Relatório Mundial de Ciências Sociais 2016 O desafio das desigualdades: caminho para um mundo justo

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Transcrição:

Relatório Mundial de Ciências Sociais 2016 O desafio das desigualdades: caminho para um mundo justo UNESCO IDS(Institute of development studies) ISSC (International social science council) http://unesdoc.unesco.org/images/0024/002459/245995por.pdf Apresentação: Dra Anamaria Feijó

SUMARIO 1.Introdução 2. O desafio das desigualdades: caminho para um mundo justo 2.1. Parte I Tendências atuais das desigualdades 2.2 Parte II As consequencias das desigualdades 2.3 Parte III Respostas transformadoras, caminhos transformadores 2.4 Parte IV Conhecimento transformador para um mundo justo

1.Introdução - Várias avaliações concluíram que, em 2015, quase metade de toda a riqueza das famílias de todo o mundo pertencia a 1% da população mundial e que as 62 pessoas mais ricas possuíam o mesmo que a metade inferior da humanidade; -Relatório afirma que a desigualdade não controlada pode colocar em risco a sustentabilidade de economias, sociedades e comunidades. -Muitos países estão investindo muito pouco na pesquisa sobre os impactos de longo prazo da desigualdade na sustentabilidade de economias, sociedades e comunidades.

1.Introdução -As desigualdades não devem ser entendidas e abordadas somente em termos de renda e riqueza. As desigualdades podem ser econômicas, políticas, sociais, culturais, ambientais,espaciais e com base no conhecimento. -Em 2015, a Assembléia Geral da ONU aprovou os ODS*, que visam a acabar com a pobreza, enfrentar as mudanças ambientais e combater a desigualdade e a injustiça, como parte de uma nova agenda de desenvolvimento sustentável que se compromete a não deixar ninguém para trás. *Objetivos de desenvolvimento sustentáveis

Os 6 objetivos do relatório 1.Ver além da desigualdade econômica, chegando até as interações das múltiplas dimensões da desigualdade. Uso do termo desigualdades ao invés de desigualdade ; 2.Documentar as tendências da desigualdade em todas as partes do mundo, e fornecer dados sobre nações menos pesquisadas, em especial,áfrica e Ásia; 3.Analisar as consequências das desigualdades em diferentes países e regiões, e em diferentes grupos de pessoas;

4.Identificar estratégias para reduzir as desigualdades; 5. Oferecer uma abordagem multidisciplinar para o estudo sobre a desigualdade, com contribuições de uma ampla gama de ciências sociais assim como de outras disciplinas e fora da universidade; 6.Identificar graves lacunas de conhecimento e propor uma agenda de pesquisa mundial sobre a desigualdade.

As 7 dimensões da desigualdade 1.Desigualdade econômica diferenças entre níveis de renda, recursos, riqueza e capital, padrões de vida e emprego; 2.Desigualdade social diferenças entre o status social de diferentes grupos populacionais e desequilíbrios no funcionamento dos sistemas de educação, saúde, justiça e proteção social; 3. Desigualdade cultural discriminações com base em gênero, etnia e raça, religião, deficiências e outras identidades de grupo. 4.Desigualdade política a capacidade diferenciada que indivíduos e grupos têm de influenciar os processos políticos de tomada de decisões, de se beneficiar dessas decisões e de participar da ação política.

5.Desigualdade espacial disparidades espaciais e regionais entre centros e periferias, áreas urbanas e rurais, e regiões com recursos mais ou menos diversificado; 6.Desigualdade ambiental irregularidade no acesso a recursos naturais e aos benefícios de sua exploração; exposição à poluição e a riscos; e diferenças quanto à capacidade de ação para se adaptar a tais ameaças; 7. Desigualdade com base no conhecimento diferenças quanto ao acesso e à contribuição para diferentes fontes e espécies de conhecimento, bem como as consequências dessas disparidades.

Parte I Tendências atuais das desigualdades Tendências divergentes - Enquanto existe uma tendência positiva que deve-se à redução da desigualdade entre países (rápido crescimento econômico na China e na Índia) aparece o aumento da desigualdade econômica dentro de muitos países, o que, atualmente, ameaça reverter a tendência declinante da desigualdade mundial.

Sete dos dez países com as maiores taxas de crescimento em todo o mundo estão na África. Contudo, o crescimento tem se concentrado em setores econômicos específicos e em determinadas áreas geográficas dentro dos países. Os benefícios desse crescimento não têm sido compartilhados de forma ampla.

Entender os impactos da desigualdade: além dos números Essencial para se entender essas tendências é uma compreensão da desigualdade em si, através de suas múltiplas dimensões: econômica, social, cultural, política, espacial, ambiental e com base no conhecimento. Algumas das formas mais duradouras de desigualdade são as associadas a identidades, tais como raça, casta e etnia, que são elas próprias facetas da desigualdade cultural.

O gênero é um exemplo: em muitos países, as mulheres enfrentam desvantagens socioeconômicas, falta de reconhecimento como resultado de normas sociais discriminatórias, e violências e restrições quanto à sua voz e à sua participação.

Os círculos viciosos da desigualdade Crianças provenientes de famílias de baixa renda e de grupos marginalizados(áreas rurais) têm menos acesso à educação de qualidade se comparado a outras. mais tarde, sua desigualdade conduz à desigualdade relacionada ao emprego e ao salário. Círculo vicioso *

Parte II As consequências das desigualdades Entender as consequências da desigualdade As desigualdades levantam questões fundamentais sobre equidade e justiça social. As desigualdades contribuem para a falta de recursos materiais para as pessoas, mas também têm consequências psicológicas e intangíveis para o bem-estar geral. Há evidências crescentes de que a desigualdade afeta todas as pessoas, e reduz a eficiência dos esforços para alcançar as outras prioridades globais.

Governos de todo o mundo se comprometeram a agir sobre a desigualdade por meio de metas múltiplas e inter-relacionadas, o que requer uma ação política combinada, com o objetivo de atingir o compromisso geral de não deixar ninguém para trás.

Entender como a distribuição afeta a pobreza e o crescimento Pesquisas recentes estão concluindo que a desigualdade pode impedir o crescimento, e que a redistribuição visando a mais igualdade não é um impedimento para o crescimento econômico. Quanto maior for o nível de desigualdade, mais difícil se torna a redução da pobreza. De forma inversa, se o crescimento econômico for acompanhado por uma redução da desigualdade, o crescimento tem um efeito mais forte sobre a redução da pobreza.

Entender as relações entre desigualdade e a saúde Os efeitos cumulativos da privação e da falta de educação contribuem para desigualdades impressionantes nos resultados da saúde. O acesso à assistência médica também se inter-relaciona com desigualdades relacionadas ao gênero, ao status socioeconômico, aos níveis educacionais, ao status dos empregos e à localização geográfica, sendo que as pessoas mais marginalizadas são as que dispõem de menos acesso à assistência médica de qualidade. O acesso desigual à assistência médica pode ser uma fonte de descontentamento social e político.

Desigualdade e sustentabilidade ambiental Considerados de forma isolada, desigualdade e sustentabilidade são desafios-chave da nossa época e estão relacionados de modo que é impossível tratar de um tema sem considerar o outro. As pessoas mais pobres e vulneráveis são também as mais afetadas pela mudança climática e pelas desordens ambientais; Da mesma forma, as desigualdades comprometem os esforços direcionados a tratar dos desafios ambientais. As desigualdades e a discriminação empurram os mais pobres e marginalizados para práticas insustentáveis, enquanto as elites poderosas podem continuar com as práticas insustentáveis sem medo de recriminação.

O futuro das desigualdades? Em anos recentes, as nações que compõem o grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) têm impulsionado o crescimento econômico nas regiões mais pobres do mundo, de modo a alterar padrões de desigualdade em diferentes países. Em países desenvolvidos do Ocidente, a desigualdade crescente em um mundo globalizado tem colocado pressão sobre a classe média. Esse mal-estar das classes médias, pode acarretar decadência econômica, redução da coesão social e apoio a movimentos políticos extremistas.

Existe uma grande incerteza sobre os efeitos futuros da onda atual de mudanças tecnológicas. A automação irá reduzir de forma significativa a demanda por trabalhadores, particularmente pelos pouco qualificados, e significar que a industrialização em economias emergentes cria menos empregos. Ao mesmo tempo, a internet e as mídias sociais facilitam a mobilização contra a desigualdade. *

Parte III Respostas transformadores, caminhos transformadores. Mudar as regras De 1960 a 1990 Coreia do Sul e Taiwan experimentaram grande crescimento econômico e reduziram as desigualdades Milagre do Leste Asiático Na 1ª década de 2000 Países da Amerca Latina registraram altas taxas de crescimento e declínio de pobreza e desigualdade A China adotou política semelhante desde 2008.

Política macroeconômica, educação, trabalho e salário digno O caminho mais efetivo e sustentável para fora da pobreza é formado por um trabalho digno e remunerado. Para as pessoas terem acesso a empregos é essencial o acesso à educação. Política redistributivas de riqueza e de recursos.

Proteção e Serviços Sociais As políticas de proteção social ( transferências de dinheiro e de assistência médica e educação gratuitas e acessíveis,)são meios para reduzir diretamente as desigualdades sociais. Marcos políticos e de governança inclusivos Instituições políticas e governamentais de alta qualidade são fundamentais para a redução da desigualdade. Se houver a percepção das instituições como incompetentes ou corruptas, haverá menos apoio às políticas que tratam das desigualdades, mesmo entre as que se beneficiam delas.

Políticas e regulação, comércio e ajuda no âmbito mundial Em um mundo conectado mundialmente, as reformas da governança internacional e regional, assim como das políticas sociais, podem abordar os fatores que provocam a desigualdade dentro dos países e entre eles Mobilização para a mudança: a importância da ação social e política Podem existir demandas relacionadas à responsabilização (accountability) e à transparência das elites e instituições poderosas, exigências por novas políticas e novos direitos e visões de novas alternativas.

Alianças e mudanças de normas Para que as ações políticas de baixo se combinem de forma efetiva com o apoio político de cima, alianças e negociações entre atores e interesses privados, públicos e da sociedade civil são essenciais para construir os caminhos para a mudança. As formas por meio das quais surgem os caminhos transformadores dependem de como essas forças se reúnem em complexas alianças, combinações e sequências. *

Parte IV Conhecimento transformador para um mundo justo. Há muito tempo, as ciências sociais exercem um papel de liderança na análise das desigualdades. Contudo, ainda existem lacunas na nossa compreensão sobre as desigualdades e sobre como abordá- las. A urgência em se reduzir a desigualdade exige novos tipos de pesquisa e conhecimento, assim como um papel decisivo das ciências sociais na identificação e na construção de caminhos transformadores rumo a uma maior igualdade.

As significativas disparidades regionais na produção de pesquisas sobre desigualdade na área das ciências sociais continuam sendo problemáticas. Nos últimos 20 anos, mais de 80% das publicações sobre desigualdade foram realizados por pesquisadores da América do Norte e da Europa Ocidental.

Rumo a uma nova agenda Prioridade 1 Aumentar o apoio à produção de conhecimento sobre a desigualdade e sobre os processos de inclusão, exclusão e social, nos locais mais afetados por tais processos. Prioridade 2 Melhorar a nossa capacidade de avaliar, mensurar e comparar as dimensões da desigualdade, ao longo do tempo e em todo o mundo. Prioridade 3 Aprofundar o nosso entendimento sobre diversas experiências relativas à desigualdade. Prioridade 4 Aprofundar o nosso entendimento sobre como as múltiplas desigualdades são criadas, mantidas e reproduzidas.

Prioridade 5 Aprofundar o nosso entendimento sobre como as formas locais e mundiais de desigualdade se interligam e interagem. Prioridade 6 Promover pesquisas sobre as formas de se avançar na direção de uma maior igualdade. Prioridade 7 Apoiar sínteses e teorias transversais sobre a desigualdade e a igualdade.

Finalizando... A construção de caminhos transformadores para a redução da desigualdade exige uma mudança gradual no sentido de uma agenda de pesquisas realmente mundial, e que tenha um caráter muito mais interdisciplinar, pluralista em termos de metodologia, multiescalonado e globalmente inclusivo do que temos na atualidade e, por fim, que contribua para futuros mais igualitários e justos.