TERMINOLOGIA GRAMATICAL HISTÓRIA, USOS E ENSINO Layssa de Jesus Alves Duarte 1 ; Luiz Roberto Peel Furtado de Oliveira 2 RESUMO Este trabalho procura refletir acerca do ensino de gramática empregado ultimamente pelas escolas brasileiras. A abordagem gramatical tem sido alvo de críticas e questionamentos, por ser considerada improdutiva no sentido de proporcionar ao aluno o aperfeiçoamento de suas potencialidades linguísticas. Para investigar o tema é necessário o embasamento teórico de estudiosos que buscam em seus trabalhos refletir, investigar e propor formas para se alcançar um ensino de língua materna mais produtivo, sobretudo no que diz respeito à gramática. Neste trabalho, os autores considerados, são, principalmente, Neves (2007/2009), Franchi (2006) e Travaglia (2011). Primeiramente a pesquisa buscou observar a terminologia gramatical empregada em livros didáticos do ensino básico 6º a 9º ano e junto a isso analisar as aulas de língua materna em escolas públicas de Araguaína TO, por meio disso, foi possível constatar que embora os livros didáticos se apresentem numa perspectiva mais voltada para o ensino de língua materna através de gêneros textuais, as aulas de gramática ainda se prendem ao ensino pautado na classificação e retenção de termos, de forma descontextualizada. Em uma segunda etapa, foi proposta a criação de um dicionário da terminologia gramatical, com intenção de auxiliar alunos e professores no aprendizado e ensino da gramática, sendo válido ressaltar que os materiais didáticos não são suficientes para a total resolução dos problemas que dizem respeito à abordagem da disciplina gramatical. Palavras-chave: Gramática; abordagem; ensino; terminologia. INTRODUÇÃO O ensino de gramática nas séries do ensino básico tem despertado questionamentos e críticas acerca de sua abordagem, já que nem sempre esta tem sido 1 Aluna do curso de Letras; Campus de Araguaína; e-mail: layssa77@hotmail.com: PIBIC/CNPq 2 Orientador do curso de Letras; Campus de Araguaína; e-mail: luizpeel@uft.edu.br
considerada produtiva ou efetiva no sentido de proporcionar ao aluno o desenvolvimento de habilidades e competências linguísticas. A crítica principal ao ensino de gramática se faz em torno da abordagem concentrada na classificação e descrição de termos gramaticais, algo que se distancia da aplicação prática do uso da língua, já que ocorre através de um estudo mobilizado por frases soltas, descontextualizadas, e, portanto, isoladas de sentido. Para Neves (2009, p. 18) nenhuma competência e nenhuma ciência advirão da atividade de reter termos, e, mesmo de decorar definições. Nesse sentido, cabe afirmar que tal abordagem se distancia do objetivo que deve ser considerado como imprescindível no que diz respeito ao ensino de língua materna: a contribuição para melhoras das aptidões de criação, compreensão, interpretação e escrita de textos. Segundo Franchi, (...) a criatividade é fruto de um comportamento original e assistemático, realimentado a cada momento, em cada circunstância da ação humana; a gramática, ao contrário, seria um trabalho de arquivamento, de assujeitamento dessa liberdade a certos parâmetros teóricos formais. (FRANCHI, 2006, p. 35) Visto que a abordagem gramatical vem se reduzindo à retenção e classificação de termos de forma descontextualizada, há aqueles que defendam a exclusão da disciplina gramatical das grades escolares, o que, para Neves (2009) é um argumento, de certa forma, considerado justo, já que tal ensino vem se reduzindo à taxonomia e à nomenclatura em si e por si. Segundo a mesma autora; A aquisição das estruturas da língua é vista como uma finalidade do ensino desligada de aplicação prática, traduzindo-se no próprio conhecimento das estruturas da língua, em si e por si, ou [...], em nada (NEVES, 2007, p. 11). Cabe afirmar que o ensino de língua materna deve proporcionar ao aluno o desenvolvimento de suas competências linguísticas, tais como as habilidades de produção de textos orais e escritos, bem como as de compreensão e interpretação textuais. Não há também como desconsiderar o ensino de gramática, visto que é essencial ao aluno o conhecimento de todas as modalidades linguísticas, e principalmente da norma padrão, dessa forma há a necessidade de que uma nova abordagem no ensino gramatical seja empregada, considerando a aplicação do ensino no uso prático da linguagem. Este trabalho busca embasamento em autores que tratam sobre a abordagem gramatical, principalmente Neves (2007/2009), Franchi (2006), entre
outros, e buscou investigar o ensino de gramática empregado em escolas da rede pública em Araguaína TO. Para isso, foram considerados os conteúdos gramaticais propostos pelos livros didáticos usados na região e observadas algumas aulas de língua portuguesa em escolas públicas de Araguaína. Após isso foi iniciada a construção de um dicionário de verbetes gramaticais com o objetivo de auxiliar o professor em sua prática pedagógica, no que se refere ao ensino de gramática. Vale ressaltar a importância de que o professor não focalize apenas o ensino dos termos gramaticais isolados dos contextos de uso da língua. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa é de base qualitativa com a seguinte deiscência: leitura e análise tanto do material didático usado nas escolas do Tocantins, quanto do referencial bibliográfico sobre a relação entre linguística e gramática. Em consonância com os objetivos propostos, a aluna desenvolveu as seguintes atividades: 1. Pesquisa bibliografia nos livros didáticos utilizados no Estado do Tocantins, objetivando o levantamento de quais termos têm sido enfatizados e trabalhados durante o processo de ensino-aprendizagem da gramática normativa; e, ainda, observando como esses termos têm sido explicados e utilizados para a recepção, interpretação e criação de textos. 2. Discussão da biografia da terminologia gramatical básica, posto que o levantamento da história de vida desses termos já está sendo concluído pelo orientador (a pesquisa diacrônica está em andamento, restando, para esta fase da pesquisa, a discussão e a definição de quais termos e conceitos devem figurar nos livros didáticos seu objetivo é discutir a funcionalidade e organicidade da terminologia gramatical). 3. Definição, em conjunto com a equipe executora, de quais termos e conceitos devem ser empregados no ensino da língua materna, no que se refere ao aprendizado da gramática (esta etapa do plano de trabalho visa à elaboração de material didático).
4. Elaboração de relatórios, parcial e final, que possam ser publicados e apresentados em eventos da área, tanto na forma de artigos quanto de livro (relatório final). RESULTADOS E DISCUSSÃO Com intenção de analisar o ensino de gramática e investigar pressupostos que contribuam para o aprimoramento da prática docente em Língua Portuguesa, especialmente no tocante ao ensino de gramática e da norma padrão, a pesquisa buscou analisar materiais didáticos utilizados no ensino básico e empregados no ensino de Língua Portuguesa em escolas de Araguaína TO. A análise foi feita no sentido de observar a terminologia empregada nos livros didáticos e a abordagem dos estudos gramaticais, feita tanto pelos livros quanto pelos docentes que ministram aulas de língua materna. Após isso foi proposta a construção de material didático om objetivo de auxiliar professores e alunos na construção de conhecimentos relativos à gramática. Na primeira etapa foi realizado um levantamento dos termos aplicados no ensino de gramática em escolas públicas de nível básico da região. A intenção foi constatar se o ensino da gramática estava contribuindo para aprimorar as capacidades linguísticas dos alunos, tais como compreensão, interpretação e produção textuais. Nesse sentido, foram observadas algumas aulas de língua portuguesa e a terminologia gramatical empregada nos livros didáticos do ensino básico - 1º a 9º ano do ensino fundamental, estes livros didáticos, em geral, apresentam todo o conteúdo gramatical visto também no Ensino Médio, onde tais conteúdos são normalmente aprofundados, porém abordados empregando a mesma terminologia. Foi possível detectar nos livros didáticos uma perspectiva de ensino mais voltada para os gêneros textuais do que o ensino de língua materna restrito às normas da gramática tradicional. Por outro lado notou-se que as aulas de língua portuguesa estavam bastante ligadas ao uso da gramática normativa de forma descontextualizada, na maioria dos casos. Constata-se, desta forma, que embora atestados fatores positivos em relação aos livros didáticos, ainda pode-se considerar o ensino de gramática problemático, já que este, dentro do contexto pesquisado, ainda se baseia na classificação e memorização de termos.
Após observar e analisar a abordagem e os livros didáticos empregados no ensino de gramática, a segunda etapa da pesquisa propôs a produção de materiais didáticos com objetivo de auxiliar professores e alunos, como um suporte a mais para o aprendizado e ensino gramaticais. Nesse sentido, a produção de um dicionário da terminologia gramatical está em andamento, o mesmo é elaborado a partir das principais definições encontradas para os termos gramaticais em dicionários de linguística e em gramáticas da língua portuguesa. Cabe ressaltar que a produção e uso de materiais didáticos por si só não resolve o problema da abordagem gramatical, constatada como insatisfatória nos últimos tempos. Os materiais didáticos são ferramentas para auxiliar alunos e aperfeiçoar a prática pedagógica de professores, não representando, de todo, uma solução completa para as questões que envolvem a abordagem dos conteúdos. Segundo Travaglia (2011) a língua não produz textos isolados de organização gramatical, sendo, portanto, inoperante o ensino de gramática que desconsidere o texto como unidade principal. Nesse sentido, é necessário que a abordagem gramatical não se detenha apenas na classificação e retenção de termos, mas que busque aplicação prática no uso da língua, contribuindo para o conhecimento acerca da norma padrão da língua e para aprimorar as competências linguísticas dos estudantes. LITERATURA CITADA FRANCHI, Carlos. Mas o que é mesmo gramática?/ Carlos Franchi; [com] Esmeralda Vailati Negrão e Ana Lúcia Müller. São Paulo: Parábola Editorial, 2006. NEVES, Maria Helena de Moura. Que gramática estudar na escola? 3. Ed, São Paulo: Contexto, 2009. NEVES, Gramática na escola. 8ª Ed., São Paulo: Contexto, 2007. TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática ensino plural. 5ª Ed, São Paulo: Cortez, 2011. AGRADECIMENTOS Ao orientador, professor Dr. Luiz Roberto Peel Furtado de Oliveira, pelo apoio e dedicação. O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq Brasil.