Comparação entre técnicas de secagem para obtenção de farinha a partir da casca de manga cv. Tommy atkins

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Transcrição:

Comparação entre técnicas de secagem para obtenção de farinha a partir da casca de manga cv. Tommy atkins Emanuela Monteiro Coelho 1, Luciana Cavalcante de Azevedo 2 1 Graduanda do Curso de Tecnologia em Alimentos IF SERTÃO-PE. Bolsista do CNPq. e-mail: emanuela-monteiro@hotmail.com 2 Doutora em Química Analítica. Docente no IF SERTÃO-PE. e-mail: luciana.cavalcanti@ifsertao-pe.edu.br Resumo: Nas áreas irrigadas do semiárido nordestino existe um grande potencial de produção de manga devido às condições climáticas favoráveis da região. A manga é um fruto muito atrativo, especialmente pelo seu aroma, sabor adocicado e sua aparência. Ela é consumida de forma in natura ou industrializada na forma de sucos ou polpa, sendo utilizada na produção de vários tipos de alimentos tais como: doce, geléia, sorvete, licor, entre outros. Quando industrializada, a fruta gera um enorme volume de resíduos que, quando não se tem um destino adequado para este material, pode provocar sérios danos ao meio ambiente. Visando minimizar o impacto ambiental e buscando aproveitar os benefícios nutricionais das cascas da manga cv. Tommy atkins, foi realizado o presente estudo, cujo objetivo principal foi produzir uma farinha utilizando as cascas e comparando dois métodos de secagem: fluxo de ar e secagem solar com o equipamento watercone. A observação das curvas de secagem e análises de aw e umidade das farinhas obtidas (FCM1 e FCM2) levam à conclusão de que ambos os métodos empregados possuem vantagens técnicas para processamento. A FCM1, obtida por secagem no secador watercone, apresenta melhores caracterísitcas de cor e aroma, em relação à amostra FCM2. No entanto, esta última pode ser obtida em menor tempo e com menor valor de aw, quando utilizase a secagem artificial por fluxo de ar. Palavras chave: cascas, farinha, secagem solar, watercone 1. INTRODUÇÃO A fruticultura é um dos segmentos de maior destaque da economia brasileira (FELIPE et al, 2006). Dentre as cultivares, a manga é uma das frutas mais produzidas no país, devido às excelentes condições para seu desenvolvimento e produção. A região Nordeste, de forma especial nas áreas irrigadas da região semiárida, destaca-se no cenário nacional como grande produtora de manga do tipo exportação, principalmente devido às condições climáticas favoráveis (AZEVEDO et al, 2008; SILVA; COELHO, 2010 ). Segundo o IBGE (2010) a produção de manga atingiu 194.315 toneladas no estado de Pernambuco, desse total 16.000 toneladas foram produzidas em Petrolina/PE, no ano de 2010. No mercado nacional, a manga é uma fruta muito apreciada por apresentar características agradáveis, tais como sabor, aroma e aparência. Ela é comercializada quase exclusivamente na forma in natura, mas também pode ser industrializada na forma de suco integral e polpa congelada. A polpa constitui a matéria-prima para elaboração de outros produtos tais como: doces, geleias, sucos e néctares, além de poder ser adicionada a sorvetes, misturas de sucos, licores e outros produtos (CORREIA & ARAUJO, 2010; DAMIANI et al., 2011). A industrialização do fruto produz o descarte do caroço e das cascas, gerando um resíduo correspondente a 28-43% do peso total da fruta (AZEVEDO et al, 2008). Segundo Damiani (2008), vários pesquisadores brasileiros vêm estudando o aproveitamento de resíduoscomo as cascas de frutas, pois além de contribuir com a diminuição de impactos ambientais, podem gerar renda colaborando com a economia do país. Neste sentido, a transformação das cascas da manga

em farinha pode ser um processo viabilizador e propulsor, devido à praticidade de uso, redução da perecibilidade e do volume a ser transportado (AZEVEDO et al, 2008). Alguns pesquisadores (FELIPE et al, 2006; DAMIANI et AL, 2009; MARQUES et al, 2010) vêm mostrando que a casca da manga pode ser mais rica em determinados nutrientes do que a própria polpa. Felipe et al (2006); Marques et al (2010), nos mostram que a casca é rica em cálcio, sódio, potássio, ferro, fósforo, magnésio e manganês, elementos fundamentais para o bom funcionamento do nosso organismo. Damiani et al (2009), revelam que a casca possui mais fibras, vitamina C, proteínas, carboidratos e pectina que a polpa. Dessa forma, a farinha da casca da manga pode beneficiar a alimentação da população, sendo utilizada na produção de alimentos saudáveis. Uma das formas para obter a farinha da casca da manga é por meio da secagem. A secagem consiste na remoção de parte da água livre presente no alimento possibilitando-o ser armazenado à temperatura ambiente, essa técnica permite que não haja perdas significativas de suas características organolépticas e nutricionais. Ela pode ser feita tanto por secagem natural, na qual o produto é exposto ao sol; como também por meio de secagem artificial em secadores mecânicos com circulação de ar forçada (COSTA, 2008). O sistema de secagem natural pode ser uma forma adequada, eficiente, além de economicamente viável, já que a sua fonte de energia é produzida pelo sol. No Brasil, especialmente na região Nordeste, existe um grande potencial de utilização da energia solar em diversas setores tais como; secagem de frutas tropicais, transformação dessa energia em elétrica e aproveitamoneto para aquecimento domiciliar de água (COSTA, 2008). Visando os benefíicios da aplicação de resíduos, nesse caso a casca da manga, e a facilidade de energia solar da região de Petrolina/PE (3.000 horas anuais de insolação), o presente trabalho tem como objetivo o aproveitamento de cascas de manga cv. Tommy atkins na produção de farinha, através do estudo comparativo entre duas técnicas de secagem. 2. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no Laboratório Experimental de Alimentos (LEA) e as análises de umidade e atividade de água no Laboratório de Físico-Química do Instituto Federal do Sertão Pernambucano, em Petrolina/PE. 2.1 Matéria-prima As mangas (Mangifera indica L.) da variedade Tommy Atkins, foram adquiridas no mercado local. Os frutos encontravam-se no estádio de maturação de vez e foram lavados, sanitizados, em seguida as cascas foram separadas da polpa e do caroço, através de descascamento manual, para serem finalmente pesadas. Elas foram divididas em duas partes, sendo uma para secagem natural e a outra para a artificial. 2.2 Secagem Natural A secagem natural foi efetuada em secador solar modelo watercone (Figura 1). Figura 1- Secagem solar da casca da manga no Watercone

As cascas foram espalhadas na bandeja interna de vidro e em seguida foi colocado o cone para fechamento do equipamento, que foi transferido para a área aberta do LEA. Na parte superior da tampa do equipamento foi preso um termômetro para medição da temperatura interna de secagem. Foram realizadas pesagens a cada 60 minutos e anotadas juntamente com a temperatura. A secagem durou 16 horas. As cascas secas foram trituradas em um multiprocessador doméstico até virar pó (farinha da casca de manga FCM1), e logo após foram colocadas em sacos plásticos e seladas (Figura 2). Uma parte da farinha foi separada para fazer as análises de atividade de água e de umidade. Figura 2- Farinha da Casca de Manga 1 (FCM1) 2.3 Secagem em circulação de ar forçado A secagem artificial foi feita em um secador com circulação de ar forçado (Figura 3). As cascas foram colocadas em bandejas com telas de nylon e em seguida levadas para o secador. A secagem ocorreu a uma temperatura de 65ºC durante 5 horas. Após o tempo de secagem as cascas foram trituradas em um multiprocessador caseiro até ser transformada em pó (farinha da casca da manga FCM2), em seguida foi colocada em saco plástico e selada (Figura 4). Foi retirada uma parte para a realização das análises de atividade de água e umidade. Figura 3 - Secador de ar forçado Figura 4 - Farinha da Casca de manga 2 (FCM2) 2.3 Análise de atividade de água (aw) e Umidade Para a análise de atividade de água (aw) foi utilizado um aparelho portátil. A medição da aw ocorreu em uma temperatura de 24,9ºC para a farinha da casca de manga seca no watercone e de 24,7ºC para a farinha de casca de manga seca em circulação de ar forçado. Para a análise de umidade utilizou-se estufa comum, com temperatura de 80ºC, por um período de 3 horas de secagem.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Secagem As curvas mostradas na Figura 5 revelam o comportamento da perda de umidade da casca da manga cv. Tommy atkins nos dois métodos de secagem adotados. É possível perceber que em ambos os métodos, consegue-se atingir uma eliminação de água da casca de até 73%, em relação ao seu peso inicial. Figura 5 Curvas de perda de umidade obtidas na casca de manga para os dois métodos de secagem utilizados no experimento As diferenças físicas mais significativas entre a secagem solar e a secagem por fluxo de ar estão no tempo de secagem e volume de material a ser desidratado. Na secagem solar, por exemplo, são necessárias 16 horas de exposição do resíduo ao sol para a desidratação, enquanto na secagem por fluxo de ar, após 5 horas de exposição do material, o mesmo já atinge peso constante. Além do mais, a secagem por fluxo de ar permite a utilização de um volume seis vezes maior de fruta, melhorando o rendimento de processo. Essas duas características poderiam definir a superioridade do método de secagem por fluxo de ar, não fosse a qualidade de cor e aroma adquiridos pela FCM1 (secagem solar em watercone). Portanto, pode-se afirmar que os dois métodos apresentam importância do ponto de vista tecnológico se levarmos em conta, além do aspecto de rendimento, a qualidade sensorial final do produto. 3.2 Atividade de água e umidade Segundo Gava e colaboradores (2008), a aw varia de 0 a 1, mas o valor de 0,6 é considerado o limite mínimo para o desenvolvimento de microrganismo em alimentos. Conforme os resultados encontrados na FCM1 e FCM2, mostrados na Tabela 1, pode-se perceber que ambas as farinhas encontram-se dentro dos parâmetros de um alimento com probabilidade mínima para o desenvolvimento de microrganismos, uma vez que os valores encontrados para FCM1 e FCM2 foram de 0,4913 e 0,3916, respectivamente. Tabela1: Análise da Atividade de água (aw) e umidade das farinhas da casca da manga FCM1 e FCM2

FCM1 FCM2 Variável Média DP CV (%) Média DP CV (%) Aw 0,4913 0,0015 0,3053 0,3916 0,0051 1,3023 Umidade 7,2226 0,0328 0,4541 4,9638 0,0277 0,558 DP = Desvio padrão; CV= Coeficiente de variação. FCM1 = Farinha de casca de manga 1, obtida por secagem solar; FCM2 = Farinha de casca de manga 2, obtida por secagem artificial Damodaran e colaboradores (2010) relatam que a atividade de água encontra-se entre uma das variáveis mais importantes para o armazenamento e o processamento de alimentos, ou seja, existe uma relação, de certa forma, entre o conteúdo de água de um alimento e sua perecibilidade. Dessa forma percebe-se que as farinhas podem ser consideradas um produto de fácil conservação. Diferente da aw, a umidade representa o teor de água presente no produto, e que durante a secagem foi eliminada restando apenas o resíduo seco, sem água livre. As farinhas FCM1 e FCM2 apresentaram umidade de 7,2226 e 4,9638%, respectivamente. 4. CONCLUSÕES Os testes de secagem realizados com a casca de manga cv. Tommy atkins mostram que, entre as técnicas adotadas (secagem solar e secagem por fluxo de ar), ambas apresentam aspectos positivos do ponto de vista tecnológico. Nas as amostras FCM1, obtidas por secagem solar em secador watercone, observa-se a preservação da cor e concentração do aroma, intensificando ainda mais as características mais atrativas do fruto. Nas amostras FCM2, obtidas por secagem em secador de fluxo de ar, os principais resultados envolvem o menor tempo requerido para a secagem e obtenção de produto final com menor aw (0,3916), em relação ao outro tratamento (0,4913). AGRADECIMENTOS Os pesquisadores agradecem ao IF SERTÃO-PE pela disponibilização dos laboratórios, ao CNPq pela concessão da bolsa de iniciação científica ao primeiro autor e à empresa Terra Nobre Brasil pela doação o secador Watercone, para realização da pesquisa. REFERÊNCIAS AZEVEDO, L.C.DE; AZOUBEL, P.M.L; SILVA,I.R.A; ARAUJO, A.J. de B.; OLIVEIRA, S.B. Caracterização físico-química da farinha da casca de manga cv. tommy atkins. Anais do XXI CBCTA, 2008. COSTA, A. R. da S. Sistema de secagem solar para frutas tropicais e modelagem da secagem de banana em um secador de coluna estática. Tese de Doutorado; Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal: 2008. CORREIA, R. C.; ARAUJO, J. L. P. Cultivo da Mangueira - Mercado Interno;Mercado externo; Características do mercado. Embrapa Semiárido: Sistemas de Produção, 2-2ª edição. ISSN 1807-0027. Versão Eletrônica. Ago/2010. Disponível em:http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/fonteshtml/manga/cultivodamangueira_2e d/mercado.htm.

DAMIANI, C. et al. Análise física, sensorial e microbiológica de geléias de manga formuladas com diferentes níveis de cascas em substituição à polpa. Revista Ciência Rural, v.38, n.5, ago, 2008. DAMIANI, C. et al. Avaliação química de geléias de manga formuladas com diferentes níveis de cascas em substituição à polpa. Revista Ciências. agrotecnica., Lavras, v. 33, n. 1, p. 177-184, jan./fev., 2009. DAMIANI, C. et al. Doces de corte formulados com casca de manga. ISSN 1983-4063 - www.agro.ufg.br/pat - Pesq. Agropec. Trop., Goiânia, v. 41, n. 3, p. 360-369, jul./set. 2011. DAMODARAN, S.; PARKIN, K.L.; FENNEMA, O.R. Química de Alimentos de Fennema. Tradução Adriano Brandelli et al. 4. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. FELIPE, É. M. de F. ET AL. Avaliação da qualidade de parâmetros minerais de pósalimentícios obtidos de casca de manga e maracujá. Revista Alimentação e Nutrição. ISSN 0103-4235. Araraquara, v.17, n.1, p.79-83, jan./mar. 2006. GAVA, A. J.; SILVA, C.A.B. da; FRIAS, J. G. Tecnologia de alimentos: Princípios e aplicações. p. 95-98. São Paulo: Nobel, 2008. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Banco de Dados: Cidades Lavoura permanente. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home. MARQUES, A; et al. Composição centesimal e de minerais de casca e polpa de manga (Mangifera indica L.) cv. Tommy atkins. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal - SP, v. 32, n. 4, p. 1206-1210, Dezembro 2010. SILVA, P. C. G. da; COELHO, R. C. Cultivo da Mangueira - O cultivo da manga no Brasil e no Semiárido nordestino; A importância econômica e social da mangueira no Submédio do Vale do São Francisco; Organização e coordenação setorial. Embrapa Semiárido: Sistemas de Produção, 2-2ª edição. ISSN 1807-0027. Versão Eletrônica. Ago/2010. Disponível em:http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/fonteshtml/manga/cultivodamangueira_2e d/socioeconomia.htm.