5.6. Ensaios de caracterização do enrocamento como meio granular

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116 A amostra para o desgaste micro Deval constitui-se de partículas na fração granulométrica entre 10mm e 14mm. Nos ensaios, utilizou-se 70% das partículas passantes na peneira de abertura 12,5mm. As partículas são introduzidas dentro de um recipiente de aço inoxidável, onde também se adiciona 2,5 litros de água destilada e 49N ( 5Kg) de esferas de aço inoxidável, com diâmetro de 10mm (Figura 5.12b). O recipiente é submetido a 12 mil revoluções durante 100 minutos. O material desgastado é aquele que, após o ensaio, passa na peneira 1,9mm. 5.6. Ensaios de caracterização do enrocamento como meio granular 5.6.1. Inclinação de talude natural Os ensaios foram executadas no Laboratório de Geotecnia do CEDEX, em Madri. O ângulo de talude natural é definido como o ângulo que o talude do enrocamento faz com a horizontal quando é lançado sobre uma superfície plana horizontal junto a outra vertical, como por exemplo, um piso plano junto a uma parede. A altura de queda é da ordem de 10cm. Foi determinada a inclinação do talude natural dos enrocamento de basalto da Pedreira Rio Grande, modelados a partir das curvas granulométricas de diâmetro d 50 = 26, 16, 12 e 8mm. Em cada material foram feitas, no mínimo, cinco determinações do ângulo de talude natura e apresentado pela média das cinco determinações. A diferença máxima tolerada entre os valores do ângulo de talude natural e a média dos resultados nos ensaios foi de 0,5 graus. 5.6.2. Compressão unidimensional 5.6.2.1 Ensaios executados A Tabela 5.7 apresenta as características dos corpos de prova ensaiados em compressão unidimensional. Os valor médio das densidades relativas apresentadas na tabela é de 97,7±4,0% nos corpos de prova densos e de 7,25±4,2 nos corpos de prova fofos. Ressaltase que a determinação das densidades relativas foi feita com o uso dos pesos específicos secos máximos e mínimos do enrocamento, indicados na Tabela 5.2.

117 Tabela 5.7 - Características dos corpos de prova em ensaios de compressão unidimensional. Material Tipo Origem Alteração Bsalto Marimbondo Pedreira Rio Grande Campo (25 anos) Intacto (0 anos, 0 horas de lixiviação) Denominação do D/ d max H g d D r Dados iniciais do corpo de prova ensaio (cm) (kn/m 3 e ) (%) o Md103 6,4 97,5 18,3 100,0 0,525 Mf103 6,2 94,8 15,2 0,0 0,837 Md26i 4,2 16,0 17,8 93,8 0,543 Mf26i 4,2 16,1 14,8 9,7 0,859 Pd103 6,3 96,4 18,5 100,0 0,541 Pf103 6,1 93,1 15,2 0,0 0,885 Pd26i 4,2 16,1 18,3 90,7 0,541 Pf26i 4,4 16,8 15,2 10,4 0,857 Pd22i 4,2 16,0 22,0 92,9 0,270 Pf22i 4,4 16,8 18,8 8,0 0,488 Pd22u 4,2 16,1 21,8 89,8 0,278 Pf22u 4,1 15,8 18,8 8,0 0,488 100 h de L100di 4,2 16,1 18,3 91,2 0,540 lixiviação L100fi 4,2 16,1 15,2 10,7 0,856 240 h de L240di 4,2 16,1 18,4 94,4 0,527 lixiviação L240fi 4,2 16,1 15,2 10,5 0,857 600 h de L600di 4,2 16,1 18,3 91,0 0,540 lixiviação L600fi 4,2 16,1 15,2 11,0 0,855 1500 h de L1500di 4,2 16,1 18,3 90,8 0,541 lixiviação L1500fi 4,2 16,1 15,1 10,1 0,858 3200 h de L3200di 4,2 16,1 18,2 90,0 0,544 lixiviação L3200fi 4,2 16,1 15,1 9,7 0,860 100 ciclos de U100di 4,2 16,1 18,4 94,6 0,526 umidade U100fi 4,2 16,1 15,2 10,5 0,857 Granito Serra da Mesa São D... dimensão mínima do corpo de prova; H... altura do corpo de prova; D r... densidade relativa; Gd22 4,4 16,7 20,5 92,4 0,252 Gf22 4,4 16,9 17,5 2,0 0,461 Gd22i 4,2 16,1 20,3 89,5 0,259 Gf22i 4,0 15,4 17,8 10,5 0,441 Gd22u 4,2 16,1 20,7 99,7 0,235 Gf22u 4,4 16,6 17,8 11,2 0,439 Gd26i 4,2 16,1 16,9 90,0 0,532 Gf26i 4,2 16,1 14,2 9,4 0,815 Gd26 4,3 16,3 16,7 85,6 0,548 Gf26 4,4 16,5 14,0 0,2 0,848 d max... dimensão máxima da partícula; γ d... peso específico seco; e o... índice de vazios.

118 5.6.2.2 Equipamentos utilizados e procedimentos de ensaio e de moldagem Os ensaios foram executados em equipamentos de grandes dimensões. Foram utilizados dois tipos de câmaras de compressão. Uma das câmaras é denominada de UNI 100 encontra-se instalada no Laboratório de Furnas, em Goiânia. Esta câmara suporta um corpo de prova de 101,5cm de diâmetro e 100m de altura (Figura 5.14). A seção da câmara de compressão é similar à apresentada na Figura 2.14 proposta por Veiga Pinto (1982), porém com maiores dimensões. Destaca-se que as paredes da câmara UNI 100 são comprimidas junto com o corpos de prova, reduzindo o efeito do atrito interno entre as partículas e a câmara. As Figuras 5.14a e 5.14b apresentam, respectivamente, detalhes dos anéis de duro-alumínio e de borracha que constituem a câmara. Tais anéis possibilitam, respectivamente, a baixa deformabilidade radial e a alta deformabilidade axial da câmara. Figura 5.13 - Equipamento de compressão unidimensional de grandes dimensões UNI 100 no Laboratório de Furnas, Goiânia.

119 (a) Anel de duro-alumínio (b) Anel de borracha (c) moldagem de corpo de prova Figura 5.14 - Moldagem dos corpos de prova na câmara UNI 100. A aplicação do carregamento foi realizada em estágios de carga, através de um macaco hidráulico de 1470kN (150t). Em cada estágio de carregamento, esperava-se a estabilização das deformações axiais. Procurou-se manter o mesmo tempo de aplicação do carregamento em cada estágio, de aproximadamente 20 minutos. A deformação axial é a média das medidas fornecidas por dois extensômetros, diametralmente dispostos na tampa superior. Determina-se a tensão horizontal no corpo de prova através da leitura de 32 extensômetros elétricos de resistência (strain gages), colocados nos dois anéis centrais de alumínio. Os corpos de prova na câmara UNI 100 foram moldados em cinco camadas de 20cm de altura (Figura 5.14c), com controle granulométrico do material em cada camada. Os corpos de prova fofos foram moldados lançando o material com altura máxima de queda de 10cm. Para a moldagem dos corpos de prova densos, utilizou-se o compactador mostrado anteriormente na Figura 5.2. A densificação foi realizada em estágios, com duração de 2 minutos cada. O estado denso de cada camada foi considerado satisfatório quando, para dois estágios consecutivos a altura do corpo de prova se mantinha constante. Deste modo garantiu-se que a densidade do corpo de prova estivesse próxima da densidade máxima. A segunda câmara utilizada, denominada UNI 30, tem seção quadrada de 30cm de lado e 18cm de altura (Figura 5.15). Esta câmara foi desenvolvida no laboratório do CEDEX, em Madri, Espanha. A câmara UNI 30 é constituída por dois anéis rígidos de metal intercalados por uma membrana de látex. O fundo da câmara é fixo no anel inferior.

120 A moldagem dos corpos de prova fofos, na câmara UNI 30, foi similar ao processo adotado na câmara UNI 100. A densificação dos corpos de prova densos na câmara UNI 30 foi executada em três camadas, com o auxílio de um soquete utilizado em ensaios de Proctor modificado (peso de 44N e 45cm de altura de queda). O peso recaía sobre uma placa quadrada de aço, com 1cm de espessura, assentada sobre o corpo de prova. O estado denso foi considerado satisfatório quando, após duas seqüências de 30 golpes do soquete a altura do corpo de prova se mantinha constante. Nesta câmara as deformações axiais correspondem à média da leitura de dois LVDTs, posicionados nos extremos da placa superior. O procedimento de carregamento na câmara UNI 30 é similar ao adotado na câmara UNI 100. Figura 5.15 - Câmara de compressão unidimensional UNI 30 no Laboratório do CEDEX, Espanha. 5.6.3. Compressão triaxial drenada e adensamento isotrópico 5.6.3.1 Ensaios executados A Tabela 5.8 apresenta as características iniciais dos corpos de prova ensaiados sob condição de compressão triaxial drenada. A relação entre a dimensão máxima das partículas d max (3,8mm) e a dimensão mínima do corpo de prova D (22,9cm) é seis. Os valor médio das densidades relativas nos corpos de prova densos é de 96,4±1,8%, e nos corpos de prova fofos

121 é de 34,6±2,0. Ressalta-se que a determinação das densidades relativas foi feita utilizando os pesos específicos máximos e mínimos, indicados na Tabela 5.3. Tabela 5.8 - Características dos corpos de prova em ensaios de compressão triaxial. Material Tipo Origem Alteração Basalto Granito Marimbondo Pedreira Serra da Mesa σ' 3... tensão de confinamento; D r... densidade relativa; Campo (25 anos) Intacto (0 anos, 0 horas de lixiviação) 600 h de lixiviação 600 h de lixiviação 600 h de lixiviação São Denominação do ensaio Md26 Mf26 Pd26 Pf26 L600d L600f L1500d L1500f L3200d L3200f Gd26 s' 3 (kpa) Dados iniciais do corpo de prova D r (%) g d (kn/m 3 ) e o 186 17,8 34,6 0,547 490 17,9 35,8 0,542 186 20,4 88,4 0,354 490 20,3 86,4 0,361 186 17,6 27,9 0,596 490 17,7 29,0 0,592 785 17,8 30,7 0,585 186 20,6 85,2 0,369 490 20,6 85,3 0,368 785 20,8 88,1 0,357 186 17,8 31,3 0,583 490 17,8 31,0 0,584 186 20,6 84,9 0,370 490 20,5 84,5 0,371 186 17,7 30,1 0,588 490 17,7 29,9 0,588 186 20,5 84,5 0,371 490 20,6 84,8 0,370 186 17,8 31,9 0,581 490 17,8 31,3 0,583 186 20,6 85,4 0,368 490 20,7 86,7 0,363 98 20,4 86,9 0,268 294 20,4 87,2 0,267 490 20,4 87,4 0,266 γ d... peso específico seco; e o... índice de vazios. Observa-se que o valor médio da densidade relativa dos corpos de prova fofos não está próximo do estado muito fofo ( < 15%). Isto é justificado pela necessidade de garantia da estabilidade do corpo de prova durante o processo de moldagem.

122 5.6.3.2 Equipamentos utilizados e procedimentos de ensaio e de moldagem Os ensaios de compressão triaxial foram executados em corpos de prova de 22,9cm de diâmetro e 45,7cm de altura. O equipamento triaxial utilizado pertence ao Laboratório do CEDEX, em Madri, Espanha. A Figura 5.16 mostra o equipamento e um corpo de prova antes e depois do ensaio. Nesta figura, verifica-se que a superfície de ruptura do corpo de prova não é visualmente bem definida. (b) Corpo de prova antes do ensaio (a) Câmara triaxial (c) Corpo de prova depois do ensaio Figura 5.16 - Equipamento e corpos de prova de ensaios triaxiais de grandes dimensões no Laboratório de Geotecnia do CEDEX, Espanha. Por questões executivas, o adensamento foi feito com carregamento isotrópico, com aplicação da tensão de confinamento em uma única etapa. O carregamento foi mantido até a completa estabilização das deformações. Excepcionalmente, em dois ensaios de compressão triaxial (Pd800 e Pf800), o adensamento até a tensão 800kPa foi feito com a pressão de

123 confinamento aplicada em estágios de 100kPa. Em cada estágio esperava-se a completa estabilização das deformações volumétricas do corpo de prova. Durante a fase de adensamento nos ensaios triaxiais, observa-se, eventualmente, a perfuração das membranas de revestimento dos corpos de prova. A perfuração das membranas é mais freqüente nos enrocamentos de basalto, cujas partículas são angulosas e com bordas pontiagudas. O equipamento utilizado constitui-se de célula triaxial de metal, prensa hidráulica, sistema de aplicação de pressão de confinamento através de potes de mercúrio e sistema de aquisição de dados automatizado. A célula triaxial é capaz de suportar uma tensão de confinamento de até 1GPa. A seção da célula é similar à utilizada por Veiga Pinto (1982), ilustrada na Figura 2.13. A prensa, utilizada para carregamento axial, pode aplicar uma carga máxima de 980kN (100t) sob velocidade constante. Esta carga corresponde a uma tensão desviadora da ordem de 24MPa. Na moldagem dos corpos de prova utilizou-se um molde metálico acoplado em um compactador mecânico (Figura 5.17). A energia de compactação é igual à energia aplicada no ensaio de Proctor Normal (245Ncm/cm 3 ). A densificação foi executada em cinco camadas. Nos corpos de prova densos foram aplicados 60 golpes por camada. De modo a minimizar a quebra das partículas do enrocamento, o soquete do compactador era lançado sobre uma placa de metal assentada sobre o corpo de prova. Nos corpos de prova fofos, adotou-se a aplicação de 10 golpes por camada, garantindo baixo grau de compactação e a estabilidade durante o processo de moldagem. Foram utilizadas membranas de látex e de PVC. A fim de garantir a estabilidade do corpo de prova durante a retirada do molde metálico, utilizou-se uma primeira membrana de látex dentro do molde (Figura 5.17b). A seguir colocou-se uma membrana de PVC. Finalmente, foram adicionadas de três a cinco membranas externas de látex. A quantidade de membranas externas foi definida em função da pressão de confinamento de cada ensaio. A resistência oferecida por estas membranas foi considerada na análise dos resultados, seguindo as recomendações de Veiga Pinto (1982). A velocidade de cisalhamento adotada nos ensaios foi de aproximadamente 0,25mm por minuto. Esta velocidade é lenta considerando que os enrocamentos são materiais drenantes e as deformações ocorrem rapidamente com o carregamento. No entanto, foi necessária a adoção de tal velocidade para permitir a operação dos equipamentos de ensaio.

124 (b) Retirada do molde metálico (a) Compactador e molde metálico (c) Colocação de membranas Figura 5.17 - Moldagem e densificação dos corpos de prova em ensaios triaxiais no enrocamento. 5.6.4. Cisalhamento direto 5.6.4.1 Ensaios executados A Tabela 5.9 apresenta as características dos corpos de prova ensaiados em equipamentos de cisalhamento direto. A densidade relativa média dos corpos de prova densos é de 89,3±6,9% e dos fofos é de 6,16±4,0%. Observa-se que as densidades relativas dos corpos de prova densos do enrocamento de basalto de Marimbondo estão abaixo da média. No entanto, procurou-se utilizar a mesma energia de compactação na moldagem de todos os corpos de prova. Vale lembrar que as densidades relativas foram determinadas com base nos valores máximos e mínimos dos pesos específicos do maciço de enrocamento, apresentados na Tabela 5.2.