A LITERATURA DO ESPÍRITO SANTO NAS SALAS DE AULA?



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Transcrição:

87 A LITERATURA DO ESPÍRITO SANTO NAS SALAS DE AULA? Sarah Vervloet 120 Resumo:O desconhecimento da Literatura produzida por capixabas existe ainda hoje, mesmo após os movimentos de globalização que estimulam a frenética troca de informações por todos os cantos do mundo, bem como a inserção de novos escritores ou, ainda, o amadurecimento literário dos mais antigos. Pode-se compreender que as causas para o enrijecimento desse quadro possuem implicações diversas, como a ineficácia de políticas públicas para com o setor cultural em seu sentido amplo. Junto a isso, questões ideológicas afloram sem qualquer solução aparente: por que nem os capixabas leem a literatura de seu próprio Estado? O ensino escolar pode ser um bom aliado para amenizar tal situação? Nesse sentido, este artigo pretende refletir acerca desse cenário atual encontrado no Espírito Santo. Palavras-chave: Ensino. Espírito Santo. Literatura. Abstract: The unknowledge of Literature produced by capixabas (natives of Espírito Santo, Brazil) still exists nowadays, even after the motions of globalization that stimulate the frantic information exchange all over the world, as well as the inception of new writers or, even, the literary maturation of the old ones. One can comprehend that the causes for the stiffening of this condition have many implications, like the inefficacy of public policies towards the cultural sector in its vast sense. Besides that, ideological issues arise without any apparent solution: why doesn't even the capixabas read the literature of their own State? Can the school education be a good ally to ease such situation? In this regard, this article intends to think over this current scenario found at Espírito Santo. Keywords: Education. Espírito Santo. Literature. 1. O autor e seu estado Discorrer sobre a Literatura de um determinado local parece uma atitude ingênua e até mesmo selvagem, já que se tornou senso comum argumentar que uma obra literária não tem identidade, rosto ou nacionalidade, do ponto de vista do próprio fazer literário, que independe da personalidade autoral para seus fins estéticos. É verdade que existem denominações como Literatura Latino-Americana, Russa, Francesa, entre outras, as quais demarcam tradições, contam a História da Literatura, e a Brasileira também faz parte dela. Ou seja, parece absurda a proposta 120 Graduada em Letras Português, com licenciatura plena em Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa, pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Mestranda em Letras (Literatura Brasileira), na UFES. Bolsista Fapes.

88 deste trabalho, cujo objetivo inicial é colocar uma linha imaginária entre a Literatura construída no Espírito Santo e a Literatura Brasileira. Isso porque a Literatura Capixaba, sendo produzida no Brasil,é claro, também é Brasileira. No entanto, considero que isso ainda não foi efetivamente alcançado a inserção do capixaba na lista dos escritores brasileiros, e está longe de sê-lo, obrigando-nos à busca por compreender a problemática do lado de fora, separada do eixo da Literatura Brasileira para, assim, conseguirmos desconstruir esses paradigmas que assombram o Estado do Sudeste. Atualmente, os programas de fomento à Literatura no Espírito são significativos e, se comparados ao século passado, representam grande avanço para a cultura do Estado. Os principais são: Lei Rubem Braga, da Prefeitura de Vitória, criada em 1991 pela lei 3.730; os editais de cultura da Secult (Secretaria de Estado da Cultura sucessora do Departamento Estadual de Cultura/DEC); e Lei Chico Prego (Serra/ES), reformulada em 1999. Conta-se nos dedos das mãos os autores capixabas que conseguiram chegar à indústria cultural nacional (Rubem Braga, José Carlos o Carlinhos Oliveira, Bernadette Lyra e Waldo Motta). A edição e a distribuição são dois obstáculos árduos para qualquer escritor do Estado, seja estreante ou não. Os concursos literários existem, mas são deficientes nestes dois pontos fundamentais, cuja consequência é a verdadeira amputação da autoria, principalmente se pensarmos no segundo ponto. O autor, embora seja capaz de estar ao lado de outros já reconhecidos, torna-se um produtor falho, um criativo invisível, inútil e desperdiçado. Assim, por exemplo, o autor capixaba pode percorrer a maioria das livrarias de todo o Estado e não encontrar um livro seu, ou melhor, não encontrar sequer um livro de autoria capixaba. A herança histórica desse descaso pode ser entendida através do olhar do próprio escritor capixaba e, como será visto nos próximos tópicos, de suas tentativas para mudar esse quadro. 2. O que lê o capixaba? Mas a literatura do ES nem sempre esteve com um bom fôlego de criação, como este que se presencia a partir dos anos 60. A Literatura doconvento da

89 Penha, como apelidou Fernando Tatagiba 121, era umaliteratura que partia de um só lugar: com seu discurso sempre elitista, preso à superficialidade da sociedade capixaba vista nas colunas sociais e basicamente turístico. Dessa maneira, temos um rótulo nem um pouco favorável à leitura da maioria e, consequentemente, a Literatura produzida no ES só passa a ser lida por aqueles que escrevem e convivem nesse meio paralelo. É absolutamente compreensível a busca por leituras feitas nos estados vizinhos e, inclusive, a busca por um espaço mais proveitoso em outros locais, o que aconteceu com autores de renome, mas de raízes capixabas. Então, torna-se complexa a tentativa de elaborar novas escritas, e mesmo de acolher escritores aspirantes. Os grupos de leitura e de composição literária ganharam notoriedade para a área dentro da Universidade e, à medida que surgem novos nomes 122, criam-se também revistas de literatura, com poucos subsídios, e os concursos. A internet faz parte desses meios, sobretudo para aqueles que pretendem alcançar um público mais amplo que o alcançado com os livros e, ainda, para os iniciantes, que publicam em páginas de blogs, estimulando a prática da escrita e da leitura dos que acessam esses endereços. Pouco me interessa pontuar cronologicamente este artigo, algo já feito outras vezes (vide as Referências ao final) inclusive por mim quando, na verdade, a ideia primordial é questionar, então, por que, apesar de uma aparente diversidade literária e notória qualidade, ainda se lê muito pouco a Literatura deste Estado? Levando em conta também a escassez com que as escolas valem-se da Literatura em geral, por que a Literatura do ES é incluída menos ainda nessas aulas? Será que 121 No prefácio de Rua (1986), Fernando Valporto Tatagiba, escritor-referência para o ES, denuncia a literatura de seu próprio Estado: A Literatura Capixaba, excetuando-se a poesia, sempre foi feita pela burguesia beletrista por excelência. (...) Nos tempos modernos, de aviões e multidões, não há mais lugar para gente voltada para temáticas alienadas, criando uma literatura apenas familiar, doméstica, que só enxerga em torno de si mesma, de suas casas paternas, de seus vizinhos. É necessário que a Literatura Capixaba deixe de lado definitivamente o bom mocismo dos sonetos, das trovas, do Convento da Penha, do Dia dos Namorados, das Mães e do Natal, dos pontos turísticos, dos cartões postais, e mergulhe de vez na rua, na passarela comum, se encharque de povo, de pessoas simples, gente da esquina e da praça. 122 Milson Henriques, Carmélia Maria de Souza, José Augusto Carvalho, Neida Lúcia Moraes, Elisa Lucinda, Reinaldo Santos Neves, Luiz Guilherme Santos Neves, Fernando Tatagiba,Bernadette Lyra, Ivan Borgo, Waldo Motta, Marcos Tavares, Fernando Achiamé, Sérgio Blank,Miguel Marvila, Paulo Roberto Sodré, Flávio Sarlo, Orlando Lopes, Francisco Grijó, Pedro J. Nunes, Erly Vieira Jr., Herbert Farias, Saulo Ribeiro, entre outros nomes que já dão indícios de qualidade.

90 não existe espaço nas listas pequeniníssimas de obras literárias das aulas de literatura? E o que o vestibular tem a ver com isso? 123 3. Poder em Literatura Antoine Compagnon (2009), ao buscar uma resposta satisfatória a respeito da função da literatura, constata que cada vez menos se encontra um espaço para a permanência dela, uma vez que os livros didáticos conseguiram substituí-la na escola; a imprensa passou a ignorar a sua presença; o mundo cibernético fragmenta o tempo que antes era disponibilizado para os livros. Diante disso tudo, a literatura sobrevive aos trancos e barrancos escolares e, resistindo a toda essa imposição do sistema, existe uma peça chave do Ensino: o professor. O professor de literatura atuante sabe hoje quais são os obstáculos da sala de aula e sabe também que não cabe só a ele a reversão de certos problemas. Porque Literatura também é política. A literatura serve quase inevitavelmente ao Estado (ZUMTHOR, 1993, p.284). Exemplo disso já foi dado anteriormente quando atribuí o caráter de elitista à literatura deste Estado. Nesse sentido, como lidar com os impasses quase gritantes e, ao mesmo tempo, implícitos ao ensino? De fato, o poder é de todo inerente a qualquer discurso, e o professor não está isento disso: Sem dúvida ensinar, falar simplesmente, fora de toda sanção institucional, não constitui uma atividade que seja, por direito, pura de qualquer poder: o poder aí está, emboscado em todo e qualquer discurso, mesmo quando este parte de um lugar fora do poder. Assim, quanto mais livre for esse ensino, tanto mais será necessário indagar-se sob que condições e segundo que operações o discurso pode despojar-se de todo desejo de agarrar. (BARTHES, 2007, p.10) Com efeito, ensinar com liberdade é um ponto ideal. Aquele que conseguir atingi-lo merece honras aos montes. Ler e escrever com liberdade também é fundamental e, nós, capixabas, conseguimos? Necessita-se, com urgência, de certa desvinculação ou desobrigação para com o próprio capixaba. É disso que fala Rubem Fonseca quando afirma que não existe nem mesmo uma literatura brasileira, 123 É tradicional que obras de escritores capixabas sejam inseridas no vestibular da UFES (Universidade Federal do Espírito Santo), mas apenas aqueles que pretendem ingressar em um curso da área de Humanas e que fazem a prova escrita (discursiva) de Português e de Literatura vão ler tais obras, se pensarmos de maneira otimista.

91 mas pessoas escrevendo em português, o que já é muito e tudo. Importa-me que se esteja escrevendo, seja lá onde, mas porquê: a literatura compreende visões de qualquer instância; é mais um discurso de reflexão, mas é, ainda, recriação. A ciência é grosseira, a vida é sutil, e é para corrigir essa distância que a literatura nos importa (BARTHES, p.18). Se quisermos que o professor de literatura ensine com liberdade a literatura produzida neste Estado, devemos exigir também que escritores escrevam com a mesma liberdade e, só assim, os leitores se sentirão livrescom seus livros(na língua francesa, livre significa livro ). Tzvetan Todorov sugere essa atitude na passagem abaixo, retirada de A Literatura em Perigo (2009): Ao dar forma a um objeto, um acontecimento ou um caráter, o escritor não faz imposição de uma tese, mas incita o leitor a formulá-la: em vez de impor, ele propõe, deixando, portanto, seu leitor livre ao mesmo tempo em que o incita a se tornar mais ativo. Lançando mão do uso evocativo das palavras, do recurso às histórias, aos exemplos e aos casos singulares, a obra literária produz um tremor de sentidos, abala nosso aparelho de interpretação simbólica, desperta nossa capacidade de associação e provoca um movimento cujas ondas de choque prosseguem por muito tempo depois do contato inicial. (TODOROV, 2009, p.78) Essas ondas de choque apareceram poucas vezes para os habitantesda Ilha do mel e arredores, e ainda hoje aparecem de maneira anêmica. A relação que existe entre essas impressões literárias e o imaginário social é muito forte. Basta pequenas averiguações na história da imprensa para constatarmos isso. O trecho seguinte faz parte do primeiro editorial da revista Vida Capichaba, criada em 1923 e considerada a mais significativa revista do Estado: E os ideaes da Vida Capichaba são os formosos ideaes de todos nós, os trabalhadores ingênuos e honesto pela grandeza do Espírito Santo. Não se justifica a falta de uma revista nesta Capital: que já é uma linda e encantadora cidade de muitos milhares de habitantes. Toda a cidade linda tem uma revista linda, que conta a sua história, que perpetua as suas emoções, que perfuma a sua galanteria, que exalta a sua elegância e que guarda, como num pequenino livro de horas, as ânsias subtis de sua vida sentimental... Embora pessoas experimentadas, embora velhos peregrinos da chiméra, que ficaram pelo caminho, nos digam que a nossa iniciativa, devido à famosa indifferença do publico espírito santense pelas cousas de arte e literatura, terá ephemeraduração, aqui estamos para enfrentar o monstro...(vida CAPICHABA, 1923,ApudMARTINUZZO, 2005) O exemplo acima ilustra de maneira interessante o que podíamos (ou não podíamos) encontrar nas mentes capixabas daquele século XX, ou seja, uma famosa indiferença do público espírito-santense pelas coisas de arte e literatura. A

92 literatura era, então, um monstro. Posteriormente, na década de 60, eventos importantes ocorreram: A livraria Âncora, onde, segundo o historiador [José Augusto Carvalho] op. Cit. se realizavam sabatinas (conferências, lançamentos de livros, coquetéis e reuniões de professores, intelectuais, escritores e estudantes universitários) chamadas Sabatinas Âncora que haviam empolgado a intelectualidade capixaba nos princípios da década de 60, pondo fim a uma época de grande euforia arcádica, e dando início à outra, caracterizada pelo isolamento de cada um. O mesmo historiador ainda nos fala das tentativas de se promoverem ciclos de palestras sobre literatura brasileira, na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras, em 1961. Publicou-se em 1962 uma antologia chamada Torta Capixaba (Vitória: Editora Âncora, 261 páginas), primeiro e único lançamento literário da editora, livro condenado ao fracasso, segundo o próprio José Augusto Carvalho. Ainda em 1962, poetas que já se chamavam de Novos (e que viriam mais tarde fundar o Clube do Olho) publicavam suas poesias na seção Coluna dos Novos, no seminário Folha Capixaba.(AZEVEDO FILHO, 2003, p.319, grifos do autor) O monstro literário começa a ser amansado e as dificuldades ganham relevo na medida em que se procura sobre literatura, quer-se publicar ou ler, mesmo que timidamente. A escola parece ser o último local a receber a literatura capixaba e, ainda assim, falar da escola em sentido amplo seria utópico, pois as escolas que adotam obras de autores espírito-santenses não são muitas depende da iniciativa do educador, como mostrará o próximo tópico, mesmo que isso faça parte do currículo básico das escolas públicas. Em escolas de ensino privado isso é ainda mais difícil. 4. Ensinar Literatura? É impraticável especificar teoricamente a Literatura porque ela faz parte dos fenômenos culturais, ou seja, ela expressa modos específicos de ser e do Ser, o qual vive em constante mudança.o ensino de literatura tenta, sem dúvida, um engessamento impossível, que é teorizar a respeito das obras literárias. O que a Teoria Literária nunca deu conta não deve ser tarefa para incansáveis professores. Assim, arrisco-me a pensar que, a bem da verdade, a Literatura deveria ser instrumento de qualquer domínio, seja da História, da Geografia, da Biologia, Física, Química, Matemática, pois, ainda que ela não carregue a função primitiva de ensinar, com ela muito se aprende. O que pretendo dizer com isso é menos a ideia da trágica possibilidade de apagamento da disciplina de Literatura, mas a vontade de repensar a imagem que existe do estudo de literatura hoje nas salas de aula.

93 Todorov (2010) escreve que a literatura trata de uma realidade ideal que se deixa ainda designar por outros meios. Ora, a literatura, sabemos, existe precisamente enquanto esforço de dizer o que a linguagem comum não diz e não pode dizer (p.27). Tomando por base as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) (Parecer CNE/CES nº 492/2001) que dispõem sobre as DCN de diversos cursos de graduação, entre eles o de Letras, entende-se que o papel do professor é orientar o aluno não somente a fim de instituir o ensino de conteúdos pragmáticos, mas ainda formar este aluno de maneira qualitativa. Assim, é necessário que, além do ensino das modalidades cultas de linguagem, os textos escolhidos pelo professor façam também o seu papel de oportunizar a interpretação e o reconhecimento dos diversos sentidos. O ensino da literatura busca por manifestações expressivas, discussões de ordem cultural e histórica, perante determinados momentos e circunstâncias. É claro que não pretendo dizer que a Literatura é passível de ensino. Ensinar Literatura, em que sentido? O professor ensina a folhear o livro, desperta o interesse, instiga a leitura. E é principalmente por isso que defendo aqui a falta de autores capixabas nesses planos de motivação. Marisa Lajolo, em ensaio intitulado O texto não é pretexto (1993), explica que o texto reclama sua contextualização e discussão de traços característicos da obra, em determinada perspectiva. O papel do professor é, então, encaminhar esse olhar minucioso diante de um fragmento ou de uma obra inteira: Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É, a partir de um texto, ser capaz de atribuir-lhe significação, conseguir relacioná-lo a todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a esta leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo outra não prevista. (LAJOLO, 1993, p.59) Cabe ao orientador apenas possibilitar essa entrega à leitura, de maneira que a mesma seja livre, mas bem direcionada. É por causa disso também que a leitura aqui proposta instiga o ensino da literatura produzida no Espírito Santo em salas de aula de todo país: é necessário que haja preocupação diante da formação de professores com determinada postura acadêmica, efetivamente humanista e crítica. Mas, para que o professor apresente tais autores aos seus alunos, ele também precisa conhecê-los. E aí voltamos ao verdadeiro problema dessa

94 discussão: o que se tem feito para que a Literatura produzida no Espírito Santo seja realmente lida, compartilhada e incitada? Será que essa literatura ainda não convenceu os exigentes leitores capixabas e/ou brasileiros? Em seu estudo intitulado A literatura brasileira contemporânea no Espírito Santo, Deneval Siqueira de Azevedo Filho afirma que o caminho para colocar-se no contexto estético brasileiro é a vanguarda, ou seja, Ser ou não ser de vanguarda (AZEVEDO FILHO, 1999, p.329). Talvez. O fato é que há uma necessidade de quebrar o círculo hegemônico que exclui a literatura produzida por capixabas. Dentro de toda essa hegemonia, o autor ainda é autoridade (o que inclui poder assunto exposto no próximo tópico)em sua obra. Cabe a ele também escrever para quem e para além. 5. O Estado é a sala de aula Sem dúvidas (e com todas elas), este artigo multiplica as questões, em vez de respondê-las. Apontar culpados seria uma atitude vã, já que estamos presos e submersos a uma rede de interesses e por que não? a um monopólio midiático aniquilante. O importante aqui é fugir do conformismo plantado em nós: a Literatura produzida no Espírito Santo é potencialmente equivalente à boa literatura nacional. E por boa, acreditem, quero dizer a Literatura com L maiúsculo (às vezes não sei o que isso significa), que provoca discussões intermináveis na Academia. Mas ela é tal e qual. Poderia enumerar listas imensas de escritores e estilos, compará-los aos mineiros, cariocas, baianos, e isso se tornaria mais um livro, porque a Literatura do ES tem história. Aliás, esse é mais um ponto fundamental. Pertencer à História da Literatura é uma decisão pessoal, não do autor, mas de alguém interessado em estabelecer a estratificação da área. Não encontro vantagens relevantes para isso e acredito que a Literatura produzida no ES tem muito a ganhar com seu desvínculo. Ao mesmo tempo, tende-se a pensar nos motivos que acarretou esse fechar dos olhos para essa literatura. Será que os olhos são só, e somente só, capixabas? Do mesmo modo, vive-se um impasse. O desconhecimento voluntário do monstro capixaba afasta também o interesse dos profissionais das escolas. É um ciclo, sobretudo, infeliz. Embora os currículos de Língua Portuguesa da rede estadual proponham a inserção da literatura capixaba nas salas de aula, a recomendação ainda é sutil, quase ignorável: Possibilitar o conhecimento das

95 escolas literárias, obras e autores, inclusive da literatura capixaba (ESPÍRITO SANTO, 2009). Os resultados de propostas como essa, mesmo ainda tão frágeis, no âmbito da educação e da cultura estadual geral, já são visíveis, como os encontros anuais que discutem literatura e incluem a capixaba no repertório, como os ocorridos na UFES (Universidade Federal do Espírito Santo) e, mais recentemente, no IFES (Instituto Federal do Espírito Santo);o Bravos Companheiros e Fantasmas, que é um seminário sobre o autor capixaba, bienal e já teve cinco edições; as bienais literárias, com lançamentos de livros, discussões e movimentações culturais, como a Bienal Rubem Braga, ocorrida no município de Cachoeiro de Itapemirim; os cafés literários como o Café Literário Sesc com frequência mensal, já é tradicional na cidade de Vitória e tem como proposta oferecer um ambiente de diálogo entre escritores, acadêmicos, jornalistas e público, assim como o Café com Letras do Shopping Norte Sul (Vitória-ES), que leva para um ambiente diferente a iniciativa de apresentar, aos que caminham entre compras e diversão, a literatura do Estado, inclusive expondo livros para vendas; as escolas também estão valorizando suas feiras culturais, ampliando seus convites aos autores capixabas; e, ainda, as bibliotecas promovem rodas de leitura destinadas à população, como a BPES (Biblioteca Pública do Espírito Santo), entre outros. Se recordarmos que o Estado desempenha um papel fundamental na criação de sua própria imagem, lançando mão de conteúdos propagandísticos, compreenderemos que é feita nesse emaranhadoa extração de certos, para não dizer de todos, valores culturais, para posterior transmissão. É nesse viés que o controle político atua e vigia cautelosamente a movimentação social, cerrando cada beirada como lhe convier. Manipular a leitura já é prática antiga e tão eficaz que permanece até os dias atuais, e a literatura também é perigosa por esse motivo. Perigosa sim, um mal não. Se a literatura apresenta qualquer perigo, sua existência é temida, sua proliferação amedronta, a leitura é proibida, o ensino é decepado e, enfim, o livro é praticamente uma arma: Um livro não tem objeto nem sujeito; é feito de matérias diferentemente formadas, de datas e velocidades muito diferentes. Desde que se atribui um livro a um sujeito, negligencia-se este trabalho das matérias e a exterioridade de suas correlações. Fabrica-se um bom Deus para movimentos geológicos. Num livro, como em qualquer coisa, há linhas de articulação ou segmentaridade, estratos, territorialidades, mas também

96 linhas de fuga, movimentos de desterritorialização e desestratificação. As velocidades comparadas de escoamento, conforme estas linhas, acarretam fenômenos de retardamento relativo, de viscosidade ou, ao contrário, de precipitação e de ruptura. (DELEUZE; GUATTARI, 1995, p.10) Uma ruptura é o que menos um Estado conservador quer presenciar. A Literatura produzida no ES já percebeu isso e acumula forças brutas para a peleja. As feiras de livros, os lançamentos, os saraus, as rodas de leitura, são ainda respingos para um legítimo incentivo cultural. Para que isso passe a ser visto e sentido como ruptura, o comportamento político também deve aflorar, em constante e mútua sintonia com a cultura letrada. Falta-nos reação cidadã. Sobra-nos condescendência. Mas se a briga está comprada, há tempos, pela literatura e não só por ela, mas pela cultural artística em geral, é com ela e através dela que se deve conflitar. A maior força da literatura está nela mesma, em ser o que ela representa. Não falo de briga pelo poder, pois isso me parece impossível. O poder é arguto e passa longe de ser controlado. As paredes da sala de aula sufocam muitas vezes, provocando vertigem ao ensino, mas o professor é um personagem à parte, que precisa compreender que seu poder tem outra implicação que não é somente o aprendizado, mas a transferência, a difusão de sua fala. O caminho talvez seja o inverso do que se esteja fazendo agora, e é preciso repensar, como explica Roland Barthes em sua Aula, na figura de professor e de orientador do pensar: Empreendo, pois, o deixar-me levar pela força de toda vida viva: o esquecimento. Há uma idade em que se ensina o que se sabe; mas vem em seguida outra, em que se ensina o que não se sabe: isso se chama pesquisar. Vem talvez agora a idade de uma outra experiência, a de desaprender, de deixar trabalhar o remanejamento imprevisível que o esquecimento impõe à sedimentação dos saberes, das culturas, das crenças que atravessamos. Essa experiência tem, creio eu, um nome ilustre e fora de moda, que ousarei tomar aqui sem complexo, na própria encruzilhada de sua etimologia: Sapientia: nenhum poder, um pouco de saber, um pouco de sabedoria, e o máximo de sabor possível. (BARTHES, 2007, p.45) Falta sabor ao capixaba, seja ele educador ou não. A linguagem do professor ecoa e pode (tem o poder de) ser deslocada, ou seja, vai depender de sua intencionalidade: se o professor quer ou não levar sua mensagem a um lugar inesperado, novo, impensado, perturbado, rompido, produzindo devir. O professor opta por assumir ou discordar dessa responsabilidade. Se o papel do professor é

97 menos o de ensinar, arrisco-me, ainda, a dizer que, somos todos professores e educadores, um pouco ou muito responsáveis pelo que se transmite ideologicamente em nosso Estado. Assim, a sala de aula é mais um local que deveria saborear (e não lecionar) a Literatura produzida no Espírito Santo. E, por que não reconhecer que o ES deveria, na verdade, tornar-se a maior sala de aula de todos os tempos, onde se aprende e se ensina a valorização própria, com gigantesco ensino e aprendizado, sendo os capixabas professores de si mesmos e, o mais importante, alunos de sua cultura que ignorada por eles (nós) tem muito a ensinar? REFERÊNCIAS AMORIM, Anaximandro. Dez anos de literatura capixaba. Disponível em: <http://anaximandroamorim.blogspot.com.br/2011/06/dez-anos-de-literatura-capixaba.html>. Acesso em: 21 de abril. 2013. AZEVEDO FILHO, Deneval Siqueira de. A literatura brasileira contemporânea do Espírito Santo. 1999. Tese (doutorado) Curso de Teoria Literária do Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, São Paulo, 2003. BARTHES, Roland. Aula: aula inaugural da cadeira de semiologia literária do Colégio de França, pronunciada dia 7 de janeiro de 1977. Trad. Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Cultrix, 2007. CARVALHO, José Augusto. Panorama das Letras Capixabas. Cap. IV: A quarta fase. A fase atual (1963...). In: Revista Cultura UFES, FCAA, Vitória, ano VII, nº 23, 1982, p. 69-106. COMPAGNON, Antoine. Literatura para quê? Trad. Laura Taddei Brandini. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2009. DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia, vol. 1. Tradução de Aurélio Guerra Neto e Célia Pinto Costa. Rio de janeiro: Ed.34, 1995. ESPÍRITO SANTO. Guia de implementação/ Secretaria de Educação. Vitória: SEDU, 2009. Disponível em: <http://www.educacao.es.gov.br/download/sedu_curriculo_basico_escola_estadual.pdf>. Acesso em: 21 de abril de 2013. LAJOLO, Marisa. O texto não é pretexto. In: Leitura em crise na escola: as alternativas do professor. 11ª ed. [Org.] Regina Zilberman. Porto Alegre, Mercado Aberto, 1993, p.51-62. MARTINUZZO, José Antônio (Org.). Impressões Capixabas: 165 anos de jornalismo no Espírito Santo. Vitória: Departamento de Imprensa Oficial do Espírito Santo, 2005. NEVES, Reinaldo Santos. Mapa da literatura brasileira no Espírito Santo. Disponível em: <http://www.estacaocapixaba.com.br/literatura/mapa_06.htm>. Acesso em: 10 de outubro de 2009. PARECER CNE/CES 492/2001. Disponível em: <www.portal.mec.gov.br/cne>. Acesso em: 05 de dezembro de 2011. RIBEIRO, Francisco Aurélio. Estudos críticos de literatura capixaba. Vitória (ES): Departamento Estadual de Cultura; Fundação Ceciliano Abel de Almeida, 1980.

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