Condições de saúde e trabalho da equipe de enfermagem: paradigmas na academia e na práxis



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Transcrição:

Condições de saúde e trabalho da equipe de enfermagem: paradigmas na academia e na práxis Heloisa Helena Zimmer Ribas Dias 1 Introdução: As transformações do mundo do trabalho em geral são conseqüências de processo de transformações sócio-políticas-culturais e econômicas mundiais, as quais trouxeram conseqüências, sendo algumas de forma positiva como os crescentes e constantes avanços tecnológicos (automação microeletrônica, era da informática), pela globalização (processo de internacionalização da economia com mudanças do modo capitalista), pelas mudanças do padrão de desenvolvimento americano Fordista; pela descentralização da produção; pelo crescimento significativo do setor terciário da economia (setor de serviços). Tais fatos geraram mudanças nas formas de gerenciamento do trabalho de diversos setores. Mas foram observadas, também, conseqüências negativas tais quais o desemprego crescente, o aumento da desigualdade e da pobreza, a diminuição do padrão de vida, a instabilidade no emprego, a desqualificação profissional ou profissionais sem qualificação necessária e a contratação crescente da chamada mão-de-obra temporária. De acordo com pesquisa recente desenvolvida pela Fundação Jorge Duprat de Figueiredo (FUNDACENTRO) e Sindicato dos Enfermeiros do Estado de São Paulo (SEESP), os profissionais de enfermagem representam 49% da mão de obra da saúde no país, atuantes em diversos cenários e contextos sociais. Dentre os cenários de atuação profissional, existe predomínio do trabalho nas instituições hospitalares (públicas, privados, filantrópicos, etc), além de clínicas, creches, serviços de Home Care, Atendimento Pré- Hospitalar móveis (SAMU, resgate, etc), estádios de futebol (o estatuto do torcedor assegura a obrigatoriedade de um médico e um enfermeiro nos estádios em dias de partidas e eventos), consultórios de enfermagem, trabalho autônomo (consultório, assistência domiciliar), serviços de consultoria e de auditoria, unidades e centros de saúde, nos Programas de 1 Enfermeira, Especialista em Violência Doméstica e Mestre em Enfermagem, Docente do Centro Universitário de Brusque Brusque-SC E-mail: helodias@terra.com.br ou helozimmer@unifebe.edu.br

saúde da Família (PSF), e na academia (produção do conhecimento, ensino, pesquisa e extensão) O processo de trabalho em enfermagem possui algumas peculiaridades tais como a multiplicidade de agentes na execução do trabalho = multiplicidade de atores e atrizes no cenário; diversidade dos processos de trabalho (o saber-saber = relacionados a conhecimentos, o saber-fazer = relacionados às habilidades e o saber-ser = relacionados a atitudes e valores = postura ética), a preocupação em garantir assistência de qualidade isenta de riscos. Metodologia: Trata-se de um estudo realizado entre trabalhadores e trabalhadoras da equipe de enfermagem atuantes em diversos cenários e contextos de serviços de saúde, e também com docentes e discentes de cursos de graduação e técnico de enfermagem onde foram identificados condições de trabalho que repercutem na qualidade dos serviços assistenciais em saúde e na qualidade de vida dos trabalhadores da saúde e da enfermagem. Buscou-se trabalhar as questões paradigmáticas entre a academia e a práxis cotidiana. Resultados: Os trabalhadores e trabalhadoras da equipe de Enfermagem identificaram a presença da violência no processo de trabalho em saúde e em enfermagem, traduzidas através de suas palavras: Banalização dos fenômenos sociais e perda da visibilidade em razão do senso de precariedade do sistema de saúde...o caos da saúde! Trabalho na saúde gerador de má saúde! O des cuidado em saúde:a violência no processo de trabalho em enfermagem Representa a ausência de cuidado ético, humano, coerente. Fenômeno da banalização do cuidado. Violência como práxis cotidiana, sem percepção da mesma como a própria violência ou como conduta anti-ética! Formas identificadas de descuidado A face dos trabalhadores de enfermagem enquanto vítimas de violência Violência por parte do(s) cliente(s) direcionada à equipe de enfermagem, violência contra os profissionais... (inclusive ameaças a instituições de saúde) Formas identificadas de descuidado

Trabalhadores de enfermagem enquanto agentes de violência (difícil de aceitar mas esta realidade é verdadeira!): Violência permitida ou consentida: ignorar questões éticas do cuidado acobertação de colegas, omissão, descaso, faz de conta que não viu, silêncio, compactuação com o des cuidado = cumplicidade negativa. Violência como sobrevivência: violência como rotina, banalização do cuidado, coorporativismo, competitividade, violência da exclusão Formas identificadas de descuidado Violência entre profissionais de saúde e/ou da enfermagem polêmicas diversas...em relação a cumprimento de rotinas, divergências de trabalho, violência entre subordinados, assédio moral no trabalho (gravíssimo!) Síndrome de Burnout gerando problemas à saúde do trabalhador (física, psicológica e social) importante fator na gênese da violência do des cuidado profissional transferindo emoções e reações negativas (cansaço, raiva, intolerância, humilhação e agressividade) para o cliente Em relação à academia, foram levantados alguns paradigmas da práxis do enfermeiro(a) Dicotomia: teoria x prática (técnicas acadêmicas x técnicas tupiniquim ), apresentadas a seguir: Produção de novos conhecimentos e novas tecnologias X Utilização de tecnologias ultrapassadas Docentes pouco qualificados Docentes com didáticas inovadoras x didáticas adequadas Questionamento dos métodos de avaliação do acadêmico em relação aos docentes (há controvérsias!) e, por outro lado, dos docentes em relação aos discentes..condições de trabalho na academia (universidades, escolas, cursos de formação de técnicos, etc) Fenômeno do bullying - violências física e psicológica: Assédio moral de docentes direcionadas a discentes Assédio moral de discentes direcionadas a docentes Assédio moral entre os próprios docentes (lamentável!)

Aluno cliente de instituição privada manda e desmanda Com relação às condições de trabalho na práxis cotidiana dos profissionais, foram identificados aspectos como: Profissionais sem status social e profissional (há quem discorde ou conteste, mas o estudo identificou a ausência de status profissional e social); Longas e desgastantes jornadas de trabalho Piores remunerações (historicamente já está comprovado!). Predomínio do universo feminino profissional (tripla jornada de trabalho!). As conseqüências das transformações do mundo do trabalho no setor de saúde geram para os trabalhadores da enfermagem: Sobrevivência com múltiplas jornadas de trabalho; Falta de qualidade assistencial comprometendo a qualidade de saúde, tanto do trabalhador como da clientela; Aumento dos erros profissionais; Insegurança no trabalho; Competitividade acirrada; Era dos empregos temporários; Banalização do cuidado; Desgaste do profissional - síndrome de Burnout (mais atingidos: trabalhadores da educação e saúde) Remuneração baixa, baixos salários; Ausência de piso mínimo salarial. Descumprimento da legislação trabalhista (socorro, sindicatos!) Atrasos de pagamento; Horas plantão, horas extras (aspectos questionados pelos trabalhadores) Substituição por trabalhadores não qualificados! O estudo constatou que a ausência de atividades educativas representa o principal aspecto e causa geradora de violência no cotidiano de trabalho e de cuidado da enfermagem, além de gerar má qualidade de vida entre trabalhadores e de assistência em saúde.

Como considerações finais, propõe-se trabalhar a Educação como transformadora da realidade, uma vez que a Educação é o eixo central da profissão enfermagem e que as reflexões de trabalhadores, academia e da sociedade conduz à perspectiva de maior liberdade e de igualdade, representando um ponto de mudança individual e coletivo.como saberes e fazeres necessários `a prática profissional, foram sugeridas modificações como: Rever processo de formação dos profissionais; Tomar a educação emancipadora como o caminho da transformação desta realidade; O amor, o respeito são fundamentais! Denunciar situações de violência com compromisso! Reconhecer o outro como o legítimo outro ; Humanização da assistência! Melhorar a comunicação cliente/ equipe de enfermagem; Resgatar a dignidade humana. Motivar a valorização e a auto-estima entre os integrantes da equipe de enfermagem; Atribuir valor ao próximo; Relacionar o amor ao compromisso com o ser humano; Assumir a ética como norteadora das ações do cuidado e processo de trabalho. Referências Dias, HHZR. O des cuidado em saúde: a violência vísivel e invisível no trabalho de enfermagem. Florianópolis, 2002. Dissertação (mestrado em enfermagem) Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Dias, HHZR. Discriminação na enfermagem: mito ou verdade? Revista Conexão SEESP, set/out. 2007. Egry, E; Fonseca, RMGS. Cenários da prática universidade de enfermagem na era do sistema único de saúde. In: Kalinowski, CE; Martini, JG; Felli, VEA. Programa de atualização em enfermagem na saúde do adulto. Ciclo 01, módulo 01. P. Alegre: ABEn / Artmed/ Panamericana, 2006.

Leopardi, MT et al. O processo de trabalho em saúde: organização e subjetividade. Florianópolis: papa-livros, 1999. Pires, DE. Processo de trablho em saúde no Brasil, no contexto das transformações atuais na esfera do trabalho. Campinas, 1996. Tese (doutorado em ciências sociais) instituto de filosofia e ciências humanas da universidade estadual de campinas. Ramos, FRS; Verdi, MIM; Kleba, ME. Para pensar o cotidiano: educação em saúde e a práxis da enfermagem. Florianópolis: ed. da UFSC, 1999. Palavras-chave: Organização e gestão do trabalho; Violência e Saúde; Processo de trabalho em enfermagem e saúde. Área temática: Organização e gestão do trabalho.