Intervenção Saramugo 2009 e DEPARTAMENTO DE GESTÃO DE ÁREAS CLASSIFICADAS - SUL Parque Natural do Vale do Guadiana

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Transcrição:

Intervenção Saramugo 2009 e 2010 1 DEPARTAMENTO DE GESTÃO DE ÁREAS CLASSIFICADAS - SUL Parque Natural do Vale do Guadiana

Ficha Técnica Fotos da capa Da esquerda para a direita: Foupana, Odeleite e Safareja. Agradecimentos Ao Nelson o homem da rede. Equipa de campo de monitorização Ana Cristina Cardoso, Carlos Carrapato, Célia Medeiros, Sara Barão (voluntária), Tiago Navarro (estagiário) Equipa de campo de controlo de exóticas Ana Cristina Cardoso, Ana Martins, António Matos, Carla Santos Sousa, Carlos Carrapato, Célia Medeiros, Eunice Pereira, Fernando Romba, José Pires, Nelson Fernandes, Teolindo Teixeira, Nuno Verdingola, Tiago Navarro (estagiário), Sara Barão (voluntária) Autores Ana Cristina Cardoso & Carlos Carrapato Índice Introdução 3 Metodologia 4 Resultados das prospecções 5 Sub-bacia do Ardila 6 Sub-bacias Foupana e Odeleite 10 Bacia do Guadiana 14 Factores de Ameaça 15 Resultados do Controlo de exóticas 18 Acções Complementares 22 Conclusões 24 Referências bibliográficas 30 Anexos 1, 2 e 3 fotografias dos factores de ameaça Anexo 4 - Despesas realizadas 2

O valor patrimonial da comunidade piscícola da bacia hidrográfica do Guadiana é muito elevado, tendo sido considerada pelos especialistas como aquela que merecia, no conjunto das bacias hidrográficas nacionais, uma maior atenção em termos conservacionaistas (SNPRCN, 1991). Com efeito constitui um dos últimos redutos do endemismo ibérico Anaecypris hispanica - Saramugo, dado que a sua área de distribuição se encontra restringida a alguns afluentes em território nacional e do troço médio espanhol. De salientar, ainda, o facto das espécies Chondrostoma willkommii, Barbus microcephalus e Salaria fluviatilis, se encontrarem igualmente confinadas a esta bacia em Portugal (Collares-Pereira et al, 2000). Introdução Avaliação da situação de todos os factores de ameaça de forma sistemática; Avaliação da situação da espécie em diferentes subbacias Plano de Controlo das exóticas na ribeira do Vascão durante três anos. No ano seguinte, 2006, foi elaborado uma proposta de projecto, submetido à consideração superior, que pretendia envolver as restantes áreas protegidas e ex- Direcção de Serviços de Conservação da Natureza para a avaliação da situação dos factores de ameaça e da espécie em diferentes sub-bacias. Desta forma acções de Conservação da Natureza terão como finalidade não só a conservação das comunidades piscícolas autóctones do Guadiana mas também o património natural único apenas existente nesta bacia. Face à evolução dos factores de ameaça, desde o Projecto Life- Saramugo (1997-2000), urgiu desenvolver no terreno acções de salvaguarda destas comunidades. No seguimento do Plano de Emergência para a Salvaguarda da Ictiofauna Endémica e Ameaçada da Bacia Hidrográfica do Guadiana implementado em 2005, os relatórios realizados (Cardoso & Carrapato, 2005; Rogado et al., 2005) apontavam para a necessidade de implementação de um Plano que passaria pelos seguintes pontos: Neste seguimento, desde 2007 têm sido desenvolvidos trabalhos nesse âmbito. Em 2009 e 2010 os objectivos foram os seguintes: 1. Monitorizar a situação das populações de saramugos nas sub-bacias de Foupana, Odeleite e Ardila 2. Monitorizar os factores de ameaça 3. Controlar as populações de exóticas na ribeira do Vascão O presente relatório refere-se aos resultados da campanha de 2009 e 2010, mas são também apresentados mapas globais de distribuição e dos factores de ameaça resumo dos anos anteriores. 3

Metodologia Monitorização do Saramugo A monitorização incidiu sobre os pontos do projecto Life com presença de Saramugo e desde 2009 incluíram-se os pontos da Carta Piscícola nas prospecções. Nas situações em que não eram obtidas presenças da espécie nos pontos Life, prospectavam-se pegos intercalados ou pegos que dificilmente secaram em 2005. Esta informação foi obtida a partir das populações locais e das imagens do Google Earth. As capturas foram realizadas com dois métodos distintos conforme a situação hidrológica do pego: pesca eléctrica ou rede de cerco. Em cada local de captura foi preenchida uma ficha de campo da fauna piscícola elaborada pelo INAG, no âmbito da DQA, onde consta informação sobre os espécimes capturados, as características do local e os factores de ameaça. Os dados recolhidos foram inseridos em duas bases de dados, uma em folha de excel realizada a partir da ex- DSCN mas com algumas adaptações e outra em SIG, permitindo guardar alguma da informação georeferenciada. Controlo de exóticas Durante a monitorização de 2005 verificou-se que a expansão do achigã, na ribeira do Vascão, restringia-se fundamentalmente ao troço entre a foz e um pouco acima da ponte de Giões, num total de 18 km. Com a optimização da metodologia identificou-se um pego com maior abundância de exóticas onde se passou a exercer a acção de controlo Pego do moinho de Alferes com 700metros. Utilizou-se o método de cerco com duas redes, a primeira era colocada de forma a dividir o pego e a segunda arrastava-se entre 50 a 100metros. As redes têm as seguintes medidas: 25 x 2 e 18 x 2 metros, com 1cm de malha. Após cada captura foram recolhidos os seguintes dados: nº de exemplares de cada espécie, comprimento e peso dos exemplares de espécies exóticas. As espécies autóctones foram devolvidas ao local enquanto as exóticas foram congeladas e entregues à Universidade de Évora para estudos de dieta. 4

Prospecções de Saramugo Resultados das prospecções Sub-bacia Ardila Sub-bacias Foupana e Odeleite 5

Prospecções de Saramugo Sub-bacia Ardila A1 A3 Figura 1 Distribuição dos pontos monitorizados na subbacia do Ardila. A13 A35 A33 A11 A30 A2 A2b Os pontos codificados correspondem aos pontos de pesca, com excepção do A3, que não tem acesso. Os pontos numéricos, inferiores a 30, correspondem a pontos do projecto Life e dizem respeito a pontos com presença de Saramugo, com excepção do A11. Os pontos numéricos superiores a 30 correspondem a novos pontos realizados no âmbito desta monitorização. 1 km 6

Jusante Montante Prospecções de Saramugo Sub-bacia Ardila - Capturas Tabela 1 Capturas realizadas em 10, 17, 24 de Agosto e 2 de Setembro de 2010 Murtega Bsp Cwil S alb S pyr Cpal Sflu Lgib A1 28 1 189 21 3 30 3 Murtigão Ahis Bsp Clem Cwil S alb S pyr Ghol Lgib A2b 500 a 1000 presente presente 3 A2 3 89 3 A30 33 41 117 200-300 A11 8 172 4 12 87 Safareja Ahis Bsp Bscl Clem S alb Cpal Ghol Lgib A33 29 5 1 663 106 11 6 130 A35 600 14 50 a 70 A13 1 410 71 403 100 300 Legenda: Espécies autóctones a rosa: Ahisp Anaecypris hispanica (Saramugo); Bsp Barbus sp.(espécies de barbos com dimensão inferior a 9 cm); Bscl Barbus sclateri (Barbo do Sul); Clem- Chondrostoma lemmingii (Boga-de-boca-arqueada); Cwil- Chodrostoma willkommii (Boga do Guadiana); Salb Complexo de Squalius alburnoides (Bordalo); Spyr Squalius pyrenaicus (Escalo); Cpal- Cobitis paludica (Verdemã); Sflu- Salaria fluviatilis (Caboz-de-água-doce). Espécies exóticas a cinza: Ghol- Gambusia holbrooki (Gambúsia); Lgib- Lepomis gibbosus (Perca-sol); 7

Prospecções de Saramugo Historial da presença de Saramugo - Ardila Figura 2 - Presença de saramugo com círculos a amarelo, com base no trabalho de campo do Projecto Life e de outros investigadores no período de 1997 2000. Figura 3 - Presença de saramugo com círculos a verde, com base no trabalho de campo de 2010. Círculos a castanho ausências. 8

Prospecções de Saramugo Balanço - Ardila Resultados: Os resultados apontam para uma pequena tendência de regressão ao nível da área de distribuição da espécie, relativamente há 10 anos atrás (Projecto Life). No entanto, é preciso ter em conta que a presença da espécie num maior nº de pontos de amostragem durante o projecto Life, pode ser resultado de um maior esforço de amostragem nesse período e em diferentes alturas do ano, em oposição a uma única prospecção por ponto. Ribeira do Murtega Não se confirmou a presença da espécie em território português; Em Espanha, a espécie não é capturada no Murtega desde 2002 (Francisco Blanco com.pess.). Ribeira do Murtigão: Pelo menos um pego muito importante para a conservação da espécie dentro da Herdade da Contenda e SIC 3 pegos que resistem a condições hidrológicas extremas Ribeira de Safareja: Pelo menos dois pegos importantes para a conservação da espécie, um dos quais dentro do SIC. 4 pegos que resistem a condições hidrológicas extremas Factores de Ameaça Pastoreio na linha de água; Este aspecto constitui um factor de ameaça pela sobrecarga de matéria orgânica e de nitratos resultante das fezes e urina do gado; Verifica-se essencialmente na ribeira de Safareja. Suiniculturas A herdade da agro-pecuária da Safara deixou de ter porcos, mas a da Medina mantem-se e de acordo com o SEPNA os porcos já não estão dentro da linha de água. O que é facto é que de 2005 para cá observou-se uma melhoria significativa no pego da ponte (novo A13), a jusante das duas herdades. 9

Prospecções de Saramugo Sub-bacias Foupana e Odeleite Fd F6 F bfc F1 Fa F2 F10 F8 F7 F4 Ribª da Foupana F5 F3 Od3 Odc Odb Odd Ribª de Odeleite Figura 4 Distribuição dos pontos monitorizados nas subbacias da Foupana e de Odeleite. Od5 Od4 Oda Od1 Os pontos numéricos correspondem a pontos do projecto Life, os pontos de letras correspondem a novos pontos realizados no âmbito desta monitorização. 1 km Não foram realizadas capturas nos pontos F8 e F5, F10 e Fd, porque o primeiro teve sempre níveis de profundidade elevada e os restantes estavam secos. 10

Jusante Montante Prospecções de Saramugo Sub-bacias de Foupana e Odeleite - Capturas Tabela 2 Capturas na sub-bacia de Foupana em 2, 10 de Julho e 13, 18 de Agosto de 2009 Aang Ahis Bsp Bscl Bste Clem Cwil S alb S pyr Cpal Procambar Ghol Lgib Msal Cfac F3 2 2 3 132 23 6 22 66 Fc* 3 >20 >100 >10 F6 7 89 16 1 3 137 18 26 5 F1 32 6 20 5 25 2 Fa 4 7 430 8 5 28 5 Fa 26 550 23 50 3 F2 2 6 14 38 F2 22 7 F7 1 6 7 18 10 F7 17 1 6 3 23 F4 86 1 24 6 21 2 2 Ahis Bsp Bste Clem S alb S pyr Cpal Proc. Lgib OD a 2 OD 1 30 1 1 48 34 5 OD b 4 12 606 23 OD c 500 presente presente presente presente 1 presente OD 3 13 2 1 330 5 OD d 9 1 113 2 2 OD d 500 libertaram-se os saramugos rapidamente sem contabilizar os restantes * Capturas com camaroeiro Legenda: Espécies autóctones a rosa: Ahisp Anaecypris hispanica (Saramugo); Bsp Barbus sp.(espécies de barbos com dimensão inferior a 9 cm); Bscl Barbus sclateri (Barbo do Sul); Bste- Barbus Steindachneri; (Barbo de Steindacnher); Clem- Chondrostoma lemmingii (Boga-de-boca-arqueada); Cwil- Chodrostoma willkommii (Boga do Guadiana); Salb Complexo de Squalius alburnoides (Bordalo); Spyr Squalius pyrenaicus (Escalo); Cpal- Cobitis paludica (Verdemã). Espécies exóticas a cinza: Proc Procambarus clarkii (Lagostim-vermelho da Luisiana); Ghol- Gambusia holbrooki (Gambúsia); Lgib- Lepomis gibbosus (Perca-sol); Msal Micropterus salmoides (Achigã); Cfac Cichlasoma facetum (Chanchito). 11

Prospecções de Saramugo Historial da presença de Saramugo Ribª da Foupana Ribª da Foupana Ribª de Odeleite Ribª da Odeleite Figura 5 - Presença de saramugo com círculos a amarelo, com base no trabalho de campo do Projecto Life e de outros investigadores no período de 1997 2000. Figura 6 - Presença de saramugo com círculos a verde, com base no trabalho de campo de 2009. Círculos a castanho ausências. 12

Prospecções de Saramugo Balanço Foupana e Odeleite Resultados: Existe uma regressão acentuada de saramugo na ribeira da Foupana, tanto em termos de distribuição como de abundância; Os pontos de amostragem a jusante de Martinlongo (F2) apresentaram elevada abundância de espécies exóticas, em especial de achigã; A ribeira de Odeleite apresentou, uma boa diversidade de espécies de peixes bem como uma comunidade ripícola bem desenvolvida; Factores de Ameaça Proliferação de exóticas, em especial na ribeira da Foupana; 3 Açudes na ribeira de Odeleite; a Câmara Municipal de Alcoutim tem prevista a construção de açudes junto aos locais com maior abundância de saramugo; estes açudes podem constituir uma ameaça quer enquanto obstáculo/fragmentação quer por favorecerem a proliferação de espécies exóticas. 13

Prospecções de Saramugo Bacia do Guadiana A não captura de saramugo em determinadas sub-bacias não implica que a espécie não ocorra nestas, mas sim, que a abundância da espécie é extremamente baixa para ser detectada. X X X Legenda Presença; Capturas > 100 indivíduos Presença; Capturas < 100 indivíduos X Zero capturas X Figura 7 Resultados das capturas por sub-bacia após os cinco anos de prospecções (2005, 2007,2008, 2009 e 2010) sobre o mapa da bacia do Guadiana adaptado de Collares-Pereira et al. (2000). 14

Factores de Ameaça Factores de Ameaça 15

Factores de Ameaça Bacia do Guadiana Pastoreio Açude Exóticas Suinicultura Mte da Faia Barragem Abrilongo Perímetro de Rega Exóticas Pastoreio Captação de água Extracção de inertes Pastoreio Regadio Suiniculturas ETAR Sto Aleixo Minas abandonadas (Espanha) Extracção de inertes Exóticas Exóticas Incêndios ETAR Sta Cruz Açudes Captação de água Figura 8 Distribuição dos principais factores de ameaça por sub-bacia, sobre mapa adaptado de Collares-Pereira et al. (2000). 16

Factores de Ameaça Monitorização e Acções consequentes Sub-bacia Ardila Pego ponte da ribeira de Safarejo (A13). O pego continua a apresentar melhorias da qualidade da água desde que a suinicultura deixou de ocupar as margens da linha de água; ETAR de Sto Aleixo O efluente com aspecto de não ser tratado continua a ser lançado para a linha de água afluente do Safarejo Foram enviados ofícios, em 2008, à Câmara Municipal de Moura e à CCDR-Alentejo com o objectivo de serem aplicadas soluções que resolvam a situação. Até agora não houve resposta conclusiva sobre o processo. Sub-bacia Odeleite Açudes Foi realizada uma reunião com a Câmara Municipal de Alcoutim com o objectivo de amenizar os impactes dos açudes a serem construídos em área de distribuição do saramugo. Foi preparado um oficio a indagar a ARH do Algarve sobre o licenciamento da construção dos açudes. 17

Controlo de Exóticas Resultados do Controlo de Exóticas Sub-bacia: Vascão 18

Controlo de Exóticas Localização Tendo em conta o trabalho desenvolvido nos anos anteriores, o esforço de controlo de exóticas concentrou-se no pego com maior número de capturas moinho de Alferes; A partir do Google Earth foi possível verificar que o pego do moinho de Alferes é de facto o pego com maior extensão de toda a ribeira do Vascão, chegando aos 700 metros; Existe outra característica deste pego que o faz distinguir-se dos restantes, a extensão de sedimentos finos, factor propício para a reprodução das exóticas. Assim, devido à dimensão do pego, associada ao tempo de permanência de água, e às características do leito este pego é um local por excelência de reprodução das espécies exóticas. Razão pela qual se têm incidindo aqui os esforços de controlo das espécies exóticas. Figura 9 Vista aérea do pego do moinho de Alferes. As áreas assinaladas a verde correspondem às áreas onde se utiliza o cerco e a amarelo, zona mais funda, onde se privilegia a pesca à linha. 19

Controlo de Exóticas Moinho de Alferes Tabela 3 Número de exemplares de espécies exóticas capturadas com o cerco no moinho de Alferes nos dois anos de trabalho: 2007 e 2008. 2007 2008 2009 2010 Nº de cercos 13 18 38 25 Nº total de indivíduos capturados 2.092 1.379 5.132 623 Nº de indivíduos capturados/ cerco 161 77 135 25 Verifica-se uma tendência para a redução do número de exemplares de exóticas capturados; O pego no ano de 2010 apresentava condições muito diferentes dos anos anteriores: com mais água e sem vegetação emergente, onde normalmente as espécies exóticas se situam; Crê-se que estas condições advenham do ano hidrológico 2009/2010, uma vez que ocorreram fortes precipitações e aumento do volume do caudal da ribeira; As mesmas condições hidrológicas deverão ser responsáveis pela reduzida quantidade de exemplares capturados, uma vez que as condições torrenciais da ribeira terão provocado o arrastamento das exóticas para jusante, com características morfológicas pouco adaptadas a estas condições (Bernardo et al., 2003). 20

Controlo de Exóticas Nº de individuos / cerco Peso (gr) / cerco Moinho de Alferes 140 1200 120 1000 100 80 60 800 600 40 400 20 200 0 2007 2008 2009 2010 0 2007 2008 2009 2010 L. gibosus M. salmoides C. facetum L. gibosus M. Salmoides C. facetum Figura 10 Número de exemplares de espécies exóticas capturadas por cerco no moinho de Alferes. Figura 11 Peso dos exemplares de espécies exóticas capturados por cerco no moinho de Alferes. Os gráficos apontam para uma tendência de diminuição do achigã (M. salmoides), em detrimento de um ligeiro aumento da perca-sol (L. gibosus); Entre 2007 e 2009, a diminuição dos efectivos repercute-se de igual forma nas diferentes classes de tamanho, uma vez que o peso acompanha a variação da abundância; Em 2010, houve uma tendência clara de captura de animais adultos reprodutores (maior peso) em detrimento dos juvenis, responsáveis pelas grandes abundâncias dos anos anteriores, facto mais visível nas populações de achigã e chanchito (C. facetum). 21

Acções complementares Acções Complementares 22

Acções Complementares Acções relacionadas com o Projecto Resultados preliminares das análises genéticas efectuadas às amostras de Anaecypris hispanica cedidas pelo Parque à Unidade de Investigação em Eco-Etologia do ISPA/Centro de Biociências Apoio da WWF à acção de manutenção e reprodução das diferentes populações de saramugos em sistemas fechados, nas instalações do PNVG coordenadas pelo técnico Carlos Carrapato; Protocolo de colaboração entre o ICNB e o ISPA, para acompanhamento e orientação técnica/cientifica das acções de manutenção e reprodução das diferentes populações de saramugos, coordenadas pelo técnico Carlos Carrapato; Participação do técnico Carlos Carrapato na entrevista para a revista Pormenores sobre o Saramugo; Submissão de artigo cientifico, Larval development of the endangered Iberian cyprinid Anaecypris hispanica by C. Carrapato & F. Ribeiro for publication in the Journal of Applied Ichthyology (JAI); Participação com poster na 34th Annual Larval Fich Conference, Santa Fe, New Mexico, USA, 30 May - 3 June 2010, LARVAL Development of the Highly Endangered Iberian Cyprinid Anaecypris hispanica por Ribeiro, F. & Carrapato, C.; Inicio de estágio de mestrado Reprodução em cativeiro de Anaecypris hispanica um endemismo piscícola criticamente ameaçado de Tiago Navarro, orientado pelo técnico Carlos Carrapato, pela Prof. Maria João Collares Pereira e Doutor Filipe Ribeiro; Participação do técnico Carlos Carrapato nas filmagens para o programa 4x4 Ciência sobre o Saramugo; 23

Acções Complementares Acções relacionadas com o Projecto Participação da técnica Ana Cristina Cardoso nas filmagens sobre o projecto VascoOlhar - conservar a biodiversidade da ribeira do vascão sob um novo olhar, um projecto de investigação/acção centrado na participação local e no conhecimento ecológico tradicional; Recuperação da vegetação ribeirinha no pego de Alferes e recuperação da hidrodinâmica do moinho de Alferes, realizado no âmbito do projecto Trilhos pela WWF. Construção de uma base de dados em Access com ligação a um sistema de informação geográfica pela estagiária do PEPAC, Dra. Joana Veríssimo. Nesta base de dados irá constar todos os registos de monitorização e de controlo de exóticas bem como os factores de ameaça cedidos pelas ARH do Alentejo e Algarve. Acompanhamento das saídas de campo na bacia do Guadiana e recolha de material para o projecto de investigação financiado pela FCT: Rios Rios Portugueses Atlânticos e Mediterrânicos sob o efeito das alterações climáticas: demografia actual e histórica e filogeografia comparada de peixes como instrumento para a conservação de espécies criticamente ameaçadas" (refª PTDC/AAC-CLI/103110/2008), desenvolvido pelo ISPA em parceria com o ICNB. Este acompanhamento tem permitido confirmar os dados de prospecção nas diferentes sub-bacias. 24

Conclusões Conclusões 25

Conclusões Conclusões Prospecção de Saramugo Face à situação de referência descrita para o Projecto Life (Collares-Pereira et al., 2000) assiste-se a uma situação de pré-extinção da espécie no Alto Guadiana (Caia, Xévora, Degebe, Alamo). Destaca-se a regressão que ocorreu no núcleo do Caia, onde, em conjunto com o Vascão, se encontravam as populações com maior densidade. Uma maior estabilidade das populações no Baixo Guadiana, embora se tenha observado uma tendência para redução da área de distribuição em algumas ribeiras, com particular ênfase para o Murtega e Foupana. As populações em melhor estado de conservação são as do Vascão, Chança e Odeleite, não só por apresentarem uma distribuição alargada na sub-bacia como devido ao número de efectivos capturados, em especial no caso de Odeleite. A monitorização da espécie durante o Verão contribuiu ainda para a identificação de pegos chave para a conservação da espécie em cada sub-bacia, uma vez que funcionam como reservatório das populações em anos hidrológicos menos favoráveis. Pretende-se continuar a monitorizar a situação da espécie com especial ênfase nas populações do Alto Guadiana. 26

Conclusões Conclusões Controlo de Exóticas Existe uma tendência para a diminuição do nº de exemplares de exóticas capturados no moinho de Alferes, na ribeira do Vascão. Pretende-se continuar a realizar o esforço de captura/controlo durante os próximos anos, até para avaliar diferenças com as alterações de hidrodinâmica resultantes da reactivação do moinho de Alferes. Propõe-se ainda analisar a possibilidade de remover o sedimento fino do pego do moinho de Alferes, como forma de deteriorar o habitat das espécies exóticas em favorecimento do habitat de cascalho, das espécies autóctones. Factores de Ameaça Sobrepastoreio e pastoreio nas linhas de água É um factor geral ao nível do Alto Guadiana, com principal incidência no Caia, Degebe, Alamo e Ardila (do Baixo Guadiana) (Anexo 1). Na sub-bacia do Caia este factor de ameaça necessita de uma acção mais consistente no terreno, com prioridade para o troço entre a ponte da EN371 e Arronches: Sensibilização dos pastores que utilizam o rio como passagem para o gado, e dos proprietários que apesar de terem vedação permitem que o gado aceda à ribeira pelas cancelas existentes; Colocação de vedação ao longo do limite do Domínio Hídrico; Verificar a origem da escorrência de água leitosa de cor cinzento escuro e de cheiro nauseabundo que provêm da suinicultura do Monte da Faia. 27

Conclusões Conclusões Factores de Ameaça Açudes Açudes de Alcoutim (Anexo 2); Até à data não foi possível obter o projecto das estruturas, desconhecendo-se a altura do desnível a existência de comportas, elementos que minimizem os impactes da mesma sobre a conservação das espécies na ribeira; Açude de Arronches; ETAR s A reabilitação da hidrogeologia natural do rio Caia, através da remoção do açude seria a situação ideal; Esta medida contribuiria de forma significativa para a diminuição da proliferação das exóticas mas sobretudo para a reprodução das espécies potámodras (espécies que necessitam de realizar migrações para montante para se reproduzir); Em caso de impossibilidade de remoção da estrutura, esta deveria ser no mínimo alterada (como por ex. pela colocação de um conjunto de comportas ou passagem para peixes) de modo a permitir a passagem das espécies, pelo menos, até ao final do mês de Maio. Destacam-se as ETAR s de Sta Cruz (sub-bacia do Vascão) e de Sto Aleixo da Restauração (Sub-bacia do Ardila), das Câmaras Municipais de Almodôvar e de Moura respectivamente, como dois exemplos de emissão para linhas de água de águas residuais sem tratamento (Anexo 3); Collares-Pereira et al., (2000a) identificava situações de efluentes não tratados no concelho de Reguengos de Monsaraz para a ribeira do Álamo. 28

Conclusões Conclusões Factores de Ameaça Minas abandonadas A situação de escorrência de águas sulfurosas de Espanha para o Chança continua a ocorrer, nomeadamente com as chuvas de Verão, que provocam a alteração do ph e a morte dos peixes no pego da Volta Falsa. Extracções de inertes e Captações de água Collares-Pereira et al., (2000a) identificava situações de extracções de inertes e captações de água como um dos factores de ameaça às populações na ribeira da Pardiela (sub-bacia do Degebe), que se confirmaram no relatório de 2007 (Anexo 2). Na sub-bacia do Vascão foi identificado, junto ao moinho da Chavachã (Ameixial), um pego que seca todos os anos devido à captação de água para rega de uma pequena parcela de milho (Anexo 2). Neste ponto, em 2007 foram translocados mais de uma centena de saramugos para o pego anterior. Perímetro de rega do Abrilongo Implementar medidas de minimização de protecção da poluição difusa, escorrência dos produtos químicos utilizados nas culturas, como por exemplo através do reforço da vegetação ribeirinha das linhas de água do perímetro; Interditar a captação de água directa a partir do rio Xévora, quando houver interrupção da escorrência de água; Condicionar as captações à utilização de malhas e de sifões de superfície com caixa que diminuam a probabilidade dos peixes serem sugados. 29

Conclusões Conclusões Próximos passos Face ao conhecimento existente da situação do saramugo na bacia do Guadiana e dos factores de ameaça presentes para a sua conservação, existem elementos suficientes que sirvam de base ao desenvolvimento de um Plano de Acção para a espécie. Pretende-se que este plano de acção seja realizado em parceria com os outros actores do terreno, quer os que têm influência positiva quer negativa nos recursos hídricos, de forma a definir um caminho conjunto para a salvaguarda da espécie. Para 2011, recorrendo aos conhecimentos da estagiária Dra. Joana Veríssimo, prevê-se igualmente a modelação da presença da espécie face aos factores de ameaça com o objectivo de identificar os factores determinantes da sua presença ou ausência por sub-bacia. Este trabalho permitirá por exemplo que se dê prioridade à resolução de problemas por sub-bacia. Nas populações em que ainda não existem exemplares em cativeiro, efectuar recolhas selectivas, de acordo com o Plano de Emergência para a Manutenção Ex-situ de uma reserva de indivíduos das diferentes sub-populações de saramugos. 30

Referências Cardoso, A.C., & Carrapato, C., 2005. Balanço sobre o Plano de Monitorização da Ictiofauna nas subbacias do Vascão, Carreiras e Chança Período de Seca de 2005. Relatório interno do PNVG. Collares-Pereira, M. J., I.G. Cowx, J.A. Rodrigues, L. Rogado, F. Ribeiro, A. Mendes, P. Pichiochi, P. Salgueiro, M.J. Alves & M.M. Coelho (2000). Uma estratégia de conservação para o saramugo (Anaecypris hispanica), um endemismo piscícola em extinção. Relatório final, Programa Life-Natureza, contrato B4-3200/97/280, Volume I (121pp.) e Volume II (13 Anexos). Rogado, L., Cardoso, A. C., Carrapato, C. 2005. Resumo dos trabalhos efectuados pelo Instituto da Conservação da Natureza (ICN), para a monitorização da ictiofauna na Bacia do Guadiana para avaliação e minimização dos efeitos da seca, de 15 de Junho a 30 de Setembro de 2005. Relatório interno do ICN. SNPRCN (ed.) 1991. Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Vol II Peixes Dulciaquícolas e Migradores. Secretaria de Estado do Ambiente, Lisboa. Bernardo M.J., M. Ilhéu, P. Matono, A. Costa, 2003. Interannual variation of fish assemblage structure in a mediterranean river: implications of streamflow on the dominance of native or exotic species. River Research and Apllications, 19: 521-532. 31

Anexos 32

Anexo 1 Caia C1; Suinicultura do Monte da Faia (5/11/2008) Gado a pastar no leito da ribeira do Safarejo (17/08/2010) 33

Anexo 2 Galaxes (OD3); Construção de açude em Odeleite (5/11/2008) Moinho da Chavachã (V6) último dia de água no pego (16/08/2007) Ribª da Pardiela (D1) Extracção de inertes (2007) 34

Anexo 3 Afluente da ribeira do Vascão Descarga sem tratamento das águas residuais da povoação de Sta Cruz Ribª de Safarejo emissão das águas residuais não tratadas pela ETAR de Sto Aleixo da Restauração 35

Anexo 4 Despesas realizadas Custo das prospecções Ajudas de Custo Combustível As prospecções envolvem normalmente três funcionários e um maior custo de deslocação. No total dos 4 anos foram gastos 1.369 Euros em ajudas de custo e combustível. 2007 142 75 2008 278 190 2009 309 98 2010 177 100 Total 906 463 Custo da operação de controlo de exóticas As operações de controlo de exóticas no pego envolvem no mínimo 5 funcionários. Em 2009 e 2010 este número foi reduzido para uma média de três devido à presença de voluntários. No total dos quatro anos foram gastos 1.985 Euros. Ajudas de Custo Combustível 2007 534 40 2008 418 70 2009 412 50 2010 371 90 Total 1735 250 36