SURTO DE LAGARTA-DOS-CAFEZAIS Eacles imperialis EM RONDÔNIA

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Transcrição:

SURTO DE LAGARTA-DOS-CAFEZAIS Eacles imperialis EM RONDÔNIA TREVISAN, O. 1 ; COSTA, J.N.M. 2 ; ÁVILES, D.P. 3 ; SILVA, R.B. 4 e RIBEIRO, P.A. 5 1 Eng.-Agr., D.S., CEPLAC/ESTEX, BR 364, km 325, CEP 79900-970, Ouro Preto do Oeste-RO; 2 Eng.-Agr., M.S., Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, CEP 78900-970, Porto Velho-RO. <jnilton@cpafro.embrapa.br>; 3 Eng.-Agr., M.S., EMATER RONDÔNIA; 4 Eng.-Agr., Bolsista CBP&D/Café, Embrapa Rondônia; 5 Eng.-Agr., M.Sc. Bolsista CBP&D/Café, Embrapa Rondônia. RESUMO: No município de Cacoal, Rondônia, vêm ocorrendo ataques de lagarta-dos-cafezais Eacles imperialis desde 1997. A intensidade do ataque caracteriza um surto, e o surgimento por quatro anos consecutivos, com aumento anual significativo, vem preocupando os produtores e técnicos, devido aos riscos que pode propiciar à cafeicultura no Estado. Foi realizado em Cacoal, no mês de maio de 2001, levantamento em todas as propriedades da região e cadastradas todas as propriedades rurais onde ocorreu o ataque da praga. Observações foram efetuadas numa propriedade com cafeeiros afetados pela lagartados-cafezais nos meses de outubro de 2000 e abril a julho de 2001. Verificou-se a existência de 64 propriedades com 618 hectares afetados pelo ataque dessa praga. Observou-se que ocorrem gerações superpostas em períodos intermediários com dois grandes surtos no ano: um que ocorre entre os meses de março e maio e outro de setembro a novembro. Constatou-se, em abril/2000, que 60% dos ponteiros das plantas de café estavam atacados pela lagarta no segundo instar, com média de 150 lagartas/planta. Em maio foram constatadas 85 lagartas/planta no último ínstar. Nos meses de junho a julho (período de menor precipitação pluvial) foram encontrados ovos, larvas, pupas e adultos em algumas lavouras, podendo ser um indício de uma estratégia de sobrevivência. Verificou-se emergência maior na época de maiores incidências de chuvas. Palavras-chave: café, lagarta-dos-cafezais, Coffea canephora, Eacles imperialis. OUTBREAK COFFEE LARVA, Eacles imperialis, IN RONDÔNIA ABSTRACT: In the municipal district of Cacoal, Rondônia, they come happening attacks of Eacles imperialis since 1997. The intensity of the attack appearance for four serial years with significant annual increase, comes worrying the producers and technical, due to the risks that it can propitiate the coffeegrower in the state. It was accomplished in Cacoal, in the month of May of 2001, rising in all the farms of the area and register all the farms where they happened the attack of the pests. Observations were made in 2088

a farm, with coffee plant affected by the E. imperialis the months of October of 2000 and April to July of 2001. The existence of 64 properties was verified with 618 hectares affected by the attack of the E. imperialis. It was observed that happens generations superpostas in intermediary periods with two great outbreak in the year: one that happens among the months of March to May and another of September to November. It was verified in abril/2000 that 60% of the pointers of the plants of coffee were attacked by the E. imperialis in the second phase, with an average of 150 E. imperialis/plant. In May 85 E. imperialis/plant was verified in the last phase. The months of June to July (period of smaller pluvial precipitation) they were found eggs, larvas, pupas and adults in some plantations, could be an indication of a survival strategy. A larger emergency was verified at that time of larger incidences of rains. Key words: coffee, Eacles imperialis, Coffea canephora. INTRODUÇÃO Rondônia é atualmente o segundo produtor nacional de Coffea canephora (café robusta), e o município de Cacoal é o principal produtor dessa rubiácea, porém a liderança do município está ameaçada por problemas fitossanitários. A praga principal é a lagarta-dos-cafezais Eacles imperialis, que vem atacando essa cultura desde 1997. A biologia e os danos de E. imperialis foram pesquisados por Crocomo (1977), mencionando que o inseto durante a fase larval alimenta-se de folhas de cafeeiros e outras plantas. Após o último instar desce ao solo, onde pode permanecer por vários meses na forma de pupa. Gallo et al. (1988) relatam que a lagarta tem ocorrido de forma esporádica em outros estados e a ação dos inimigos naturais geralmente evitou a repetição de surtos da praga em uma mesma área. De acordo com Reis & Souza (1986), o uso indiscriminado de inseticidas, visando controlar outras pragas, elimina os inimigos naturais das lagartas, tendo como conseqüências surtos da praga. Segundo D Antônio & Parra (1975), dependendo das condições ecológicas, o café pode ser depredado por lagartas, sendo bastante comum o ataque de E. imperialis magnifica Walker, 1856. Essas lagartas são responsáveis pela destruição, principalmente, da parte superior da planta e preocupam o agricultor, em razão da grande quantidade que aparece nos cafeeiros. Elas apresentam hábito noturno, ficando durante o dia agrupadas na base da planta, o que dificulta, muitas vezes, o seu controle com defensivos. 2089

Os adultos são mariposas amarelas com numerosos pontos escuros nas asas, cortadas por duas faixas de cor violáceas-escura, apresentando ainda duas manchas circulares da mesma cor. Apresentam dimorfismo sexual, sendo as fêmeas maiores (135 mm de envergadura) e com as asas menos manchadas do que os machos. Elas colocam seus ovos em grupos sobre as folhas, em número de 250 por fêmea, de coloração amarela, de onde eclodem as lagartas. O período de incubação é de 6 a 12 dias, e as lagartas, que podem atingir de 80 a 100 mm de comprimento, apresentam coloração variável de verde-alaranjado, amarelo e marrom. Esta fase larval tem duração variável de 30 a 37 dias, e a transformação em crisálida ocorre no solo. Em condições favoráveis, esta fase dura de 30 a 40 dias, podendo prolongar-se por alguns meses em condições adversas (Gallo et al., 1988). Em Cacoal, Rondônia, plantações foram totalmente desfolhadas e, nestes casos, a produtividade foi reduzida em até 70%. Os preços baixos do café, na última safra, agravaram ainda mais a situação. A progressão do ataque levou administradores municipais de Cacoal a convocarem técnicos para apresentar uma estratégia de ação visando frear o avanço da praga (Trevisan et al., 2001). O trabalho objetivou registrar a ocorrência do surto e quantificar a área de cafeeiros afetada pela lagarta. MATERIAL E MÉTODOS O levantamento foi realizado no município de Cacoal, Rondônia, com envolvimento de técnicos da Prefeitura Municipal de Cacoal Semagric, CEPLAC e Emater Rondônia. Foram visitadas todas as propriedades da região e cadastradas todas as propriedades rurais onde ocorreu o ataque da praga. O levantamento foi feito no mês de maio de 2001. Foram efetuadas observações na propriedade do Sr. Alcindo Dellarmina, localizada na linha 9, Cacoal, Rondônia, em cafeeiros afetados pela lagarta-dos-cafezais nos meses de outubro de 2000 e abril a julho de 2001. RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante o levantamento verificou-se a existência de 64 propriedades com 618 hectares afetados pelo ataque da lagarta-dos-cafezais (E. imperialis). Essas informações confirmam que, desde a primeira ocorrência em 1997, atingindo 20 ha, a cada ano tem aumentado significativamente a área afetada (Lagarta-dos-cafezais, 2001). A lagarta ocorre ciclicamente em outros estados, e na década de oitenta sua ocorrência foi mais freqüente (Gallo et al., 1988). De acordo com Reis & Souza (1986), as lagartas que 2090

atacam o cafeeiro são controladas biologicamente por inimigos naturais (parasitos e predadores) encontrados nos cafezais. Esse fato foi constatado em outubro de 2000, quando foram observados e coletados percevejos Pentatomídeos predadores de lagartas. O uso indiscriminado de inseticidas, visando controlar outras pragas, elimina os inimigos naturais das lagartas, tendo como conseqüência surtos destas (Reis & Souza, 1986). Dentre as observações efetuadas, verificou-se que ocorrem gerações superpostas em períodos intermediários com dois grandes surtos no ano: um que ocorre entre os meses de março e maio e outro de setembro a novembro. Constatou-se, em abril/2000, que 60% dos ponteiros das plantas de café estavam atacados pela lagarta no segundo instar, com média de 150 lagartas/planta. Em maio foram constatadas 85 lagartas/planta no último instar. De acordo com Parra et al. (1992), em grandes populações podem ser encontradas cerca de 50 a 100 lagartas por cafeeiro. Nos meses de junho a julho (período de menor precipitação pluvial) foram encontrados ovos, larvas, pupas e adultos em algumas lavouras, e isso pode ser um indício de uma estratégia de sobrevivência. Entretanto, verificou-se emergência maior na época de maiores incidências de chuvas. Provavelmente o surto tenha ocorrido devido ao desequilíbrio ecológico causado por desmatamento e uso intensivo de agrotóxicos. Nas observações efetuadas, a parte do cafezal localizada próxima da mata (faixa de 30 a 50 m) está menos afetada que o restante da área, sendo notório o menor desfolhamento das plantas, provavelmente em função da ocorrência de inimigos naturais. Coincidentemente, havia sido nesta parte da lavoura que anteriormente foram coletados percevejos Pentatomídeos, predadores da lagarta. CONCLUSÕES A intensidade do ataque da lagarta-dos-cafezais caracteriza um surto, com aumento populacional anual significativo, provavelmente em razão do desequilíbrio ecológico causado por desmatamento e uso intensivo de agrotóxicos. A lagarta-dos-cafezais pode se tornar um dos principais problemas para a cafeicultura no Estado de Rondônia, caso ultrapasse as fronteiras da região onde ocorre o surto. Existe a necessidade de pesquisa sobre a biologia, hospedeiros alternativos, fatores de desequilíbrio, inimigos naturais e controle da praga 2091

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CROCOMO, W.B. Aspectos binômios e danos de Eacles imperialis magnifica Walker, 1856 (Lepidoptera: Atacidae) em cafeeiro. Piracicaba, 1977. 89p. (Mestrado - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz /USP). D ANTÔNIO, A.M. PARRA, J.R.P. Uma nova praga de café no sul de Minas Gerais. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISAS CAFEEIRAS, 3. 1975. Curitiba. Resumos... Curitiba. 1975. p. 174. GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R.P.L.; BATISTA, G.C. de, BERTI FILHO, E.; PARRA, J.R.P.; ZUCHI, R. A.; ALVES, S.B., VENDRAMIN, J.D. Manual de entomologia agrícola, 2.ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 1988. 649p. LAGARTA-DOS-CAFEZAIS. Globo Rural. Rio de Janeiro, 16 de maio de 2001. Programa de TV. PARRA, J.R.P.; BATISTA, G.C. de.; ZUCCHI, R.A. Pragas do cafeeiro. In: Curso de entomologia aplicada à agricultura. Piracicaba: FEALQ, 1992. 760p. REIS, P.R.; SOUZA, J.C. de. Pragas do cafeeiro. In: RENA, A.B; MALAVOLTA. E; ROCHA, M.; YAMADA. T. Cultura do cafeeiro: Fatores que afetam a produtividade. Piracicaba: Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato, 1986. p. 333-378. TREVISAN, O.; AVILES, D.P.; COSTA, J.N.M.; MARCOLINO, J.V.C; ASSIS, A.F.; SANTANA, J.P.; OLIVEIRA, S.M.; NASCIMENTO, V. Surto de lagarta Eacles imperialis nos cafezais no município de Cacoal. Cacoal: Prefeitura Municipal de Cacoal, 2001. 5p. Relatório. 2092