Para fazer um bom livro

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Transcrição:

livros

Para fazer um bom livro José de Paula Ramos Jr. Manual de Editoração e Estilo, de Plinio Martins Filho, Campinas/São Paulo/ Belo Horizonte, Editora Unicamp/Edusp/Editora UFMG, 2016, 728 pp. Revista USP São Paulo n. 114 p. 181-185 julho/agosto/setembro 2017 181

livros / Homenagem A história do livro é marcada por suas origens, quando o imaginário e as ideias dos homens passaram do registro oral das culturas ágrafas para o escrito, em suportes como rolos de papiro ou de pergaminho, e por duas grandes revoluções. A primeira vem a ser a invenção do códice; a segunda, a imprensa de Gutenberg. Entusiastas de suportes como smartphones, tablets, e-readers e telas de computadores preconizam que estaríamos a testemunhar o início de mais uma revolução, em que o livro digital substituiria o impresso; embora, pelo que se vê na dinâmica do mercado editorial contemporâneo, tudo indique que o livro impresso terá uma sobrevida longeva, se não for imperecível, ao menos, enquanto houver cultura humana escrita e viva sobre a Terra. Com o códice, na Antiguidade tardia, o livro ganhou o aspecto físico e a estrutura que passou a ostentar desde então, com suas folhas antes de papiro, depois de pergaminho e, finalmente, de papel manuscritas, dobradas, compostas em cadernos costurados e protegidas por capas de couro ou outro material mais resistente que o do miolo. O livro, na forma de códice, constitui um objeto totalmente manufaturado, desde a preparação dos materiais para o registro escrito (papiro, pergaminho ou papel, pincéis, cálamos ou penas, tintas, etc.), passando pelo trabalho de copistas e ilustradores, até chegar à composição de sua forma final de objeto autônomo e íntegro, com o conteúdo encadernado nas capas. A invenção de Gutenberg, em meados do século XV, não alterou a natureza e a função do livro que permanecem essencialmente intactas desde sua origem mais remota, mas revolucionou o modo de composição e de reprodução das obras com a tipografia. O JOSÉ DE PAULA RAMOS JR. é professor do curso de Editoração da ECA-USP, crítico e historiador da literatura e autor de, entre outros, Leituras de Macunaíma: Primeira Onda (1928-1936) (Edusp/Fapesp). 182 Revista USP São Paulo n. 114 p. 181-185 julho/agosto/setembro 2017

texto passa a ser composto em tipos móveis dispostos em caixas gabaritadas, para ser reproduzido mecanicamente na prensa manual, de modo a baratear o custo de produção ao possibilitar tiragens em quantidade, via de regra, condizente com a demanda cada vez maior do produto editorial e o reaproveitamento das matrizes para reimpressões. Desde os primeiros livros impressos, chamados incunábulos, a plataforma de Gutenberg permanece na base das inovações técnicas que, historicamente, foram agregadas à produção desse objeto editorial: energia elétrica, estereotipia ou linotipia, fotocomposição, prensas automatizadas, entre tantos outros fatores que ensejaram as grandes tiragens (desde o início do XIX), produzidas cada vez mais velozmente e com preços unitários acessíveis a um leitorado constituído não somente pela aristocracia ou pela burguesia endinheirada, mas por camadas inferiores (alfabetizadas, é claro) da pirâmide social. Até o século XVIII, em cada ateliê editorial, as funções do editor e do tipógrafo foram comandadas por uma única pessoa, geralmente um erudito de formação humanística, dotado de conhecimentos inerentes ao estabelecimento e à apresentação material de textos, legados pela tradição do métier, acumulada desde a Antiguidade e a Idade Média, bem como dos processos, das técnicas e da arte de produção tipográfica do livro, que era impresso em oficinas próprias, como as dos célebres e admiráveis Aldo Manuzio (1450?-1515), Claude Garamond (1480-1561), William Caslon (1692-1766), John Baskerville (1706-1775), Giambattista Bodoni (1740-1813) e Firmin Didot (1764-1836). A dinâmica desencadeada pela Revolução Industrial, com suas frequentes inovações tecnológicas incorporadas à produção do livro, e pelo modo de produção capitalista, propício à divisão racional do trabalho e à especialização crescente de profissões e funções laborais, contribui decisivamente para as transformações que, do século XIX em diante, ensejaram o surgimento de dois setores diferenciados na indústria do livro: de um lado, as casas editoras, de outro, as empresas gráficas. Estas, responsáveis pela impressão industrial do livro; aquelas, pela cadeia de atividades que se inicia com a seleção de originais a publicar e percorre as etapas inerentes à ecdótica, ciência voltada ao estabelecimento de texto (sobretudo quando se trata de obras literárias), técnica aplicada à sua preparação material e arte interessada em promover a mais adequada e melhor apresentação visual possível, ou seja, aquilo que é conhecido como design do livro. Atualmente, os recursos proporcionados pela tecnologia digital, a despeito de suas indiscutíveis vantagens, contribuem para disseminar a ideia de que a produção de livros poderia substituir certos trabalhos artesanais das casas editoras pela automação executada por programas de computador, atraindo leigos dispostos a se aventurar no mercado editorial. Tal ilusão faculta a proliferação de editoras, dos mais variados portes, cujos livros podem estar longe de um padrão aceitável de qualidade, quando não forem lesivos à cultura, por exemplo, com a hipotética edição de um clássico da literatura com o texto deteriorado ou adulterado por incúria ou ignorância. A tecnologia digital hoje disponível vem a ser ferramenta poderosa, desde que administrada por profissionais competentes, dotados de conhecimentos e habilidades desejáveis para a produção de um bom livro. Revista USP São Paulo n. 114 p. 181-185 julho/agosto/setembro 2017 183

livros / Homenagem A noção de bom livro implica a associação entre o conteúdo intrínseco de uma obra, que consiste no valor cultural (científico, artístico, etc.) presente no discurso do autor, e a forma com que tal discurso se consubstancia editorialmente. Uma editoração inadequada ao gênero da obra ou incoerente do ponto de vista de sua estruturação, normalização e preparação material jamais redundará em um bom livro, em prejuízo do possível valor de seu conteúdo. Aliás, até mesmo os autores devem se ocupar da apresentação material de seus originais, pois isso pode contribuir para que uma editora decida publicá-los ou não. Sendo assim, autores e editores encontrarão um guia seguro para a configuração material bem-sucedida de textos a publicar no recém-lançado livro Manual de Editoração e Estilo, de Plinio Martins Filho. O autor se distingue pelo trabalho de formação superior de profissionais qualificados para o setor editorial, como docente no curso de Editoração da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde os estudantes se beneficiam com a transmissão de saberes acumulados em mais de quarenta anos de experiência, pesquisa, estudo e reflexão sobre o fazer do livro. Como editor, Plinio Martins Filho iniciou sua carreira na Editora Perspectiva e, por 28 anos, esteve à frente da Editora da Universidade de São Paulo (Edusp). Ao longo dessa trajetória, publicou mais de 3 mil livros e sua excelência profissional vem sendo amplamente reconhecida, como atestam, por exemplo, os 82 prêmios Jabutis atribuídos a livros editados por ele. Além de seu notável saber e experiência, Plinio Martins Filho agrega a seu Manual a preciosa colaboração de peritos de alto quilate, como diz Jacó Guinsburg na Apresentação do livro. São eles: Adriana Garcia, Aristóteles Angheben Predebon, Geraldo Gerson de Sousa, Lucas Legnare, Marina Cristina Marques, Naiara Raggiotti, Thiago Mio Salla e Vera Lúcia B. Bolagnani. As editoras da Universidade Federal de Minas Gerais, da Universidade de Campinas e da Universidade de São Paulo juntaram-se para trazer a público essa obra que, certamente, será de grande utilidade a escritores, editores, pareceristas, revisores e preparadores de texto, designers do livro e outros profissionais envolvidos na produção editorial. A área de conhecimento coberta pelo Manual de Editoração e Estilo abrange os aspectos formais de um original (capítulo de especial interesse para autores), as etapas de estruturação (elementos pré-textuais, textuais, pós-textuais e de apoio ao texto) e edição do original (marcação, revisão e preparação de texto), revisão de provas, projeto gráfico e tipologia, normalização tipográfica, um capítulo dedicado aos vários tipos de notações bibliográficas e suas técnicas de composição (para livros, revistas, jornais, teses e outras obras de caráter acadêmico, partituras, discos e CDs de música, filmes, vídeos, publicação oficial de leis e decretos, bem como documentos eletrônicos). Além dessas matérias, a questão ortográfica recebe um capítulo que inclui tópicos como, entre outros, o registro correto e desejável para abreviaturas, siglas, símbolos e hifenização. Outro capítulo é especialmente dedicado à pontuação, que não leva em conta somente o prescrito pela norma culta do idioma, mas também variantes em que, por exemplo, o uso da vírgula deixa de obedecer ao critério sintático (norma culta) para adotar um critério estilístico gerador 184 Revista USP São Paulo n. 114 p. 181-185 julho/agosto/setembro 2017

de algum efeito de sentido, tal como se vê comumente em obras literárias. O Manual contém ainda um capítulo que examina noções gerais de 16 idiomas estrangeiros, dez de escrita latina (alemão, catalão, dinamarquês, espanhol, finlandês, francês, holandês, inglês, italiano e latim) e seis de outros códigos de escrita (árabe, chinês, grego, hebraico, japonês e russo), estes em benefício da adequada transposição para a língua portuguesa, especialmente no que diz respeito à transliteração. Embora trate de matéria altamente marcada por normas e regras, o Manual de Editoração e Estilo, de Plinio Martins Filho, não apresenta uma exposição dogmática; ao contrário, mostra-se flexível e ponderado ao considerar não só que cada obra é única e deve receber tratamento editorial compatível com sua especificidade, mas também que há muitos casos em que há duas ou mais opções de configuração material do texto, como ocorre em casos não compendiados ou em critérios de normalização empíricos, eventualmente adotados por esta ou aquela editora, acadêmica ou não. Seja como for, o Manual insiste na lição segundo a qual a adoção de um determinado critério deve se estender a todas as ocorrências semelhantes, em benefício da coerência e harmonia capazes de conferir ao livro um caráter íntegro que proporcione a melhor inteligibilidade, legibilidade e leiturabilidade possível. Escrito com clareza, pertinência e concisão, o Manual de Editoração e Estilo, de Plinio Martins Filho, vem a ser uma obra de referência atualizada em sua área de saber, bibliografia incontornável para cursos técnicos e superiores de produção editorial, assim como obra de consulta indispensável a todos os profissionais atuantes no campo das publicações impressas e digitais. Como bem assinala Marisa Midori Deaecto no prefácio, o autor e editor deste belo volume, para quem editar é ordenar o caos, realizou um trabalho dos mais refinados. Revista USP São Paulo n. 114 p. 181-185 julho/agosto/setembro 2017 185