Unidade: Cariologia - histórico e evolução. Unidade I:

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Unidade: Cariologia - histórico e evolução Unidade I: 0

Introdução A Cariologia constitui-se na área da Odontologia que se ocupa do estudo sobre a cárie dentária, no sentido de co mpreender suas causas e associações - como processo saúde-doença - e o rela cionamento entre os diversos fatores que a envolvem. Apesar da tendência de declí nio da cárie dentária, reportada na literatura, pode-se constatar aumento da incidência da doença c om a idade e sua atividade não se lim ita a uma determinada faix a etária, podendo atingir crianças e adultos, dependendo das cond ições em que cada indivíduo se encontra em um dado momento. Esse fato pode justificar a at ual denominação de fator es como determinantes individuais e contextuais da cárie dent ária e s ua identific ação torna-se fundamental para o direci onamento de métodos ade quados para a prevenção e tratamento da doença. O primeiro sinal clínico da cárie dentária caracteriza-se pela presença de manchas brancas na superfície do es malte dentário, que podem ser observadas principalmente em pacientes jovens e portadores de aparelhos ortodônticos fixos (devido à dificul dade de hig ienização dos dentes) e em crianças, e specialmente entre aquelas que utiliz am a mamadeira durante a noite. Caso não seja controlada, a doença poderá evoluir para cavitações rasas ou profundas que podem levar, em algumas situações, à perda do dente. Podemos observar, nas figuras a seguir, o processo de desenvolvimento da cárie dentária. A figura 1 demonstr a a presenç a de les ões de manc has brancas (desmineralização do esmalte dentár io) nos incisivos late rais, caninos e pré-molares, após a remoção de aparelho ortodôntico fixo. As figuras 2, 3 e 4 representam a progressão da doença, sob a forma de cavitação, inic ialmente no esmalte dentário (figura 2 ), envolvendo esmalte e dentina (figura 3) e cavitação profunda co m comprometimento pulpar (figura 4). Vamos observá-las? 1

Figura 1. Lesões cariosas sob a forma de manchas brancas. Fonte:www.bemparana.com.br Figura 2. Representação de lesão cariosa envolvendo apenas o esmalte. Fonte:www.bucal.com.br 2

Figura 3. Representação de lesão cariosa em esmalte e dentina. Fonte:www.blogspot.com Figura 4. Representação de lesão cariosa profunda, com comprometimento pulpar. Fonte:www.infoescola.com 3

É aceito e estabelecido univers almente que a cárie dentária é uma doença multifatorial, infecciosa, tr ansmissível e dieta dependente que produz desmineralização das estruturas dentárias. No entant o, as teorias e conceito s sobre cárie dentária sofreram modificações ao longo dos anos, in fluenciados pelos novos conhecimentos baseados em evidências científicas. Os Paradigmas em Saúde Durante muitos anos, a Odontologia foi marcada por procedimentos curativos, com foco voltado apenas par a a restauração dos dentes cariados. Com o pas sar do tempo, o paradigma da prevenção das doenç as passou a nortear os estudos sobre a cárie dent ária e suas formas de tratamento e controle na prática odontológica. Nos anos 1980, esse paradigma foi substituído por promoção de saúde, um movimento que teve origem no Cana dá, efetivado pela Carta de Otawa, em 1984. A Promoção de Saúde deve ser um processo de capacit ação da comunidade para atuar na melhora da sua qualidade de vida e saúde, incluindo maior participação no controle desse processo. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a Promoção de Saúde representa uma estratégia mediadora entre pessoas e ambientes, sintetizando escolha pessoal e res ponsabilidade social em saúde, para se criar um futuro mais saudável (WHO, 1997) 1. Baseados nesse novo paradigma, muitos estudos têm descrito o impacto da cárie dentária sobre a saúde geral e qualidade de vida dos indivíduos, em diferentes idades. Por exemplo, uma criança com alta atividade de cárie 4

dentária pode sentir dor, faltar na e scola por este motivo e apresentar dificuldade de mastigação, prejudicando seu des envolvimento físico, seu aprendizado e, consequentemente, sua qualidade de vida. Modelos explicativos da cárie dentária Vale lembrar que o conceito de cárie como doença infec ciosa e transmissível tornou-se clássico na Odont ologia, nas décadas de 1950 e 196 0. As bactérias consideradas responsáveis pelo aparec imento da cárie foram identificadas, posteriormente, como os streptococcus mutans. Esse fato deu origem à definição da cárie como uma doença infecciosa específica causada por essas bactérias, conceito que ganhou a confiabilidade e suporte da comunidade científica. O primeiro modelo explicativ o da cá rie dentária foi sugerido, em 1960, por Keys 2, que acreditava na interação simu ltânea de t rês fatores essenciais dente, substrato (alimentos) e microbiota - para o desenvolvimento da lesão de cárie. Observe o diagrama abaixo, proposto por Keys, que demonst ra a natureza multifatorial da cárie. Clique para adicionar texto dente Clique para adicionar texto microbiota lesão de carie substrato Clique para adicionar texto 5

Em 1978, Newbrun 3 argumentou que a cárie dentária seria o resultado de um processo crônico, que apareceria após algum tempo da presença e da interação desses fatores e julgou convenien te incluir o tempo como outro fator etiológico da doença. Observe no di agrama proposto por Newbrun, que os quatro fatores devem estar agind o simultaneamente (sobreposição dos círculos) para que ocorra a lesão de cárie. Micro-organismos hospedeiro e dentes lesão de cárie tempo substrato 6

A partir de 1986, o conceito da doença cárie começou a ser reconhecido pela comunidade científica internaci onal dentro de um a abordagem mais ampla, além do enfoque biológico, por meio de uma publicaç ão de Burt & Ismail 4. Segue abaixo o diagr ama proposto por eles. Obs erve os fatores associados à cárie dentária que passaram a serem considerados. HOSPEDEIRO - estrutura cristalina do esmalte - minerais do esmalte - Ca, P, F AGENTE - estreptococos mutans - lactobacilos - outras bactérias - quantidade de saliva - qualidade da saliva - resposta imunológica - comportamento e atitudes doença cárie AMBIENTE - quantidade de biofilme - qualidade do biofilme - enzimas - minerais - substrato bacteriano - fatores de proteção - nível sócio-econômico e cultural Em 1990, Fejerskov & Manji 5 abordaram outros aspectos externos, como escolaridade, renda e classe social ao modelo preconizado anteriormente. No entanto, os autores consider aram e sses fatores de interferência c omo elementos de confusão, que se apresentam de formas diferent es nas div ersas populações. 7

A proposta para a etiologia da cári e dentária elaborada por Reisine & Litt 6, em 1993, proporcionou um grande avanç o no entendiment o de como os fatores sociais e psicológicos interferem nos comportamentos de saúde bucal e no risco de desenvolver a cárie dentária, denominado modelo biopsico-social. Esse modelo cons idera três fatores na etiologia da doen ça cárie dentária: o biológico, o social e o psic ológico. O fator biológico baseia-se na presença da bactéria streptococcus mutans; o social sofre interferência da etnia, educação, família, trabalho e renda; enquanto o psicológico é influenciado pelo conhecimento sobre saúde bucal, stress e ponto de controle. Conseguiu entender? Então, vamos às considerações finais. Considerações finais Os estudos mais atuais sobre a prevenção e o controle da cárie dentária, em indivíduos e coletivida des, investigam o efeito da interação de todos es ses fatores, considerando, ainda, os aspec tos relacionados às suas crenças e costumes. Ao final, c abe ressalt ar que o processo saúde-doenç a da cárie não é único para todos. Determinados fatores podem ser muito relevantes para um indivíduo ou ter menor impacto para outro. 8

Referências 1. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Oral health surveys: basic methods. 4 ed. Geneva: ORH/EPID; 1997. 2. KEYS, P.H. The infectious a nd transmissible nature of exper imental dental caries. Arch Oral Biol 1960. v. 1304-20. 3. NEWBRUN, E. Cariology. Baltimore: Williams & Wilkins, 1978. 4. BURT, B.A, Ismail AI. Diet, nutrition and food cariogenic ity. J Dent Res 1986. v. 65. p.1475-84. 5. FEJERSKOV O, Manji F. Risk a ssessment in dental caries. In: Risk assessment in Dentistry. University of North Carolina Dental Ec ology 1990; p. 215-17. 6. REISINE S, Litt M. Social and psychological theories and their use for dental practice. Int Dent J 1993. v. 43(2) p. 279-87. 9

10 Responsável pelo Conteúdo: Profª. Dra. Eliete Rodrigues de Almeida Profª. Dra. Mariana Ferreira Leite www.cruzeirodosul.edu.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000