CONSIDERAÇÕES SOBRE OS LIMITES PARA A CONCESSÃO DE MEDIDAS LIMINARES E TUTELAS DE URGÊNCIA EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA



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Transcrição:

Publicado na RTRIB 96/297 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS LIMITES PARA A CONCESSÃO DE MEDIDAS LIMINARES E TUTELAS DE URGÊNCIA EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA ÁREA DO DIREITO: Tributário; Processual VICTOR FERNANDES CERRI DE SOUZA Advogado. RESUMO: Este estudo almeja elaborar um panorama geral sobre as medidas liminares e as tutelas de urgência em matéria tributária, traçando por introito, paralelos elementares que compõem a estrutura nuclear do tema e conduzindo o texto sob o enfoque dos limites para a concessão de medidas liminares e tutelas de urgência na seara pretendida, fazendo um apanhado geral da legislação concernente e avaliando sua eficácia jurídica. E continua, trazendo à baila o conjunto de características e pressupostos para a concessão destas medidas de maneira a construir um estudo completo e indispensável à composição do tema enunciado. PALAVRAS-CHAVE: Direito processual tributário - Medidas liminares - Tutelas de urgência - Limites para a concessão de medidas liminares. ABSTRACT: This study longs for to elaborate a general panorama on the preliminary measures and the urgency protections in tax matter, drawing for elementary parallel beginning that it composes the nuclear structure of the theme, and driving the text under the focus of the limits for the concession of preliminary measures and urgency protections in the intended wheat field, doing a been hit general of the concerning legislation and evaluating his/her juridical effectiveness. It continues broaching, the assemblage of characteristics and presupposed for the concession of these measured in way to build a more complete and indispensable study to the composition of the enunciated theme. KEYWORDS: Tax procedural law - Injunctions - Immediate injunctions - Limits for the granting of injunctive. SUMÁRIO: 1. INTRODUÇÃO - 2. A IMPERATIVIDADE DO DIREITO POSITIVO - 3. MEDIDA LIMINAR: 3.1 DA ORDEM CONCESSIVA DE MEDIDA LIMINAR E SEU DESCUMPRIMENTO; 3.2 DOS REQUISITOS ESSENCIAIS PARA A CONCESSÃO DE MEDIDAS LIMINARES - 4. LIMITES PARA A CONCESSÃO DE MEDIDAS LIMINARES EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA, EM TUTELA CAUTELAR E EM TUTELA ANTECIPATÓRIA: 4.1 PREVISÃO NORMATIVA DAS MEDIDAS LIMINARES E DA TUTELA CAUTELAR; 4.2 EFICÁCIA JURÍDICA DAS NORMAS INFRACONSTITUCIONAIS IMPEDITIVAS OU RESTRITIVAS DE LIMINARES - 5. CARACTERÍSTICAS E PRESSUPOSTOS PARA A CONCESSÃO DE MEDIDAS LIMINARES EM TUTELA CAUTELAR E EM TUTELA ANTECIPATÓRIA - 6. INSTITUTOS

JURÍDICOS NORTEADORES RELATIVOS À MATÉRIA TRIBUTÁRIA: 6.1 DEPÓSITOS JUDICIAIS; 6.2 DOS EFEITOS DA CASSAÇÃO OU DA REVOGAÇÃO DA MEDIDA LIMINAR; 6.3 DA COMPENSAÇÃO - 7. CONCLUSÃO - 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. 1. INTRODUÇÃO O presente ensaio tem por objeto o exame dos limites e das considerações genéricas para a concessão de medidas liminares, particularmente em matéria tributária, em tutela cautelar e em tutela antecipatória; em outros termos, pretende-se elaborar uma pesquisa analítica dos requisitos e pressupostos de admissibilidade destes institutos, além de estudar a legislação específica de caráter restritivo, em relação ao deferimento dos diversos instrumentos cautelares e antecipatórios. Este artigo, além de abordar os aspectos nucleares das medidas liminares, de modo amplo e também restrito às suas diferentes espécies, procura apresentar diversos outros aspectos fundamentais, relativos aos limites da discricionariedade na interpretação das disciplinas legais, colecionando variadas doutrinas concernentes ao tema. Diante disso, poder-se-á haurir que a dinâmica que o mundo dos negócios imprime à vida moderna, criando meios para a consecução dos objetivos e desenvolvimento do Estado, na realização do bem comum, não pode ser estagnada quando o legislador não a acompanha oferecendo os instrumentos legais, adequados às novas situações, nas quais possam ser emoldurados os ajustes necessários à imposição tributária. 2. A IMPERATIVIDADE DO DIREITO POSITIVO Em princípio, apesar de o magistrado deter a prerrogativa da aplicação direta do poder estatal, sua autoridade e a extensão de seu poder são expressamente limitadas por todo o ordenamento jurídico pátrio vigente. Sendo assim, não podem os juízes aplicar a justiça norteados por conceitos subjetivos e pré-conceitos amplamente difundidos na sociedade contemporânea, que corroboram para um ideal conotativo de aplicação da justiça, depreendido de fundamentos científicos e técnicos. O togado deve observar, portanto, que o verdadeiro e único poder outorgado legitimamente a ele é a prestação da tutela jurisdicional, aplicando o ordenamento jurídico conforme seus postulados à luz da hermenêutica jurídica, mas até o limite das restrições das margens de seus ditames, de maneira a não criar regramentos paralelos que deformem os resultados finais da aplicabilidade da norma. Vale frisar que, nesse sentido, torna-se o magistrado por vezes, extremamente dependente de um positivismo jurídico distante da realidade social e que não locupleta os reais anseios dos cidadãos (MAXIMILIANO, 1995). O trecho a seguir elucida e configura de maneira mais prática essa situação: (...) hoje, entende-se por Justiça a aplicabilidade eficiente e correta das leis vigentes em um determinado país. Um juiz faz justiça quando, imparcialmente,

sem propender emocionalmente para esta ou aquela parte, aplica os preceitos legais cabíveis naquele caso em pauta (JAIME, 1992). Já embarcando na seara pretendida, depreendemos que esta enunciação arrazoa o fato de o magistrado não poder conceder qualquer espécie de medida liminar, estando ausente qualquer um de seus requisitos condicionadores, ou mesmo deixar de concedê-la, estando presentes as condições. Assim - frisa-se - o juiz não poderia lastrear suas decisões apenas sob a égide de suas convicções íntimas, de suas impressões subjetivas ou de sua ponderação axiológica; os limites para a concessão ou não de medidas liminares, principalmente em matéria tributária, devem observar estritamente as imposições imperativas do regramento legal. 3. MEDIDA LIMINAR Ainda por introito, o presente artigo mergulha no exame de algumas das peculiaridades desta providência de caráter emergencial, abarcando seu conceito jurídico, suas características e fundamentos, sua mutação gradativa no plano tributário, seus pressupostos e condições de concessão ou negação, e as demais discussões que permeiam o tema. 3.1 Da ordem concessiva de medida liminar e seu descumprimento A ordem judicial concessiva de medida liminar diferencia-se das outras pelo caráter de emergência que normalmente a compõe e, por isso, seu descumprimento pode acarretar consequências graves e irreversíveis. Na esfera cível, não há medidas específicas a fim de garantir a eficácia da ordem, contudo, no âmbito penal, o crime de desobediência, tipificado no art. 330 do CP, resguardaria sanção aplicável a tal situação. Defende Antônio Cezar Lima da Fonseca (1992), que nos casos de descumprimento de liminar por autoridade pública em mandados de segurança, configuraria o delito de prevaricação, descrito pelo art. 319 do CP. 3.2 Dos requisitos essenciais para a concessão de medidas liminares O elemento basilar mais importante para a concessão de medidas liminares em mandado de segurança, ação popular, ação civil pública, habeas corpus, ação direta de inconstitucionalidade ou como antecipação de cautela, é o periculum in mora, que significa, o perigo de dano derivado do retardamento da medida definitiva, ou seja, o risco de demora. A urgência em se obter a tutela jurisdicional pleiteada, decorrente do periculum in mora, deve ser incondicionalmente provada. Nas palavras de Rodolfo Camargo Mancuso (1989, p. 30) (...) é ônus do requerente provar que necessita da cautela de modo urgente, ante certa situação grave e incontornável de outra maneira, havendo o risco objetivo e atual de que a lesão temida se converta em dano efetivo. Não menos importante, é o exame do segundo elemento, o fumus boni iuris, indispensável para medir a viabilidade da medida liminar suscitada. Essa expressão remete à ideia da existência de um direito aparente ou da provável

existência de um direito, estabelecendo um vínculo subjetivo entre o mérito do pedido principal e o mérito da providência cautelar. 4. LIMITES PARA A CONCESSÃO DE MEDIDAS LIMINARES EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA, EM TUTELA CAUTELAR E EM TUTELA ANTECIPATÓRIA Forçoso apontar que, apesar da concreta diferença existente entre esses institutos, seus respectivos pressupostos de admissibilidade agem da mesma maneira como elementos de cunho intrinsecamente restritivo. Igualmente, há inúmeras leis infraconstitucionais restritivas à concessão de provimentos cautelares: art. 1.º da Lei 2.770, de 04.05.1956; art. 5.º da Lei 4.348, de 26.06.1964;1 art. 51 da Lei 4.862, de 29.11.1965; art. 1.º, 4.º, da Lei 5.021, de 09.06.1966;2 art. 1.º da Lei 7.969, de 22.12.1989; art. 1.º da Lei 8.076, de 23.08.1990; e art. 1.º da Lei 8.437, de 30.06.1992. Ou de provimentos antecipatórios: essencialmente Lei 9.494, de 10.09.1997. Exercem uma função de limitação jurisdicional, ainda que imprimidas com algumas controvérsias quanto à sua eficácia quando afrontam a Constituição Federal e quanto à aplicabilidade dos respectivos dispositivos de lei, vez que os Poderes Legiferantes não têm primado pelo rigor técnico-jurídico necessário para a edição dessas importantes fontes normativas. Nesse sentido, oportuna é a constatação de Roy Reis Friede (2005, p. 164): (...) em inúmeras situações os Poderes Executivo e Legislativos têm comumente confundido os diferentes institutos da tutela cautelar (de nítida função acautelatória, relativa a uma jurisdição imprópria ou extensiva, com referibilidade processual) e da tutela antecipatória (de nítida função cognitiva, relativa a uma jurisdição própria ou de conhecimento, com referibilidade material), editando normas regulamentares de difícil interpretação, como a Lei 9.494/1997, que, ao disciplinar mecanismos restritivos em relação à concessão da tutela antecipatória, acabou por estabelecer uma inconveniente (e equivocada) similitude com a tutela cautelar, dispondo, em seu art. 1.º, a plena aplicabilidade das restrições ao deferimento de liminares acautelatórias, expressamente consignadas nos arts. 5.º e parágrafo único e art. 7.º da Lei 4.348/1964, no art. 1.º e seu 4.º da Lei 5.021/19663 e nos arts. 1.º, 3.º e 4.º da Lei 8.437/1992, às medidas antecipatórias previstas nos arts. 273 (tutela antecipada) e 461 (tutela específica), ambos do CPC. 4.1 Previsão normativa das medidas liminares e da tutela cautelar Nessa seara, cumpre alinhavar sinteticamente que as medidas liminares de natureza jurídica instrumental cautelar, em mandado de segurança, em habeas corpus, em ação popular, em ação civil pública, em ação direta de inconstitucionalidade ou como antecipações provisórias de medidas cautelares nominadas e inominadas, estão previstas e expressas em leis especiais, conforme os exemplos notórios que seguem: - Mandado de segurança - art. 7.º, III, da Lei 12.016, de 07.08.2009:

Art. 7.º Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: (...) III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica. - Habeas corpus - por integração analógica e construção jurisprudencial; - Ação popular - art. 5.º, 4.º da Lei 4.717, de 29.06.1965: Art. 5.º Conforme a origem do ato impugnado, é competente para conhecer da ação, processá-la e julgá-la o juiz que, de acordo com a organização judiciária de cada Estado, o for para as causas que interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado ou ao Município. (...) 4.º Na defesa do patrimônio público caberá a suspensão liminar do ato lesivo impugnado. - Ação civil pública - art. 12 da Lei 7.347, de 24.07.1985: Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em decisão sujeita a agravo. - Ação direta de inconstitucionalidade - art. 102, I, p, da CF/1988: Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: (...) p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade. - Ações cautelares preparatórias ou incidentais - art. 804 do CPC: Art. 804. É lícito ao juiz conceder liminarmente ou após justificação prévia a medida cautelar, sem ouvir o réu, quando verificar que este, sendo citado, poderá torná-la ineficaz, caso em que poderá determinar que o requerente preste caução real ou fidejussória de ressarcir os danos que o requerido possa vir a sofrer. Completando esta coletânea legislativa, resta ainda apontar que as medidas liminares, de maneira implícita e genérica, encontram-se previstas na Constituição Federal, mais especificamente em seu art. 5.º, XXXV:

Art. 5.º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Neste dispositivo manifesta-se o princípio da inarredabilidade do controle jurisdicional, conferindo ao Poder Judiciário possibilidades de alteração que até então não possuía e, consequentemente, ampliando sua esfera de inferência e seu poder intrínseco, especialmente no que tange à aplicação de medidas liminares de modo geral. Sobre este dispositivo, José Cretella Júnior (1988, p. 436) faz uma ressalva importante e destacável: (...) A apreciação do Poder Judiciário incide apenas sobre lesão a direito, considerando que, de acordo com nosso atual regramento jurídico, a lesão a interesse somente pode ser resolvida no âmbito administrativo, uma vez que, concorrendo o interesse público e o interesse privado, há naturalmente uma flagrante e legal supremacia do primeiro sobre o segundo. 4.2 Eficácia jurídica das normas infraconstitucionais impeditivas ou restritivas de liminares Conforme se constatará na sequência deste título, existem algumas normas infraconstitucionais, anteriores à Constituição Federal que vigoram contemporaneamente, que traçam limites ratione materiae para a concessão de medidas liminares. De maneira quase que absoluta a doutrina e a jurisprudência mais recente entendem que esses limites impostos, colidem diretamente com princípios constitucionais expressos e implícitos no ordenamento jurídico pátrio e, dessa forma, terminam por ferir o poder cautelar geral, ou seja, o poder que o juiz detém de outorgar ex officio as medidas cautelares indispensáveis à garantia da possibilidade de satisfação futura da pretensão das partes, e também o poder cautelar de forma ampla, ou seja, a principiologia constitucional implícita na legislação. Oportuno nesse aspecto a observação de Eduardo Domingos Bortallo, constante na rica obra tributária coordenada pelo Prof. Luis Eduardo Schoueri (2003, p. 847): Daí decorrente a necessidade de serem veementemente repudiados expedientes que buscam amesquinhar o contencioso administrativo tributário, sob pena de ser perdida a oportunidade de consolidar-se sua utilização como opção viável para aliviar a sobrecarga decorrente da imensa demanda que, nesta área, hoje se faz ao Poder Judiciário.

Essa tendência da ciência jurídica atual preceitua que a ineficácia jurídica dessas normas é manifesta e, sendo assim, deve ser reconhecida pelo julgador, sob pena de este ser omisso em seu dever de usar o poder que lhe foi atribuído pela soberania popular, refletida pela promulgação da Constituição. Cultivando este raciocínio, Sérgio Ferraz (1992, p. 109) afirma que É incostitucional a norma legal ou regulamentar que proíba, transitória ou definitivamente, a concessão de liminar. No mesmo passo, Betina Rizzato Lara (1994, p. 74) diz que todo e qualquer veto à concessão de liminares, no nosso entender, é inconstitucional, mesmo que o motivo justificador para tal vedação seja o interesse público. Outro ponderado e sólido postulado da doutrina atesta: Por causa de indesejáveis abusos que houve, há hipóteses em que, hoje, se proíbe a concessão de medida liminar. São estas proibições, a nosso ver, inconstitucionais, justamente pelo que afirmamos, com relação à importância da medida liminar e sua ligação com a natureza e finalidade do mandado de segurança (ARRUDA ALVIM PINTO, 1998, p. 24). Apesar de o aludido posicionamento ser majoritário, não se pode deixar de contrapor nesta oportunidade, argumentos divergentes da doutrina que permeiam a jurisprudência: A mera restrição ao poder de cautela do juiz, em casos determinados e diante de razões plausíveis, não conflita com a regra geral do amplo recurso ao Judiciário. A apreciação da demanda é sempre permitida, inviabilizando-se apenas o seu atendimento imediato, nas situações especificadas em lei, como medida de proteção ao Erário Público (GUIMARÃES, 1992, p. 28). Alinhado no mesmo diapasão, Galeno Lacerda (1984, p. 341) lança a seguinte assertiva: Pode a lei, também, proibir simplesmente as liminares. Desde que não vedado o direito à ação principal, o que ofenderia a Constituição, nada impede coíba o legislador, por interesse público, a concessão de liminares. Finalmente, cumpre indicar que há julgados que apontam para integral validade material dessas normas impeditivas, condicionando a concessão da providencia cautelar vindicada, à necessária comprovação dos requisitos de admissibilidade. Como uma das pioneiras dessas restrições normativas, tem-se a vigorante Lei 2.770/1956, que proíbe expressamente em seu art. 1.º, a concessão de medida liminar nas ações e procedimentos judiciais de qualquer natureza que visem à liberação de mercadorias, bens ou coisas de procedência estrangeira. Na sequência progressiva, tem-se a Lei 4.348, de 26.06.1964,4 vedando em seu art. 5.º a liminar em mandados de segurança que pretendam à reclassificação ou equiparação de servidores públicos, ou à concessão de aumentos ou extensão de vantagens. A Lei 7.969, de 22.12.1989, em seu art. 1.º, estendeu os efeitos do referido art. 5.º, às medidas cautelares.

Cabe mencionar também a Lei 4.862, de 29.11.1965, que em seu art. 51 revogou o art. 39 da Lei 4.357, de 16.07.1964 que proibia liminar em matéria fiscal, mas limitou o prazo de eficácia da medida liminar em 60 dias. Nesse sentido, vale consignar também a Lei 5.021, de 09.06.1966 que proibiu a concessão de liminar para pagamento de vencimento e vantagens pecuniárias a servidores da União, dos Estados ou dos Municípios e de suas autarquias. Continuando, a Lei 8.437, de 30.06.1992, no art. 1.º, 1.º, estabeleceu inúmeras vedações às medidas liminares, especialmente em processos cautelares, sempre que providência semelhante não puder ser concedida em ações de mandado de segurança, em razão de vedação legal, além de também impor outras várias limitações concernentes ao instituto da tutela provisória. Necessário observar que o texto original destes dispositivos de lei tem sido constantemente modificado pela edição de algumas medidas provisórias (e.g. MedProv 1.703/1998, 1.774/1998, 1.798/1999, 1.906/1999, 1.984/1999, 2.102/2000 e 2.180/2001), o que dá margem à discussão sobre a possibilidade de se legislar em matéria processual por meio de medidas provisórias: Abrindo o debate, acentuo que também eu entendo que a medida provisória que proíbe a concessão de medida liminar em mandado de segurança é inconstitucional. Assim votei, nesta Corte, vencido na companhia dos Min. Paulo Brossard e Celso de Melo. Sob esse aspecto, pois, nada há que reparar na decisão sub examen, já que, segundo penso, a não concessão de liminar, pela Corte Suprema na ação direta que tem por objetivo a citada medida provisória, não impede que os juízes, no controle de constitucionalidade difuso, deixem de aplicá-la, por inconstitucionalidade se assim entenderem (BRASIL, 1990, p. 7071). 5. CARACTERÍSTICAS E PRESSUPOSTOS PARA A CONCESSÃO DE MEDIDAS LIMINARES EM TUTELA CAUTELAR E EM TUTELA ANTECIPATÓRIA Considerando os requisitos essenciais para a concessão de medidas liminares em mandado de segurança, ação popular, ação civil pública, habeas corpus, ação direta de inconstitucionalidade ou como antecipação de cautela, o que primeiro se destaca é o periculum in mora, ou seja, o fundado receio da existência de um dano jurídico de difícil ou impossível reparação durante o curso da ação que contém o pedido de mérito, sendo, portanto, uma das condições necessárias para viabilizar o deferimento da medida liminar pretendida ou mesmo sua concessão de ofício. Conforme se pode extrair dos pensamentos de Willard de Castro Villar (1971, p. 61), a expressão periculum in mora significa objetivamente o perigo de dano derivado do retardamento da medida definitiva. Contextualizando melhor o requisito em pauta, Ovídio Araújo Baptista da Silva (1974, p. 29) leciona que (...) sempre que, por uma modificação do mundo exterior produzida por fato do homem ou por fato natural, se cria uma situação perigosa que ameaça fazer periclitar um determinado bem jurídico criando um sério risco de dano, justifica-se a tutela cautelar.

Sobre a avaliação e mensuração do dano pelo magistrado, bem sintetiza o Prof. Humberto Theodoro Júnior (1976, p. 78): A plausibilidade do dano é avaliada pelo juiz, segundo as regras do livre convencimento, de modo que não dispense a fundamentação ou motivação de seu conhecimento; mas isto dar-se-á com muito maior liberdade de ação do que a formação de certeza que se exige no processo definitivo. Deve o magistrado, portanto, atentar para identificar o risco de dano que corresponda a fatos que desequilibrem efetivamente a situação preexistente. Na sequência dos requisitos essenciais, não menos importante é a comprovação do fumus boni iuris, ou seja, o juízo de probabilidade e verossimilhança do direito cautelar a ser acertado. Inevitável novamente citar o Prof. Humberto Theodoro Júnior (1976, p. 77), que, com maestria dogmática, leciona sobre a identificação prática deste elemento: Se, à primeira vista, conta a parte com a possibilidade de exercer o direito de ação, e se o fato narrado, em tese, lhe assegura provimento de mérito favorável, presente se acha o fumus boni iuris, em grau suficiente para autorizar a proteção de medidas preventivas. A norma positivada, mais especificamente a Lei 12.016, de 07.08.2009, em seu art. 7.º, III, estabelece o regramento do duplo fundamento da providência cautelar e enumera os requisitos elementares da suspensão liminar do ato impugnado na ação mandamental, quais sejam: (a) A relevância do fundamento do pedido ou a relevância dos motivos alegados; e (b) A irreparabilidade futura do eventual dano produzido pelo ato impugnado. O juiz ao examinar o caso concreto irá valorar o fundamento do pedido e julgar se o sobrestamento do ato impugnado é indispensável para que o deferimento extemporâneo da medida, não se torne ineficaz. Daí concluir-se que este fundamento é de ordem subjetiva e não processual. Em sua maior parte, a doutrina tem postulado que os requisitos para a suspensão liminar do ato impugnado do mandado de segurança identificam-se com os pressupostos genéricos para a concessão da medida liminar: o fumus boni iuris e o periculum in mora; conforme o art. 7.º, III, da Lei 12.016/2009, verbis: Art. 7.º Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: (...) III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida,

caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica. Assim, a lei permite exprimir que a providencia liminar visa paralisar a prática de ato lesivo até o pronunciamento definitivo do magistrado, assegurando a possibilidade de satisfação do direito do impetrante. A respeito desta providência no processo cautelar, mais algumas linhas didáticas da doutrina: Apesar de toda a preocupação do legislador ao disciplinar um trâmite processual diferenciado no processo cautelar, visando justamente à entrega da prestação jurisdicional em tempo suficiente para proteger eficazmente o interesse do requerente, por vezes a proteção cautelar não pode esperar o regular trâmite processual, sob pena de perecimento do interesse que se procura proteger. Surge então a necessidade de concessão de liminar na cautelar, ou seja, tornar o que já era urgente ainda mais urgente. A liminar no processo cautelar representa o suprassumo da urgência (NEVES, 2009, p. 1089). Após a comprovação destes principais requisitos, é imprescindível a constatação da efetiva presença do requisito denominado periculum in mora inverso ou reverso, consistente no afastamento da eventual concretização de grave risco de ocorrência de dano irreparável ou de difícil reparação contra o réu, impetrado ou requerido, como consequência da concessão da medida liminar eventualmente deferida ao autor, impetrante ou requerente. Sobre esta consequência, adverte Egas Dirceu Moniz de Aragão (1974, p. 38) que (...) há certas liminares que trazem resultados piores que aqueles que visavam evitar. Na continuidade, avaliados os requisitos mencionados, deverá ser observado o pressuposto especial para a concessão da antecipação liminar, expresso no art. 804 do CPC: Art. 804. É lícito ao juiz conceder liminarmente ou após justificação prévia a medida cautelar, sem ouvir o réu, quando verificar que este, sendo citado, poderá torná-la ineficaz, caso em que poderá determinar que o requerente preste caução real ou fidejussória de ressarcir os danos que o requerido possa vir a sofrer. Em outras palavras, cumpre em situações como esta configurada pela lei, a comprovação de que a antecipação da medida cautelar, em forma de liminar, é estritamente indispensável, vez que abrir a possibilidade de o réu contestar traria consigo risco considerável de tornar a medida ineficaz, frustrando seu objetivo. Dessa maneira a liminar inaudita altera pars age como freio à discrição judicial, quando se verificar que a citação do réu possa tornar o procedimento ineficaz. Como bem explica Betina Rizzato Lara (1994, p. 94), em alusão a Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda:

Neste sentido, Pontes de Miranda afirma que a medida cautelar, se pedida inautida altera parte, deve ser concedida no bojo da petição concebida nos termos do art. 801, sendo ela um adiantamento da prestação jurisdicional da cautela. A liminar somente pode ser concedida se a urgência é tal que seria ineficaz a sentença assegurativa. Esses elementos autorizadores da concessão da medida liminar atuam como agentes vinculativos, restringindo e limitando o índice de liberdade do juiz ao proferir a respeito da oportunidade e da conveniência da concessão da medida liminar. Além do mais, por se tratar o deferimento da medida de uma de decisão interlocutória, fica o juiz vinculado aos motivos que nortearam sua decisão, culminando por comprometer o poder discricionário original. Mesmo sem pretensões de se debruçar sobre as extensas linhas de raciocínio e complexas teses que versam sobre a questão específica da discricionariedade na concessão de liminar em ação cautelar, não poderíamos deixar de citar a brilhante passagem Betina Rizzato Lara (1994, p. 104), que expressa sintética e objetivamente a conclusão mais ponderada a respeito deste tema: A nossa análise sobre este assunto está baseada na seguinte premissa: existe discricionariedade por parte do juiz na possibilidade de determinar as medidas que julgar adequadas. Não há discricionariedade quando se trata da análise dos seus requisitos, isto é, do 'periculum in mora' e do 'fumus boni iuris'. Há de considerar que quando se tratar de pronunciamento judicial sem conteúdo decisório algum, como por exemplo, atos de mera movimentação processual ou atos ordinários, não existe necessariamente a obrigatoriedade de fundamentação do conteúdo decisório. Sendo assim, os pronunciamentos judiciais concessivos de medida liminar, por terem caráter essencialmente decisório, devem ser invariavelmente fundamentados. 6. INSTITUTOS JURÍDICOS NORTEADORES RELATIVOS À MATÉRIA TRIBUTÁRIA Consubstanciando a raiz tributária desta análise científica, este último título dedicar-se-á ao exame dos institutos inerentes à esfera do direito tributário, trazendo a baila um exame específico de contexto dirigido sobre os conceitos basilares e sobre os aspectos elementares relativos às medidas liminares e cautelares. 6.1 Depósitos judiciais Fazendo uma breve resenha, o ponto nuclear relativo às medidas liminares em matéria tributária é estruturado pelos princípios constitucionais tributários e também pelos limites constitucionais ao poder de tributar, entretanto é enriquecedor ao artigo adentrar em alguns outros pontos de pertinência à matéria. Neste item, procurar-se-á traçar genericamente os inúmeros aspectos concernentes aos depósitos judiciais em matéria tributária, que interessam ao tema das cautelares e tutelas antecipatórias.

Esboçando o panorama contraditório que desenha a atual conjuntura do tema, Alberto Xavier (2005, p. 296-297) faz um inteligente e objetivo sumário: O instituto do depósito, como fundamento de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, tem sido entre nós objeto de polêmica doutrinária e de controvérsia jurisprudencial que tem contribuído mais para obscurecer do que para revelar a extrema singeleza da figura. Entendem uns que a concessão do depósito pressupõe a prévia verificação, pelo juiz, dos requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora; entendem outros que, apesar de tais requisitos serem dispensáveis, o depósito deve ser necessariamente realizado mediante um processo judicial cautelar; enquanto outros ainda requerem seja o depósito concedido por medida liminar em mandado de segurança; e não falta quem tenha defendido a inadmissibilidade do depósito por via de ação cautelar, com o fundamento de que a lei só prevê o depósito administrativo. Para tanto, deve-se partir da interpretação do disposto no art. 151 do CTN, que regulariza este assunto: Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I - moratória; II - o depósito do seu montante integral; III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança; V - a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; [Inc. V acrescentado pela LC 104/2001] VI - o parcelamento. [Inc. VI acrescentado pela LC 104/2001] Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela consequentes. Este excerto legal traz um rol taxativo, exaurindo as hipóteses em que a exigibilidade do crédito tributário fica suspensa provisoriamente. Depreende-se da redação normativa que a lei faculta efetuar o depósito da exação fiscal que entende como indevida ou, em outros termos, do crédito tributário a fim de afastar ou suspender a sua exigibilidade. O depósito é um direito do contribuinte, dependente apenas de sua vontade e meios, não podendo o juiz ordená-lo, indeferi-lo, ou elevá-lo para condicionar qualquer outra medida. Fábio Fanucchi (1975, p. 121) faz uma observação valiosa sobre o tema: O depósito, embora abolido na maioria dos casos em discussões administrativas,

como forma de procedimento obrigatório, continua sendo empregado largamente, agora como faculdade reservada à escolha do devedor tributário (...). O depósito do montante integral do crédito tributário e a liminar em mandado de segurança suspendem a exigibilidade do crédito. Assim, apesar de serem instrumentos distintos, liminar e depósito se equivalem no que diz respeito a tal efeito. Por isso, quando o impetrante faz, ou se propõe a fazer o depósito, não deve pedir medida liminar, pois, se pede tendo feito o depósito, o juiz deve dizer que o pedido está sem objeto. Nesse condão, conclui Alberto Xavier (1988, p. 442) que (...) liminar em mandado de segurança e depósito são de convívio lógico impossível, pois ou é feito o depósito e a liminar é inútil, ou ocorrem os pressupostos da liminar e o depósito perde a razão de ser (...). Ao conceder a liminar, o juiz só poderá impedir que o crédito tributário seja exigido coercitivamente, determinando a suspensão de sua exigibilidade. É o que se denomina antecipação dos efeitos da suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Contudo, em algumas situações, a medida liminar tem finalidade diversa, que vai além da suspensão da exigibilidade do crédito. Pode o impetrante pretender a liberação de mercadorias apreendidas ou o desembaraço aduaneiro destas, quando importadas, ou para exportação, ou para o fornecimento de certidão negativa de débito tributário ou qualquer outra providência de seu interesse. Nestes casos é cabível o pedido e o juiz deve deferir a medida liminar. Caso o impetrante tome a iniciativa de depositar e sendo relevantes os fundamentos de sua impetração, a liminar deve ser deferida de pronto. Não havendo depósito, o juiz deve avaliar a possibilidade da demora em relação ao direito da parte contrária, ou seja, avaliando em face do deferimento da liminar, a possibilidade de se tornar ineficaz a sentença que porventura venha a denegar a segurança. Existindo essa possibilidade, o juiz deve exigir o depósito como condição para o deferimento da liminar, caso contrário, não, como ensinam as observações de Célio Armando Janczeski (2005, p. 192-193): Não se pode olvidar, no entanto, que mesmo sem o depósito, o deferimento de antecipação de tutela poderá suspender a exigibilidade de crédito tributário, na forma do inc. V do art. 151 do CTN. Respeitados os requisitos da antecipação da tutela (prova inequívoca, verossimilhança da alegação e haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação ou que fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu), a suspensão da exigibilidade do crédito tributário afigura-se direito do contribuinte e não poderá ser indeferida. Após decisão definitiva administrativa ou judicial favorável ao sujeito ativo, o depósito integral efetuado no feito, é convertido em renda a favor daquele, extinguindo-se o crédito tributário. Contudo, tratando-se de depósito judicial especificamente em medida cautelar, o entendimento é outro:

É importante frisar-se que o depósito judicial do montante do tributo exigido, no bojo da medida cautelar, tem apenas como função cautelar os interesses do Fisco, não tendo caráter satisfativo. Não há respaldo legal para que o mesmo seja convertido automaticamente em renda da Fazenda, se o contribuinte perder a ação contra o Fisco (ARRUDA ALVIM NETTO, 1994, p. 34). 6.2 Dos efeitos da cassação ou da revogação da medida liminar Configura-se assunto inerente às medidas liminares suspensivas da exigibilidade do crédito tributário, a situação esboçada quando deferido o pleito cautelar implícito na medida liminar, é julgado improcedente o pedido principal objeto do mérito. Se por alguma razão tal decisão não seja apta de ser combatida com recurso ou a parte interessada o tenha interposto intempestivamente, a cassação da providência cautelar, em forma de medida liminar acontecerá automaticamente quando transitada em julgado a decisão de mérito. Em contrapartida, se a decisão contrária ao contribuinte for passível de recurso, não pode ocorrer a revogação automática da medida liminar, pois isto acarretaria a desconfiguração da segurança cautelar deferida em momento anterior (ARRUDA ALVIM, 1998, p. 303-310). Daí há de se entender que a medida liminar deve subsistir até o trânsito em julgado da decisão principal, cumprindo plenamente sua função cautelar de segurança processual (BUENO, 1999, p. 241). Lastreando o caráter provisório da liminar, o STF editou a Súmula 405, cujo conteúdo refletido deve ser interpretado restritivamente: Denegado o mandado de segurança pela sentença, ou no julgamento do agravo, dela interposto, fica sem efeito a liminar concedida, retroagindo os efeitos da decisão contrária. Em oposição, parte da doutrina entende que o simples julgamento pela improcedência do pedido meritório gera a revogação tácita da medida liminar independentemente de qualquer condição. A pesquisa não pode dispensar uma última análise neste tópico: na hipótese do julgamento meritório definitivo a favor do Fisco, o levantamento dos valores depositados em favor deste basta para a satisfação integral do crédito tributário, para tal é exigível, portanto, que os efeitos da medida liminar impeditiva da exigibilidade do crédito tributário, tenham sido operados pelo depósito judicial do valor integral, alvo de discussão. No entanto, não tendo o juiz exigido a garantia através deste depósito cautelar ou premonitório, o contribuinte pode não dispor de recursos imediatos para satisfazer o crédito exigível e neste caso, a Fazenda Pública poderá compeli-lo por meio de execução fiscal ou por outro meio equivalente, ao efetivo pagamento, satisfazendo o crédito tributário com todos os acessórios devidos, incluindo multa moratória corrigida. A ausência da exigibilidade desta garantia cria ainda um problema quanto à incidência dos encargos moratórios oriundos do não recolhimento dos tributos até

o vencimento, daí considerando que o contribuinte se encontrava amparado por ação judicial, não seria possível atribuir-lhe as consequências do atraso no pagamento do tributo contestado. Entretanto, há parte da doutrina que entende de modo diverso, arguindo que apenas a medida liminar condicionada à prestação de caução é capaz de abonar os encargos em tela. Segue a solução mais ponderada da doutrina: O XIX Simpósio Nacional de Direito Tributário, realizado em outubro de 1994 no CEU/SP, respondeu, por seu plenário, que 'cassada liminar concedida em mandado de segurança ou medida cautelar, repõe-se a situação jurídica que existia à época do pedido judicial. Se o pedido é anterior ao vencimento original do crédito, a cassação não implica juros e multa de mora; se posterior, os juros e multa de mora serão computados a partir da data de vencimento original. O prazo de pagamento é de 30 dias, como previsto no art. 160 do CTN. A correção monetária é devida em qualquer caso. A existência ou a inexistência de depósito é irrelevante para a solução'. O mesmo Simpósio, concluiu que 'a concessão de liminar que iniba a ação do Fisco de cobrar tributo até então não lançado impede a lavratura do auto de infração'. Todavia, o Fisco pode constituir o crédito, notificando o contribuinte, mas sem imposição de penalidade de demais acréscimos (JANCZESKI, 2005, p. 44-45). 6.3 Da compensação A compensação indica a ação de serem considerados os créditos devidos reciprocamente por dois sujeitos distintos dentro de uma determinada relação jurídica, e colocados em evidência para a dedução de créditos e débitos, extinguindo assim, as obrigações até o limite de suas respectivas sobreposições. Melhor explica o excerto doutrinário: Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem (art. 1.009 do CC/1916). A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis (art. 1.010 do CC/1916). Dívida líquida é a certa, quanto à sua existência, e determinada quanto a seu objeto (art. 1.533 do CC/1916) (MARTINS, 2002, p. 194). Examinar-se-á nesta etapa principalmente, os limites da compensação em matéria tributária, e sua admissibilidade em sede cautelar, através da concessão de medidas liminares, e também em sede de tutela antecipatória. O instituto em pauta está postulado no art. 170 do CTN: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de 1% (um

por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento. Art. 170-A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial (Artigo acrescentado pela LC 104/2001). A compensação disposta neste dispositivo, em princípio alude à existência de crédito tributário e seu deferimento acarreta a extinção deste crédito. Daí considera-se que não seria razoável colocar fim ao crédito tributário da Fazenda Pública por compensação com crédito do contribuinte que ainda não foi exatamente comprovado, visto que não existe ainda o trânsito em julgado da decisão. A natureza provisória da decisão liminar, decorrente de processo cognitivo não findo, não pode contemplar a compensação de tributos, vez que tal pretensão depende de análise circunstanciada a respeito da certeza e liquidez do crédito, conforme se depreende do teor da Súmula 212 do STJ, de 11.05.2005: A compensação de créditos tributários não pode ser deferida em ação cautelar ou por medida liminar cautelar antecipatória. Em outras palavras, disserta a doutrina que, em termos liminares, o pedido não pode ter como objeto a compensação em si mesma considerada, pelas razões acima aduzidas: O alcance da Súmula 212 do STJ só pode compreender-se em termos didáticos. Dizer-se que a compensação de créditos tributários não pode ser deferida por medida liminar significa realçar que um fenômeno, por natureza definitivo, que é a extinção de dívida por compensação, não pode ser autorizado por providência provisória. Significa, em suma, dizer que as providências de natureza substancialmente cautelar não podem ser utilizadas para produzir efeitos satisfativos irreversíveis (XAVIER, 2005, p. 326). Também a Lei 8.437, de 30.06.1992, no art. 1.º, 5.º, vetou o deferimento de medidas liminares para a obtenção de compensação de créditos tributários ou previdenciários, como se depreende do texto: Art. 1.º Não será cabível medida liminar contra atos do Poder Público, no procedimento cautelar ou em quaisquer outras ações de natureza cautelar ou preventiva, toda vez que providência semelhante não puder ser concedida em ações de mandado de segurança, em virtude de vedação legal. (...) 5.º Não será cabível medida liminar que defira compensação de créditos tributários ou previdenciários. Esta vedação, ainda, aproveita às denominadas liminares em tutela antecipada de acordo com o que dispõe o art. 1.º da Lei 9.494, de 10.09.1997: Art. 1.º Aplica-se à tutela antecipada prevista nos arts. 273 e 461 do Código de Processo Civil o disposto nos arts. 5.º e seu parágrafo único e 7.º da Lei 4.348,

de 26 de junho de 1964, no art. 1.º e seu 4.º da Lei 5.021, de 9 de junho de 1966, e nos arts. 1.º, 3.º e 4.º da Lei 8.437, de 30 de junho de 1992. Do texto de lei, conclui-se que, por via analógica, não cabe a obtenção de compensação de créditos tributários por meio de tutela antecipada. Contudo, é importante citar a excepcional possibilidade de proceder à compensação tributária em sede de tutela antecipada descrita por Roy Reis Friede (2005, p. 619): Mesmo após o advento da LC 104/2001 que acrescentou o art. 170-A ao Código Tributário Nacional - expressamente vedando a compensação de créditos tributários antes do trânsito em julgado da respectiva sentença meritória -, alguns julgados têm defendido a utilização da tutela antecipatória, ainda que em circunstâncias excepcionais, para conferir o imediato direito à compensação tributária e previdenciária. A questão, mais uma vez, alude à plena demonstração quanto à sinérgica existência de liquidez e certeza de crédito em favor do contribuinte, considerando ser, pelo menos em princípio, impossível compensar créditos efetivos, em favor do Fisco, com supostos ou pretensos créditos do contribuinte, ainda não reconhecidos em sua inteireza. Assim, havendo demonstração de liquidez e certeza do crédito tributário, é possível fazer a compensação do crédito tributário através do instituto da tutela antecipada. Para pôr termo a este assunto, oportuno mencionar a distinção feita por Hugo de Brito Machado (1994, p. 180) entre a compensação tributária prevista no art. 170 do CTN e a compensação disposta em leis extravagantes: A compensação a que alude o art. 170 do CTN, pressupõe a existência de crédito tributário. Pressupõe em outras palavras, o lançamento já consumado. Já a compensação a que alude o art. 66 da Lei 8.383/1991, diversamente, pressupõe tributo futuro, cujo fato gerador pode até nem ter ocorrido. Para a compreensão da diferença entre uma situação e outra é de grande importância o lançamento tributário (...). 7. CONCLUSÃO Decorrente do desenvolvimento desta pesquisa, tomando como referência a sequência sumária deste artigo, pode-se fazer uma série de conclusões. De início, uma impressão que esta pesquisa permite depreender é que a legislação autorizativa deveria tornar mais claros os limites objetivos à concessão de medidas liminares, expressando de maneira mais contundente os pressupostos de admissibilidade do provimento cautelar de modo geral. Ademais, exprime-se que o exercício dos direitos antes do seu seguro reconhecimento em sentença não deve ser liberado a ponto de criar situações danosas ao adversário, cuja razão na causa ainda não foi descartada. Deve-se considerar ainda a necessidade de preservar os efeitos da sentença que virá ao final, a qual ficará prejudicada quando não for possível restabelecer a situação

primitiva. De toda sorte constata-se não ser fácil conciliar o caráter satisfativo da antecipação com a norma que a condiciona à reversibilidade dos efeitos do ato concessivo. Há de se detectar também a intrínseca ineficácia jurídica que alicerça as normas jurídicas infraconstitucionais que insistem em ditar limites para a concessão de medidas liminares por parte dos magistrados em particular, ou por parte do Poder Judiciário, de maneira geral. A ineficácia jurídica destes postulados legais é absolutamente manifesta e, portanto, deve obrigatoriamente ser reconhecida pelo julgador, sob pena de omissão do dever de usar o poder que lhe foi legitimamente outorgado pelo povo através da promulgação da Constituição Federal. Em linhas gerais, essas são as teses que permearam esta composição acadêmica e formam de modo conciso, mas abrangente, a breve conclusão desta resenha científica que analisou os requisitos e pressupostos de admissibilidade das medidas liminares e das tutelas de urgência em matéria tributária, estudando a legislação específica de caráter restritivo em relação ao deferimento dos diversos instrumentos cautelares e antecipatórios. 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARRUDA ALVIM, Eduardo Pellegrini de. Mandado de segurança no direito tributário. São Paulo: Ed. RT, 1998. ARRUDA ALVIM NETTO, José Manoel de. O mandado de segurança em matéria administrativa. Revista de Direito da Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro. vol. 32. Rio de Janeiro: Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro, 1994. BRASIL. Carlos Mário da Silva Velloso no Pronunciamento ao Processo SS 286-4. Diário de Justiça da União. Brasília, 01.08.1990.. Coletânea legislativa. Vade Mecum Saraiva. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. BUENO, Cassio Scarpinella. Liminar em mandado de segurança. 2. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Ed. RT, 1999. CRETELLA JÚNIOR, José. Comentários à Constituição de 1988. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1988. vol. 1. FANUCCHI, Fábio. Curso de direito tributário brasileiro. 3. ed. São Paulo: Resenha Tributária, 1975. FERRAZ, Sérgio. Mandado de segurança. São Paulo: Malheiros, 1992. FONSECA, Antônio Cezar Lima da. Da liminar no mandado de segurança. Revista de Processo. vol. 57. p. 24. São Paulo: Ed. RT, jan.-mar. 1992.

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