Broca-do-café: previsão de infestação e recomendações de controle para a safra 2000/2001 no estado de Rondônia 1

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1 Nº22, nov./00, p.1-5 Broca-do-café: previsão de infestação e recomendações de controle para a safra 2000/2001 no estado de Rondônia 1 José Nilton Medeiros Costa 2 Rachel Barbosa da Silva 3 Paulina de Araújo Ribeiro 3 Introdução Em Rondônia, a broca-do-café (Hypothenemus hampei), é considerada o principal problema fitossanitário da cultura do café, principalmente das variedades de Coffea canephora, como o Conilon. As condições climáticas da região favorecem o desenvolvimento do inseto, sendo encontrado em todas as regiões produtoras, provocando danos severos como a redução do peso dos grãos, e também prejudicando a comercialização por depreciar o tipo do café. A praga ataca frutos em todos estádios de maturação, desde verdes até secos. A fase mais crítica para sua sobrevivência e desenvolvimento, é o período em que as plantas não têm grãos. Mesmo na entressafra, onde o número de frutos se restringe àqueles deixados na planta por ocasião da colheita, e àqueles caídos no chão, a broca consegue sobreviver, abandonando esses frutos no momento da nova frutificação dos cafezais. Infestação da broca na safra 1999/2000 Foram efetuadas amostragens visando detectar infestação da broca no período de setembro a dezembro de 1999, e de janeiro a maio de 2000, durante a safra do café em Rondônia, nos municípios de Rolim de Moura, Ouro Preto d Oeste e Machadinho do Oeste (Figura 1). Verificou-se que em todos os municípios, no início da frutificação, não houve ataque de broca. A partir de outubro constatou-se incidência do ataque de broca nos municípios de Rolim de Moura e Machadinho do Oeste. Nos cafezais de Ouro Preto d Oeste a infestação foi verificada a partir de novembro, com um aumento gradativo até o final da colheita. Nos municípios de Rolim de Moura e Machadinho do Oeste não foi continuamente crescente a percentagem de infestação nos períodos amostrados. 1 Trabalho financiado pelo CONSÓRCIO BRASILEIRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DO CAFÉ. 2 Eng. Agr., M.Sc., Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, CEP , Porto Velho-RO. 3 Bolsista CBP&D/Café/Embrapa Rondônia.

2 RT/22, EMBRAPA-CPAF Rondônia, nov./00, p.2-5 No auge da colheita (maio/2000), foram verificadas elevadas infestações, que variaram de 34 a 41%, níveis altamente comprometedores para a produtividade e qualidade do café. Conforme estimativa de perda de peso estabelecida por Reis & Souza (1984, 1986), para as condições de infestação apresentadas, haveria uma perda de peso no café beneficiado, entre 6,7 a 8,2%. 40 % de infestação Rolim Ouro Preto Machadinho 0-5 setembro outubro novembro dezembro janeiro fevereiro abril maio 0FIG. 1. Percentagem média de infestação da broca-do-café em frutos coletados na planta, na época da frutificação, no período de setembro a dezembro de 1999 e janeiro a maio de Infestação da broca na entressafra (2000) A infestação média da broca em frutos caídos no solo, na época da entressafra (Figura 2), foi maior no município de Machadinho do Oeste (67,3%). Foi mínima a diferença de infestação constatada entre os municípios de Rolim de Moura e Ouro Preto d Oeste, 53,5 e 53%, respectivamente. Nos meses subsequentes a colheita, junho para julho, verificou-se um aumento de infestação da broca em frutos no chão, de aproximadamente 20%. No período de agosto a setembro, a infestação manteve-se estável, exceto em Machadinho do Oeste. 75 % de infestação Rolim Ouro Preto Machadinho junho julho agosto setembro FIG. 2. Percentagem média de infestação da broca-do-café em frutos caídos no solo, na época da entressafra, no ano de 2000 no estado de Rondônia.

3 RT/22, EMBRAPA-CPAF Rondônia, nov./00, p.3-5 Previsão de infestação na safra 2000/2001 Considerando-se os dados observados nos estudos de infestação da broca, na safra 1999/2000 e entressafra (2000) (Figuras 1 e 2), e as condições que prevalecerão na região por ocasião da frutificação do cafeeiro, umidade e temperaturas elevadas, favoráveis ao ataque da praga, prevê-se alta infestação da broca na safra 2000/2001. Monitoramento das lavouras A forma mais adequada para se evitar prejuízos decorrentes do ataque da broca é fazer monitoramento mensal na lavoura, de novembro até cerca de 70 dias antes da colheita. O cafeicultor deverá programar-se para fazer a última pulverização, respeitando a carência do produto. O inseticida mais eficiente para esse fim é o Endosulfan, cuja carência é de 70 dias, ou seja, o intervalo mínimo de dias permitido entre a aplicação do produto e a realização da colheita. Outra indicação para iniciar o monitoramento é quando os frutos estiverem na fase de chumbo e chumbões, período em que as sementes já estão formadas, e portanto na fase em que a broca perfura o fruto, podendo ovipositar. Como fazer o monitoramento da lavoura? Em cada lavoura, ou talhão de no máximo 3 hectares selecionar cinco pontos diferentes. Em cada ponto, escolher duas fileiras (uma de frente à outra) e em cada uma delas, cinco plantas. Em cada planta escolher uma rama inteira, da qual se colherão os frutos. Na primeira planta, deve-se escolher uma rama situada entre as porções média e superior, na segunda, entre as porções média e inferior, e assim por diante até a décima planta do ponto selecionado. Para facilitar, os frutos de cada lavoura ou talhão, poderão ser misturados formando uma única amostra. Em seguida, faz-se a separação dos frutos brocados e não brocados para a determinação da percentagem de infestação. Exemplo: supondo que foram amostrados 2000 frutos e que nessa amostra existam 60 frutos brocados, para se obter a percentagem de infestação é necessário fazer o seguinte cálculo (regra de três): 2000 frutos > 100% 60 frutos > X X = 60 x 100 / 2000 = 3% de frutos brocados De forma prática o resultado da infestação será sempre obtido, multiplicando-se o número de frutos brocados por 100 e dividindo-se este resultado pelo número total de frutos da amostra. Recomendações para o controle da broca-do-café O controle deverá ser iniciado quando a infestação atingir 3% a 5%, iniciando-se pelas partes mais atacadas da lavoura. Como o ataque não se distribui uniformemente, recomenda-se o controle apenas para os talhões, cuja infestação da praga já tenha atingido 3 a 5%. Procedendose dessa forma, evitam-se gastos desnecessários com mão-de-obra e inseticida, como também, diminuição dos problemas relacionados ao uso do defensivo. Mesmo após o controle, o monitoramento deve continuar e quando a infestação alcançar os índices recomendados, fazer o controle novamente, respeitando os limites de carência do inseticida usado. Detectada a necessidade de controle da praga, o método mais comumente recomendado é o controle químico, sendo indicado o inseticida Endosulfan 350 g/l CE (Dissulfan CE, Endosulfan Fersol 350 CE, Endosulfan AG, Endosulfan 350 CE Defensa, Thiodan) na dosagem de 1,5 a 2,0 l/ha. O talhão infestado deverá receber duas aplicações de inseticida, com intervalo de 20 a 30 dias.

4 RT/22, EMBRAPA-CPAF Rondônia, nov./00, p.4-5 Para produtores que utilizam ou não inseticidas, uma das alternativas para a redução do ataque da broca, é uma colheita bem feita e um repasse na lavoura se necessário, não deixando frutos na planta ou no chão, para evitar a sobrevivência dessa praga e reinfestação na próxima safra. Deve-se destruir os cafezais velhos e abandonados, nos quais a broca encontra abrigo e se multiplica livremente, e também, alertar o vizinho para que controle o ataque de broca, evitando focos para outras lavouras. Mensagem aos cafeicultores De acordo com os dados de infestação da broca observados na última safra, em algumas lavouras no estado de Rondônia, os percentuais de infestação foram muito altos. Não deixe que isso aconteça no seu cafezal. Para combater a broca-do-café é necessário que o produtor tome uma série de medidas preventivas, ou aplique inseticida na época certa, para não ficar no prejuízo. Literatura consultada ANDREI. Compêndio de defensivos agrícolas. 5.ed. São Paulo, p. CATIE. Guías y herramientas para la implementación de manejo integrado de plagas con cafeicultores. Manágua, Nicarágua,1997. Proyecto CATIE-INTA/MIP. GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S. Manual de Entomologia Agrícola. 2.ed. São Paulo: Agronômica Ceres, p. GUHARAY, J.; MONTERREY, J. Manejo ecológico de la broca del cafeto (Hypothenemus hampei) em América Central. Manejo Integrado de Plagas, Manágua, n. 22, p. i-viii, CATIE. MONTOYA-RESTREPO. E.C. Caracterización de la infestación del café por la broca y efecto del daño en la calidad de la bebida. Cenicafé, v. 50, n,4, p , PAULINI, A.E.; PAULINO, A.J. Evolução de Hypothenemus hampei (Ferrari, 1867) em café conilon armazenado e influência da infestação na queda de frutos. In: CONGRESSO BRASILEIRO SOBRE PESQUISAS CAFEEIRAS, 7., 1979, Araxá - MG. Anais... Rio de Janeiro: IBC/GERCA, p.285. REIS, P.R ; SOUZA, J.C. de. Pragas do cafeeiro. Informe Agropecuário, v.10, n.109, p.41-47, REIS, P.R ; SOUZA, J.C. de.; Pragas do cafeeiro. In: RENA, A.B.; MALAVOLTA, E.; ROCHA, M.; YAMADA, T. (ed.) Cultura do cafeeiro: fatores que afetam a produtividade. Piracicaba: POTAFOS, p SISTEMA de produção de café. Porto Velho: EMBRATER-EMBRAPA, p. (EMBRATER- EMBRAPA. Boletim Técnico, 392). SOUZA, J.C. de.; REIS, P.R. Broca-do-café: histórico, reconhecimento, biologia, prejuízos, monitoramento e controle. 2.ed. Belo Horizonte: EPAMIG, p. (EPAMIG. Boletim Técnico, 50).

5 RT/22, EMBRAPA-CPAF Rondônia, nov./00, p.5-5 SOUZA, J.C. de.; REIS, P.R. Broca-do-café: previsão de infestação para a safra de 2000/2001 no sul de Minas, Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro. Lavras-MG: EPAMIG, (EPAMIG. Circular Técnica, 125). YOKOYAMA, M. Avaliação de danos e controle químico da broca do café Hypohenemus hampei (Ferrari, 1867) (Coleoptera-Scolytidae). Piracicaba, ESALQ p. (Tese Mestrado).