LESÕES EM FOLHAS DE Psidium guajava L. (MYRTACEAE) PROVOCADAS POR Costalimaita ferruginea FABRICIUS, 1801 (COLEOPTERA: CHRYSOMELIDAE)

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1 78 LESÕES EM FOLHAS DE Psidium guajava L. (MYRTACEAE) PROVOCADAS POR Costalimaita ferruginea FABRICIUS, 1801 (COLEOPTERA: CHRYSOMELIDAE) Vera Alves de Sá 1 RESUMO - Costalimaita ferruginea Fabricius, 1801 (Coleoptera: Chrysomelidae) é uma praga polígafa, seu ataque torna a folha rendilhada após promover inúmeras perfurações durante sua alimentação, iniciando os danos também nas folhas mais novas causando sensível redução na capacidade fotossintética da planta e diminuição da produção de frutos. O objetivo deste trabalho foi determinar quais as notas de injúrias provocadas por C. ferruginea em folhas de Psidium guajava L. (Myrtaceae). O estudo foi desenvolvido em um pomar de goiabeiras Pedro Sato com três anos e meio de idade e espaçamento entre plantas de 5x7 m, sem uso de agrotóxicos, no município de Ivinhema-MS, Brasil. Nas plantas selecionadas ao acaso, a copa foi dividida em quadrantes, e coletadas oito folhas (duas em cada quadrante) contendo o sintoma de ataque de C. ferruginea, totalizando 20 plantas. A amostragem foi realizada em maio de Após a coleta das oito folhas, essas foram misturadas, e levadas ao laboratório, para avaliar a porcentagem de injúrias, por meio de um sistema de notas com base na lesão foliar, sendo que as notas foram utilizadas no cálculo do Índice de Injúria Foliar (IIF). Das 160 folhas coletas, as injúrias com nota 1 foi encontrada em menor valor, em quanto as injúrias com notas de 2, 3 e 4 foram encontras em maior número. O IIF provocado por C. ferruginea, nas folhas de P. guajava avaliadas, foi de 68,13%, demonstrando que a maior parte das folhas coletadas (133 folhas) apresentou grande parte de sua área foliar lesionada. Unitermos: Besouro amarelo; fruticultura; manejo integrado de pragas. INJURIES LEAVES Psidium guajava L. (MYRTACEAE) CAUSED BY Costalimaita ferruginea Fabricius, 1801 (Coleoptera: Chrysomelidae) ABSTRACT - Costalimaita ferruginea Fabricius, 1801 (Coleoptera: Chrysomelidae) is a polígafa pest, makes his attack after promoting the leaf lace perforations numerous during their feeding, leading to the damage on the younger leaves also caused significant reduction in photosynthetic capacity of the plant and reduced production of fruit. The aim of the work is determine the notes of injuries caused by C. ferruginea in leaves of Psidium guajava L. (Myrtaceae). The study was conducted in an of guava trees orchard 'Pedro Sato' and three a half years of age and plant spacing of 5x7 m, without use of pesticides in the municipality of Ivinhema-MS, Brazil. Plants selected at random, the canopy was divided into quadrants, and collected eight leaves (two in each quadrant) containing the attack symptom C. ferruginea, totaling 20 plants. Sampling was conducted in May After the collection of eight leaves, these were mixed, and taken to the laboratory to assess the percentage of injuries by means of a scoring system based on foliar injury, and the notes were used to calculate the index of foliar injury (IIF). Collection of 160 sheets, a note with the injuries found in smaller value, as the injuries with notes of 2, 3 and 4 were found in greater numbers. The IIF caused by C. ferruginea leaves of P. guajava evaluated was 68.13%, demonstrating that most of the collected leaves (133 leaves) showed much of their leaf area damaged. Uniterms: Integrated pest management; horticulture; yellow beetle. 1 Bióloga, Doutoranda em Entomologia e Conservação da Biodiversidade. veraalves_bio@yahoo.com.br

2 79 INTRODUÇÃO Costalimaita ferruginea Fabricius, 1801 (Coleoptera: Chrysomelidae) é uma praga polígafa, quando adulto é amarelo e mede aproximadamente 5,0 a 6,5 mm de comprimento e 3,0 a 3,5 de largura, sendo sua forma quase elíptica. Os élitros possuem pequenos pontos circulares, escuros, alinhados em carreiras longitudinais (16 a 18 linhas por élitro). Possui cabeça e corpo brilhante, com região ventral alaranjada (Carnaúba et al., 1970). A fêmea faz apenas uma postura, contendo em média cerca de 90 ovos de coloração amarela e brilhante com período de incubação durando cerca de 8-9 dias. As larvas vivem no solo, onde se alimentam de raízes de gramíneas. No período larval, apenas são conhecidos até o momento, dois estádios de desenvolvimento (1º e 2º ínstares), sendo que o primeiro ínstar dura 19 dias e o segundo, cerca de 35 dias (Souza Filho & Costa, 2003). O ataque de C. ferruginea torna a folha rendilhada após promover inúmeras perfurações durante sua alimentação (Gallo et al., 2002), provocam danos a brotos novos e podem também deformar os frutos. O período de maior ataque à goiabeira se dá quando a planta começa a emitir novas brotações. São insetos muito ariscos, que quando se aproxima das plantas em que estão pousados, caem ao solo ou em ramos abaixo do que estavam localizados, ou podem ainda migrar para outra planta (Pereira & Martinez Júnior, 1986), além de causar sensível redução na capacidade fotossintética da planta e diminuição da produção de frutos (Gallo et al., 1988). Considerando a carência de estudos sobre esses insetos em goiabeiras, principalmente em Mato Grosso do Sul, este trabalho objetivou-se determinar quais as notas de injúrias provocadas por C. ferruginea em folhas de Psidium guajava L. (Myrtaceae). MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi desenvolvido em um pomar de goiabeiras Pedro Sato com três anos e meio de idade e espaçamento entre plantas de 5x7 m, sem uso de agrotóxicos, no município de Ivinhema- MS, Brasil. Nas plantas selecionadas ao acaso, a copa foi dividida em quadrantes (Figura 1), e coletadas oito folhas (duas em cada quadrante) contendo o sintoma de ataque de C. ferruginea, totalizando 20 plantas. A amostragem foi realizada em maio de Após a coleta das oito folhas, essas foram misturadas, e levadas ao laboratório, para avaliar a porcentagem de injúrias, por meio de um sistema de notas com base na lesão foliar: um (0-25%); dois (26-50%); três (51-75%); quatro (76-100%) (Figura 2).

3 80 Figura 1 - Esquema da divisão da planta em quadrantes (Barbosa et al., 2001). Figura 2 - Escala de nota atribuída ao dano causado por Costalimaita ferruginea. (Galli et al., 1993). Calculou-se a porcentagem e o número de danos provocados por C. ferruginea nas folhas de P. guajava. As quatro notas foram utilizadas no cálculo do Índice de Injúria Foliar (IIF): IIF = (N1x1)+(N2x2)+(N3x3)+(N4x4) x 100 (N1+N2+N3+N4) x 4

4 81 Onde, N1, N2,N3, N4 são, respectivamente, o número de folhas com as notas 1, 2, 3, 4 de injúrias. RESULTADOS E DISCUSSÃO Do total de 160 folhas coletas, as injúrias provocadas por C. ferruginea (Figura 3) com nota 1 foi encontrada em menor valor, em quanto as injúrias com notas de 2, 3 e 4 foram encontras em maior número de folhas (Figura 4). Colombi (2007) observou que os danos mais acentuados ocorreram nos meses de março a maio, que é o período com maior probabilidade de novas brotações. Carareto (2004) ao avaliar o rendilhamento causado por C. ferruginea, encontrou os maiores valores no mês de março. Figura 3 - Costalimaita ferruginea em folha de Psidium guajava Nº de folhas Notas Figura 4 - Número de folhas de Psidium guajava em cada nota de injúria, provocada por Costalimaita ferruginea em Ivinhema-MS, Brasil, 2010.

5 82 O IIF provocado por C. ferruginea, nas folhas de P. guajava avaliadas, foi de 68,13%. Demonstrando que a maior parte das folhas coletadas (133 folhas) apresentou grande parte de sua área foliar lesionada (Figura 5). Figura 5 - Folha de Psidium guajava lesionada por Costalimaita ferruginea. CONCLUSÕES A partir dos estudos realizados, verifica-se que: A maior parte das injúrias se classificaram com as notas 2, 3 e 4. O Índice de Injúria Foliar foi de 68,13; As folhas de P. guajava apresentaram a maior parte de sua área foliar lesionada. REFERÊNCIAS Barbosa, F.R.; Haji, F.N.P.; Alencar, J.A.; Moreira, W.A.; Gonzaga Neto, L. (2001). Psilídeo da goiabeira: monitoramento, nível de ação e controle. Petrolina: CPATSA-Embrapa, 8 p. (Circular técnica, 74). Carareto, E.C.B. (2004). Eficiência de atraentes alimentares na coleta de Anastrepha spp. (Dip: Tephritidae) em pomar experimental de goiaba e análise da evolução de populações de Triozoida sp. (Hem.: Psyllidae) e danos de Costalimaita ferruginea (Fabr., 1801) (CoL: Chrysomelidae) p. monografia (Trabalho de Graduação em Agronomia) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal. Carnaúba, T.; Teófitljo Sobrinho, J.; Suplicy Filho, N. (1970). Ensaio do besouro amarelo Costalimaita ferruginea vulgata Lef. (Col.: Chrysomelidae) em goiabeira, com emprego de novos praguicidas, Biológico, 36: Colombi, C.A. (2007). Dinâmica populacional de moscas-das-frutas e de Triozoida limbata (Hemiptera: Psyllidae) e danos de Costalimaita ferruginea (Coleoptera: Chrysomelidae) e de T. Limbata em pomar de goiaba submetido a sistema de racionalização de inseticidas. Dissertação

6 83 (Mestrado Agronomia) Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal. Galli, J.C.; Bidóia, M.A.P.; Da Rosa, M.F. (1993). Danos provocados por pragas da goiabeira Psidium guajava L. nas cultivares "Paluma" e "Rica" em três sistemas de propagação. Rev. Agric., 68: Gallo, D.; Nakano, O.; Carvalho, R.P.L.; Baptista, G.C.; Berte Filho, E.B.; Parra, J.R.; Zucchi, R.A.; Alves, S.B.; Vendramin, J.D.; Marchini, L.C.; Lopes, J.R.E.; Omoto, C. (1988). Manual de Entomologia Agrícola, 2.ed. São Paulo: Agronômico Ceres. 549p. Gallo, D.; Nakano, O.; Silveira Neto, S.; Carvalho, R.P.L.; Batista, G.C.; Berti Filho, E.; Parra, J.R. P.; Zucchi, R.A.; Alves, S.B.; Vendramin, J.D. (2002). Manual de Entomologia Agrícola, Piracicaba Pereira, F.M.; Martinez Júnior, M. (1986). Goiabas para industrialização. São Paulo: Legis Summa. 142 p. Souza Filho, M.F. & Costa, V.A. (2003). Manejo integrado de pragas da goiabeira. In: Rozane, D.E.; Couto, F.A.D.; Empresa Jr de Agronomia. Cultura da goiabeira: tecnologia e mercado. Viçosa, Departamento de Fitotecnia. Universidade Federal de Viçosa. 401p.