ECONOMIA RENOVADA Empresários e especialistas destacam a retomada da produção industrial



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Transcrição:

Ano I Edição nº 1 Março/Abril 2010 - R$ 5 ECONOMIA RENOVADA Empresários e especialistas destacam a retomada da produção industrial As perspectivas de crescimento Como a crise afetou o comércio, a construção civil e o setor siderúrgico na região O Vale do Aço inserido na bilionária demanda do Pré-Sal Paintball Cervejas Artesanais Morar sozinho Educação à Distância Como investir em ações

Índice / Revista CONTEXTO Edição nº 1 EMPREENDIMENTOS 04 - A PCH que irá mudar a economia do município de Antônio Dias 05 - Banca de Design 14 Campo de Paintball promete disseminar o esporte na região 16 As iniciativas que contribuem para popularizar as cervejas artesanais no Vale do Aço ECONOMIA 06 A contabilidade enquanto parâmetro de gestão administrativa 30- Como se precaver para investir no mercado de ações COMPORTAMENTO 07 Como o mercado de serviços vem se adaptando às necessidades de quem mora sozinho NEGÓCIOS 12 Empório do Vinho supera dificuldades causadas por incêndio COMÉRCIO VIRTUAL 13 Discrição para adquirir produtos eróticos ESPECIAL ECONOMIA 20 A economia regional recupera-se das consequências da crise; setor siderúrgico retoma produção e aposta nas demandas nacionais; economistas e empresários acreditam que a indústria será a principal propulsora de um novo período de prosperidade da economia nacional EDUCAÇÃO 32 - Engenharia Civil posiciona-se entre os cursos mais concorridos da região 36 - Educadores avaliam as particularidades do Ensino à Distância SAÚDE 35 - Wellness: novo conceito de atividade física ENTRETENIMENTO 38 - Jazz, MPB e Rock: bares regionais valorizam bandas de diversos gêneros musicais LAZER 40 - Parque Aquático oferece piscina de ondas MEIO AMBIENTE 41-5º Fórum das Águas discute o Plano de Recursos Hídricos do Rio Doce TURISMO 42 - Expedição mapeia riquezas históricas e geográficas Editorial Em dicionários, o substantivo masculino contexto é definido, com leves variações, da seguinte maneira: conjunto de circunstâncias que acompanham um acontecimento. No jornalismo, dificilmente algo será mais crucial do que encadear as idéias sob perspectiva, seja essa perspectiva social, histórica, econômica ou cultural. De certa maneira, contexto sugere algo com um teor maior de complexidade e um olhar além do que se vê. Há algum tempo, percebemos que o Vale do Aço merece uma revista com a proposta de comunicar-se com uma parcela mais abrangente de leitores, que tenha uma abordagem plural e seja condizente com o perfil cada vez mais diversificado dessa região. Sobretudo, que situasse a Região Metropolitana da qual fazemos parte sob um ponto de vista global. Lançado o desafio, apresentamos-lhes a primeira edição da Revista Contexto, que nasce com a missão de honrar o seu nome e oferecer informação e reflexão. Boa leitura e até as próximas Expediente Uma publicação da Ideia & Fato Comunicação Av Castelo Branco, 610, sala 307, Horto, Ipatinga MG Tel. (31) 3822 4421 EDITOR Roberto Sôlha Caldeira DIRETOR DE PLANEJAMENTO Roberto Bertozi DIRETOR COMERCIAL E ADMINISTRATIVO Márcio de Paula Silva REDAÇÃO Roberto Bertozi, Márcio de Paula Silva e Roberto Sôlha COLABOROU NESTA EDIÇÃO Edlayne de Paula CAPA Jorge Inácio FOTOGRAFIA Grão Fotografia PROJETO GRÁFICO Pedro Bastos IMPRESSÃO Gráfica Damasceno Comentários, sugestões e críticas: atendimento@revistacontexto.com Tiragem: 2.000 exemplares

04 Empreendimentos Texto: Roberto Bertozi Supram concede licença prévia para construção de PCH em Antônio Dias A construção de uma Pequena Central Hidrelétrica em Antônio Dias, a 50 quilômetros de Ipatinga, denominada PCH Água Limpa, empreendimento na ordem de R$ 500 milhões e com capacidade para abastecer uma cidade de até 40 mil habitantes, está com a licença prévia aprovada pela Superintendência Regional do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Leste de Minas Gerais (Supram). Conforme Graziela Aguilar, coordenadora de meio ambiente da empresa Alupar, responsável pela construção da PCH, foi analisado pela Supram Leste o Estudo de Impacto Ambiental EIA, documento que norteia o processo de análise da viabilidade ambiental do projeto. Agora, já com a licença prévia, a Alupar, considerando as recomendações feitas pela Supram para a mitigação de impactos ambientais referentes à implantação da PCH, desenvolverá diversos programas ambientais, em parceria com a Prefeitura de Antônio Dias, visando a formalização do pedido de Licença de Instalação (LI). De posse desse documento a construção da usina está prevista para iniciar-se no segundo semestre de 2010, com a priorização na contratação de mão-de-obra local e a aquisição de materiais e serviços de construção civil em Antônio Dias e, caso necessário, na região do Vale do Aço, trazendo maior dinamização na economia regional, explica Graziela. Quanto à questão da aquisição de terras, a Alupar encontra-se em fase de negociação com os proprietários a serem atingidos. Com a obtenção da licença prévia a empresa espera finalizar tais tratativas e obter a totalidade das terras necessárias. Indenização Com a construção da pequena usina hidrelétrica, a administração de Antônio Dias espera atrair empresas para atuarem no município. A Alupar vai investir aproximadamente R$ 500 milhões na obra, entre construção, indenização de nove famílias (que cederão parte do terreno sem que haja a necessidade de desapropriação) e pagamento de pessoal. O tempo para construção da pequena usina será de 27 meses. O que é a PCH A Pequena Central Hidrelétrica (PCH Água Limpa), que será construída em Antônio Dias, deve mudar a economia no município. Basicamente, porque vai gerar mais de 300 empregos diretos e indiretos, com grande parte das contratações provenientes do Vale do Aço. Além disso, como a unidade geradora de energia (Casa de Força) será construída no território de Antônio Dias, a receita deve aumentar em R$ 1 milhão. A PCH será instalada no rio Piracicaba, nas comunidades do Japão e de Sá Carvalho. O local exato onde será construída a hidrelétrica é logo embaixo da ponte que fica próximo ao rio, a nove quilômetros do trevo que dá acesso a Antônio Dias. A PCH Água Limpa vai ser instalada à direita da ponte, no sentido Antônio Dias/Ipatinga, a aproximadamente quatro quilômetros da casa de força da Usina Hidrelétrica Sá Carvalho. Com uma potência instalada de 18 MW (megawatts), a pequena usina terá capacidade para abastecer uma cidade com mais de 40 mil habitantes. O reservatório da PCH irá ocupar uma área de 16 hectares, com altura máxima da barragem, contados da rocha até a parte mais alta do barramento, de 19,7 metros. De uma margem a outra, a PCH Água Limpa terá 112,5 metros de comprimento. Do tamanho total do reservatório, 7,5 hectares serão alagados. Desse total, 2,5 hectares são de pastos e os outros cinco remanescentes de vegetação. Vamos implementar uma Área de Preservação Ambiental (APP) de 40 hectares, com ganho ambiental de pelo menos 800%, garante Graziela Aguilar. O empreendimento será erguido próximo à antiga ponte de Sá Carvalho. Foto: Wôlmer Ezequiel

O encontro da arte com o cotidiano Texto: Edlayne de Paula Carla Paoliello (e), Bruna Roque e Isabel Campos, a equipe da Banca de Design: espaço difusor de cultura, arte e educação Quando o casal de arquitetos Carla Paoliello e Cássio de Lucena decidiu montar a Banca de Design no bairro Horto, em Ipatinga, queriam mais que um negócio próprio: desejavam encontrar pessoas que gostassem de arte assim como eles. Há um ano instalada na avenida Castelo Branco, nº 433, o estabalecimento é freqüentada por uma clientela diversificada, formada por universitários, músicos, arquitetos, jornalistas, cinéfilos, fotógrafos e curiosos que passam na Banca para conferir a diversidade de mercadorias à venda. Propositalmente pequeno, o espaço possui estrutura de container e medidas semelhantes às de uma banda de revistas. As prateleiras são caixas de hortifruti empilhadas, onde ficam expostos produtos simples e de utilidades variadas, como xícaras de café e pratos de porcelana, bolsas, caixas de música, sabonetes, camisetas e fotografias emolduradas. O objetivo da banca é popularizar os objetos. São utilitários que refletem um pouco da essência de quem os criou, diz Carla, explicando que no estabelecimento encontramse produtos de designers de várias regiões do Brasil e de outros países. A arquiteta informa que desde a criação da Banca de Design o local tem recebido diariamente propostas de parcerias para as mais variadas intervenções. Até o momento, exposições, oficinas de fotografia e exibições de filmes já foram realizadas na banca. As pessoas têm se apropriado cada vez mais a da Banca para criar, expor e se divertir. A intenção é que o espaço torne-se, cada vez mais, uma referência para quem produz e para quem procura objetos expressivos, que contam estórias e que, de certa forma, revelam uma maneira de pensar e de viver. Mais do que promover a venda destes objetos, somos um espaço difusor de cultura, arte e educação. Um lugar de informação, de trocas e de encontros, diz Carla. O espaço é único no Vale do Aço e agrega exposição e venda de objetos com design diferenciado. A originalidade dos produtos da Banca de Design pode ser uma boa opção de presentes surpreendentes e curiosos. Afinal, não é todo dia que ganhamos de lembrança uma caixa de música à manivela, nuvens engarrafadas ou simpáticos bonecos de Andy Warhol, Gandhi ou Pablo Picasso. A produção local também é disponibilizada na Banca, como os bordados confeccionados pela ONG COM- VIVER(associacaocomviver.blogspot.com), que reproduzem as paisagens urbanas da região. A Banca de Design está localizada na avenida Castelo Branco, nº 433, no Horto. De segunda a sexta-feira, seu horário de funcionamento é de 9h30 às 12h30 e de 13h30 às 18h30. Aos sábados, entre 9h30 e 12h30. Os objetos, exposições, oficinas e programação do espaço você confere no blog: bancadedesign.blogspot.com

06 Economia Quando a contabilidade é importante Empresário explica porque as empresas que usam esse serviço se mantêm na frente Já ficou no passado aquela ideia de que contadores servem apenas para emitir nota fiscal e fazer declaração de Imposto de Renda. Setor fundamental em pequenas, médias e grandes empresas, a contabilidade ganhou nova roupagem e o profissional que atua no ramo passou a ser muito mais dinâmico. Alguns, pelo menos, já que aqueles que insistem no modelo clássico de tocar a profissão acabaram engolidos pelas grandes empresas do setor. Nathaniel Vieira Pereira, da NTW Contabilidade, revela que a contabilidade avançou muito no Brasil, principalmente após incorporar novos serviços, como gestão financeira e contabilidade empresarial. Ele acredita que os contabilistas foram obrigados a se reposicionar no mercado, se empenhando em novas funções e agregando diversas áreas. A contabilidade atua na transparência das empresas, na responsabilidade social e em diversas dimensões de um contrato. Sabemos que um contador, sozinho, não resolve um problema de uma empresa, mas certamente ele é muito importante para manter a estabilidade empresarial, diz Nathaniel. Contas Pode-se afirmar que a contabilidade é a única ciência que mede a evolução dos números. Em cima dessa máxima, medir ganhos e perdas de uma empresa é uma ação rotineira. Por isso ficar preso ao modelo clássico de contabilidade não ajuda em nada uma empresa. Quando participamos das ações, conhecemos os processos, fazemos as análises de desempenho, fica mais tangível avaliar os resultados. A contabilidade atua junto ao planejamento empresarial, reconhece o contabilista. NTW A empresa NTW Contabilidade e Gestão Empresarial é a primeira do ramo a conseguir a certificação Iso 9001, versão 2008, em todo o Brasil. Nathaniel Pereira, especialista em gestão pública, gerenciamento de micro e pequenas empresas, além de MBA em controladoria de finanças, atribui a certificação ao reconhecimento ao desempenho de uma empresa que sempre buscou um posicionamento diferente das concorrentes, procurando oferecer serviços de credibilidade à população.

Comportamento 07 Há algum tempo, o mercado vem se adaptando para atender a necessidade de vários nichos, como de quem mora sozinho. Demorou um pouco, mas percebeu não ser possível tratar o consumidor de forma igual, pois as necessidades são diferentes. No interior de Minas Gerais, essa adaptação ainda acontece de forma lenta, mas alguns avanços já são identificados. Para Renato Tassis, o setor imobiliário precisa se adequar ao perfil econômico das famílias unipessoais: É justo pagar menos por um espaço menor, mas nem sempre isso acontece Mercado tenta se adequar para atender quem mora sozinho Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a quantidade de famílias unipessoais (compostas por uma única pessoa) cresce a cada ano, estimulando vários setores da economia a atender melhor essa parcela da população. Conforme as previsões do IBGE, até 2016 cerca de 12 milhões de indivíduos irão morar sozinho no Brasil, um contingente três vezes maior que a atual população do Uruguai. Antes, o perfil desse público era constituído, em sua maioria, por jovens que saíam da casa dos pais para estudar em outras cidades. Hoje os motivos são os mais variados possíveis. Há desde pessoas da terceira idade que perderam o companheiro, passando por recém-divorciados e até quem simplesmente busca a individualidade e optou por essa condição. Na avaliação do psicólogo Cássio Eduardo Soares Miranda, há dois aspectos a se considerar em relação ao número crescente de famílias unipessoais. Primeiramente, há a ascensão econômica dos últimos tempos, e em segundo lugar temos a questão ligada a um ideal de vida apoiado no descentramento das relações familiares e até mesmo na formação de novas configurações familiares, diz o psicólogo. Demanda crescente O ramo imobiliário corre contra o tempo para tentar atender a demanda crescente por moradias para famílias unipessoais. Texto: Márcio de Paula Atuando no ramo imobiliário há 22 anos, o empresário timotense Rogério Costa é um exemplo de como o setor vem percebendo essa carência. Ano passado, Costa comprou um hotel e o transformou em um prédio de quitinetes. Investi nesse tipo de empreendimento pelo fato de uma universidade ter se instalado em Timóteo, além disso, a procura sempre foi grande por esse tipo de imóvel, explica. Segundo Costa, a mudança na Lei do Inquilinato foi outro fator que tornou o investimento no setor ainda mais atraente. A referida lei promove a desocupação do imóvel de forma rápida se o inquilino quebrar as regras ou ter o contrato vencido.

08 Comportamento O empresário Rogério Costa vislumbra oportunidades no mercado de imóveis para famílias unipessoais: morar só é preferência entre públicos diversificados Para o publicitário Renato Tassis, que já morou em metrópoles como o Rio de Janeiro, o mercado regional de imóveis ainda precisa de adaptações para atender famílias unipessoais. Na opinião de Tassis, que mora sozinho em um apartamento em Coronel Fabriciano, embora o mercado venha se preparando para atender essa parcela de consumidores, a oferta é muito escassa na região. Quem investir nesse segmento terá retorno, porque há uma grande demanda. Basta ir às imobiliárias para constatar essa insuficiência, argumenta. Além da pouca oferta de imóveis destinada a esse público, Tassis lamenta, sobretudo, os equívocos do mercado em relação às questões financeiras. É preciso que o ramo imobiliário reveja os valores cobrados para quem mora sozinho. Seria justo pagar menos por um espaço menor, mas em função do alto custo dos aluguéis, fica mais viável dividir um apartamento com duas, três ou quatro pessoas. Isso compromete quem deseja ter privacidade e individualidade, observa Tassis. Preferência de igual para igual Segundo o empresário Rogério Costa, esse tipo de imóvel deixou de ser procurado majoritariamente pelo público masculino. Atualmente, a demanda está igualmente dividida entre homens e mulheres. Seja pela independência financeira, por um eventual óbito do companheiro ou por afirmação social, a procura por esse tipo de imóvel entre as mulheres aumentou significativamente nas últimas décadas, informa Costa. O psicólogo Cássio Eduardo observa que as imposições do mercado têm valor significativo nas decisões das mulheres em morar só. Há o fator econômico e a relativa autonomia feminina conquistada a trancos e barrancos. Outro fator é a identificação com um ideal de que mulher que mora sozinha é uma mulher moderna e independente, diz. Para o psicólogo, no entanto, morar só não é necessariamente sinônimo de independência e liberdade. Segmentos ainda não despertaram para essa nova realidade Mesmo que parte do mercado já reconheça esse público como uma alternativa positiva de consumo e renda, muitos segmentos ainda não despertaram para essa nova realidade. Famílias unipessoais têm demandas próprias de consumo de bens e serviços, e precisam ser vistas com suas particularidades. Ao menos, é isso que espera a maioria das pessoas que moram sozinhas. Alimentação O macarrão instantâneo deixou de ser a única opção para famílias unipessoais que procuram economia e rapidez ao preparar o alimento. Hoje é comum achar em supermercados produtos com embalagens reduzidas como sopas, lasanhas e pizza individual, além de uma infinidade de produtos de tamanho reduzido. Na opinião do publicitário Renato Tassis, até quem não sabe cozinhar consegue se virar sozinho com as opções ofertadas. As opções de produtos industrializados são va-

riadas. Em função dos congelados e précozidos, até quem não sabe fritar um ovo consegue se virar na cozinha. Serviços Em relação aos serviços, várias empresas estão se aperfeiçoando para atender esse nicho. O empresário José Fábio Campos, proprietário de uma lavanderia em Timóteo, afirma estar preparado para atender essa demanda. Temos serviços para atender tanto quem mora sozinho, como toda família, com preços compatíveis a cada público, diz. Conforme Campos, há uma demanda variável em função da dinâmica da cidade. Às vezes se instalam aqui novas empresas para atender a indústria, aí muda um pouco as características desse público. Há também um aumento em função das faculdades e universidades, mas de forma geral, esse setor está estabilizado, pelo menos no meu segmento. Turismo No turismo, viajar sozinho ainda é mais dispendioso do que viajar acompanhado. Em alguns casos, um pacote individual sai mais caro que o destinado a um casal. De acordo com Wander de Paiva Silveira, proprietário de uma agência de viagens em Coronel Fabriciano, um pacote em alta temporada é mais oneroso para quem deseja viajar só. O valor do pacote individual no carnaval, por exemplo, chega a 80% mais alto que para um casal, informa. Segundo o empresário, muitas vendas na sua agência não são efetuadas em função da não adequação dos pacotes para este público específico. A procura por pacotes individuais é grande, mas o preço acaba desestimulando as pessoas. Muitas vezes o cliente tira férias em datas diferente da companheira ou dos amigos, e quando procura a agência para fazer o pacote, acaba desistindo em função do preço. Para a agência, seria bom se as operadores se adaptassem à essa demanda, pois a procura realmente é muito alta, diz Wander de Paiva. Prós e contras As palavras chaves para esse público são liberdade, privacidade e individualidade. Para quem mora sozinho, é fundamental aprender a gostar de si e se valorizar, afinal boa parte do tempo a pessoa passa em sua própria companhia. Para Renato Tassis, morar sozinho tem seus prós e contras. Se por um lado adquire-se o próprio espaço, por outro pode haver um sentimento de solidão que incomoda. A vantagem é você ter sua liberdade, poder receber pessoas, ter a tranquilidade de estar tudo no lugar quando você sair e voltar, além de poder ser dono do seu espaço. O ruim é a solidão, pois nem sempre estar sozinho é legal e faz bem, mas se você souber administrar os dois, conseguirá ter qualidade de vida, finaliza.

Fotografia: Pedro Bastos

12 Negócios Após incêndio devastador, Empório do Vinho é reconstruído com nova estrutura e espaço ampliado No último dia 20 de dezembro, um capítulo importante da história do Empório do Vinho foi escrito. Após um hiato de cinco meses, a delicatessen localizada no bairro Cidade Nobre voltou a funcionar após o incêndio que destruiu boa parte do estabelecimento. Em julho de 2009, um incidente na cozinha do Empório do Vinho causou danos em praticamente todas as dependências da loja. As perdas foram muitas e pouco foi aproveitado do que restou, conta o proprietário Francisco Paulo Moraes de Jesus. Engenheiro metalúrgico aposentado, Francisco decidiu apostar no segmento de vinhos e gastronomia sofisticada após conhecer vários países e constatar que a região era carente em estabelecimentos mais arrojados. Em 2005, Francisco tornou-se empresário após adquirir o Empório do Vinho em Timóteo, que existia desde 1999. A intenção era apostar na cultura do vinho do Vale do Aço. Em Timóteo, a loja passou a ter também um espaço gourmet, que foi precursor na região e acabou inspirando outros ambientes com propostas parecidas. Este espaço acabou sendo freqüentado por clientes de Ipatinga, que cobravam a necessidade de um espaço semelhante na cidade, recorda o empresário. Após analisar pesquisas de mercado, Francisco inaugurou o Empório do Vinho no bairro Cidade Nobre, em Ipatinga no final de 2007. Rapidamente, o estabelecimento virou uma das referências em boa gastronomia na região. Além de oferecer opções para quem aprecia bons pratos, o Empório também tinha o espaço chamado Botequim, com música ao vivo. O estabelecimento dispunha de vários ambientes e Texto: Roberto Sôlha ficou conhecido como um local charmoso e acolhedor, que contava com um chef experiente em cozinha internacional, detalha. No auge de suas atividades, porém, o Empório do Vinho teve grande parte de suas instalações destruídas pelo incêndio ocorrido em julho de 2009. Até então, a casa que abrigava o estabelecimento era uma construção de madeira. Após o incidente, passamos por um período de retomada dos negócios. Além de termos sofrido perdas materiais, houve o agravante da crise. Então, 2009 foi um ano em que tivemos que ultrapassar fortes obstáculos. No entanto, com o apoio de amigos, clientes e da família, decidimos reconstruir tudo novamente. Foi uma fase de superação de inúmeros desafios, recorda Francisco Moraes. Reforma Para reconstituir a loja foi elaborado um novo projeto estrutural, oferecendo mais conforto e bem estar aos clientes. Nos próximos meses, o Empório do Vinho irá reabrir seu restaurante e o botequim com espaço expandido e outras novidades. Nós acreditamos que o sucesso de um empreendimento no Vale do Aço está ligado à situação da economia regional. Por acreditarmos no potencial de Ipatinga e Timóteo, decidimos dar continuidade às atividades do Empório do Vinho na região. Os nossos clientes podem ter certeza de que irão contar com um espaço remodelado e mais estruturado, com melhores instalações, finaliza Francisco Moraes. Serviço O Empório do Vinho está localizado na Avenida Monteiro Lobato, 876, no bairro Cidade Nobre. Para mais informações, acesse www.emporiodovinho.com.br Francisco Moraes em frente à nova loja: mais conforto e bem estar aos clientes

Delivery de Comércio virtual 13 DESEJOS Sexy room virtual promete produtos com discrição para quem não quer sair de casa Texto: Edlayne de Paula Imagina poder comprar produtos eróticos, dos simples aos mais exóticos, no conforto de casa e sem precisar se expor em frente a vitrines? É o que promete La Mona Isla sexy room. Uma loja virtual que promete entrega em até 20 dias e delivery no Vale do Aço. O nome da loja é uma mistura de expressões em grego e da cultura Islã que querem dizer: mulher de muita vontade. No entanto, o espaço serve para atender mocinhos e mocinhas: os que sentem vermelhidão ao falarem de sexo; os que contam as fantasias em público; heteros e homos; e casais de todas as idades. A discrição é a grande arma da La Mona Isla desde a compra até a entrega. Os pedidos podem ser feitas on line por meio de um cadastro em que o usuário pode se identificar por um nome fictício. Uma das opções de pagamento é o PagSeguro, um serviço em que o vendedor não tem acesso às informações de quem compra. A razão social da loja também leva um nome masculino que nada tem a ver com a expressão La Mona Isla. Além disso, as entregas no Vale do Aço são feitas por uma equipe de motoboys especialmente treinados pela loja. Os produtos chegam numa embalagem discreta e sem nenhuma identificação do sexy room. La Mona Isla também tem um telefone de vendas: (31)8850-1920. Pelo celular é possível pedir ajuda para preparar um ambiente para uma festinha a dois ou ainda chamar uma das revendedoras da loja para despedidas de solteiras ou uma festa do pijama. No caso da confraternização de luluzinhas, a anfitriã ganha 30% de tudo o que for vendido. A sexy room ainda oferece orientação gratuita de uma sexóloga que responde dúvidas dos internautas online. www.lamonaisla.com.br

14 Empreendimentos Texto: Roberto Bertozi Paintball de casa nova Nova área para a prática do esporte de tiro de bolinha de tinta promete agitar Ipatinga Ipatinga passa a contar com um esporte que cresce a cada dia em número de adeptos no Brasil. Há quem fale em 13 milhões, entre praticantes, admiradores e entusiastas. Os mais otimistas apostam em 15 milhões. Estamos falando do paintball, uma mistura de jogo estratégico com agilidade na arte de saber atirar, que alia a prática esportiva, a corrida e muita, muita adrenalina. Depois de chegar ao Vale do Aço trazido por dois amigos aficcionados pela prática do tiro com bolinhas de tinta, André Brandão e Eiziel de Paula, o AZ Paintball agora se instala em Ipatinga, onde os proprietários esperam agregar ainda mais adeptos. Anteriormente a área esportiva estava localizada no loteamento Porto Seguro, localizado a caminho da Lagoa Silvana e pertencente ao município de Caratinga. Em fase final de construção, o novo campo será instalado no Rancho do Peão, no bairro Caçula, à rua Levítico, 210. As atividades, que começam neste mês de março, sofrerão algumas alterações em relação às praticadas no antigo campo. O espaço agora é maior, com mil metros quadrados, diferente dos 645 metros da área anterior. O campo será coberto por uma tela, evitando que as bolinhas voem para fora da área destinada ao esporte. Para oferecer ainda mais realidade ao jogo, as marcadoras (evita-se chamar de armas) são réplicas de Uzi, metralhadoras compactas usadas pelo exército israelense. Estilo de jogo No paintball, o jogo mais comum é o mata-mata, em que duas equipes, de até quatro jogadores cada, se enfrentam. No campo da AZ paintball, ao contratar uma partida, a pessoa recebe o Kit segurança, que além do macacão, tem incluído a pescoceira, o colete, a máscara, a marcadora, um cilindro de gás (CO²) e as munições, bolinhas que contém tinta biodegradável envoltas numa cápsula similar a de um remédio. Nesse pacote, que vem como 50 munições, o interessado paga R$ 30 de quinta a domingo. Às terças e quartasfeiras, cobra-se R$ 25 para 1h30 de jogo. Nesse tipo de jogo o objetivo é acertar o adversário, sujando-o de tinta para caracterizar o tiro. Feito isso, a pessoa é eliminada. A equipe que sobrar no campo vence o jogo, explica Ziel. Apesar dessas regras, cabe aos jogadores decidirem se a pessoa que levar um tiro sai ou não do jogo. Como grande parte do público vem aqui para brincar e sair um pouco da rotina, eles jogam até acabar a munição, independente se alguém levar um ou dez tiros, por exemplo, frisa. Espaço inimigo Voltado para jogadores com um pouco mais de experiência, a modalidade Bandeira é uma outra vertente do paintball. Nesse jogo, há duas equipes e uma bandeira no meio do campo. O objetivo é pegá-la e atravessar até o lado adversário, como se tivesse conquistando o espaço inimigo. Joga-se com até cinco pessoas dentro do campo. Na realidade é um verdadeiro trabalho de equipe, já que é preciso defender um companheiro para que ele tenha condição de pegar a bandeira. Vale a pena tentar, menciona André. O campo Como André trabalhava como maquinista em Ipatinga, os dois decidiram procurar uma área adequada por aqui mesmo. No loteamento Porto Seguro, a área era considerada um excelente lugar para a prática do esporte, devido à tranquilidade e segurança. A procura pelo esporte cresceu aqui e muita gente questionava o porquê de o campo ser num local considerado distante. Acreditamos que agora, com a área no meio da cidade, vamos ter ainda mais praticantes. A estrutura está boa e esperamos agradar a todos, destaca André.

Sonho de ser independente A história do empreendimento começou quando os dois amigos, que costumavam brincar de paintball em Governador Valadares, resolveram montar o próprio campo. Morávamos em Frei Inocêncio e tínhamos que percorrer 30 quilômetros de carro para jogar, o que acabava complicando o nosso orçamento, lembra Ziel. Foi então que começaram a pesquisar tudo sobre o esporte, desde o preço dos materiais até possíveis áreas para o campo de paintball. A vontade de montar o próprio campo era tanta que Ziel foi ao SEBRAE para saber quais passos eram necessários para o empreendimento. A partir daí estudei todo o material que me foi indicado, lembra. Sobre o paitnball em si, os sócios passaram a conhecer as dinâmicas do campo, a tecnologia de obstáculos e as melhores munições. Após as análises, ainda faltava o principal para qualquer empreendimento: o investimento. O plano de negócio deles foi avaliado em R$ 30 mil pelo SEBRAE. Até emprestavam o dinheiro, mas pediram 10% por isso. Acharam muito e então resolveram partir para o plano B. Tivemos sorte e conseguimos uma mãe-trocício, brinca Ziel, fazendo alusão ao fato de mãe de André ter emprestado a verba. Com o campo instalado em Ipatinga, Ziel (e) e André apostam na maior difusão do paintball em âmbito regional Serviço AZ Paintball Rancho do Peão (bairro Caçula) Contato: (31) 8573 5180

16 Empreendimentos Os produtores da precursora Mob Bier: Henrique Reis, Vittorio Peri e Rafael Patrício.

Foi-se o tempo em que a cerveja pilsen reinava absoluta na preferência dos consumidores brasileiros. A cada dia, os bebedores de cerveja descobrem fortes concorrentes para a loira gelada, como é popularmente conhecida o tipo mais comum da bebida no Brasil. Apesar do clima tropical ser propício ao consumo da pilsen de coloração clara e teor alcoólico mais reduzido e leve -, a apreciação de marcas fabricadas artesanalmente ganha mais adeptos e se difunde entre bares, botecos e restaurantes em função de seus diferenciais. Marcas produzidas na região e bares especializados em cervejas artesanais Texto: Roberto Sôlha difundem a cultura cervejeira no Vale do Aço.

17 Empreendimentos A variedade de sabores das cervejas artesanais acaba até mesmo conquistando pessoas que até então não gostavam da bebida. Como no Brasil a cerveja pilsen é a mais consumida, muita gente que experimenta esse tipo acaba não gostando. Mas a diversidade de misturas das cervejas artesanais pode se adequar a uma infinidade de gostos, argumenta o músico Henrique Moreira Reis e os historiadores Rafael Patrício Martins e Vittorio Peri. Há dois anos, os três amigos deixaram de ser meros degustadores de cerveja artesanal e decidiram criar sua própria marca. A idéia deu origem à MobBier, primeira do Vale do Aço a ser fabricada nos moldes caseiros. Temos um grupo grande de amigos, uma espécie de confraria de pessoas ligadas à cultura cervejeira. A gente sempre se reunia para experimentar marcas artesanais e gostávamos de pesquisar sobre o modo de preparo, técnicas de fabricação e diversas outras informações sobre como fazer cerveja. Isso nos deu segurança para montar nossa própria marca, conta Rafael Patrício. Além da consulta em sites e livros especializados, os três sócios participaram de cursos de capacitação promovidos pela Associação de Cervejeiros Artesanais de Minas Gerais (Acerva). Aos poucos, Rafael, Vittorio e Henrique foram conhecendo outros produtores e passaram a adquirir os primeiros equipamentos de fabricação. Após quatro meses de produção, a Mob- Bier participou do Concurso Mineiro de Cerveja Artesanal. Ficamos em último lugar, mas isso foi um incentivo para aprimorarmos a qualidade da MobBier. Em 2008, participamos do 3º Concurso das Associações de Cervejeiros Artesanais e ficamos em sexto lugar na categoria Weiss (cerveja de trigo, tradicional na Alemanha), conta Henrique, explicando que o conhecimento técnico mais aprofundado e a aquisição de equipamentos mais adequados permitiram que a MobBier obtivesse melhor colocação. Após dois anos produzindo a MobBier fabricada na casa onde mora Henrique, em Coronel Fabriciano -, os três sócios comercializam atualmente 120 litros da cerveja por mês, em garrafas de 600 ml vendidas a R$ 7, em média. Com a objetivo de continuar produzindo em pequena escala para manter o alto padrão de qualidade, os donos da MobBier pretendem se envolver com outros projetos que incentivem a produção de cerveja artesanal no Vale do Aço. Todos nós nos ocupamos de outras atividades. A produção de cerveja ainda é um hobby, mas sonhamos que um dia possamos viver disso. Acreditamos que é um sonho possível porque há um grande número de apreciadores de cerveja artesanal e pessoas interessadas pela cultura cervejeira. A MobBier surgiu há apenas dois anos e desde então surgiram bares especializados em cerveja artesanal e novas marcas produzidas na região. São indícios de que esse mercado ainda vai crescer muito por aqui, diz Vittorio Peri. Reconhecimento Além da MobBier, o Vale do Aço já foi representado em outros concursos pela cerveja Texsan. Produzida em Mesquita pelo ipatinguense Eric Teixeira, a marca surgiu um ano depois da MobBier e obteve colocação de destaque logo no primeiro concurso que disputou. Em agosto de 2008, oito meses após iniciar sua fabricação, o Concurso das Acervas premiou a Texsan como a segunda melhor cerveja na categoria Weiss. Foi um prêmio importante porque disputamos com outras 35 marcas. O primeiro lugar foi vencido por uma marca argentina. Podemos considerar então que a Texsan foi a melhor cerveja brasileira da categoria, conta Eric. Diariamente, ele dirige de Ipatinga, onde trabalha como bancário, até Mesquita. Lá, ele e outro funcionário fabricam a Texsan, cuja produção mensal é de 250 litros, vendidos em garrafas de 600ml a R$ 9, em média. Em 2010, Eric pretende se dedicar exclusivamente à Texsan. O objetivo é atingir produção mensal de no mínimo dois mil litros e no máximo oito mil litros, nos moldes de uma microcervejaria. Ele também pretende investir na fabricação de chopp artesanal. Sua aposta na produção de cerveja artesanal se deu pelos mesmos motivos dos donos da MobBier. A exemplo dos três sócios da cerveja fabricianense, Eric Teixeira sempre apreciou e pesquisou a cultura relacionada ao consumo de cerveja. Para quem aprecia as cervejas produzidas pelas grandes fábricas, é impossível não notar o diferencial das artesanais. Seu líquido é mais encorpado e o sabor é mais apurado por não utilizar aditivos. Aos poucos, percebemos que o Vale do Aço está descobrindo a variedade de sabores que esse tipo de cerveja proporciona aos consumidores. As pessoas estão descobrindo que a cerveja é tão rica quanto o vinho. Ela envolve uma infinidade de variações e pode ser apreciada com cardápios específicos, diz. Novas empreitadas Além do surgimento quase simultâneo de duas marcas regionais, outros fatores demonstram a aceitação das cervejas artesanais no Vale do Aço. Em Ipatinga, o Petiscos Bar oferece a maior diversidade de marcas da região. Localizado no bairro Bom Retiro, o estabelecimento existe há pouco mais de um ano, mas já se tornou referência para os apreciadores das cervejas artesanais. O bar oferece mais de 80 marcas de países europeus e várias regiões do Brasil. Segundo um dos proprietários do estabelecimento, Álvaro Cristian, a idéia de comercializar várias marcas de cerveja surgiu da carência na região. Nós consumíamos cerveja artesanal nos bares de Belo Horizonte. Em Ipatinga, só achávamos as marcas mais comuns. Hoje o Petiscos vende desde cervejas mais conhecidas até marcas que não são encontradas em nenhum outro estabelecimento da região, informa. Para Álvaro, o advento da MobBier e Texsan ambas vendidas no bar foram importantes para fomentar o movimento cervejeiro no Vale do Aço. O sucesso do bar e a boa aceitação das marcas regionais irão impulsionar novas empreitadas. Planejamos abrir uma cervejaria ainda no primeiro semestre de 2010. Além da fabricação de chope e cerveja artesanal, o local também será utilizado para sediar eventos de fomento à cultura cervejeira, como palestras, cursos e degustações, adianta o empresário, que recentemente foi eleito o vice-presidente da Acerva e patrocinou, em outubro de 2009, a primeira edição da Oktobervaço, que realizou uma série de workshops sobre produção de cerveja. Para Álvaro, em 2010 o Vale do Aço dará passos importantes para se tornar um pólo cervejeiro em âmbito estadual. Serão três marcas produzidas na região e duas cervejarias. Com a fabricação regional, o produto chegará ao consumidor com um valor mais reduzido, facilitando ainda mais a aceitação das cervejas artesanais, finaliza.

cerva A premiada Texsan, de Eric Teixeira: em 2010, a marca será produzida em maior escala e fabricada também em chopp.

20 Especial economia Momento de transição Apesar das turbulências causadas pela crise, a região soube enfrentar a recessão econômica e manteve os índices de consumo em alta, a exemplo do que aconteceu nas principais regiões do Sudeste. Nessa reportagem especial, a Revista Contexto traz opiniões de especialistas e empresários sobre as perspectivas econômicas para o Vale do Aço em 2010. Cenibra: produção mantém-se estável Texto: Roberto Sôlha Ao contrário da Usiminas e Arcelor Mittal, a Cenibra foi afetada de diferentes maneiras. Seu quadro de funcionários não sofreu cortes e a empresa continuou operando no limite de sua capacidade. Em entrevista concedida à CONTEXTO por Naohiro Doi, diretor administrativo e financeiro da empresa especializada em celulose, o executivo falou sobre o período pré-crise, os planos de expansão da Cenibra e quais as expectativas de produção para 2010. Naohiro informou que o volume de vendas da Cenibra permaneceu o mesmo dos níveis alcançados antes da crise mundial. A Cenibra sempre operou com plena capacidade, ou seja, produzindo 1.160.000 toneladas de celulose anualmente. Este patamar não mudou nada após a crise. O volume de vendas para os mercados interno e externo também permaneceu o mesmo. No entanto, a crise afetou o preço da celulose no mercado mundial, explica. Atualmente, o preço da matéria-prima está cotada em US$ 620 a tonelada. O valor ainda é 26% inferior ao verificado no período pré-crise, quando a celulose era comercializada por aproximadamente US$ 840. Em 2009, a tonelada do produto chegou a ser comercializada a US$ 560. Segundo Naohiro, atualmente 90% da produção da Cenibra é exportada para países da Europa, Ásia e América do Norte. A desvalorização da celulose em grande parte desses países chegou a reduzir o preço do produto para dois terços do valor cotado antes da crise. Em alguns países, a celulose passou a ser exportada pela metade do preço pré-crise. Demissões Ao contrário do setor siderúrgico, a Cenibra manteve seu quadro de funcionários intacto. O diretor administrativo da empresa explica que não foi preciso demitir trabalhadores porque os ajustes já vinham sendo feitos antes da crise estourar. Felizmente, não demitimos um funcionário sequer. Há alguns anos, a empresa já havia reduzido seu pessoal para chegar ao míni-

mo necessário, explica Naohiro Doi. Para o executivo, a crise trouxe consequências para todos os setores da economia, embora seus efeitos tenham sido diferentes em diversos níveis. Há países que foram menos e mais afetados. O Brasil foi uma das nações menos afetadas pela crise financeira. Por sua vez, o Japão talvez foi o mais afetado e sua economia retraiu aos níveis de 2002. Provavelmente serão necessários mais seis anos para o Japão atingir os níveis de 2008. No Brasil, as reservas de moeda estrangeira sofreram pouca redução e os investimentos retornaram rapidamente ao país. Isso prova que o país se recuperou mais rápido, observa. Em 2008, a empresa faturou cerca de US$ 730 milhões. Em 2009, a Cenibra fechou o ano com US$ 450 milhões resultado um pouco menos pessimista do que a previsão feita no início de janeiro pelos administradores da empresa. Mas esperamos que a empresa obtenha um faturamento 10% a 20% superior em 2010 e atinja nos próximos anos os mesmos patamares de 2008, diz o executivo. Expansão Em função das incertezas e oscilações do mercado mundial, a Cenibra decidiu adiar seu projeto de expansão, que iria permitir um acréscimo de 800 mil toneladas à produção anual de 1,16 milhões da empresa. Conforme Naohiro Dói, enquanto não houver aumento de demanda para a exportação de celulose, a empresa irá manter o projeto em longo prazo. Mas isso não quer dizer que a expansão será cancelada. A construção da terceira linha de produção foi suspensa após a crise mundial. Estamos observando o mercado e aguardando um cenário mais oportuno para o investimento na terceira linha, diz. Apesar de adiar o início da expansão, a Cenibra manteve os planos de investimentos em equipamentos para aumentar a produtividade. Em 2009, foram feitos aportes da ordem de R$ 90 milhões, permitindo que o volume fabricado neste ano supere a expectativa inicial de produção em 5%. O plano de investimentos para a terceira linha corresponde a US$ 2 bilhões, com previsão de término do projeto até 2013. Além de ser um marco para a história da empresa, garantindo mais competitividade no mercado mundial e sustentabilidade aos processos, o projeto promete promover benefícios às comunidades. A expansão da nossa linha de produção consolidará Belo Oriente como cidade base de uma das maiores e mais modernas produtoras mundiais de celulose de eucalipto, e proporcionará desenvolvimento socioeconômico por meio dos investimentos diretos e indiretos, diz o executivo Naohiro Doi. Para a base florestal da empresa, a previsão é que sejam investidos US$ 400 milhões. Há países que foram menos e mais afetados. O Brasil foi uma das nações menos afetadas pela crise financeira. Naohiro Doi, diretor administrativo e financeiro da Cenibra

24 Especial economia O ano de 2010 significará um momento importante para a redefinição política e econômica do país. No entanto, não deixaremos de experimentar novos índices de crescimento econômico, tendo em vista a crescente participação das classes C e D no mercado consumidor Amaury Gonçalves Para economista, 2010 representa a retomada do crescimento e momento de avaliação do cenário global Na opinião de Amaury Gonçalves, um dos economistas mais atuantes na região, 2010 será um ano de importantes marcos para redefinir o panorama político e econômico do Brasil. Em entrevista à CON- TEXTO, Amaury aborda diversos assuntos referentes ao período da crise e suas consequências em âmbito regional, analisa a indefinição do quadro político em Ipatinga e defende a construção do novo aeroporto para o desenvolvimento regional. Economista da Câmara de Vereadores de Ipatinga e professor do curso de Administração do Pitágoras, Amaury Gonçalves também atua como conselheiro fiscal da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado de Minas Gerais (Federaminas). Qual a avaliação que o senhor faz da atual situação econômica do país? O Brasil conseguiu superar a crise ou ainda é cedo para comemorar? O Brasil apresenta hoje indicadores econômicos sólidos e que são percebidos pelo mercado. A folga relativa nas reservas internacionais, que garantem recursos em dólares para a aquisição de produtos do exterior (importações) acaba por impedir que internamente um produto similar possa subir exageradamente de preço, mantendo a inflação em baixos patamares, como foi a taxa anual de 4,3% em 2009. Estas reservas elevadas nos dão credibilidade para fazer uma política econômica consistente. A situação atual é oposta ao que acontecia nos anos 1980, quando nossos saldos em reservas eram diminutos frente às necessidades de importações da economia brasileira, o que permitia os preços internos subirem de forma descontrolada. Isso impossibilitava a concorrência com produtos estrangeiros, principalmente máquinas e equipamentos para a modernização industrial, e também produtos de alta tecnologia. Como o Brasil conseguiu retomar a credibilidade no mercado? Principalmente mantendo em dia os compromissos internacionais, como o pagamento da dívida externa, que foi renegociada em longo prazo. Outra ação que ajudou o Brasil a atravessar a crise de maneira menos traumática foi atrair capital estrangeiro para investimento direto em novas fábricas e na expansão das multinacionais existentes. Há ainda uma perspectiva enorme sobre o tamanho e potencial do mercado de consumo interno. Nesse sentido, a redução de IPI ajuda substancialmente os setores de bens de consumo duráveis e semiduráveis. Este conjunto de medidas vem permitindo um horizonte de crescimento permanente para a economia brasileira. No entanto, o crescimento econômico ainda depende de medidas a serem tomadas no âmbito da política interna para haver equilíbrio das contas públicas. A questão do elevado endividamento interno preocupa, uma vez que representa 38% do nosso PIB. A continuidade do crescimento da China em níveis sustentáveis também é impor-

Texto: Roberto Sôlha tante para o fomento do setor industrial brasileiro, porque os chineses são grandes importadores de nossas matérias-primas. De que maneira o Vale do Aço foi mais afetado pela crise? A Região Metropolitana do Vale do Aço sofreu menos severamente os efeitos da crise. Apesar da construção da nova usina não ter sido concretizada, a Usiminas não sofreu prejuízos uma vez que as obras não tinham sido iniciadas. As exportações da siderúrgica diminuíram, porém o mercado interno absorveu esta produção que seria destinada ao exterior. Isso pode ser explicado por causa da redução do IPI, que contribuiu para uma demanda maior do aço em âmbito nacional, já que ele é matéria-prima de automóveis, geladeiras e fogões. A Cenibra já vinha mantendo seus planos de expansão a médio prazo, o que não altera o panorama de investimentos da empresa para a região. No contexto das grandes empresas sediadas no Vale do Aço, a crise teve maior impacto na Arcelor Mittal. A redução no seu faturamento comprometeu os repasses financeiros para o município de Timóteo. As demais cidades da região, que não possuem indústrias e são fortemente dependentes do repasse do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) sofreram com a alta queda da arrecadação do ICMS no Estado e do IPI e IR na União impostos que compõem o FPM. As grandes empresas instaladas na região conseguirão retomar os mesmos níveis de produção do período pré-crise? Para 2010, podemos esperar que a Usiminas e Arcelor consigam resolver consequências da crise? O ano de 2010 representará a retomada do crescimento e um momento de avaliação do cenário global. O comportamento da economia mundial é fundamental para a Arcelor Mittal reverter seu quadro de produção. Para diminuir sua dependência do mercado externo, a empresa vem mudando o perfil de produção para aços silicosos. A Usiminas, que tem grandes clientes no mercado interno, fica na espera da dinâmica econômica do governo em ano eleitoral e trabalha para alcançar os patamares de exportação do período pré-crise. A sustentação de um ritmo acelerado de crescimento econômico, sem causar elevação da inflação, consequentemente irá acelerar a implementação da nova usina. Apesar do período difícil, houve incentivo para o consumo de diversos bens. É possível que o governo continue a reduzir o IPI para outros produtos? O crescente déficit público e a diminuição do ritmo de arrecadação compromete a capacidade do governo de manter estes incentivos setoriais. Portanto, a redução do IPI para os setores automobilístico, de materiais de construção civil e da chamada linha branca não deverá ser estendida. A construção do novo aeroporto e a expansão da Usiminas ainda são duas incógnitas. Como essa indefinição poderá afetar o desenvolvimento regional? A Usiminas necessita da área do atual aeroporto para expansão de suas atividades. Por sua vez, a definição de uma nova área para pouso e decolagem torna-se urgente e fundamental para o crescimento econômico do Vale do Aço. A viabilidade de pouso de aeronaves de maior capacidade na região traria diversos benefícios, entre eles a possibilidade de baratear os custos desse meio de transporte. Com o advento de um aeroporto melhor estruturado, estaríamos na rota das grandes companhias aéreas, como a Gol e TAM. A construção civil é um dos setores mais aquecidos do sistema produtivo brasileiro. No entanto, a nossa região ainda carece de investimentos em moradias populares. Ao mesmo tempo, a especulação imobiliária em Ipatinga aumenta gradativamente. No futuro, essa situação pode afetar a região de que maneira? O crescimento do Vale do Aço e, mais notadamente, de Ipatinga, sofre com a escassez de áreas para construção civil, principalmente dentro de modelos de grandes condomínios que contemplem mais de um conjunto de moradias. As discussões do Plano Diretor deverão contemplar a verticalização da cidade em consonância com bairros que apresentam infra-estrutura pública ociosa. A realidade de Ipatinga comporta o adensamento populacional vertical. Outras áreas vêm surgindo nos arredores da cidade, situação que ocorre nos Estados Unidos há décadas. Embora mais afastados do centro da cidade, esses bairros possibilitam melhor qualidade de vida, porque permitem mais contato com a natureza e são livres da poluição tipicamente urbana. Como o senhor avalia a indefinição política em Ipatinga? De que maneira essa situação pode impedir que o município seja contemplado com projetos de infra-estrutura? A atual conjuntura política afeta o município muito mais pela capacidade de gestão do eventual ocupante do Executivo, uma vez que recursos dependentes do governo federal precisam de negociação política junto ao Congresso Nacional para garantir sua efetividade. Embora a verba destinada ao município em 2010 já esteja definida no orçamento federal, é fundamental que haja esforços para a liberação desse recurso, independentemente de qual seja o agente público em exercício. Ao município, caberá também apresentar contrapartidas e os projetos necessários para que estes recursos se concretizem em obras ou serviços. Em 2010, podemos esperar uma recuperação positiva? Com toda certeza, 2010 promete ser melhor que 2009. Esse ano significará um momento importante para a redefinição política e econômica do país. No entanto, não deixaremos de experimentar novos índices de crescimento econômico, tendo em vista a crescente participação das classes C e D no mercado consumidor. Estas duas classes sociais irão garantir um patamar mínimo de aquecimento da atividade econômica, principalmente nos segmentos mais populares de menor valor agregado e menor desenvolvimento tecnológico.