. SETOR FLORESTAL TEM DESEMPENHO SEMELHANTE.

Fatores que impactaram o setor florestal em 2010

INDÚSTRIA NACIONAL TEM TRIMESTRE POSITIVO E SETOR FLORESTAL MOVIMENTA-SE NA MESMA DIREÇÃO

POSSÍVEIS REAÇÕES DO SETOR FLORESTAL ÀS RECENTES MEDIDAS DO GOVERNO DE APOIO A INDÚSTRIA NACIONAL CONTRA A FORTE CONCORRÊNCIA DO PRODUTO IMPORTADO

MATURIDADE DE INVESTIMENTOS E RECUPERAÇÃO ECONÔMICA NUTREM EXPECTATIVAS DE SUCESSO NOS NEGÓCIOS EM 2013

INCERTEZAS DEIXAM MERCADOS APREENSIVOS E NEGÓCIOS FLORESTAIS ATUAM PRÓXIMOS DA ESTABILIDADE

ECONOMIA EM QUEDA REDUZ EXPECTATIVA DE CRESCIMENTO DO SETOR FLORESTAL PARA 2014.

QUADRO POLÍTICO INSTÁVEL ADIA REFORMAS, MAS HÁ EXPECTATIVAS DE MELHORIAS PARA OS NEGÓCIOS FLORESTAIS

NEGÓCIOS FLORESTAIS TÊM FOLEGO PARA IR MAIS LONGE NA ATUAL CRISE DA INDÚSTRIA

A ESTAGNAÇÃO ECONÔMICA TAMBÉM ASSOMBRA OS NEGÓCIOS DO SETOR FLORESTAL

Mercados de produtos florestais alternam entre estagnação e crescimento nos seus diversos setores em 2016

Segmento de Celulose e Papel

ESFORÇO PRODUTIVO REDOBRADO EVITA RECUOS NA ECONOMIA E SETOR FLORESTAL MANTÉM-SE COM RESULTADOS POSITIVOS

NEGOCIOS FLORESTAIS CONSEGUEM SUSTENTAR-SE NUM AMBIENTE DE SEVERO DECLÍNIO ECONÔMICO INTERNO E TURBULÊNCIA ECONÔMICA NO MERCADO EXTERNO EM 2014

Segmento de Celulose e Papel

CRESCIMENTO OSCILANTE TRAZ INCERTEZAS À ECONOMIA E DEIXA MERCADO DE PRODUTOS FLORESTAIS SEM AVANÇOS SIGNIFICATIVOS

MERCADOS DE PRODUTOS FLORESTAIS SOB CENÁRIO DE PRESSÕES POLITICAS, AMBIENTAIS, SOCIAIS E FINANCEIRAS.

NEGOCIOS FLORESTAIS FECHAM POSITIVAMENTE PRIMEIRO SEMESTRE DE 2015

AGRONEGÓCIO BRASILEIRO EM DESTAQUE NA ECONOMIA: NEGOCIOS FLORESTAIS SEGUEM NA MESMA DIREÇÃO

Boletim de. Recessão avança com diminuição lenta da inflação em 2015 Inflação e desemprego

PRIMEIRO QUADRIMESTRE DE 2015 TRAZ RESULTADOS POSITIVOS POREM MODERADOS NOS NEGOCIOS FLORESTAIS

CÂMBIO FAVORÁVEL MANTÉM SUCESSO APARENTE DE EXPORTAÇÕES FLORESTAIS, MAS A ECONOMIA PRECISA DE MUDANÇAS ESTRUTURAIS

DEMORA NAS DECISÕES POLÍTICAS E ECONÔMICAS CAUSA FRUSTRAÇÕES NA EXPANSÃO DOS NEGÓCIOS FLORESTAIS

SETOR FLORESTAL CONTINUA IMPULSIONANDO A BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS DE CAPITAL MECÂNICOS

Relatório Conjuntura Econômica Brasileira 2º trimestre de 2013

PERSPECTIVAS ECONÔMICAS ATUAIS EXIGEM MUDANÇAS PARA MELHORAR DESEMPENHO DO SETOR FLORESTAL EM 2014

NEGÓCIOS FLORESTAIS DEMANDAM MUDANÇAS MICRO E MACROECONÔMICAS RADICAIS PARA CRESCER EM 2015

SITUAÇÃO ATUAL DO MERCADO INTERNO DE PRODUTOS FLORESTAIS

2015 DESCORTINA COMO ANO DE GRANDES DESAFIOS PARA O MERCADO DE PRODUTOS FLORESTAIS CRESCER

EXPORTAÇÕES MODERADAS DÃO SUSTENTAÇÃO AO SETOR FLORESTAL FRENTE À CRISE

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS DE CAPITAL MECÂNICOS

Relatório Conjuntura Econômica Brasileira 3º trimestre de 2013

LENTA RECUPERAÇÃO ECONÔMICA E DESAFIOS ESTRUTURAIS AINDA PREOCUPAM OS VÁRIOS SEGMENTOS DO SETOR FLORESTAL

Segmento de Celulose e Papel

DEPECON Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos. Cenário Econômico e Desempenho Mensal da Indústria

O desempenho dos principais indicadores da economia brasileira em 2008

POSSÍVEIS IMPACTOS DAS MEDIDAS GOVERNAMENTAIS DE DESACELERAÇÃO DA ECONOMIA NO SETOR FLORESTAL BRASILEIRO

O CAMBIO FAVORECE, MAS CRISE E INOPERÂNCIA INTERNA IMPEDEM GANHOS DE COMPETITIVIDADE NOS EMPREENDIMENTOS FLORESTAIS

Não há crise no setor! Será?

A atividade industrial paulista cresceu 12,1% em junho

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS DE CAPITAL MECÂNICOS

Indicadores SEBRAE-SP

Conjuntura Nacional e Internacional Escola Florestan Fernandes, Guararema, 3 de julho de º. PLENAFUP

Desempenho do Comércio Exterior Paranaense Junho 2011

A INDÚSTRIA EM NÚMEROS

Situação da economia e perspectivas. Gerência-Executiva de Política Econômica (PEC) 18 de fevereiro de 2014

INDX registra alta de 1,09% em Julho

Relatório Conjuntura Econômica Brasileira 1º trimestre de 2013

Nota de Crédito PF. Fevereiro Fonte: BACEN Base: Dezembro de 2014

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS DE CAPITAL MECÂNICOS

DESEMPENHO da ECONOMIA de CAXIAS DO SUL. Fevereiro/2012 CÂMARA DE INDÚSTRIA, COMÉRCIO E SERVIÇOS DE CAXIAS DO SUL. Presidente Carlos Heinen

Figura 1 Principais índices de inflação, em variação % jun/13 jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14 mar/14 abr/14 mai/14 jun/14

DESACELERAÇÃO GRADUAL DO CRESCIMENTO GLOBAL E EXPANSÃO DE INVESTIMENTOS NOS NEGÓCIOS FLORESTAIS BRASILEIROS

CENÁRIO ECONÔMICO 2017:

A INDÚSTRIA EM NÚMEROS

A INDÚSTRIA EM NÚMEROS

A INDÚSTRIA EM NÚMEROS

Inflação, nível de atividade e setor externo: o desempenho dos principais indicadores da economia brasileira

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS DE CAPITAL MECÂNICOS

A INDÚSTRIA EM NÚMEROS

A INDÚSTRIA EM NÚMEROS

A INDÚSTRIA EM NÚMEROS

Desempenho do Comércio Exterior Paranaense Julho 2012

Indicadores SEBRAE-SP

ANÁLISE MERCA DOLÓ GICA B. FOREST 37

SONDAGEM INDUSTRIAL. Trajetória de recuperação segue firme no encerramento do ano. Utilização média da capacidade instalada Percentual (%)

A INDÚSTRIA EM NÚMEROS

Conjuntura Econômica do Brasil Agosto de 2013

ONDA INFLACIONÁRIA PRESSIONA MERCADO DE PRODUTOS FLORESTAIS

A atividade industrial registra queda de 2,2% em julho

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS DE CAPITAL MECÂNICOS

Situação da economia e perspectivas. Gerência-Executiva de Política Econômica (PEC)

SONDAGEM INDUSTRIAL. Atividade industrial mostra fôlego

Indicadores SEBRAE-SP

A INDÚSTRIA EM NÚMEROS

DESEMPENHO da ECONOMIA de CAXIAS DO SUL

A INDÚSTRIA EM NÚMEROS

Banco de Dados Nov/10

RETRAÇÃO CONTAGIA NEGÓCIOS FLORESTAIS E AFETA CRESCIMENTO DE ALGUNS SEGMENTOS

Desempenho do Comércio Exterior Paranaense Abril 2016

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS DE CAPITAL MECÂNICOS

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS DE CAPITAL MECÂNICOS

Resultados de julho 2014

Produtividade Física do Trabalho na Indústria de Transformação em Janeiro de 2016

Indicadores SEBRAE-SP

Transcrição:

RECESSÃO EM CURSO NO MERCADO INTERNACIONAL E EVIDÊNCIAS CLARAS DE PERDA DE COMPETITIVIDADE DO PRODUTO NACIONAL PREOCUPA EMPRESAS DO SETOR FLORESTAL A atual conjuntura do mercado brasileiro tem deixado perplexos os analistas, uma vez que este vem se apresentando de forma ambígua ou paradoxal. Ao mesmo tempo em que o mercado brasileiro deveria refletir os efeitos da recessão econômica que se abate sobre as maiores economias mundiais, reduzindo suas exportações, este, contraditoriamente, mostra resultados recordes no valor total dessas. Simultaneamente, o Brasil vem apresentando um aumento das importações de uma grande diversidade de produtos. Internamente, os rumos tomados pela economia não são menos contraditórios. Alguns segmentos crescem vertiginosamente, enquanto outros já sentem os efeitos de mudanças nos indicadores macroeconômicos, como a redução do crédito e o aumento da inflação, reduzindo a produção. A perda da competitividade da indústria nacional é evidente para a maioria dos analistas e economistas em face de vários fatores, mas principalmente da pesada carga tributária e da taxa de câmbio (o real sobrevalorizado em relação ao dólar americano). O cenário de redução do crescimento econômico dos Estados Unidos e da Europa, a especulação financeira internacional, a redução de estoques de produtos estratégicos, o desemprego e a redução de crédito no combate a inflação têm trazido fortes preocupações para a maioria das empresas brasileiras. O modo como essas variáveis irão evoluir determinará o melhor ou pior desempenho atual dos negócios florestais brasileiros. A análise conjuntural do Centro de Inteligência em Florestas deste mês de setembro de 2011 aborda os movimentos e expectativas dos vários segmentos do setor florestal brasileiro, diante das turbulências externas e internas enfrentadas pela economia brasileira. Segmento de Celulose e Papel Segundo executivos do segmento, as empresas de celulose e papel estão perdendo competitividade, pois atravessam dois tipos de pressão: a tributária e a da taxa de câmbio. Há também o problema de inflação, mas este não é visto como uma questão alarmante. Assim, o que se espera do Governo são ações que reduzam a taxa 1

de câmbio a um nível moderado e que promovam uma reforma tributária em curto prazo. No que diz respeito às exportações brasileiras de celulose e papel, não houve nenhuma grande retração nos últimos meses. Dados do MDIC mostram que as exportações de celulose apresentaram um crescimento médio mensal de 2%, de abril a julho desse ano, e as exportações de papel reduziram 3,3% ao mês, em média. A China está crescendo menos, mas ficou durante 20 anos crescendo muito. É impossível manter esse ritmo, segundo Antonio Maciel Neto, CEO da Suzano. Por outro lado, o cenário de recessão dos Estados Unidos preocupa o segmento, assim como o cenário da Europa. No entanto, para a maioria dos executivos, o cenário global não é tão grave como o da crise de 2008. Para Paulo Eduardo Brand, CEO da CENIBRA, há vários pontos negativos que podem empurrar o preço para baixo, sendo difícil prever - porque não sabemos a evolução da economia européia e americana. Segundo ele, o cenário não é otimista - mas também não vejo um cenário catastrófico, adiciona Brand (CeluloseOnline). De abril a agosto deste ano, os preços da celulose em São Paulo apresentaramse estáveis e o preço do papel offset em bobina e cut size tiveram uma redução de 0,2% e de 2%, respectivamente (CEPEA, 2011). Para a BRACELPA, a principal preocupação é o crescimento das importações de papel no país e a provável existência de fraudes e concorrência desleal em parte dessas operações. Segmento de Madeira Processada A ameaça da crise econômica que atinge os países ricos pode se alastrar pelo mundo e prejudicar as exportações de madeira processada. O resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre deste ano reforça o quadro atual de preocupação para o setor industrial, alerta a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O PIB industrial cresceu somente 0,2% no segundo trimestre deste ano, frente ao trimestre anterior. A indústria de transformação ficou estável no período. A construção civil é que vem demonstrando um maior crescimento. Dados divulgados pelo Sindicato da Indústria da Construção no Estado de São Paulo (SINDUSCON-SP) demonstram que a construção civil deverá crescer 5% até o final de 2011. A forte demanda do setor ocorrida entre 2005 e 2010 provocou um aumento de 31% no PIB da construção civil. A tendência de que a construção civil continuará evoluindo se confirma a cada dia. Este fato é um bom sinal para o segmento industrial madeireiro, que tem plenas 2

condições de atender às grandes demandas com estruturas e componentes industrializados a partir de madeiras cultivadas e tratadas (Agência BOM DIA). Em agosto, as exportações de madeira e derivados foram de US$166.473 mil, representando um aumento de 16,7% em relação ao mês anterior. As importações foram de US$19.933 mil, representando um aumento de 41% em relação ao mês anterior. Portanto, o saldo na balança comercial de agosto foi de US$146.540 mil (aumento de 14% em relação a julho). Quando comparado com o mês de agosto do ano passado, as exportações, importações e o saldo da balança variaram -1,7%, 68% e -2,7%, respectivamente. Em 2011, de janeiro a agosto, a balança comercial acumulou um saldo de US$1.150.494 mil, representando uma redução de 2,7%, quando comparada ao mesmo período do ano passado. Esses números indicam uma recuperação do ritmo de crescimento neste último mês, porém aquém dos resultados alcançados no ano de 2010 (Tabela 1). Tabela 1 Balança comercial brasileira para madeira e derivados (capítulo 44) de janeiro a agosto de 2010 e 2011, em 1.000 US$ 2011 2010 Variação % entre anos Mês Exportação Importação Saldo Exportação Importação Saldo Exp. Imp. Saldo Jan 138.946 10.651 128.295 115.079 7.350 107.729 20,7 44,9 19,1 Fev 151.265 13.293 137.972 141.550 8.239 133.311 6,9 61,3 3,5 Mar 173.645 13.110 160.535 169.801 11.759 158.042 2,3 11,5 1,6 Abr 150.836 13.292 137.545 159.113 10.498 148.615-5,2 26,6-7,4 Mai 175.258 14.930 160.328 173.477 9.640 163.837 1,0 54,9-2,1 Jun 164.813 14.045 150.767 159.807 11.912 147.895 3,1 17,9 1,9 Jul 142.604 14.092 128.512 177.307 12.179 165.128-19,6 15,7-22,2 Ago 166.473 19.933 146.540 169.309 11.841 157.468-1,7 68,3-6,9 Total 1.263.840 113.346 1.150.494 1.265.443 83.418 1.182.025-0,1 35,9-2,7 Fonte: MDIC, elaborado pela equipe do CI Florestas. As exportações de madeira do Brasil para os países árabes cresceram 19%, de janeiro a julho deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. Nos sete primeiros meses de 2011, as vendas do produto à região somaram US$28,264 milhões, ante US$23,752 milhões nos sete primeiros meses de 2010. Isso se deve a um boom na construção civil destes países, diz Jeziel de Oliveira, superintendente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (ABIMCI) - enquanto houver esta alta na construção civil da região, o Brasil vai continuar exportando para lá, afirma o executivo. Segundo Oliveira, os principais países 3

compradores são Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos e Iraque. O executivo diz que, com a crise financeira mundial de 2008, mercados tradicionais da madeira brasileira, como Estados Unidos e países da Europa, reduziram suas importações, fazendo com que os produtores nacionais tivessem que buscar novos mercados, como o mundo árabe, que tem comprado produtos como madeira compensada, pisos, lâminas, portas etc. Oliveira não acredita, no entanto, que as exportações para a região devem continuar crescendo até o final do ano - a tendência é estabilizar. As vendas serão mantidas, mas não acredito que vá haver grandes pulos, afirma (Rede Brasil/Adaptado por CeluloseOnline). Em agosto de 2011, alguns preços do metro cúbico de madeira serrada na Zona da Mata Mineira tiveram alta, a saber: Eucalipto (R$1.100,00), Angelim Margoso (R$1.831,00) e Sucupira (R$1.935,00); alta de 10%, 5% e 0,4%, respectivamente. O preço do metro cúbico do Jatobá (R$2.295,00) e Pinus (R$800,00) se mantiveram estáveis (CIFlorestas). Conforme discutido, o segmento de madeira processada, em agosto, recuperou o fôlego com o aumento das exportações (16,7%), mas prevê-se que com a crise haja uma redução das mesmas. Até o momento, tanto o mercado interno, como o mercado externo, tem mantido o ritmo de crescimento, garantido principalmente pela expansão da construção civil. Segmento de Produtos Florestais Não Madeireiros No segmento de produtos florestais não madeireiros, o sistema de tributação e a política salarial vigente são considerados grandes entraves no momento. Para empresários do segmento, há necessidade de desoneração fiscal e de reformas previdenciária e trabalhista. O segmento enfrenta, ainda, outro grave problema: a carência de investimento em inovação tecnológica. Além disso, atualmente, outras preocupações são o risco de queda dos preços, que afetaria a rentabilidade dos produtores, e a redução das exportações, pela retração do consumo nos principais mercados e, ou, pela desvantagem cambial resultante da valorização do real frente ao dólar. De abril a julho desse ano, os preços da castanha-de-cajú no Ceará e do palmito no Espírito Santo tiveram um aumento médio de 6,5% e de 0,6%, respectivamente (CEASA/ES, 2011; CEASA/CE, 2011). Por sua vez, o preço da borracha natural reduziu 4,7% no mesmo período (APABOR, 2011). 4

Apesar da redução dos preços da borracha natural, estes ainda são os mais altos das últimas três décadas. O segmento produtor comemora, mas observa a evolução dos preços com certa apreensão, devido à atual situação econômica dos Estados Unidos,dos países da Europa e da China. Contudo, uma vez que a oferta de coágulo é restrita nesta época de entressafra, o produto deve manter-se sobrevalorizado. De acordo com a Associação Paulista de Produtores e Beneficiadores de Borracha (APABOR), o mercado internacional da borracha natural permanece estável. O mercado de futuros mostra uma tendência de manutenção dos preços nos patamares atuais nos próximos meses, pelo menos até o final de 2011 - os sinais de desvalorização do real frente ao dólar gera expectativa de aumento do preço da borracha brasileira, diante da estabilização do mercado asiático, afirma Heiko Rossmann, diretor da associação. Em relação à castanha-de-cajú e a castanha-do-brasil, houve um aumento das exportações nacionais de 9,7% e 9,2%, respectivamente, de abril a julho deste ano. No caso do palmito, as exportações brasileiras reduziram 3,8% nesse mesmo período, provavelmente, pela perda de competitividade do país na exportação desse produto. Segmento moveleiro O setor moveleiro brasileiro, neste segundo semestre de 2011, apresenta um quadro geral preocupante em face das incertezas que têm marcado o comportamento da economia global. O setor tem apresentado resultados pontuais diversos e simultâneos - positivos e negativos; reflexos do que vem ocorrendo com a indústria nacional. Segundo IBGE, em junho de 2011, a produção industrial brasileira teve comportamento de queda de 1,6%, frente a maio. Já em julho, ela apresentou um comportamento de aumento - 0,5%, frente a junho. Tais resultados são corroborados pela análise de desempenho da Confederação Nacional da Indústria (CNI) para o mesmo mês. Em agosto, o quadro de incertezas permanece. Segundo o gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, o recuo no indicador do uso da capacidade instalada da indústria na análise dos indicadores usados pela confederação confirma um arrefecimento na atividade industrial nos últimos meses - a tendência é de que essa desaceleração continue. Teremos um Natal menos favorável à indústria brasileira, com maior consumo de produtos importados, previu. Embora as exportações brasileiras continuem batendo recordes no decorrer de 2011, e, em especial, em agosto, as exportações do setor moveleiro não estão tendo o 5

mesmo desempenho. Segundo dados do MDIC, apresentados na Tabela 2, de janeiro a agosto de 2011, embora crescentes, as exportações apresentam queda em todos os meses no comparativo com os mesmos meses de 2010, exceto em agosto, quando houve uma ligeira recuperação. No acumulado do ano, o Brasil exportou, aproximadamente, US$ 300 milhões em móveis, um resultado 12% inferior ao obtido no mesmo período em 2010. Tabela 2 - Exportações totais de móveis no período de janeiro a julho de 2010 e 2011 (Valores expressos em 1000US$ FOB) Meses Total Variação 2010 2011 2011/2010 Jan 31.377 29.297-7% Fev 40.670 37.020-9% Mar 47.249 39.407-17% Abr 44.017 35.796-19% Mai 48.201 40.410-16% Jun 42.312 41.611-2% Jul 46.100 38.493-16% Ago 40.743 44.226 + 8% Total 340.669 300.393-12% Fonte: MDIC, elaborado pela equipe do CI Florestas. Em termos de importações de móveis, é interessante observar o que vem ocorrendo ao longo dos meses deste ano (Tabela 3). Praticamente inexpressivas no passado recente, em 2011, essas importações estão apresentando aumentos expressivos para todos os tipos de móveis. No comparativo com 2010, as importações de janeiro a agosto de 2011 se apresentam 115% maiores do que aquelas no mesmo período. Tal quadro vem revelando perda de competitividade da indústria moveleira nacional; fato este também constatado em outras indústrias brasileiras. A valorização da moeda brasileira tem sido um dos principais responsáveis por essa perda de competitividade. 6

Tabela 3 - Importações totais de móveis no período de janeiro a agosto de 2010 e 2011 (Valores expressos em 1000US$ FOB) Meses Total Variação 2010 2011 2011/2010 Jan. 236 837 254% Fev. 709 991 39% Mar. 840 1386 64% Abr. 432 533 23% Mai. 578 1008 74% Jun. 575 1069 85% Jul. 625 1258 101% agosto 821 3273 298% Total 4816 10355 115% Fonte: MDIC, elaborado pela equipe do CI Florestas. Apesar de esboçar um quadro de desaceleração no seu crescimento, as recentes medidas de incentivo dadas pelo governo federal visando desonerar o setor de móveis, mais os investimentos em promoção e inovação, além do aquecimento da demanda interna, devem sustentar o crescimento do setor até o final do ano. Equipe Técnica do Centro de Inteligência em Florestas Naisy Silva Soares Economista, D.Sc. Ciência Florestal Alberto Martins Rezende Eng. Agrônomo, M.Sc. Economia Rural Márcio Lopes da Silva Eng. Florestal, D.Sc. Ciência Florestal Altair Dias de Moura Eng. Agrônomo, PhD. Agribusiness Management * Permitida a reprodução desde que citada a fonte. 7