AVALIAÇÃO DA COLESTEROLEMIA EM CRIANÇAS ATENDIDAS EM UM LABORATÓRIO NO MUNICÍPIO DE IMPERATRIZ-MA



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Transcrição:

41 AVALIAÇÃO DA COLESTEROLEMIA EM CRIANÇAS ATENDIDAS EM UM LABORATÓRIO NO MUNICÍPIO DE IMPERATRIZ-MA EVALUATION OF CHOLESTEROL IN CHILDREN ATTENDING A LABORATORY IN THE CITY OF IMPERATRIZ-MA FIRMO, Wellyson da Cunha Araújo 1 ; COELHO, Larissa da Silva 2 ; MARTINS, Nayana Bandeira 2 ; NUNES, Sheila Elke Araújo 3 ; MILHOMEM FILHO, Edem Oliveira 4 Resumo A hipercolesterolemia é caracteriza pelo aumento do colesterol total circulante no sangue e pode ser associada à obesidade, alta ingestão de alimentos ricos em colesterol, baixa ingestão de fibras, sedentarismo ou problema de ordem genética, manifestado pela maior produção endógena de colesterol. E estudos têm explanado que é um fator de risco para aterosclerose, sendo que a prevenção e a investigação na infância de dislipidemia são de suma importância. O objetivo deste trabalho foi em fazer um levantamento sócio demográfico e analisar exames laboratoriais de crianças que realizaram o exame de colesterol total e frações em um laboratório no município de Imperatriz-MA, caracterizando um estudo descritivo do tipo corte transversal. Foram entrevistadas 75 crianças de 03 a 14 anos de idade, onde apenas 12 (16%) das crianças realizaram exame de colesterol. A maioria das crianças 08 (67%) era do sexo feminino. Em relação à etnia das crianças 06 (50%). Segundo a classificação em relação à faixa etária 05 (42%). Conforme a renda familiar 08 (67%) possui renda familiar de até 01 salário mínimo. Quanto à prática regular de atividade física 11 (92%) não praticam exercícios físicos. Através das análises laboratoriais de colesterol, HDL-colesterol e LDL-colesterol, 12 (100%) das crianças apresentaram dentro da normalidade, apenas os triglicerídeos apresentou-se alterado 03 (25%). Conhecendo os danos que a dislipidemia acarreta é importante que o médico pediatra faça a investigação precoce tomando medidas para a mudança de estilo de vida das crianças. Palavras-chave: Hipercolesterolemia; Lipidograma; Crianças; Colesterol; Aterosclerose. Abstract Hypercholesterolemia is characterized by increased total cholesterol circulating in the blood and can be associated with obesity, high intake of foods high in cholesterol, low fiber intake, sedentary lifestyle or genetic problem of order, manisfested by increased endogenous production of cholesterol. And studies have explained that it is a risk factor for atherosclerosis, and the prevention and investigation of dyslipidemia in children is of paramount importance. The aim of this study was to survey and analyze socio-demographic laboratory tests of children who were examined for total cholesterol and fractions in a laboratory in the city of Imperatriz-MA, featuring a descriptive transversal. We interviewed 75 children from 03 to 14 years old, where only 12 (16%) of the children have a cholesterol test. Most children 08 (67%) were female. Regarding the ethnicity of 06 children (50%). According to the classification in relation to age 05 (42%). According to family income in 2008 (67%) have family incomes of up to 01 minimum wage. As for the practice of regular physical activity 11 (92%) did not exercise. Through laboratory testing of cholesterol, HDL-cholesterol and LDL-cholesterol, 12 (100%) of children had normal, only the triglycerides it was abnormal 03 (25%). Knowing the damage that leads to dyslipidemia is important that the pediatrician do the research early taking steps to change the lifestyle of children. Key-words: Hypercholesterolemia; Lipid profile; Children; Cholesterol; Atherosclerosis. 1 Farmacêutico pela Faculdade de Imperatriz-FACIMP. Imperatriz-MA. E-mail: well_firmo@hotmail.com. 2 Farmacêutica pela Faculdade de Imperatriz-FACIMP. 3 Farmacêutica-Bioquímica pelo Centro Universitário do Pará-CESUPA. Imperatriz-MA. 4 Farmacêutico pela Faculdade de Imperatriz-FACIMP. Imperatriz-MA.

42 Introdução Os lipídios compreendem um grupo de moléculas encontradas em todas as células, tendo ainda origem biológica, sendo solúveis em solventes orgânicos, como o clorofórmio e metanol (PRATT et al., 2000). O colesterol é um componente das membranas celulares de mamíferos e precursor de três classes de compostos biologicamente ativos, os hormônios esteróides, ácidos biliares e a vitamina D. O colesterol plasmático sofre modificações tanto por fatores intra-individuais como interindividuais, influenciado assim pela dieta, exercícios físicos, idade, sexo, raça, dentre outros (MOTTA, 2003). Dislipidemias são definidas como concentrações anormais de lipídios ou lipoproteínas no sangue (FRANCA, 2006). Dislipidemia, hipertensão arterial e obesidade, aliados a maus hábitos alimentares e sedentarismo, são as condições ideais para o desenvolvimento de doença coronariana. As dislipidemias não são exclusivas de adultos, cada vez mais surgem em crianças e adolescentes e estima-se que atinjam 38,5% das crianças no mundo. A herança genética, o gênero, a idade e hábitos de vida têm grande importância para o seu desenvolvimento (SCHERR, 2007, PERGHER, et al., 2010). As crianças cada vez mais ingerem carboidratos e gorduras, e praticam atividade física com menor intensidade e freqüência (SCHERR, 2007). O sedentarismo constitui fator de risco para a aterosclerose. O exercício físico combinado a uma dieta nutricional adequada priorizando as necessidades energéticas e vitamínicas próprias da idade previne a doença aterosclerótica (SBC, 2007). A terapia farmacológica para reduzir os lipídios plasmáticos é utilizada em associação a controle dietético e correção de outros fatores de risco cardiovasculares modificáveis. As principais classes de substâncias utilizadas clinicamente são: estatinas, fibratos e resinas de ligação de ácidos biliares (RANG et al., 2003). Atualmente as doenças do aparelho circulatório representam a principal causa de mortalidade no Brasil, devido a determinantes sociais como a industrialização, a urbanização e as mudanças de hábitos de vida, que contribuíram para essa mortalidade. As doenças cardiovasculares requerem medidas preventivas na infância e adolescência como controle dos principais fatores de risco, que incluem as dislipidemias (SBC, 2007). Assim, este trabalho teve como objetivo analisar a hipercolesterolemia em crianças e demonstrar a importância da detecção precoce durante o período de agosto a outubro de 2010 na cidade de Imperatriz-MA. Material e Métodos Tipo de estudo Este estudo trata-se de uma pesquisa descritiva do tipo corte transversal. Sujeitos da pesquisa e coleta de dados O universo amostral correspondeu a 75 crianças de 03 a 14 anos de idade, onde estes dados foram coletados, no período de agosto a outubro de 2010, em um laboratório conveniado ao SUS (Sistema Único de Saúde), localizado na área central do município de Imperatriz-MA. Os dados foram obtidos através de questionários preenchidos pelos responsáveis legais das crianças, onde no próprio questionário continha o termo de consentimento livre e esclarecido para a autorização da utilização dos dados de forma sigilosa com finalidade de pesquisa cientifica conforme a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Sendo abordados questões para caracterizar o perfil sócio demográfico, hábitos alimentares, práticas de exercícios físicos, uso de

43 medicamentos e história familiar de dislipidemias e análises do lipidograma. Análises dos dados Os dados formaram analisados e formatados, para um melhor entendimento das informações e a discussão foi realizada comparando os resultados obtidos, com informações disponíveis na literatura. Resultados e Discussão Na pesquisa realizada nota-se (Tabela 1) que das 75 crianças que foram atendidas no laboratório, 12 (16%) realizaram o exame de colesterol e 63 (84%) não realizaram o exame de colesterol. Das que realizaram o exame obteve predominância do sexo feminino com 08 (67%). Sendo que a maioria era parda 06 (50%), que se encontrava na fase de préadolescência com 05 (42%) e que a renda mensal da família dessas crianças estava em torno de até 01 salário mínimo 08 (67%). Foram observados que dessas crianças 11 (92%) não praticam nenhum tipo de atividade física. E que 10 (84%) fazem em torno de 04 refeições diárias. E a maioria dessas crianças apresenta parentes com casos de dislipidemia 06 (50%). Tabela 1 Dados sócio demográficos das crianças que foram atendidas no laboratório. Dados gerais das crianças Nº % Crianças atendidas que realizaram o exame de colesterol Realizaram exame 12 16 Não realizaram exame 63 84 Dados das crianças que realizaram o exame de colesterol Classificação quanto ao sexo Masculino 04 33 Feminino 08 67 Etnia das crianças que realizaram o exame de colesterol Branco 03 25 Pardo 06 50 Afro descendente 03 25 Classificação etária das crianças que realizaram o exame de colesterol Infância 04 33 Pré-adolescência 05 42 Adolescência 03 25 Renda mensal Até 01 salário mínimo 08 67 02 a 04 salários mínimos 04 33 Práticas de exercícios físicos Não praticam exercícios físicos 01 8 Praticam exercícios físicos 11 92 Quantidades de refeições diárias De 01 a 03 refeições 02 16 04 ou mais refeições 10 84 Existência de casos de dislipidemias na família Têm parentes 06 50 Não têm parentes 03 25 Não sabem 03 25

44 De acordo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (2007) o rastreamento do perfil lipídico na infância e adolescência não é atualmente recomendado, porém pode ser realizado a critério médico, entre os 02 e 19 anos, se parentes de primeiro grau apresentar dislipidemia ou prematuramente doença arterial coronária (DAC), doença cerebrovascular ou arterial periférica. Portanto realizada a avaliação da história do paciente o médico tem que realizar a investigação precoce impedindo maiores danos. E que os lipídeos devem ser dosados em crianças com parentes de 1º grau com aterosclerose precoce, parentes de 1º grau com dislipidemias graves (Colesterol Total >300mg/dL ou Triglicerídeos > 400mg/dL). Segundo Scheer (2007) cerca de 50% das crianças com um ano de idade têm lesões ateromatosas na aorta e, a partir dos 10 anos, 100% delas têm estrias gordurosas na aorta e envolvimento coronário. Esse mesmo estudo indica ainda que exista relação entre o nível sérico de LDL colesterol e o aparecimento de tais estrias gordurosas. E quando maior o poder aquisitivo e social dos pais as crianças tendem a baseia sua alimentação em fast food o que pode aumentar o risco de doenças coronarianas. Complementando os dados Romaldini et al. (2004) cita que a não pratica de atividades físicos acarretar sobrepeso nas crianças levando a obesidade infantil. Além que segundo Davidoff (2001) tem-se que tomar muito cuidado com as refeições, pois o exagero pode conseqüentemente levar as crianças a serem obesas, e a obesidade é um fator de risco que está associado a doenças cardiovasculares. A tabela 2 exibe os resultados do lipidograma, onde os níveis do colesterol total, os níveis de HDL-colesterol e os níveis do LDL-colesterol das 12 (100%) crianças estava em níveis normais. Contudo os níveis de triglicerídeos das crianças 03 (25%) apresentavam nível elevado e 09 (75%) apresentaram níveis normais. Tabela 2 Lipidograma das crianças que foram atendidas no laboratório. Exames Nº % Nível de colesterol total Desejáveis 12 100 Aumentados 0 0 Nível de HDl-colesterol Desejáveis 12 100 Aumentados 0 0 Nível de LDL-colesterol Nível normal 12 100 Nível elevado 0 0 Nível dos triglicerídeos Desejáveis 9 75 Aumentados 3 25 Apesar de o estudo mostrar que não houve a presença de hipercolesterolemia nas crianças, deve-se está sempre atento, pois com as novas tendências alimentares tendem aumentar o risco de doenças cardiovasculares e os níveis de colesterol total e frações. Contudo teve ocorrência de triglicerídeos elevados que segundo Romaldini et al. (2004) os níveis alterados de triglicerídeos também são responsáveis pelo aparecimento de placa ateromatosa. E no estudo de Gerber (1997) constatou-se que os fatores de risco para a aterosclerose e posterior doença coronariana realmente estão presentes desde a infância. Os fatores de risco estão relacionados com o

45 colesterol total e frações, triglicerídeos, hipertensão arterial, obesidade, história familiar e nível socioeconômico. Conclusão A hipercolesterolemia é um fator importante para o risco de doenças cardiovasculares, estudos são realizados no intuito de prevenção desde a infância, visto que as crianças estão ficando cada vez mais sedentárias e adeptas a comidas do tipo fastfood, fatores estes preocupantes para a saúde pública. Na atualidade o diagnóstico precoce de hipercolesterolemia pode evitar maiores danos e até mesmo a morte prematura, sendo o médico pediatra o profissional de saúde responsável por essa investigação e em parceria com outros profissionais podem promover mudanças no estilo de vida dessas crianças. Através deste estudo observou-se que as 75 crianças de 03 a 14 anos de idade acompanhadas, no município de Imperatriz- Ma no período de agosto a outubro de 2010, apenas 16% (12) das crianças realizaram exame de colesterol destacando-se prevalência da realização do exame no sexo feminino. Quanto à etnia a maioria foi da raça parda. A faixa etária predominante foram os pré-adolescentes. A maioria possui renda familiar de até um salário mínimo. Não praticam atividades físicas regular. Através das análises dos lipidogramas obtivemos os seguintes resultados: quanto às dosagens de colesterol, HDL-colesterol e LDL-colesterol, todas as crianças possuíam níveis normais e em relação às concentrações de triglicerídeos apresentou 75% (09) níveis normais, estando as demais 25% (03) com taxas alteradas. Dessa forma é de suma importância a atualização periódica dos profissionais de saúde, sobre dislipidemias com intuito de fortalecer o esclarecimento da população em geral sobre fatores que levam a hipercolesterolemia e associação com doenças cardiovasculares entre outras decorrências dessa desordem metabólica, visando à mudança estilo de vida, a importância da realização de atividade física, da adesão a terapêutica, da realização dos exames periodicamente, procurando sempre o auxilio médico e esclarecimento da terapêutica com o profissional farmacêutico. Referências Bibliográficas DAVIDOFF, L.L. Introdução à Psicologia. 3. ed. São Paulo: Pearson Makron Books, 2001. FRANCA, E.; ALVES, J.G.B. Dislipidemia entre crianças e adolescentes de Pernambuco. Arq Bras Cardiol. v. 87, n. 6, p. 722-727, 2006. GERBER, Z.R.; ZIELINSKY, P. Fatores de risco de aterosclerose na infância: um estudo epidemiológico. Arq Bras Cardiol. v. 69, n. 4, p. 231-236, 1997. MOTTA, V.T. Bioquímica Clínica para Laboratório: Princípios e Interpretação. 4. ed. Porto Alegre: Média Missour, 2003. PERGHER R.N.Q.; MELO M.E.; HALPERN A.; MANCINI M.C. Liga de Obesidade Infantil. Is a diagnosis of metabolic syndrome applicable to children?. Jornal de Pediatria. v. 86, n. 2, 2010. PRATT, C.W.; VOET, J.G.; VOET, D. Fundamentos de Bioquímica. Porto Alegre: Artmed, 2000. RANG, H.P.; DALE, M.M.; RITTER, J.M.; MOORE, P.K. Farmacologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. ROMALDINI, C.C.; ISSLER, H.; CARDOSO, A.L.; DIAMENT, J.; FORTI, N. Fatores de risco para aterosclerose em crianças e adolescentes com história familiar de doença arterial coronariana prematura. J Pediatr. v. 80, n. 2, p. 135-140, 2004. SBC. Sociedade Brasileira de Cardiologia. IV Diretriz Brasileira sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. v. 88, n. 1, abril, 2007. SCHERR, C.; MAGALHÃES, C.K.; MALLHEIROS, W. Análise do perfil lipídico em escolares. Arq Bras Cardiol. v. 89, n. 2, p. 73-78, 2007.