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Transcrição:

2 Trabalho e sociedade Unidade Ao analisar o trabalho no Brasil, não podemos nos esquecer de que ele está ligado ao envolvimento do país na trama internacional, desde que os portugueses aqui chegaram no século XVI.

Coleção particular No final do século XIX, com a abolição da escravidão no Brasil, encerrou se um período de mais de 350 anos de predomínio do trabalho escravo. Portanto, nós convivemos com a liberdade formal de trabalho há pouco mais de cem anos. Negros carregadores de cangalhas. Escravos urbanos no Brasil em gravura de Jean Baptiste Debret, de cerca de 1830.

As primeiras décadas depois da escravidão A primeira experiência de utilização da força de trabalho legalmente livre e estrangeira foi realizada pelo senador Vergueiro, em 184. Ele promoveu a vinda de imigrantes da Suíça e da Alemanha, com a ajuda financeira do governo da província de São Paulo. O sistema de trabalho adotado por Vergueiro ficou conhecido como colonato. WMO/Evelson de Freitas/AE Fazenda Ibicaba, em Cordeirópolis, São Paulo, fundada em 1817 pelo senador Nicolau Pereira de Campos Vergueiro.

Para trabalhar nas fazendas, os colonos assinavam um contrato e recebiam um adiantamento, sobre o qual eram obrigados a pagar juros. Não podiam sair da fazenda enquanto não saldassem a dívida, o que demorava muito. Diante de tamanha exploração, os colonos se revoltavam contra esse sistema ou fugiam das fazendas. A vinda de imigrantes ao Brasil ficou estagnada até 1880, quando foi retomada.

De 1891 a 1900, vieram para o Brasil 1.129.315 pessoas. Nos trinta anos seguintes, esse movimento prosseguiu, com média de 1 milhão de pessoas a cada década. A maioria dos imigrantes ia para o campo, mas muitos se estabeleciam em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, onde trabalhavam nas indústrias nascentes, no pequeno comércio ou como vendedores ambulantes.

A partir do início do século XX, diante das condições de vida e de trabalho extremamente precárias, os trabalhadores começaram a se mobilizar. Iconographia São Paulo, cerca de 1900. Trabalhadores europeus em uma das fábricas das Indústrias Matarazzo.

A questão do trabalho no Brasil Apoiados por uma imprensa operária, os trabalhadores passaram a organizar protestos que culminaram com a greve de 1917, em São Paulo. Fac símile de jornais produzidos por imigrantes para mobilizar os operários na luta por melhores condições de trabalho. Publicações como essas se multiplicaram nos centros urbanos nas primeiras décadas do século XX.

A regulamentação das atividades trabalhistas no Brasil aconteceu na década de 1930, com a ascensão de Getúlio Vargas ao poder. Até então, a questão social era tratada como um problema de polícia. De 1929 até o final da Segunda Guerra Mundial, buscou se a ampliação do processo de industrialização no Brasil, o que significou aumento do número de trabalhadores urbanos. Até o fim da Segunda Guerra Mundial, o Brasil continuava a ser um país em que a maioria da população vivia na zona rural. As transformações que ocorreram depois mudaram a face do país.

A situação do trabalho nos últimos sessenta anos No Brasil, há pessoas empregadas em diversos tipos de trabalho: trabalhadores que tiram seu sustento coletando alimentos na mata; trabalhadores da agropecuária; trabalhadores empregados em indústrias de transformação ou de produção de bens duráveis ou não duráveis;

Flávio Florido/Folha Imagem A questão do trabalho no Brasil trabalhadores nos setores de serviços e de comércio (são a maioria); trabalhadores que exercem funções administrativas em empresas e organizações públicas ou privadas; crianças que trabalham em muitas das atividades mencionadas; trabalhadores submetidos à escravidão por dívida. Ambulantes próximo ao pedágio da rodovia dos Imigrantes em São Paulo, 2000.

Thinkstock/Getty Images Em 1945, a maior parte da população brasileira vivia no campo. Em 2010, a maioria da população vivia na zona urbana. O processo de urbanização, com todos os seus desdobramentos, criou uma situação nova no Brasil. O perfil de trabalho mudou, e com isso, as oportunidades de trabalho também. Thinkstock/Getty Images

Rubens Kiomuro/Carlos Alberto Pereira Emprego e qualificação A qualificação em determinados ramos da produção é necessária e cada vez mais exigida. A elevação do nível de escolaridade, entretanto, não significa necessariamente emprego na área em que o profissional é formado e boas condições de trabalho. A relação entre escolaridade e emprego, em charge de Rubens Kiomura e Carlos Pereira.

O trabalho informal O setor informal inclui empregados de pequenas empresas que trabalham sem registro e indivíduos que, por conta própria, prestam serviços pessoais e de entrega, comércio ambulante, execução de reparos, etc. Segundo a PNAD realizada em 2008, apenas 34,5% dos 92,4 milhões de indivíduos ocupados têm carteira de trabalho assinada. crédito das imagens: Thinkstock/Getty Images

O desemprego Thinkstock/Getty Images Depois das grandes transformações pelas quais o Brasil passou nos últimos trinta anos, a questão do desemprego é um dos grandes problemas nacionais. Com a expansão da mecanização e da automação na agricultura, na indústria e nos serviços, o desemprego aumentou. Thinkstock/Getty Images

Somente será possível resolver a questão do emprego no Brasil com a ampliação da presença do Estado nos mais diversos setores educação, saúde, segurança, transporte, cultura, esporte e lazer, envolvendo a contratação de milhares de pessoas, além de investimentos maciços em habitação e obras públicas. Um dos grandes desafios para este século será a efetivação de um sistema eficiente de proteção e assistência ao trabalhador.

Exercícios 1. Leia o texto abaixo, sobre o desemprego no Brasil: Esse quadro só poderá ser mudado com mais desenvolvimento econômico, afirmam alguns; outros dizem que é impossível resolver o problema na sociedade capitalista, pois, por natureza, no estágio em que se encontra, ela gera o desemprego, e não há como reverter isso; há ainda os que consideram o desemprego uma questão de sorte, de relações pessoais, de ganância das empresas, etc. Nelson Dacio Tomazi

2. Junte se aos colegas da classe e formem três ou quatro grupos para fazer um debate sobre o desemprego. Cada grupo deverá: a) escolher um dos pontos de vista mencionados no texto citado no exercício 1 e pesquisar em livros, revistas ou internet artigos e reportagens que defendam essa visão; b) elaborar um roteiro para expor o assunto, levantando argumentos contra ou a favor.

Para organizar o debate: a) escolham um colega do grupo para defender o ponto de vista pesquisado; b) escolham um colega da turma para ser o moderador; c) estipulem um tempo para cada fala e outras regras para o bom andamento da discussão. Os demais integrantes dos grupos formarão uma plateia, e poderão participar do debate por meio de perguntas ou de comentários para complementar determinada opinião.