PRODUÇÃO DE FRANGOS EM MODO DE PRODUÇÃO BIOLÓGICO



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PRODUÇÃO DE FRANGOS EM MODO DE PRODUÇÃO BIOLÓGICO NOTA INTRODUTÓRIA No texto que se segue, o leitor encontrará informação diversificada relativamente à produção de três diferentes espécies de animais, o Frango, o Porco e os Ovinos, contudo neste Caso Estudo (na exploração estuda) apenas uma das actividades se encontra presentemente notificada em Modo de Produção Biológico a Produção de Frango. Daí o titulo deste trabalho enfatizar a produção daquela ave. CARACTERIZAÇÃO DA EXPLORAÇÃO Produtor Nome: José de Araújo Pinto; Idade: 52 anos; Área da exploração: 6,92 ha próprios; Ocupação a tempo inteiro na exploração. A exploração inclui um empreendimento de Agro-Turismo do proprietário, o qual dispõe dos seguintes serviços: 10 quartos duplos, restaurante, piscina, corte de ténis, ginásio, salão de jogos, actividades de lazer (cavalos, bicicleta, passeios) e organização de eventos (figura 1). Figura 1. Casa de turismo rural. Formação Curso de empresário agrícola (1983); Curso geral de Agricultura biológica (2004), realizado na cooperativa de Vila Verde (CAVIVER) Produção de frangos em MPB

CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE EXPLORAÇÃO Localização e resumo histórico A exploração localiza-se no concelho de Vila Verde, freguesia de Nevogilde, lugar de Cachopães. O proprietário regressado dos Estados Unidos da América em 1997, adquiriu esta propriedade com a finalidade de se fixar com a sua família, empreendendo ao mesmo tempo um projecto de agro turismo. Nesta propriedade, os terrenos encontravam-se semi abandonados nos anos 90, tendo sido a propriedade adquirida em 1994 aos restantes herdeiros. Com o objectivo de desenvolver a actividade agrícola em Modo de Produção Biológico (MPB), os terrenos da exploração começaram a ser convertidos em 20.11.2003, sendo a Sativa a Entidade Certificadora. O produtor é sócio da Associação de Produtores Biológicos de Vila Verde, dispondo através desta associação de um apoio técnico que lhe é facultado em duas visitas mensais. Figura 2. Esquema da distribuição das culturas/actividades no terreno (ortofotomapa:1:5000). A. Amarelo Complexo Agro Turístico e habitação B. Azul Terreno ligado à produção de aves (galinhas e frangos) 1000m 2 C. Laranja Terreno destinado aos suínos 1500 m 2 D. Violeta Pomar com pastagem sob-coberto: 1 ha (laranjeiras e oliveiras dispersas) F. Verde Prados permanentes e semeados (pastoreio e corte para forragem) encontrando-se delimitados com cerca de rede ovelheira 4,3 ha G. Vermelho Floresta de eucaliptos, castanheiros e carvalhos 1,2 ha 2

Capital fundiário e suas características A exploração detém 6,92 ha com actividade notificada em Agricultura Biológica (AB), estando dividida em 11 parcelas confinadas umas com as outras. As parcelas (campos rectangulares) estão dispostas paralelamente umas às outras, constituindo um conjunto de patamares largos, segurados por muros tradicionais de granito. As características do solo estão descritas mais à frente em anexo, onde estão indicadas as Carta de Solos, a Carta de Aptidão de Terras e a Carta de Ocupação do Solo (formatos digitais - DRAEDM, 1999). A exploração tem água própria de origem subterrânea (dois poços), possuindo também distribuição de água por gravidade através de levadas tradicionais. Segundo as actividades agrícolas actuais podemos dividir área agrícola em quatro partes (figura 2). Capital de exploração fixo inanimado Máquinas agrícolas A exploração tem ao seu dispor o seguinte parque de máquinas: Tractor de 45 CV, charrua, grade de dentes, fresa, reboque distribuidor de adubo, pulverizador. Alojamentos para animais Galinhas e frangos Sistema ao ar livre, com 2 parques a ceú aberto: galinhas reprodutoras 30 x 15 m; frangos de engorda 30 x20 m Dois galinheiros móveis adaptados de reboques de camião (2x7,5x3,5m), poleiros e ninhos com recolha de ovos individualizada Alojamento fechado para os frangos com cama sobre palha (2x7x3m) Incubadora com capacidade para 316 ovos Ovinos Ovil com a dimensão de 5 x 15 x 3m, onde os animais podem permanecer de forma livre. A cama é de palha e serrim. A pastagem encontra-se subdividida em parques através de cerca ovelheira Suínos Parque para suínos ao ar livre (rectângulo de 15 x 80 m) com 3 cabanas de parto Vedações electrificadas Capital de exploração fixo vivo Aves 60 Galinhas reprodutoras nas seguintes estirpes: 30 da raça Preta e 30 da raça amarela. 60 Frangos de engorda (filhos das reprodutoras) 3

Suínos 3 Fêmeas adultas; 2 varrascos; 2 machos de engoda (castrados) Ovinos 42 Fêmeas e 1 macho Equídeos 3 Cavalos de recreio Mão-de-Obra Permanente Próprio produtor Serviços contratados no exterior Corte e enfardamento de forragens (feno) são pagos à tarefa. OPERAÇÕES CULTURAIS: Pastagens e Forragens Figura 3. Pastagem permanente. Consociação de gramíneas (aveia) e leguminosas (ervilhaca). A Instalação dos prados, em anos que é realizada, é efectuada no início de Setembro, com as seguintes operações: Passagem do escarificador, passagem da grade de discos, passagem da grade de dentes e sementeira com rôlo. Calagem na sementeira e fertilização com composto com calcário, espalhamento de fertigafsa à superfície, Instalação progressiva de prados: sementeira em Setembro/Outubro com uma mistura comercial (MixAc900 - Fertiprado) composta por leguminosas (anuais de ressementeira e perenes) e gramíneas (anuais e perenes). Irrigação Rega por aspersão no Verão conforme as necessidades. 4

Recursos a matéria orgânica (MO): Reutilização do estrume produzido pelo gado ovino e equino na exploração. Norma geral é aplicada nos terrenos durante a mobilização do terreno antes da sementeira da forragem e milho. Pastoreio As ovelhas e suas crias são conduzidas em pastoreio rotacional intensivo ao longo do ano, consoante o estado vegetativo das pastagens. Nas épocas de menor quantidade de erva (Inverno) as ovelhas são suplementadas com o feno. Nota: O Corte da forragem e o seu enfardamento são pagos à tarefa. PRODUÇÃO ANIMAL Objectivo de produção Actualmente, enquanto não existe uma especialização por parte do produtor, o principal objectivo da exploração é a pluriactividade produção de frangos, borregos e suínos, de forma equilibrada, destinada ao auto consumo familiar e serviço de restauração do empreendimento Agro Rural. A produção de frangos em MPB e de ovinos foram as primeiras actividades na exploração, iniciando-se os suínos (produção de leitões) há cerca de 1 ano apenas, com a introdução de duas porcas Bísaras e um varrasco em sistema de ar livre. Num objectivo a médio prazo, com base na experiência adquirida nestes primeiros anos, o produtor pretende enveredar por uma ou duas destas actividades numa óptica de produzir para o mercado. Figura 4. Produção de frangos (modo produção biológico). Estirpe Preta Lusitana. Figura 5. Produção de leitões Bísaros, ao Ar Livre. Figura 6. Produção de borregos ao desmame. Alimentação Animal Ovinos Os animais alimentam-se apenas das pastagens durante todo o ano e feno da exploração (Inverno), não sendo utilizados quaisquer concentrados 5

Aves Milho produzido na própria exploração Couves, erva e vegetação natural Suínos Alimento comercial (não biológico) adaptado ao estado fisiológico dos animais (lactação, gestação, leitões, crescimento, acabamento) Abóbora, couves, nabos, batata, algumas azeitonas. Índices técnicos médios estimados a partir das informações do produtor Ovinos 1 Partos em dois anos 1 Borrego em média por parto Borregos abatidos à volta dos 12 kg de peso vivo Suínos 2 Partos por ano Produtividade numérica =18 leitões desmamados por porca e por ano Os porcos de engorda crescem em média por dia 450 g/dia, sendo abatidos por volta dos 100 120 kg de peso vivo (75-90 kg de carcaça) Figura 7. Porca dentro da cabana com leitões Figura 8. Jovem macho reprodutor de raça Bisara. 6

Aves Galinhas Reprodutoras Inicio da postura (semanas) 24 semanas Nº de ovos por galinha/ano 140 ovos Ovos incubáveis de 65% Nº pintos /galinha 82 Alimento total /pinto até inicio reprodução 7500g Viabilidade (%) até à reforma 85 % Peso vivo à reprodução (kg) 1,5 a 2 kg Peso vivo à reforma (kg) 2,3 kg Frangos de engorda Velocidade de crescimento PV ao abate 2,5 a 3,0 kg Carcaça 2,0 2,5 kg Idade ao abate 7 a 12 meses Ganho médio diário 15 a 20gramas/dia Eficiência alimentar Índice de conversão 4,0 Custo alimentar 8 a 10,5 /ave Rendimento da carcaça 82% Preço de venda 17 euros vivo 7 a 8 /kg abatido Figura 9. Poleiros construídos pelo produtor Figura 10. Ninhos e recolha de ovos dentro da estrutura móvel adaptada (reboque de camião). Figura 11. Galinhas reprodutoras Figura 12. Frangos de engorda em modo produção biológico. 7

DESTINO DA PRODUÇÃO Como já mencionado anteriormente, actualmente a produção destina-se ao abastecimento familiar e à restauração do empreendimento de Agro Turístico. Tabela 1. Valorização económica dos diferentes produtos. Caso estudo. PRODUTO Auto-consumo/restaurante do Agro turismo Suínos (Bísaros e outras) 100% Frangos (Preta Lusitânica; galinha Amarela) 100% Ovinos (sem raça específica) 100% Futuro Pretende vender no mercado e consumo próprio Consumo próprio Consumo próprio O agricultor dispõe por via da produção de ovinos, o subsídio das ajudas compensatórias ICs, com direitos sobre 43 cabeças. DIFICULDADES SENTIDAS PELO PRODUTOR INERENTES AO MODO DE PRODUÇÃO As principais dificuldades sentidas pelo produtor resultam da pequena dimensão da exploração, a qual dificulta o crescimento da produção numa óptica de abastecimento de mercado. Por outro lado a coexistência de várias produções animais (frangos, ovinos e suínos) dificultam a especialização e o crescimento produtivo de cada uma das actividades per si. Equacionando a possibilidade de especialização/crescimento de cada uma das actividades animais em detrimento das outras, resumimos seguidamente, no contexto da exploração, uma análise SWOT para cada espécie animal: Pontos Fortes Valorização dos recursos disponíveis da exploração; Qualidade especifica do produto; Preço mais elevado de venda dos frangos, relativamente ao modo convencional Produção de Frangos Biológicos em MPB Fraquezas Inexistência de quadro legal de autorização ao abate na exploração e venda directa de carcaças de frango (frango do campo/frango biológico); Inexistência de estrutura de abate de forma organizada/agrupada (frangos biológico); 8

Integração do produtor num grupo de produtores que poderá facilitar a oferta e os investimentos globais. Características nutricionais da carne baixo teor de colesterol Oportunidades Crescente procura e aceitação no mercado de frango biológico; Espaço no mercado para crescer; Tradição regional de consumo de frango; Crescente do mercado europeu de produtos bio, com boa apetência para os made in Portugal; Inexistência de uma rede organizada de comercialização e rotulagem do produto; Necessário efectuar grandes investimentos em tecnologia de produção de frangos (reprodução, ovos e frangos); Custos de produção elevados Pouca formação na área específica da avicultura; Inexistência de uma oferta de complemento alimentar/serviços em condições de preço e tempo de entrega ideal. Ameaças Concorrência proveniente da diversificação dos produtos, pela indústria avícola; Perigos de flutuações no mercado devido às crises sanitárias que se têm sucedido. Pontos Fortes Produção de Ovinos Biológicos em MPB/Extensivo Fraquezas Valorização dos recursos disponíveis da exploração (pastagem); Qualidade específica do produto. Oportunidades Crescente procura e aceitação no mercado de carne em modo de produção biológico; Espaço de mercado no mercado para crescer; Reduzida área na exploração (apenas 6 ha); Inexistência de uma rede organizada de comercialização e rotulagem do produto; Pouca formação na área ovinicultura; Incerteza na valorização da venda dos borregos em MPB Ameaças Concorrência proveniente dos sistemas extensivos e muito parecidos ao MPB; Produção de Suínos em MPB / Ar Livre Pontos Fortes Pontos Fracos Valorização dos recursos disponíveis da Inexistência de uma rede organizada de 9

exploração (alimentos tradicionais); Qualidade específica do produto; Grande variedade de produtos (leitões, engorda, diferentes pesos de abate); Preço mais elevado de venda dos suínos; Não carece de tratamentos de efluentes; Baixo investimento; Actividade que pode entrar em rotação com outras culturas (forragens, cereais), matéria orgânica ao solo. Oportunidades Crescente procura e aceitação no mercado de carne biológico/extensivo; Espaço de mercado no mercado para crescer (transformados e frescos); comercialização e rotulagem do produto; Custos de produção mais elevados do que no modo convencional; Pouca formação na área específica da suinicultura. Ameaças Concorrência proveniente da diversificação dos produtos tipo tradicional provenientes de grandes agro-industrias. PRESPECTIVAS DE FUTURO Se por um lado a dimensão económica não permite a entrada de capital que se destine à realização de novos investimentos e à obtenção de um fundo de maneio da exploração, também é verdade que a coexistência de várias produções animais e a actual dimensão da propriedade são os principais factores limitantes ao crescimento da produção. Este é um problema comum a outros produtores da região. Na tentativa de aumentar a área de produção e o volume de vendas de produtos no mercado, o produtor com outros colegas associados da Associação de Produtores Biológicos de Vila Verde, equacionam a possibilidade de em conjunto enveredarem pela especialização e pelo aumento da produção de alguma(as) actividades animais (frango e/ou suínos em MPB). O desenvolvimento de um projecto conjunto entre vários produtores, na área dos suínos ou dos frangos em MPB, permitirá o crescimento e a produção de carne para o mercado de forma mais organizada e controlada, cumprindo-se em escala todos os requisitos deste a produção inicial até ao consumidor. A implementação de um projecto deste tipo exigirá o desenvolvimento de uma estratégia de grupo assente numa recolha prévia de informação de cada subsector, com a finalidade de se definirem objectivos claros de mercado, de produtos e de sistemas de produção a adoptar. Todas as decisões deverão ser sustentadas por estudos de análise económico-financeiras que demonstrem a viabilidade do projecto Um Plano de Negócios. Não menos importante para o desenvolvimento deste projecto deverão ser igualmente encontradas parcerias nas áreas da gestão, da experimentação, da inovação e dos serviços, como sejam, nos factores de produção, no abate, na transformação e na distribuição. 10

Por último, a eficiência da produção, o ambiente, o bem-estar animal e a bio-segurança deverão estar na primeira linha das decisões técnico-económicas desde a exploração até ao prato, garantindo aos consumidores produtos de boa qualidade e a sua satisfação. Agradecimentos Obrigado ao Sr. José de Araújo Pinto, produtor e proprietário da quinta sobre a qual o presente estudo recaiu, e ao Sr. Engenheiro Alexandre Rebelo toda a colaboração prestada na realização deste trabalho. 11

³ Carta de Solos 3 ATcd.g ANEXOS 2 RGuo.g 2 RGuo.g 4 RGdo.g 3 ATcd.g 2 ATcd.g 4 RGdo.g 2 ATcd.g 1 FLdm Solos 1 ATcd.g 1 ATcd.t 1 ATcd.x 1 CMdp.t 1 FLdm 1 LPd.x 1 RGdo.g 1 RGdo.t 1 RGdo.x 1 RGul.g 2 ATcd.g 2 ATcd.x 2 CMup.t 2 LPd.x 2 RGdo.g 2 RGdo.x 2 RGuo.g 3 3 ATcd.g 3 ATcd.x 3 RGdo.g 3 RGdo.t 4 ATcd.g 4 CMdx.x 4 RGdo.g 4 RGuo.g 6 ATcd.g 7 ATcd.g 7 ATcd.x FONTE: Carta de Solos - DRAEDM - 1999 1:5.000 Legenda: Extraída da Carta de solos e carta de aptidão da terra para a agricultura (1:25.000) em Entre Douro e Minho. Formato digital, 1999. 12

³ Aptidão agrícola da terra A0 A2 A1 Clases de Aptidão Agricola da Terra A0 - Sem Aptidão A1 - Aptidão Elevada A2 - Aptidão Moderada A2;A0 - Aptidão Mista A3 - Aptidão Marginal FONTE: Carta de Aptidão Agrícola da Terra - DRAEDM - 1999 1:5.000 13

³ Ocupação do Solo Espaços Florestais Espaços Agrícolas Espaços Sociais Ocupação do Solo Espaços Agrícolas Espaços Florestais Espaços Sociais FONTE: Carta de Ocupação do Solo - COS 90 - IGP - 1990 1:5.000 14