Alimentação como Fator Preventivo do Câncer e Promotor da Saúde



Documentos relacionados
4. Câncer no Estado do Paraná

Tipos de Câncer. Saber identifi car sinais é essencial.

Autores: Cristina Somariva Leandro Jacson Schacht. SESI Serviço Social da Indústria Cidade: Concórdia Estado: Santa Catarina 27/10/2015

Apresentação. Introdução. Francine Leite. Luiz Augusto Carneiro Superintendente Executivo

Câncer de Próstata. Fernando Magioni Enfermeiro do Trabalho

Azul. Novembro. cosbem. Mergulhe nessa onda! A cor da coragem é azul. Mês de Conscientização, Preveção e Combate ao Câncer De Próstata.

TÍTULO: "SE TOCA MULHER" CONHECIMENTO DAS UNIVERSITÁRIAS SOBRE O CÂNCER DE MAMA

Saúde da mulher em idade fértil e de crianças com até 5 anos de idade dados da PNDS 2006

Panorama Nutricional da População da América Latina, Europa e Brasil. Maria Rita Marques de Oliveira

Histórico. O Outubro Rosaéum movimento popular dedicado a alertar as mulheres para a importância da prevenção e da detecção precoce do câncer de mama.

PROC. Nº 0838/06 PLL Nº 029/06 EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

O desafio hoje para o Pediatra e também para sociedade é cuidar das crianças que vão viver 100 anos ou mais e que precisam viver com qualidade de

VIGITEL 2014 Periodicidade Parceria: População monitorada entrevistas

TÍTULO: AUTORES: INSTITUIÇÃO: ÁREA TEMÁTICA 1-INTRODUÇÃO (1) (1).

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE MENINAS DO INTERIOR DO ESTADO DE SÃO PAULO Uyeda, Mari*

O resultado de uma boa causa. Apresentação de resultados da campanha pela Obesidade do programa Saúde mais Próxima

PROMOVENDO A REEDUCAÇÃO ALIMENTAR EM ESCOLAS NOS MUNICÍPIOS DE UBÁ E TOCANTINS-MG RESUMO

SAÚDE E EDUCAÇÃO INFANTIL Uma análise sobre as práticas pedagógicas nas escolas.

Élsio Paiva Nº 11 Rui Gomes Nº 20 Tiago Santos Nº21. Disciplina : Área de Projecto Professora : Sandra Vitória Escola Básica e Secundária de Fajões

Prof.: Luiz Fernando Alves de Castro

INDICE ANTROPOMÉTRICO-NUTRICIONAL DE CRIANÇAS DE BAIXA RENDA INCLUSAS EM PROGRAMAS GOVERNAMENTAIS

atitudeé prevenir-se Moradores da Mooca:

Registro Hospitalar de Câncer de São Paulo:

Reeducação Alimentar na prevenção da Obesidade Professores: Ivo André Polônio; Edi Carlos Iacida; Ângela Cesira Maran Pilquevitch; Silvia Trevisan;

Novas curvas de avaliação de crescimento infantil adotadas pelo MS

Escola: Escola Municipal Rural Sucessão dos Moraes

MODELO PROJETO: PRÊMIO POR INOVAÇÃO E QUALIDADE

Nutrientes. E suas funções no organismo humano

A situação do câncer no Brasil 1

ESTADO DE GOIÁS PREFEITURA MUNICIPAL DE CAVALCANTE SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE PROJETO ALEITAMENTO MATERNO

10º Congreso Argentino y 5º Latinoamericano de Educación Física y Ciencias

DOCUMENTO DE REFERÊNCIA PARA GUIAS DE BOAS PRÁTICAS NUTRICIONAIS

Coração Saudável! melhor dele?

DIA MUNDIAL DO CÂNCER 08 DE ABRIL

OUTUBRO ROSA UMA CAMPANHA DE CONSCIENTIZAÇÃO DA SOFIS TECNOLOGIA

AÇÕES EDUCATIVAS COM UNIVERSITÁRIOS SOBRE FATORES DE RISCO PARA SÍNDROME METABÓLICA

Proteger nosso. Futuro

folder_socesp.indd 1 04/09/ :33:13

Aumentar o Consumo dos Hortofrutícolas

RESUMOS SIMPLES...156

LEIA ATENTAMENTE AS SEGUINTES INSTRUÇÕES:

Sybelle de Araujo Cavalcante Nutricionista

Entenda o que é o câncer de mama e os métodos de prevenção. Fonte: Instituto Nacional de Câncer (Inca)

Curso de Capacitação em Bullying

CONCREGAÇÃO DAS IRMÃS MISSIONÁRIAS DA IMACULADA CONCEIÇÃO COLÉGIO SANTA CLARA PROJETO: ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

Descobrindo o valor da

Este trabalho possui como objetivo a aplicação prática dos

I ENCONTRO DE EXPERIÊNCIAS BEM SUCEDIDAS EM PROMOÇÃO DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

Preferências alimentares individuais; Disponibilidade dos alimentos no mercado; Influência das propagandas no mercado, na televisão.

ANÁLISE DAS LANCHEIRAS DE PRÉ-ESCOLARES¹ BOEIRA,

COMO TER UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL?

Congregação das Filhas do Amor Divino

Programa Sol Amigo. Diretrizes. Ilustração: Programa Sunwise Environmental Protection Agency - EPA

Teste seus conhecimentos: Caça-Palavras

Pesquisa com Professores de Escolas e com Alunos da Graduação em Matemática

Regulamentação do marketing de alimentos: uma questão de saúde pública

JUSTIFICATIVA OBJETIV OS:

Incorporação da curvas de crescimento da Organização Mundial da Saúde de 2006 e 2007 no SISVAN

Apesar de ser um tumor maligno, é uma doença curável se descoberta a tempo, o que nem sempre é possível, pois o medo do diagnóstico é muito grande,

Programa de Atenção Integrada ao Idoso

Projeto Unimed Vida Projeto Unimed Vida 2012

Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT. Nutricionista Débora Razera Peluffo

PROGRAMA DE INTERVENÇÃO EM OBESIDADE INFANTIL. Centro de Saúde da Marinha Grande Ana Laura Baridó

PROJETO DE EXTENSÃO TÍTULO DO PROJETO:

Linha de Cuidado da Obesidade. Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas

Recomendada. A coleção apresenta eficiência e adequação. Ciências adequados a cada faixa etária, além de

Núcleo de Atenção Integral à Saúde Unimed São José dos Campos

Rua Antônia Lara de Resende, 325 Centro CEP: Fone: (0xx32) / 2151 Fax: (0xx32)

Projeto de Resolução n.º 238/XIII/1.ª. Recomenda ao Governo que implemente medidas de prevenção e combate à Diabetes e à Hiperglicemia Intermédia.

Light ou diet? O consumo de produtos diet e light cresceu em grande escala no mercado mundial. É visível

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

VI CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM DIABETES DIETOTERAPIA ACADÊMICA LIGA DE DIABETES ÂNGELA MENDONÇA

TRABALHANDO A CULTURA ALAGOANA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA EXPERIÊNCIA DO PIBID DE PEDAGOGIA

A Organização da Atenção Nutricional: enfrentando a obesidade

PROGRAMA DE VIGILÂNCIA ALIMENTAR E NUTRICIONAL NAS ESCOLAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL DO MUNICÍPIO DE ARARUNA PB

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE MENINOS DA CIDADE DE AMPARO - SÃO PAULO

GUIA DE SUGESTÕES DE AÇÕES PARA IMPLEMENTAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DO PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM GONÇALVES LEDO

Carne suína e dietas saudáveis para o coração. Semíramis Martins Álvares Domene Prof a. Titular Fac. Nutrição PUC-Campinas

EDITAL PARA SUBMISSÃO DE TRABALHOS CIENTÍFICOS

ALIMENTAÇÃO COMO FATOR PROMOTOR DA SAÚDE

Educação Alimentar e Nutricional no Espaço Escolar como Promotora de Vida Saudável

POR QUE FAZER ENGENHARIA FÍSICA NO BRASIL? QUEM ESTÁ CURSANDO ENGENHARIA FÍSICA NA UFSCAR?

PREVENÇÃO DAS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS PREVENIR É PRECISO MANUAL DE ORIENTAÇÕES AOS SERVIDORES VIGIAS DA PREFEITURA DE MONTES CLAROS

Bianca Iuliano. Diretora da Consultoria

EDUCAÇÃO NUTRICIONAL PARA PRÉ-ESCOLARES DO CENTRO DE EDUCAÇÃO INFANTIL EM VIÇOSA-MG

E E R D A B DISEB SO O RA S FALOM VA

EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA E POLÍTICAS PÚBLICAS SOCIAIS

ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS DE 0 A 10 ANOS COM CÂNCER ASSISTIDAS EM UM HOSPITAL FILANTRÓPICO

balanço energético #compartilhequilibrio

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE 2010

Art. 2º - São diretrizes da Política Municipal de Educação Alimentar e Combate à Obesidade:

ALIMENTAÇÃO E PESO SAUDÁVEL

azul NOVEMBRO azul Saúde também é coisa de homem. Doenças Cardiovasculares (DCV)

Mostra de Projetos Campanha Contra Câncer do Colo do Útero e da Mama

Aula 2 Elementos necessários para a Avaliação Econômica

IDEIAS NO PRATO E.E.PROFª MARIA GUILHERMINA LOPES FAGUNDES Sala 11 Sessão 2

Para realizar a Avaliação Nutricional de Crianças de 5 a 10 anos, usa-se 3 parâmetros: estaturapara- idade, peso- para- idade e IMC para idade.

Transcrição:

Anais do 2º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária Belo Horizonte 12 a 15 de setembro de 2004 Alimentação como Fator Preventivo do Câncer e Promotor da Saúde Área Temática de Saúde Resumo O Estado Nutricional de escolares e adolescente reflete em seu estado de saúde podendo levar a complicações como a obesidade e o câncer na idade adulta. Objetivos: Implantar o projeto "Saber Saúde ; Divulgar alimentação adequada; Avaliar o Estado Nutricional; Orientar a prevenção do câncer. Para implantação do projeto Saber Saúde estão sendo realizadas ações com os alunos de 1ª a 4ª série como o teatro. Para os alunos de 5ª a 8ª série, avaliou-se o Estado Nutricional, através do Índice de Massa Corporal (IMC) adotando-se os pontos de corte propostos por CDC/Must-91. A peça está sendo elaborada pelos alunos da 1ª série. Quanto ao Estado Nutricional verificou-se que na 5ª e na 6ª série ocorreu alta prevalência de obesidade para os meninos e de sobrepeso para as meninas; na 7ª série destaca-se que 16,66% das meninas e 14,3% dos meninos apresentaram sobrepeso; a 8ª série apresentou baixa prevalência de sobrepeso e obesidade para ambos os sexos. Os estudantes apresentaram um bom Estado Nutricional, entretanto a prevalência um pouco elevada de sobrepeso para as meninas e obesidade para os meninos sugere um trabalho de intervenção nutricional com esses alunos. Autores Ticiane Pedott Baron - Bolsista de extensão e acadêmica de Nutrição Ileana Arminda Mourão Kazapi - Professora Orientadora e Coordenadora do projeto Rui Gabriel Kazapi - Nutricionista. Patrícia T. Meura - Acadêmica de Nutrição Rafaela Vidal da Silva - Acadêmica de Nutrição Instituição Universidade Federal de Santa Catarina. - UFSC Palavras-chave: promoção da saúde; nutrição; educação nutricional. Introdução e objetivo O câncer é considerado uma doença celular grave que ocorre quando as células se multiplicam de forma desnecessária e desordenada. É a segunda doença que mais mata no Brasil, perdendo somente para as doenças cardiovasculares. A indução do câncer passa por três fases: iniciação, promoção e progressão (Ministério da Saúde, 2003). O Câncer é uma doença crônica não transmissível que pode ser prevenida. Estima-se que 60 a 70% de todos os cânceres estão relacionados ao estilo de vida, incluindo aqui a alimentação, o tabagismo, o sedentarismo, o álcool e a obesidade. Esses fatores são passíveis de mudança, porque dependem da vontade do indivíduo. Potencialmente, a alimentação pode promover ou inibir o desenvolvimento (Archer, 1997). A dieta oferece ao indivíduo substâncias carcinogênicas tais como os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos presentes em alimentos cozidos ou processados em altas temperaturas, aminas heterocíclicas pela pirólise de alimentos cárnicos e pescado e nitrosaminas que se pode encontrar nos embutidos (Felton & Knize, 1990, Bruce, Archer, Corpet, et al, 1993). Com relação aos hábitos alimentares pode-se dizer que uma alimentação altamente calórica e com grandes quantidades de gordura aumenta a chance de desenvolver câncer de

cólon, reto e mama. Por outro lado, uma alimentação rica em fibras, vitamina C, betacaroteno, vitamina E e outros compostos pode proteger, parar ou até reverter o processo do câncer (Who, 1993, Weingouse et al, 1991). As crianças e os jovens geralmente preferem alimentos do tipo fast food, os quais contêm a maioria dos fatores de risco alimentares que promovem o câncer (Who, 1993, Greenwald, 1995). As pesquisas referentes aos fatores protetores contra os diversos tipos de cânceres demonstram que o consumo diário de frutas e vegetais frescos se associa a um risco menor de diferentes tipos de neoplasias (Archer, 1997). No que diz respeito ao tabagismo, já é consenso que é responsável pelo câncer de pulmão e também por outras doenças pulmonares e cardiovasculares, além de aumentar o risco de tumores de boca, garganta, bexiga e cérvix (Instituto Nacional do Câncer dos EUA, 2003). Quanto à alimentação, nos últimos 30 anos houve um avanço nesse campo de pesquisa, e acredita-se que mais ou menos 35% dos tumores malignos estejam relacionados aos hábitos alimentares. As crianças e adolescentes constituem um importante grupo a ser trabalhado, pois estão em fase de formação de crenças e de hábitos que os acompanharão para toda a vida. A escola que é a segunda maior referência de comportamento desta faixa etária é um importante canal desta interação. Portanto, justificam-se as intervenções educativas e nutricionais numa fase precoce da vida (Ministério da Saúde, 1998). A nutrição adequada e equilibrada é um fator importantíssimo para a promoção da saúde e da qualidade de vida, como também para a prevenção e o tratamento de pessoas com câncer. A alimentação ideal para a prevenção do câncer é a mesma considerada para as demais doenças degenerativas, incluindo as doenças cardiovasculares (Inca,2003). Em 1996, os EUA, publicaram um relatório redigido pela Associação Americana de Câncer e que foi atualizado em 1998 onde é colocado que o risco de câncer pode ser reduzido quando se adota uma dieta rica em produtos de origem vegetal, com pequenas quantidades de alimentos de origem animal, pouco açúcar e gordura saturada, além de recomendar um equilíbrio entre o consumo calórico e atividade física. Entretanto, o que se verifica em inquéritos dietéticos é uma tendência contrária a essa, ou seja, um alto consumo de gordura, alto consumo calórico e diminuição da atividade física. A mudança de estilo de vida, incluindo a mudança de hábito alimentar é muito importante na prevenção do câncer, e para isto as recomendações dos grupos de pesquisas que estudam a prevenção e o tratamento do câncer estão voltadas para educação participativa de como construir uma dieta equilibrada não só para prevenção de doenças, mas também para promover a saúde. Entretanto, para prevenir o câncer e demais doenças crônicas é necessário que se motive a população desde a mais tenra idade em se alimentar adequadamente com fatores protetores da dieta, principalmente vitaminas, minerais e fibras. Para que se tenha êxito com esse fator promotor da saúde deve-se procurar utilizar ações educacionais com crianças já a partir da pré-escola. Trabalhar com a questão da alimentação e da nutrição equilibrada e adequada é um fator complicado quando é abordado com pessoas saudáveis, e complica muito mais quando se necessita trabalhar com indivíduos doentes ou com risco de apresentar uma doença. Este projeto foi aprovado pelo Departamento de Nutrição da UFSC e pelo Departamento de Apoio à Extensão (DAEX/UFSC) e foi contemplado com um aluno bolsista. Este projeto se justifica porque é uma meta do Ministério da Saúde implantar o projeto Saber Saúde que envolve a questão de alimentar-se adequadamente para prevenir doenças; a Universidade, pólo de conhecimento e formação, apresenta também como meta em sua área

de saúde a prevenção de doenças envolvendo o maior número de alunos e profissionais; e ainda é um anseio da comunidade apreender conhecimento de como comer bem para ser saudável. Os objetivos deste projeto são: implantar o projeto "Saber Saúde", no que se refere a alimentação, do Ministério da Saúde e da Educação na Escola Básica Municipal Almirante Carvalhal de Florianópolis; divulgar alimentação/dieta adequada na prevenção do câncer e outras doenças degenerativas; avaliar o Estado Nutricional dos alunos; orientar, em ambulatório, a prevenção do câncer pela alimentação adequada e equilibrada para grupos de risco (desnutrição, risco de desnutrição, sobrepeso e obesidade); realizar grupos de estudo sobre nutrição e câncer; elaborar um livro de história sobre a nutrição e prevenção. Metodologia Para a Implantação do Projeto Saber Saúde iremos utilizar os livros do Ministério da Educação e Saúde: Saber Saúde Prevenção do tabagismo e outros fatores de risco de câncer e O câncer e seus fatores de risco Doenças que a educação pode evitar. Para o projeto citado acima, serão adotadas ações para as equipes da área da educação e para a comunidade. Na área de educação serão realizadas palestras e dinâmicas educacionais com professores, merendeiras e outros profissionais com assunto referente a alimentação. A cada encontro ocorrerá uma "brincadeira" ou jogo para verificar o grau de compreensão e fixação do conteúdo. Já para a comunidade foi realizada uma dinâmica em um supermercado de Florianópolis no Dia Nacional da Saúde (07/04/2004). No ano passado foi realizada a primeira dinâmica com professores e alunos de 5ª a 8ª série no Dia Mundial de Combate ao Câncer. A referida dinâmica foi a construção de uma pirâmide e palestras. Para este ano estão agendadas três datas relacionadas à promoção da saúde com atividades educacionais voltadas para a alimentação adequada: 29/08 (Dia Nacional de Combate ao Fumo), 16/10 (Dia Mundial da Alimentação) e 27/11 (Dia Nacional de Combate ao Câncer). Além disso, iremos aplicar um questionário para reconhecer os fatores de risco do câncer para que sejam melhor aplicadas as ações educativas. O trabalho de educação nutricional esta sendo desenvolvido com os alunos de 1ª a 4ª série do ensino fundamental do referido colégio. Para cada série esta sendo trabalhadas as seguintes ações de Educação e Nutrição: 1ª série Teatro de dedoches: as crianças juntamente com os estagiários do curso de Nutrição estão desenvolvendo a peça teatral sobre a importância da alimentação na saúde e na prevenção do câncer, pretende-se que a peça seja apresentada para todo o colégio no dia mundial da alimentação; 2ª série Teatro de máscaras: as crianças usarão 10 máscaras de alimentos de diferentes grupos e promoverão um diálogo sobre os nutrientes existentes nestes alimentos como fatores promotores da saúde, pretende-se que a peça seja apresentada para todo o colégio no dia mundial da alimentação; 3ª série Pirâmide Alimentar: as crianças montarão, com o auxílio dos estagiários, uma pirâmide alimentar com grandes dimensões, serão recortados ou desenhados alimentos e os mesmos serão colados na referida pirâmide. Será dado um destaque para o papel dos alimentos e dos nutrientes na prevenção do câncer e esta pirâmide será colocada em exposição no colégio; 4ª série Confecção de jogos: as crianças desta série irão elaborar um jogo do caldeirão dos alimentos e outro do semáforo dos alimentos; esses jogos devem atender a faixa etária de 7 a 10 anos. No que se refere à Avaliação do Estado Nutricional, este método será aplicado a todas os alunos do colégio. Neste primeiro semestre se avaliaram 237 estudantes de 5ª a 8ª série, de

ambos os sexos (123 meninas e 114 meninos) com idade entre 10 a 18 anos. Foi registrado peso e altura dos alunos para se avaliar o Estado Nutricional de acordo com o Índice de Massa Corporal (IMC) adotando-se como pontos de corte: percentil <3 denutrição; percentil =3 risco de desnutrição; percentil >3 até 85 eutróficos; percentil >85 até 95 sobrepeso e percentil >95 obesidade (CDC/MUST-91). Os dados de peso e altura das demais séries estão sendo coletados. Os alunos avaliados que forem diagnosticados fora da faixa de eutrofia serão encaminhados ao atendimento nutricional individualizado. Neste atendimento será aplicado um inquérito de freqüência alimentar e de dia usual para que se detecte possíveis hábitos errôneos que estejam levando o aluno a modificar o seu estado nutricional e desta maneira prejudicando sua saúde. Neste atendimento serão oferecidas orientações sobre a prevenção do câncer e doenças crônicas não transmissíveis. Outra ação de educação nutricional que está sendo desenvolvida é o recreio orientado. Neste espaço irão ser contadas histórias de livros infantis referentes à alimentação tais como: O fogãozinho, A macarronada da matemática, Coleção Hortolândia e da Frutolândia, jogos (quebra-cabeça, salada de sílaba de alimentos, jogo da memória e jogo de encaixe) e carimbo. Resultados e discussão No Dia Nacional de Combate ao Câncer (27/11/2003) foram realizadas atividades com os alunos em relação a alimentação, tabagismo, atividade física e exposição solar, que são os fatores de risco para o câncer trabalhados no Saber e Saúde do Ministério da Saúde. No que se refere a alimentação foi desenvolvido pela professora de inglês e educação artística uma atividade de montagem da Pirâmide Alimentar Brasileira. Com as cadeiras e mesas da própria sala de aula construiu-se a pirâmide, onde os alunos colocaram o desenho dos alimentos em cada grupo e escreveram em inglês os nomes dos referidos alimentos. Ainda neste dia foram realizadas palestras com professores e alunos de 5ª a 8ª série sobre a alimentação adequada e preventiva do câncer. Nas turmas de 5ª e 6ª séries a palestra foi referente à alimentação equilibrada para uma vida saudável, já nas demais turmas a palestra foi sobre os quatro fatores de risco para o câncer. Ocorreu uma grande participação em todas as turmas. As atividades do Dia Nacional da Saúde (07/04/2004) foram realizadas em um supermercado do Município de Florianópolis. Tais atividades foram: Elaboração de material informativo sobre as propriedades nutricionais e funcionais das frutas, verduras, cereais integrais, oleaginosas (nozes, castanhas, amêndoas), chá verde, soja, azeite de oliva, linhaça, entre outros produtos. Este material foi exposto na forma de placas e afixadas em cestos onde os alimentos estavam expostos; Foram informadas aos clientes deste estabelecimento comercial mais informações sobre os alimentos citados acima conforme dúvidas que ocorriam; Degustação de alguns alimentos que estavam expostos na Feira da Saúde. Está prevista para o segundo semestre do corrente ano a aplicação de um questionário sobre os fatores de risco do câncer. Este questionário está dividido em cinco seções: a) Dieta; b) Atividade física; c) Exposição solar; d) Tabagismo; e) Consumo de bebidas alcoólicas. A peça de dedoches de alimentos foi intitulada pelos alunos da 1ª série como Me ensina os alimentos. Esta peça conta com a participação de cerca de 23 alunos e 32 dedoches. A peça conta com um narrador que apresentará os 32 alimentos, estes serão apresentados pelos demais alunos na sua própria linguagem, colocando porque o alimento em questão é primordial para que se tenha no prato do dia a dia de uma criança na idade em que eles se encontram.

Os resultados referentes às medidas antropométricas de peso e altura estão apresentadas na tabela 1. A média de peso das meninas foi de 39,9kg, 45,4kg, 51,1kg e 50,7kg para a 5ª, 6ª, 7ª e 8ª séries respectivamente enquanto para os meninos foi um pouco maior em todas as séries 43,4kg, 47,1 kg, 53,1kg e 60,8kg. Em relação a altura na 5ª e 7ª série, ambos os sexos apresentaram uma média semelhante, contudo na 6ª e 8ª séries os meninos apresentaram-se um pouco mais altos (Tabela 1). Em relação à média de IMC foi observado que para a 5ª foi de 18,1Kg/m² para as meninas e 18,9Kg/m² para os meninos; para a 6ª foi de 19,1Kg/m² para as meninas e 18,9Kg/m² para os meninos; para a 7ª foi de 19,5Kg/m² para ambos os sexos e para a 8ª foi de 19,5Kg/m² para as meninas e 20,8Kg/m² para os meninos (tabela 1). Tabela 1 Média e Desvio Padrão das variáveis: peso, altura e IMC dos alunos de 5ª a 8ª série da Escola Básica Municipal Almirante Carvalhal, Florianópolis/SC, 2004. Séries Peso (Kg) Altura (m) IMC (Kg/m 2 ) Média ±DP Média ±DP Média ±DP 5ª série Meninas 39,9 10,5 1,50 0,1 18,1 4,2 Meninos 43,4 13,3 1,50 0,1 18,9 4,1 6ª série Meninas 45,4 8,6 1,50 0,1 19,1 2,9 Meninos 47,1 15,1 1,60 0,1 18,9 4,8 7ª série Meninas 51,1 10,8 1,60 0,1 19,5 3,3 Meninos 53,1 14,6 1,60 0,1 19,5 3,8 8ª série Meninas 50,7 8,9 1,60 0,1 19,5 3 Meninos 60,8 15,5 1,70 0,1 20,8 4,3 No que diz respeito ao Estado Nutricional verificou-se que na 5ª série mais de 70% dos alunos de ambos os sexos foram classificados como eutróficos, entretanto destaca-se que ocorreu uma alta prevalência de obesidade para os meninos (18,75%) e de sobrepeso para as meninas (12,19%), o percentual de desnutridos foi pequeno em ambos os sexos; na 6ª série foi encontrado que 63% dos meninos e 75% das meninas estavam eutróficos, contudo foi verificado que 12,5% dos meninos apresentaram obesidade e 22,2% das meninas sobrepeso, a prevalência de desnutrição foi baixa no sexo feminino (2,8%); na 7ª série destaca-se que 83,40% das meninas e 78,60% dos meninos encontravam-se normais para este índice e como as outras séries destacam-se que 16,66% das meninas e 14,3% dos meninos apresentaram sobrepeso; a 8ª série foi a que apresentou um maior percentual de eutrofia (>80%) e conseqüentemente uma baixa prevalência de sobrepeso e obesidade para ambos os sexos (Tabela 2). Tabela 2 Classificação do Estado Nutricional dos alunos de 5ª a 8ª série da Escola Básica Municipal Almirante Carvalhal, Florianópolis/SC, 2004. Séries Desnutrição Risco de desnutrição Eutrofia Sobrepeso Obesidade

5ª série Meninas 2,43 7,31 73,20 12,19 4,87 Meninos 3,13-74,99 3,13 18,75 6ª série Meninas 2,8-75,0 22,2 - Meninos 9,0 6,7 63,0 9,0 12,50 7ª série Meninas - - 83,34 16,66 - Meninos - - 78,60 14,3 7,10 8ª série Meninas - - 92,60 3,7 3,70 Meninos - - 83,34 8,33 8,33 Destaca-se que esses dados correspondem ao perfil da população brasileira de mesma idade e sexo, indicando uma transição nutricional. Chama-se atenção também para o fato de que na 6ª série 22,2% das meninas apresentarem sobrepeso isto pode ser considerado um dado normal, visto que nessa idade elas estão acumulando gordura corporal para o estirão puberal e para a menarca. Os alunos que foram detectados com desnutrição, risco de desnutrição, sobrepeso e obesidade serão encaminhados para atendimento individualizado no decorrer deste ano. Neste atendimento pretende-se abordar como se apresenta a alimentação que essas crianças estão tendo acesso, para que se trabalhe individualmente qual nutriente ou alimento pode estar interferindo em seu estado nutricional, prevenindo desta forma o aparecimento do câncer e outras doenças. No recreio orientado já foram utilizados os seguintes jogos: salada de sílaba de alimentos, jogo da memória e jogo de encaixe, os quais foram bem recebidos pelos alunos. As demais ações referidas para a 2ª, 3ª e 4ª séries estão iniciando a sua implantação, bem como as outras atividades no recreio orientado. Conclusões De uma maneira geral os estudantes apresentaram um bom Estado Nutricional, entretanto é preocupante a prevalência um pouco elevada de sobrepeso para as meninas e obesidade para os meninos, o que sugere um trabalho de intervenção nutricional com esses alunos. O trabalho esta dando oportunidade ao acadêmico em conhecer a comunidade que ele posteriormente irá trabalhar, mostrando que é importante a inserção da Universidade na sociedade. Está ocorrendo uma excelente participação e entrosamento dos alunos, professores, direção do colégio e a equipe da Universidade, demonstrando que com esforço conjunto é possível modificar hábitos e construir uma vida com qualidade. Referências bibliográficas ARCHER, M. C. In: Conocimeientos actuales sobre nutrición. Câncer y dieta. Washington, 1991. p.515-520. BRUCE, WR, ARCHER, MC, CORPET, DE, et al. Diet, aberrant crypt foci and colorectal cancer. Mutat res, v. 290, p. 111-118, 1993. FELTON, JS, KNIZE, MG. In: Handbook of experimental pharmacology. Heterocyclic amine mutagens/carcinogens in foods, 1990. v. 94, p.471-502. GREENWALD, P., BARNETT, S. K., WEED, L. D. Cancer prevention and control. NATIONAL CENTER INSTITUTE. Bethesda, Maryland, 1995.

INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER. Disponível em: <http://www.inca.org.br>. Acesso em: 07 junho 2004. INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER DO EUA. Disponível em: <http://www.ist.unige.it>. Acesso em: 13 outubro 2003. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Saber saúde Prevenção do tabagismo e outros fatores de risco de câncer Instituto Nacional do Câncer. Rio de Janeiro: O Instituto, 1998. 112 p. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Disponível em: <http://www.saúde.gov.br>. Acesso em: 07 junho 2004. WEINGOUSE, S., BAL, D. G., ADAMSON, R. AMERICAN CANCER SOCIETY. Guidelines on diet, nutrition and cancer. Professional education publication, Americam Cancer Society, 1991. WORLD HEALTH ORGANIZACION. National cancer control programs. Policies and managerial guidelines. Geneva, 1993.