EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 22ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO SP. Processo n 0000692-29.2015.5.02.0022 NEIDE DE SOUZA OLIVEIRA FREITAS, qualificada nos autos da reclamação trabalhista proposta em face de CONDOMINIO EDIFICIO GEMELLI DI FRANCESCO, vem perante V.Exa., por seu advogado, manifestar-se sobre a contestação e documentos juntados aos autos pela reclamada, o que o faz nos seguintes termos: DA SUSPENSÃO DOS PRAZOS PROCESSUAIS GREVE DOS SERVIDORES FEDERAIS - RETOMADA DOS PRAZOS APLICAÇÃO DA PORTARIA DO CORPO DIRETIVO Nº 02/2015 Inicialmente informa a reclamante que a réplica é tempestiva, pois como os servidores públicos federais entraram em greve todos os prazos ficaram suspensos até o término do movimento grevista. Neste ato, junta a reclamante a Portaria do Corpo Diretivo nº 02 demonstrando a retomada dos prazos processuais.
1. DAS PRELIMINARES: DA COISA JULGADA A reclamada arguiu em defesa a preliminar de coisa julgada com a fundamentação de que a reclamante já fez um acordo na reclamação trabalhista processo nº 0000718-92.2014.5.02.0044 (fls. 109). Essa preliminar deve ser rejeitada pela MM. Vara, pois pela análise do item IV da petição inicial (fls. 04/06) está evidente que as ofensas ocorreram após a extinção do contrato de trabalho, ou seja, trata-se de um dano moral póscontratual. Assim, é absurda a alegação da reclamada de que a pretensão da reclamante não pode ser analisada em virtude da coisa julgada. A reclamada não pode ser beneficiada da sua própria torpeza, pois seria fácil as empresas após efetuarem acordos judiciais com os reclamantes ofenderem seus ex-empregados e não pagarem indenização com a desculpa da coisa julgada. Desta forma, deve ser rejeitada essa preliminar arguida pela reclamada. DA INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL - DUMPING SOCIAL A reclamada arguiu em defesa a preliminar de inépcia da petição inicial com a fundamentação de que a reclamante fez uma pretensão que não tem previsão legal, bem como essa pretensão não faz parte da relação de emprego ou trabalho.
Essa preliminar se confunde com o próprio mérito da ação e com ele deverá ser apreciado, pois existe a necessidade da formação da lide para a análise dessa matéria arguida em preliminar. Desta forma, deve ser rejeitada essa preliminar arguida pela reclamada. DA INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL - MORADOR DO APTO. 132 A reclamada arguiu em defesa a preliminar de inépcia da petição inicial com a fundamentação de que a reclamante não mencionou se a moradora do apartamento 132 é do bloco A ou do bloco B. Essa preliminar se confunde com o próprio mérito da ação e com ele deverá ser apreciado, pois existe a necessidade da formação da lide para a análise dessa matéria arguida em preliminar. Desta forma, deve ser rejeitada essa preliminar arguida pela reclamada. 2. DO MÉRITO: DA INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL OFENSAS LOGO APÓS A EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO APLICAÇÃO DO ARTIGO 1º, III, DA CF APLICAÇÃO DO ARTIGO 5º, V E X, DA CF APLICAÇÃO DOS ARTIGOS 186, 927 DO CÓDIGO CIVIL Como declinado nos itens "III" e "IV" da petição inicial, a reclamante compareceu na audiência no dia 19/05/2014 às 10:16 horas e formalizou um acordo com a reclamada no valor de R$ 6.000,00 com a extinção do contrato de trabalho.
A reclamada procedeu a baixa na CTPS da reclamante com a data de 19/05/2014 e a reclamante se comprometeu a comparecer na sede da reclamada para que a CTPS fosse carimbada. Ocorre que, quando a reclamante compareceu na parte da tarde para carimbar a sua CTPS foi surpreendida com um comunicado que foi colocado nos elevadores pela síndica da reclamada (Srª Nina). O comunicado afirmava expressamente que a reclamante ao ingressar com a reclamação trabalhista "quebrou a confiança" do condomínio e criou um péssimo clima perante os demais funcionários. A reclamada confirma em sua defesa que realmente colocou o comunicado no elevador, o que torna o fato incontroverso (fls. 113/115). A alegação da reclamada de que o comunicado serviu apenas para prestação de contas para os condôminos sem ter causado ofensas à obreira, trata-se de mero expediente de defesa para tentar esquivar-se de sua responsabilidade civil. Está claro que a atitude da síndica da reclamada foi prejudicar a imagem da reclamante perante todos os moradores do condomínio, pois ela sabia que a reclamante continuaria a prestar serviços de diarista para moradores do condomínio. Esclarece a reclamante que diante do comunicado afixado nos elevadores, passou por situações de constrangimento ao ser indagada por moradores do condomínio com os seguintes questionamentos:
"o que foi que você aprontou com o condomínio"? "tantos anos trabalhando aqui e você quebrou a nossa confiança"? Registre-se ainda, que a síndica da reclamada proibiu o acesso da reclamante às dependências do prédio no bloco A para fazer suas faxinas como diarista, já que a síndica mora nesse bloco. Assim, temos que a obreira foi humilhada e desrespeitada por seu superior hierárquico (síndica da reclamada) pela extinção de seu contrato de trabalho através de uma reclamação trabalhista, situação esta incompatível com a dignidade da pessoa humana e com a valorização do trabalho, asseguradas pela Constituição Federal (art. 1º, III e IV, art.5º, XIII, artigo 170, caput). A representante legal da reclamada extrapolou totalmente o poder diretivo do empregador, sendo que a reclamada tomando a atitude de humilhar a reclamante agrediu a honra e a imagem de sua ex-colaboradora. Desta feita, s.m.j., resta configurado grave atentado à dignidade da trabalhadora, a ensejar indenização por dano moral (art. 5º V e X, CF; 186 e 927 do NCC), de modo a imprimir feição suasória e pedagógica à condenação. Diante de todo o exposto, reitera a Reclamante a inicial em todos os seus termos, requerendo a consequente procedência da Reclamatória.
Nestes Termos Pede Deferimento São Paulo, 25 de setembro de 2015. MARCO ANTONIO SILVA DE MACEDO JUNIOR OAB/SP 148.128 MANI CONDOMINIO GEMELLI - NEIDE