O AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE E SUA PARTICIPAÇÃO NO PLANEJAMENTO FAMILIAR



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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CIES COMISSÃO DE INTEGRAÇÃO ENSINO SERVIÇO DA REGIÃO CARBONÍFERA DE CRICIÚMA/MINISTÉRIO DA SAÚDE CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM REGULAÇÃO E SAÚDE DENISE BECKER FELICIANO O AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE E SUA PARTICIPAÇÃO NO PLANEJAMENTO FAMILIAR CRICIUMA, OUTUBRO DE 2008

1 DENISE BECKER FELICIANO O AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE E SUA PARTICIPAÇÃO NO PLANEJAMENTO FAMILIAR Monografia apresentada à Diretoria de Pósgraduação da Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC, para obtenção do título de especialista em Regulação em Saúde, área de concentração Controle, Avaliação e Auditoria. Orientadora: Profª. Ms. Cecília Marly Spiazzi dos Santos. CRICIUMA, OUTUBRO DE 2008

AGRADECIMENTOS 2

3 "Há homens que lutam um dia e são bons. Há outros que lutam um ano e são melhores. Há os que lutam muitos anos e são muito bons. Porém, há os que lutam toda a vida. Esses são os imprescindíveis." Bertolt Brecht

4 RESUMO Trata-se de pesquisa com abordagem qualitativa em área adstrita de um determinado ESF de um município do sul do estado de santa Catarina. A escolha desta área deu-se pelo fato de possuir um maior numero de gestantes cadastradas segundo consulta no SIAB do município. Teve como objetivo identificar a participação do profissional agente comunitário de saúde (ACS) no programa do planejamento familiar. Obteve-se informações sobre a realização de orientações, o entendimento por parte das mulheres sobre estas orientações, como elas conheceram os métodos contraceptivos utilizados, a realização de capacitações a este profissional para abordagem do assunto junto às mulheres, e o conhecimento de ambos a cerca de suas funções. Os dados foram coletados através de questionário,estes aplicados a 14 mulheres, e 06 ACS.A faixa etária estabelecida para as mulheres foi de 18 a 49 anos, considerado esta, período fértil, sendo identificadas de acordo com critérios de inclusão e exclusão,direcionando aos objetivos da pesquisa. Os resultados deixaram à percepção de que as mulheres, apesar de utilizarem métodos de anticoncepção, não vêem o ACS como um dos atores importantes no repasse das orientações sobre o planejamento familiar. O ACS apesar de afirmar ter recebido capacitação para realização desta atividade, não demonstra conhecimento tanto dos métodos existentes como de sua função frente a esse programa.a pílula,foi o método que teve grande predominância na utilização por parte das mulheres,tendo também sido citado o preservativo masculino.ao questionar sobre o conhecimento do A CS verificou-se uma bagagem de conhecimento limitada e o constrangimento na abordagem do assunto sexualidade as mulheres sem parceiros fixos.diante do exposto,sugere-se que o programa de atenção a saúde da mulher juntamente com as equipes de ESF deste município, verifiquem de forma avaliativa se as capacitações ao ACS estão sendo realizadas de acordo com a sua formação,facilitando seu entendimento, conscientizando da importância deste profissional no planejamento familiar. Palavras-chave: planejamento familiar, agente comunitário de saúde, educação em saúde.

5 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Lista de Quadros: Quadro 1 - Gestantes cadastradas no SIAB. No período de 07/2007 a 12/2007, de um município Sul de SC.... 31 Quadro 2 - Quadro de amostra das mulheres... 36 Quadro 3 - Perfil das ACS... 41

6 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ACS - Agente Comunitário de Saúde DIU - Dispositivo Intra-Uterino ESF - Estratégia de Saúde da Família NOAS - Norma Operacional de Assistência à Saúde PACS - Programa de Agentes Comunitários de Saúde PAISM - Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher PSF - Programa de Saúde da Família SIAB - Sistema de Informação de Atenção Básica SUS - Sistema Único de Saúde

7 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 9 2 HIPÓTESES... 11 3 OBJETIVOS... 12 3.1 Objetivo geral... 12 3.2 Objetivos Específicos... 12 4 REFERENCIAL TEÓRICO... 13 4.1 Atenção à Saúde da Mulher... 13 4.2 Evolução das Políticas de Atenção à Saúde da Mulher... 14 4.3 Planejamento Familiar... 15 4.4 Métodos Anticoncepcionais... 16 4.4.1 Métodos Naturais... 17 4.4.2 Método da Temperatura Basal Corporal... 17 4.4.3 Método da Ovulação ou de Billings... 18 4.4.4 Método Sinto-Térmico... 18 4.4.5 Método Aleitamento Noturno... 18 4.4.6 Métodos de Barreira... 18 4.4.7 Preservativo Masculino... 19 4.4.8 Camisinha Feminina... 19 4.4.9 Diafragma... 19 4.4.10 Espermicida... 20 4.4.11 Contraceptivos hormonais... 20 4.4.12 Dispositivo Intra-uterino (DIU)... 21 4.4.13 Anticoncepção Definitiva... 21 4.5 Estratégia Saúde da Família... 22 4.6 Educação Em Saúde... 25 4.7 Programa de Agentes Comunitários de Saúde... 27 4.8 SIAB - Sistema de Informação de Atenção Básicas... 28 5 METODOLOGIA... 29 5.1 Trajetória Metodológica... 29 5.2 Tipo de estudo... 29 5.3 Período de realização do estudo... 30 5.4 Local de Estudo... 30 5.5 Sujeito do Estudo... 31 5.6 Procedimentos para coleta de dados... 34 5.7 Apresentação e análise dos dados... 35 6 RESULTADOS... 36 6.1 Perfil da Amostra mulheres... 36 6.1.1 Categorização dos Dados... 37 6.2 Perfil da Amostra ACS... 41 6.2.1 Categorização dos dados ACS... 42

8 7 CONCLUSÃO... 46 REFERÊNCIAS... 49 APÊNDICES... 53 APÊNDICE A... 54 APENDICE B... 55 APENDICE C... 56

9 1 INTRODUÇÃO O referente estudo é uma solicitação do Curso de Pós-Graduação em Regulação em Saúde, viabilizado através da Comissão de Integração Ensino Serviço da Região Carbonífera de Criciúma/Ministério da Saúde o qual a Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC é a instituição de ensino contratada. Na finalização do curso obter-se-á o título de especialista em Regulação em Saúde Regulação, processo técnico, cientifico e político de intervenção no sistema de saúde e de coordenação da integração dos sistemas municipais, com vistas a adequar a relação entre a oferta e a demanda das ações e serviços de saúde e obter resultados superiores, do ponto de vista social, para viabilizar o acesso de forma equânime, integral e qualificado aos serviços e ações de saúde. (BAHIA, 2005). O tema surgiu através de discussões em sala de aula sobre a avaliação da qualidade dos serviços de saúde prestada a comunidade e, sobretudo diante das experiências vividas com agentes comunitários de saúde na atuação profissional como enfermeiro coordenador de Programa de Agentes Comunitários de Saúde - PACS. O programa de PACS existente desde o inicio dos anos 90, foi efetivamente instituído e regulamentado em 1997, quando se iniciou o processo de consolidação da descentralização de recursos no âmbito do sistema único de saúde (SUS). O desenvolvimento das principais ações deste programa se dá por meio dos agentes comunitários de saúde (ACS) pessoas escolhidas dentro da própria comunidade para atuarem juntas à população. (BRASIL, 2001). Segundo Ministério da Saúde (Brasil 2004) o Sistema de Informação da Atenção Básica - SIAB foi implantado em 1998, sendo hoje a Secretaria de Atenção à saúde, em conjunto com o Departamento de Informação e Informática do SUS a fim de realizar o acompanhamento das ações e dos resultados das atividades realizadas pelas equipes da Estratégia Saúde da Família - ESF. O trabalho do agente comunitário de saúde frente ao planejamento familiar se dá desde a verificação através de uma conversa informal sobre o método que está sendo utilizado pela mulher, esclarecimento a respeito deste ou

10 informações sobre os métodos existentes e possível encaminhamento ao serviço responsável. Planejamento familiar é um conjunto de ações em que são oferecidos todos os recursos, tanto para auxiliar a ter filhos, ou seja, recursos para concepção, quanto para prevenir uma gravidez indesejada, ou seja, recursos para a anticoncepção. Esses recursos devem ser cientificamente aceitos e não colocar em risco a vida e a saúde das pessoas, com garantia de liberdade de escolha. (BRASIL, 2006, p.6). Os direitos reprodutivos estão inseridos nos direitos humanos, sendo que os indivíduos para viver em pleno exercício de cidadania necessitam obter todos os direitos humanos. Segundo o Ministério da Saúde (Brasil 2006), as pessoas têm o direito de decidirem, de forma livre e responsável, se querem ou não ter filhos, quantos filhos desejam ter e em que momento de suas vidas. É uma das atribuições do ACS, proporcionar condições para que as famílias residentes em sua microárea conheçam os direitos humanos, sabendo que são necessários para o exercício da plena cidadania, no núcleo familiar e promovendo a vida em sociedade. Com relação à dinâmica do programa de planejamento familiar, encontramos em nossa prática cotidiana uma grande preocupação em divulgação dos métodos existentes no serviço, centralizando as orientações no enfermeiro, esquecendo muitas vezes do profissional ACS que, normalmente, estabelece um vinculo com as famílias por ser uma pessoa da própria comunidade, domicilio que permite obter informações a respeito de sexualidade e reprodução facilitando o repasse de informações sobre métodos contraceptivos de acordo com cada realidade. Segundo a Lei n. º 7.498 de 25 de Junho de 1986, do Conselho Federal de Enfermagem, dispõem sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem: Art. 6º São enfermeiros: o titular do diploma de enfermeiro conferido por instituição de ensino nos termos da lei. Art.11 O enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendolhe: privativamente: a) Direção do órgão de enfermagem integrante da estrutura básica da instituição de saúde pública e privada, e chefia de serviço e de unidade de enfermagem.

11 Ao apresentar a idéia do tema do projeto à coordenação de ESF e a mesma realizando uma consulta ao SIAB (Sistema de Informação da Atenção Básica) observou-se um número expressivo de gestantes cadastradas no programa. Diante destes fatores, ocorreu então, a necessidade por parte do pesquisador realizar um estudo referente a orientações de planejamento familiar realizada pelo ACS as mulheres de sua microárea. Torna-se indispensável repensar a importância do trabalho em equipe, PACS e PSF, valorizando o potencial do profissional ACS para que este contribua de forma efetiva no planejamento familiar em suas visitas domiciliares, não sendo somente um mero preenchedor de formulários e boletins. Diante destes aspectos citados, o estudo tem como pergunta: Os agentes comunitários da saúde da unidade de ESF de uma determinada localidade participam do planejamento familiar? 2 HIPÓTESES O agente comunitário de saúde não conhece suas atribuições; O ACS não é capacitado para realizar orientações de planejamento familiar; A abordagem realizada pelo ACS a respeito do planejamento familiar não está sendo entendida pelas famílias; O ACS não estabelece uma relação de confiança para que possa abordar o assunto de planejamento familiar;

12 3 OBJETIVOS 3.1 Objetivo geral Identificar se os Agentes Comunitários de Saúde participam do planejamento familiar. 3.2 Objetivos Específicos - Identificar o conhecimento do ACS a respeito de suas atribuições; - Obter informações a respeito da realização de orientações para o trabalho do ACS no planejamento familiar; - Verificar se as orientações realizadas pelos ACS proporcionam esclarecimento no que se refere ao planejamento familiar; - Verificar a possibilidade de estabelecerem uma relação de confiabilidade junto às famílias para abordagem e orientações de planejamento familiar.

13 4 REFERENCIAL TEÓRICO 4.1 Atenção à Saúde da Mulher Segundo Ministério da Saúde (BRASIL, 2004) as mulheres representam a maioria da população brasileira (50,77%) e são as principais usuárias do sistema único de saúde (SUS). Observa-se em nossa realidade que a mulher procura o serviço de saúde, buscando assistência para algum familiar amigo ou conhecido e, sobretudo acaba esquecendo sua saúde, muitas vezes pela sobrecarga de tarefas como dividir-se em trabalhos domésticos, trabalho fora de casa (emprego formal ou informal), e familiar com todo seu contexto de responsabilidades, problemas. Segundo censo demográfico da Fundação Instituto Brasileiro de Estatística-IBGE (2000 apud ZAMPIERI, 2005), em Santa Catarina a população é de 5.350.360, sendo constituídas por 2.687.049 mulheres, das quais 2.141.715 residem na área urbana e apenas 545.334 residem na área rural. Apesar de termos a falsa sensação de que nos dias de hoje homens e mulheres vivem em plena igualdade diante da sociedade, observa-se a discriminação pela falta de oportunidade tanto no ambiente familiar como nas relações de trabalho. No entanto não podemos esquecer que esta desigualdade ou discriminação é histórica, havendo avanços, não exatamente como se queria, mas importante na conquista de espaço na sociedade. Na realidade, a mulher ainda tem muitos caminhos a trilhar para reverter totalmente o papel passivo historicamente construído em relação a sua saúde. Precisa conhecer seu corpo, sua sexualidade, sua reprodução para que possa viver sua vida plenamente e se autodeterminar. A mulher brasileira ainda não tem liberdade de escolha sobre o espaçamento das gestações e tem limitada a percepção sobre o leque de opções para regular a sua fecundidade (método contraceptivo mais adequado), apesar de assumir praticamente sozinha o planejamento de números dos filhos. (ZAMPIERI et al., 2005, p.24). Segundo Coelho (2003 apud BRASIL, 2004), quando necessitamos conceituar saúde da mulher, encontra-se várias definições, desde as mais restritas

14 direcionando aos aspectos da biologia e anatomia do corpo feminino, ou em uma maior amplitude, interagem com os direitos humanos e cidadania. Na primeira concepção a mulher é vista apenas na sua função reprodutiva, sendo a maternidade seu principal atributo excluindo os direitos sexuais. A Conferência Internacional sobre população e desenvolvimento de 1994, diz que a saúde reprodutiva implica, por conseguinte, que a pessoa possa ter uma vida sexual segura e satisfatória, tendo a capacidade de reproduzir e a liberdade de decidir sobre quando e quantas vezes fazê-lo. A partir destas reflexões não se pode continuar direcionando a atenção à saúde da mulher somente para o período de gravidez e puerpério ou existência de algum agravo instalado. A clientela feminina que atendemos diariamente tem direito a um atendimento para suas necessidades do cotidiano e de informações para que possa decidir sobre sua pessoa como mãe, esposa, e sobre tudo como mulher. 4.2 Evolução das Políticas de Atenção à Saúde da Mulher Segundo Ministério da Saúde (Brasil 2004), no Brasil a saúde da mulher nas primeiras décadas do século XX, foi limitada a clientela relacionada à gravidez e ao parto, traduzindo uma visão restrita sobre a mulher no seu papel de mãe e domestica. Como característica destes programas podemos citar também a fragmentação e metas que eram definidas a nível central sem considerar a realidade local. Nessas décadas o que ocorria era o esquecimento da mulher como cidadão e pessoa, atribuindo que ela somente necessitaria de cuidados quando grávida ou no momento do parto. As questões de qualidade de vida, realização pessoal e oportunidades não se faziam importantes, assim como os demais ciclos de sua vida. A partir de movimentos feministas que acreditavam que a saúde da mulher poderia ser muito mais do que o modelo proposto na época iniciou-se reformulação nas políticas de saúde na mulher. Segundo Ministério da Saúde (Brasil 2004) em1984 foi elaborado o Programa de Assistência Integral a Saúde da Mulher (PAISM).

15 O PAISM incorporou como principio de diretrizes as propostas de descentralização e hierarquização e regionalização dos serviços, bem como a integralidade e equidade da atenção. Este programa incluiria medidas preventivas, diagnósticas tratamento e ações educativas, realizando assistência a mulher em ginecologia, pré-natal, parto, puerpério, climatério, planejamento familiar, DST, câncer de colo e mama, sempre levando em conta o perfil da comunidade. Certamente esta nova visão de atenção à mulher, tem sua estreita relação com a constituição de1988, Lei 8.080 e a Lei 8.142, que reorganiza a atenção básica por meio de estratégia do programa saúde na família. 4.3 Planejamento Familiar O planejamento familiar, direito e todo o individuo, visa proporcionar conhecimento e condições para que este decida sobre sua fertilidade. Programando com consciência e responsabilidade quantos filhos vai ter, em que momentos de sua vida e se deseja tê-los, tendo assim maior autonomia sobre seu futuro. Segundo Zampieri e Nascimento (2005), no Brasil, o planejamento familiar, segundo a constituição de 1988, está fundamentado nos princípios de dignidade humana e da paternidade responsável, sendo de livre decisão do casal. Em 12/11/1996, foi decretado a Lei nº. 9.263, que regulamenta o planejamento familiar no Brasil, tal lei garante acesso igualitário de informações, meios, métodos e técnicos disponíveis para regulação da fecundidade. (BRASIL, 2004 apud ZAMPIERIE e NASCIMENTO, 2005). A utilização de métodos para impedir a reprodução é algo que acontece desde o início da humanidade. Com o passar do tempo estes métodos foram se aprimorando havendo descoberta de novos medicamentos e equipamentos, continuando a mulher sendo responsável imediata pela anticoncepção, quando esta responsabilidade deveria ser assumida pelo casal. Planejar a reprodução traz a mulher maior oportunidades de desenvolvimento pessoal e de participar ativamente na sociedade contribuindo para igualdade para ambos os sexos. Nesta lógica o

16 planejar a dois será uma forma de valorizar a mulher como pessoa com direito a conquistar estas oportunidades. Segundo Ministério da Saúde (BRASIL, 2004), na pesquisa nacional sobre demografia e saúde, realizada em 1996, observa-se à concentração no uso de dois métodos contraceptivos: a laqueadura tubária e a pílula (40% e 20%) respectivamente, outros métodos anticoncepcionais como: hormonais injetáveis 1,2% Condón 4,4%, esterilizarão masculina 2,6%, DIU 1,1%, métodos naturais e outros 6,6%). Outros fatos mencionados pela pesquisa, 43% de usuários de algum método interrompem o uso em 12 meses, nos 5 anos que antecedeu a pesquisa 50% dos nascimentos não foram planejados. O Ministério da Saúde (BRASIL, 2004) cita que na NOAS-SUS 2001, está definido que ações de planejamento familiar devem ser trabalhadas na atenção básica e que estão incluídas nas responsabilidades dos municípios em relação à saúde da mulher. Não somente no que diz respeito ao fornecimento do método, mas com ações educativas e de aconselhamento favorecendo uma escolha livre e informada com acompanhamento dos usuários. O censo de 2000 demonstra que a taxa de fecundidade tem aumentado no grupo de 15 a 19 anos de idade com predominância em regiões mais pobres, com menor escolaridade. Neste sentido observa-se que as ações de planejamento familiar estão voltadas às mulheres com parceiros fixos e que e os serviços de saúde não possuem atenção a saúde sexual de suas mulheres, resultando em adoção de métodos sem orientações e consequentemente uso de maneira incorreta. 4.4 Métodos Anticoncepcionais São as formas utilizadas pelas mulheres/homens/casais para planejarem o espaçamento entre uma gravidez e outra ou evitá-la. Pra que os métodos anticoncepcionais sejam eficazes os usuários devem estar orientados para uma escolha correta, sendo que cada indivíduo, casal ou situação é algo em particular necessitando assim de um método especifico para tal.

17 São maneiras, medicamentos, objetos e cirurgias usadas pelas pessoas para evitar a gravidez. Existem métodos femininos e masculinos. Existem métodos considerados reversíveis, que são aqueles que a pessoa, após parar de usá-los, volta a ter a capacidade de engravidar. Existem métodos considerados irreversíveis, como a ligadura de trompas uterinas e a vasectomia, porque, após utilizá-los, é muito difícil a pessoa recuperar a capacidade de engravidar. (BRASIL, 2006, p.23). 4.4.1 Métodos Naturais: Segundo Zampieri e Nascimento (2005) são métodos que visam identificar o período fértil da mulher, considerando alguns pontos importantes: o período de liberação do óvulo, a sobrevida do óvulo após ovulação e do espermatozóide após sua chegada ao aparelho genital feminino: Método de Ogino-Knauss: (calendário ou tabelinha) objetiva constatar o período da ovulação que ocorre entre 12 a 16 dias antes da próxima menstruação, deve-se verificar o numero de dias de cada ciclo desde o 1º dia da menstruação até o dia que antecede a próxima menstruação durante 8 a 12 ciclos. Calcula-se a diferença do maior ciclo e o menor, sendo que este por acima de seis sua contra indicado a utilização deste método. Caso a diferença for igual à maior que seis calcula-se o período entre da seguinte forma: - Diminuir 18 do menor ciclo, este será o 1º dia do período fértil. - Diminuir 11 do maior ciclo, este será o sétimo dia do período fértil. - A mulher terá que se abster de relações sexuais nestes dias. 4.4.2 Método da Temperatura Basal Corporal Este método consiste em determinar a fase infértil pós ovulatória através da temperatura do corpo em repouso. Esta temperatura poderá ser medida via oral (5 min), retal ou vaginal (3 min), pela manha auto de realizar qualquer atividade na verificação, observa-se um aumento da temperatura por quatro dias.

18 4.4.3 Método da Ovulação ou de Billings Através da observação da característica do muco cervical que identificará o período fértil e infértil. Na fase pré-ovulatória o muco é pegajoso branco ou amarelo dando uma sensação de secura na vulva. Sob a ação do estrogênio o muco cervical da uma sensação de umidade e lubrificação na vulva indicando o período fértil, é transparente, elástico, escorregadio e fluído. Como clara de ovo na presença deste muco deve se abster de relações sexuais quando não desejar ter filhos. 4.4.4 Método Sinto-Térmico Utilizado combinado com os demais métodos naturais: Ogino Knaus, temperatura corporal ou billings. Consiste na determinação do período fértil através de sinais e sintomas que indicam a ovulação: dor abdominal, sensação de peso nas mamas, mamas inchadas ou doloridas, variação de humor, enxaqueca, acne, ganho de peso, aumento de apetite, etc. 4.4.5 Método Aleitamento Noturno A sucção do bebe freqüente leva a anovulação e amenorréia. A amamentação terá que ser de forma exclusiva e com intervalo de 3 horas incluindo a noite devendo ser usado até 6 meses após o parto. 4.4.6 Métodos de Barreira São métodos utilizados para impedir a penetração dos espermatozóides no canal cervical são eles: preservativo, condon ou camisinha (camisa de vênus), camisinha feminina, diafragma e espermicidas.

19 4.4.7 Preservativo Masculino É um método bastante conhecido em todo o mundo. Trata-se de um envoltório de látex ou borracha que reveste o pênis durante a relação sexual e retém o esperma após a ejaculação. Seu uso também protege contra doenças sexualmente transmissíveis. O preservativo deve ser utilizado em todas as relações sexuais e antes de qualquer contato do pênis com a vagina. Ao colocá-lo deve-se desenrolar o preservativo com o pênis ereto deixando um espaço de 2 cm na extremidade para o armazenamento do sêmen no momento da ejaculação. 4.4.8 Camisinha Feminina Segundo Cevam (2000 apud ZAMPIERI e NASCIMENTO, 2005), conceitua a camisinha feminina, sendo uma bolsa cilíndrica com anéis de poliuretano nas duas extremidades que é inserida na vagina antes da relação sexual. A camisinha é descartável e pode ser inserida até 8 horas antes da relação. Serve como armazenamento do espermatozóide, impedido o contato deste com a vagina. 4.4.9 Diafragma O diafragma consiste em um anel flexível coberto no centro com uma fina membrana de borracha em forma de cúpula. A mulher o coloca na vagina antes de cada relação sexual, sendo que cobrirá completamente o colo do útero e a parte superior da vagina. A parte convexa voltada para a vulva e a parte posterior em contato com o fundo de saco de Douglas. Este método exige que a mulher consiga identificar e sentir o colo do útero e não tenha resistência em se tocar. Devendo ser orientada por um profissional até se sentir totalmente segura ao utilizá-lo sozinha.

20 4.4.10 Espermicida São substâncias químicas que recobre a vagina e o colo do útero formando uma película para impedir a penetração dos espermatozóides. Apresentam-se em forma de geléias, cremes, óvulos, supositórios, espumas ou aerossóis, frequentemente o espermicida é utilizado com combinação com diagrama, devendo ser colocado 1 hora antes de cada relação sexual. 4.4.11 Contraceptivos hormonais - Contraceptivo hormonal oral: chamadas também de pílulas anticonceptivas, são hormônios similares àqueles produzidos pelos ovários da mulher com a finalidade de impedir a concepção. Os tipos de pílula são: combinadas que se divide em monofásicas, bifásicas e trifásicas. Nas monofásicas a dose esteroides é igual e constante nos 21 comprimidos da cartela, devendo-se no final de cada cartela realizar pausa de sete dias, já as bifásicas e trifásicas apresentam formulação diferenciada nas duas ou três fases da cartela. As mini-pílulas agem principalmente no muco cervical e endométrio. Constitui-se de uma cartela com 35 comprimidos utilizados sem pausa entre uma cartela e outra. -Anticoncepcionais hormonais injetáveis: segundo Rocha, Lisboa, Giugliani (1996), a anticoncepção hormonal, que a via de administração injetável tem como mecanismo de ação a inibição da ovulação e alteração no muco cervical dificultando a penetração espermática. O anticoncepcional injetável mais usado é o Acetato de medroxiprogesterona, que é utilizado 150mg de 3 em 3 meses. Zampieri e Nascimento (2005), citam ainda os Injetáveis combinados que são aplicados a cada 30 dias no 5º dia do inicio do ciclo menstrual. - A Pílula de emergência Segundo Ministério da Saúde (BRASIL, 2006) tem como mecanismo e reação impedir e retardar a ovulação, impossibilitando a fecundação. Seu uso é recomendado no uso incorreto de algum método, em violência sexual, ou em caso de expulsão do DIU. É um método altamente eficaz, sendo que não deve ser utilizado como método anticoncepcional regular, pela alta

21 concentração de hormônios. Deve ser utilizado o mais rápido possível aumentando assim sua eficácia para evitar uma gravidez indesejada. 4.4.12 Dispositivo Intra-uterino (DIU) Conforme Zampieri e Nascimento (2005) colocam que os Dispositivos Intra Uterinos são de polietileno inserido no útero da mulher através de vagina, com ou sem adição de substancias metálica, como o cobre ou hormônios. O mecanismo de ação do DIU, ainda não está totalmente definido. Sendo que se identificam alguns efeitos que os DIUs com cobre produzem: presença de corpos estranhos que provoca alterações morfológicas no endométrio e no fluido intra-uterino, efeitos sobre o muco cervical e espermatozóide interferindo na migração e vitalidade dos mesmos. Interferindo também na vitalidade e no transporte do óvulo na trompa. O momento ideal para a colocação é durante ou logo a menstruação, já que neste período o canal cervical está mais dilatado. No pós parto é recomendado após 6 a 8 semanas, quando o parto for normal, e após 8 a 12 semanas quando cesariana. Apesar das recomendações acima, o DIU pode ser colocado em qualquer época, desde que se tenha certeza de que a mulher não está grávida. 4.4.13 Anticoncepção Definitiva Este método tem como finalidade evitar a gravidez de forma definitiva, podendo ser realizada na mulher (ligadura ou laqueadura tubária) e no homem (vasectomia). Segundo Kauffan e Rondinelli (1989 apud ZAMPIERI e NASCIMENTO, 2005) a laqueadura é um método anticoncepcional irreversível realizado através de procedimentos cirúrgicos que consiste na secção ou obstrução das trompas para impedir o encontro do óvulo com o espermatozóide e com isso a fecundação. É de fundamental importância detectar se esta decisão, do casal ou da mulher, na realização da cirurgia é de forma consciente e sem riscos de arrependimentos futuros. A vasectomia é realizada através da secção do ducto deferente em ambos os lados, promovendo assim a esterilização no homem, pelo bloqueio da passagem dos espermatozóides pelos canais deferentes. Sendo este

22 método permanente tem-se a necessidade de verificar o nível de conscientização por parte do paciente ou casal. Segundo Ministério da Saúde (BRASIL, 2006), a escolha do método deve ser informada e com liberdade de escolha ao casal ou a mulher. Cada método possui vantagens e desvantagens, todos com possibilidades de falhas. Um método que se adapte para uma pessoa não será adequado para outra. Por isso é importante procurar um serviço ou profissional de saúde para estar bem informado ao realizar sua escolha, é necessário também o acompanhamento periódico para verificação do uso correto ou o aparecimento de alguma intercorrência. 4.5 Estratégia Saúde da Família O ESF surgiu como um novo modelo de assistência reorganizando todo o sistema de saúde no Brasil, com base na constituição federal e a lei orgânica da saúde. De acordo com Ministério da Saúde (BRASIL, 2003) a estratégia da saúde da família, antes denominado Programa Saúde da Família tem como objetivo geral contribuir para a reorientação do modelo assistencial a partir da atenção básica, em conformidade com os princípios do Sistema Único de Saúde. Nascendo uma nova forma de atuação nas unidades básicas de saúde com responsabilidades entre os serviços de saúde e a população, revertendo o modelo assistencial fazendo com que a família passe a ser objeto de atenção, considerando-se o ambiente onde vive a partir das relações intra e extra familiar, na luta por melhores condições de vida. Conforme Verdi e Coelho (2005) dentre os princípios e diretrizes do SUS vale destacar alguns para que se entendam as mudanças do modelo de saúde prestado a população antes da Lei 8.080 e 8.142 e o modelo que se pretende através da estratégia da saúde da família: A Universalidade de Acesso: garantida pelo estado é direito de todos independente de contribuição do cidadão; Integralidade: combinação entre assistência preventiva e curativa de acordo com as necessidades de cada indivíduo em todos os níveis de atenção necessárias;