Anuários Estatísticos Regionais e Retrato Territorial de Portugal 2004 28 de Dezembro de 2005 INFORMAÇÃO DE BASE E ANÁLISE SÓCIO-ECONÓMICA DO TERRITÓRIO PORTUGUÊS À ESCALA LOCAL E REGIONAL O INE disponibiliza os elementos estatísticos para a caracterização e evolução das principais dinâmicas territoriais em Portugal, acompanhados por análise de indicadores sintéticos e imagens gráficas e cartográficas, de âmbito infranacional. Os Anuários Estatísticos Regionais são, actualmente, a publicação de referência na disponibilização de informação estatística à escala local. Na edição deste ano procedeu-se a uma reorganização da estrutura temática, agora com 25 subcapítulos agrupados em quatro grandes domínios - Território, Pessoas, Actividade Económica e Estado -, que se traduziu ainda pela incorporação de novas áreas temáticas: território; comunicações; ciência e tecnologia; sociedade da informação e participação política. Outra inovação consiste na apresentação, no início de cada subcapítulo, de um quadro com um conjunto de indicadores de síntese, permitindo, desta forma, a percepção mais imediata dos principais padrões territoriais associados aos diversos temas. Por último, refira-se que esta publicação será a partir deste ano editada no final do segundo semestre, por forma a conceder maior actualidade à informação divulgada, aumentando consideravelmente o número de capítulos para os quais a informação estatística se reporta ao ano imediatamente anterior ao de edição da publicação. Paralelamente, o INE edita, pelo terceiro ano consecutivo, o Retrato Territorial de Portugal que, explorando a informação divulgada nos Anuários Estatísticos Regionais, apresenta uma caracterização sócio-económica do território português, essencialmente ao nível concelhio. Este ano, esta publicação é acompanhada por um CD- ROM com a informação estatística dos Anuários Regionais e com os textos de análise do Retrato Territorial de Portugal. O suporte electrónico que acompanha esta publicação disponibiliza ainda informação estatística que assegura a manutenção da série dos Anuários Estatísticos Regionais, nos casos em que as alterações do momento de disponibilização desta publicação implicaram quebra de série relativamente à edição anterior. Retrato Territorial de Portugal 2004 1/6
BREVES EXEMPLOS DE ANÁLISES APRESENTADAS NO RETRATO TERRITORIAL DE PORTUGAL... TERRITÓRIO Ocupação humana do território A geografia da densidade populacional demonstra uma forte concentração da população no Litoral do Continente, sobretudo no Litoral Atlântico, de Viana do Castelo a Setúbal, e no Litoral Algarvio. A evolução da distribuição da população demonstra simultaneamente uma tendência para a litoralização da ocupação do território e uma ligeira deslocação do centro populacional do Continente para Sul. Evolução da distribuição populacional (1981-2004), Continente e NUTS II, e densidade populacional (2004), por concelho Habitantes por Km 2 1º Quartil = 28 Mediana = 74 3º Quartil = 178 Centróide ponderado pela distribuição da população e elipse padrão (2004) Centróide ponderado pela distribuição da população e elipse padrão (1981) Densidade populacional (2004) Muito reduzida Reduzida Elevada Muito elevada NUTS II 40 0 40 Km O território litoral de Viana do Castelo a Setúbal, evidencia dois focos de densidades muito elevadas que correspondem às concentrações populacionais centradas nas metrópoles do Porto e. No caso do Porto, a aglomeração metropolitana, lida através dos concelhos com densidades muito elevadas, estende-se de Viana do Castelo a Santa Maria da Feira, e do Porto a Peso da Régua, ultrapassando largamente os limites da subregião do Grande Porto, e incluindo cidades de dimensão significativa, como sejam Braga ou Guimarães. A evolução da distribuição da população na região, entre 1981 e 2004, lida através dos centróides ponderados pela população e pelas elipses padrão calculados nos dois momentos, não só demonstra um reforço da litoralização na região como um aumento significativo da concentração da população. No caso da metrópole de, a expressão dos concelhos com densidades muito elevadas é menos abrangente do que no Porto, sendo sobretudo significativa nos concelhos da margem, incluindo todos os concelhos da sub-região da Grande, e ainda os concelhos de Torres Vedras e Sobral de Monte Agraço (). Por outro lado, na Região de registou-se entre 1981 e 2004 um ligeiro aumento da dispersão da população e, simultaneamente, um afastamento do concelho de do centro populacional da região, resultante da dinâmica populacional no eixo poente -Sintra, verificada nas últimas décadas. No, para além dos concelhos de Faro e Olhão, destacam-se com densidades populacionais muito elevadas os concelhos de Albufeira, Lagoa e Portimão. No entanto, se forem considerados, em conjunto com aqueles concelhos, Lagos e Loulé, com densidades elevadas, parece clara a emergência de um novo eixo de dimensão metropolitana a Sul. Na região, verificou-se nas últimas duas décadas uma tendência semelhante à verificada no Continente. Assim, nesta região, para além dos concelhos do Litoral, merecem destaque com densidade muito elevada ou Retrato Territorial de Portugal 2004 2/6
elevada, os concelhos de Coimbra e Mealhada e, no Interior, Viseu e Covilhã. Por último, na região do, a figura coloca em destaque alguns concelhos da Lezíria do Tejo, sobretudo, os mais próximos da metrópole de, sob influência das dinâmicas centradas no Litoral, no geral, e na metrópole de, em particular. De facto, entre 1981 e 2004 o centróide populacional do afastou-se do concelho de Évora. TRABALHO e com maiores taxas de emprego dos 55 aos 64 anos Metade da população entre os 55 e os 64 anos encontrava-se empregada. Abaixo da média nacional surge a Região Autónoma dos Açores, a região com menor taxa de actividade e de emprego; com valores superiores à média encontram-se as regiões do e o. A primeira pelas características intrínsecas à estrutura sectorial de emprego que apresenta, com uma forte presença do sector primário em que a agricultura de subsistência e pequeno latifúndio têm alguma expressão. Na região do, os elevados níveis de emprego da população sénior poderão estar relacionados com o tipo de trabalho exercido numa região com forte vertente turística. Taxa de emprego dos 55 aos 64 anos, por NUTS II, 2004 Portugal = 50% 0% 47% 63% 45% 48% 55% R. A. Açores 36% 49% R. A. Madeira Em ambas as regiões, verifica-se que estas elevadas taxas de emprego no grupo etário considerado derivam das especificidades associadas às actividades económicas acima referidas, designadamente uma duração do trabalho menor do que a média nacional, existindo muitos empregados nestas regiões que trabalham a tempo parcial. EDUCAÇÃO - Reforço da quebra no número de alunos inscritos no ensino superior No ano lectivo de 2004/2005 acentuou-se a quebra no número de alunos inscritos no ensino superior registando uma variação de -3,7%, bastante superior à quebra registada no ano anterior de 1,4%. Esta quebra foi extensível a todas as regiões do Continente e Região Autónoma dos Açores e afectou com maior intensidade o ensino superior privado (que a nível nacional registou uma redução de 7,6% contra um decréscimo de 2,2% no ensino público). Evolução dos alunos matriculados no ensino superior, Portugal e NUTS II, 2003/2004-2004/2005 10 % 5 0-5 -10-15 -20-25 total público privado 0,1-2 -4-3 -3-2 -4-4 -4-4 -6-8 -9-9 -21-7 -9 7-2 -2 Portugal R. A. Açores 0 6 6 6 R. A. Madeira A forte quebra de alunos inscritos no ensino superior privado fez-se sentir em regiões com fraco peso a nível nacional neste domínio, como por exemplo o, mas também na região de, que concentrava em 2004/2005 cerca de metade dos alunos inscritos no ensino superior privado em Portugal. Como excepção a esta evolução negativa no ensino privado surgem o e a Região Autónoma da Madeira. Retrato Territorial de Portugal 2004 3/6
A região de, que concentra mais alunos inscritos no ensino superior (quer público, quer privado), constituiu, juntamente com a Região Autónoma da Madeira, uma excepção à evolução negativa dos alunos inscritos no sector público, registando um ligeiro acréscimo. SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO Aumento da posse de computador e da ligação à Internet generalizado a todas as regiões Em 2004, 41% das famílias portuguesas detinham computador. Esta proporção traduz um aumento face ao ano anterior, extensível a todas as regiões do país. surgia como a região mais bem dotada a este nível com o computador a estar presente na vida de metade das famílias que aí residem. de 2004 apontavam, ainda, como principais causas para a inexistência de ligação à Internet, respectivamente: o desinteresse na tecnologia; o elevado custo do equipamento e do acesso; e o facto de não saberem utilizar a Internet. Ligação à Internet por agregados domésticos, por NUTS II, 2003 e 2004 Portugal 26 2004 2003 22 26 33 21 23 R. A. Açores 31 R. A. Madeira 23 Posse de computador por agregados domésticos, por NUTS II, 2003 e 2004 Portugal 41 2004 2003 37 39 50 37 42 R. A. Açores 36 R. A. Madeira 38 0 10 20 30 40 50 % Paralelamente, a ligação à Internet constituía uma realidade para 26% das famílias portuguesas. Também a este nível se registou uma expansão generalizada a todas as regiões entre 2003 e 2004, com destaque para a Região Autónoma dos Açores onde a proporção de famílias com ligação à Internet aumentou 9 pontos percentuais (de 22% para 31%). Os Açores e eram as únicas regiões a registar níveis de ligação superiores à média nacional. Refira-se que os resultados do inquérito à utilização de tecnologias de informação e comunicação pelas famílias 0 10 20 30 40% CONTAS REGIONAIS PIB per capita da Grande supera a média nacional em 70% A forte concentração das actividades produtivas nas regiões de, e, que conjuntamente representavam, em 2003, cerca de 85% do total do PIB, do emprego total e das remunerações, mas também da população residente, é ainda mais evidenciada quando se analisa o contributo de cada NUTS III. Só a sub-região Grande era responsável isoladamente, em 2003, por quase um quarto do emprego nacional e por um terço da actividade produtiva nacional (32,4% do total do PIB). A distribuição do PIB per capita relativizada face à média nacional evidencia a Grande, cujo PIB per capita supera a média nacional em 70%, à semelhança do que acontecera em anos anteriores. Mas também a Região Autónoma da Madeira, o Litoral, o e o Grande Porto registaram valores acima da média nacional. Das sub-regiões com PIB per capita inferior a 75% da média nacional nota-se, com excepção do Minho-Lima, uma concentração no Interior do país abrangendo a maior parte do, grande parte do Retrato Territorial de Portugal 2004 4/6
e ainda a sub-região do Baixo. No caso do Tâmega, o valor foi mesmo inferior a metade do valor nacional (49%). PIB per capita, por NUTS III, 2003 disparidade intra-regional com 16% e 13%, respectivamente. EMPRESAS Maior importância relativa do emprego em actividades TIC na Área Metropolitana de As actividades de tecnologias de informação e comunicação (TIC) absorviam, em 2003, 3,3% do emprego das sociedades com sede no país. A Região de destacava-se pelo facto de aquela proporção ascender a 5,6%. No, a proporção registada era de 2,3% enquanto nas restantes regiões ficava aquém de 2%. Note-se que, em 70 dos 308 concelhos do país, não se registava emprego desta natureza. Neste contexto destacavam-se três concelhos da Área Metropolitana de onde mais de 10% do emprego correspondia a Portugal = 100 > 125 ] 100 ; 125 ] ] 75 ; 100 ] <= 75 NUTS II actividades TIC: Amadora, Oeiras (nestes dois casos, trata-se de emprego concentrado em actividades comerciais e serviços prestados às empresas) e Palmela (fabricação de equipamento eléctrico, de óptica e fabricação de material de transporte). 40 0 40 Km Proporção de emprego total em actividades TIC, Portugal e NUTS II, 2003 A leitura do mapa do PIB per capita por NUTS III antecipa ainda a existência de fortes disparidades regionais dentro de cada NUTS II, ou seja, ao nível das sub-regiões que a compõem. Para quantificar esta medida das disparidades regionais, analisou-se o coeficiente de variação do PIB per capita, ponderado pela população de cada subregião, que revelou o valor mais acentuado em com 28%, seguido do com 24%, em parte devido à influência das áreas metropolitanas que enquanto pólos de emprego beneficiam de importantes movimentos pendulares que contribuem para o aumento do PIB, sem no entanto serem considerados no cálculo do PIB per capita dessas sub-regiões. As regiões do e do revelaram valores mais reduzidos no nível de Portugal 3,3 2,3 1,5 5,6 1,7 1,2 R. A. Açores 1,6 R. A. Madeira 1,3 0 2 4 6 % AGRICULTURA E FLORESTA Área ardida mais do que triplica, atingindo mais de metade da área florestal do O ano de 2003 foi particularmente grave em termos de incêndios florestais no Continente. A área ardida foi a maior dos últimos anos atingindo 425 726 ha. Retrato Territorial de Portugal 2004 5/6
Relativamente ao ano de 2002, a área ardida mais que triplicou tendo afectado cerca de 13% da área florestal do Continente, quando no ano anterior não tinha ido além de 3,7%. A proporção de área ardida na área florestal aumentou em todas as NUTS II, com excepção do. O foi a região mais atingida em termos relativos, atingindo, em 2003, 52,5% do total de área florestal (no ano anterior não atingiu os 2%), sobretudo nos concelhos do barlavento algarvio (Monchique, Silves, Lagos e Aljezur). Aliás, Monchique foi o concelho do país que apresentou a maior área ardida absoluta (mais de 30 mil hectares). Também o foi bastante atingido, sofrendo uma devastação que atingiu cerca de 17% da sua área florestal, afectando particularmente a sub-região Pinhal Interior Sul, onde ardeu 68% da área florestal, como consequência das elevadas áreas ardidas em todos os seus concelhos sem excepção, mas com particular gravidade em Vila de Rei, Mação e Oleiros. Proporção de área ardida na área florestal, Continente e NUTS II, 2002 e 2003 Continente 3,7 12,7 2003 2002 5,7 16,8 7,7 9,7 52,5 0 10 20 30 40 50 % PARTICIPAÇÃO POLÍTICA Taxa de abstenção das eleições legislativas ultrapassa os 50% na Região Autónoma dos Açores Relativamente à participação política nas eleições para a Assembleia da República de 20 de Fevereiro de 2005, observou-se uma abstenção de 3 milhões dos quase 9 milhões de eleitores inscritos em 2005. A abstenção rondou os 35% em quase todas as regiões do país, com excepção do e da Região Autónoma da Madeira com pouco mais de 38% e da Região Autónoma dos Açores com 52%. Face à eleição de 2002, aumentou assim a proporção de votantes a dirigirem-se às urnas e a manifestarem a sua vontade política. A fraca disparidade regional verificou-se também ao nível concelhio, registando-se taxas de abstenção superiores a 50% em apenas 12 dos 308 concelhos portugueses, sendo que 5 destes (Arcos de Valdevez, Vimioso, Vinhais, Valpaços e Melgaço) se localizam na região e os restantes na Região Autónoma dos Açores. Na figura seguinte é possível observar que foram estas duas regiões NUTS II que observaram uma maior disparidade. No entanto, estes valores mais díspares da média regional registaram-se em poucos concelhos. Maior e menor taxa de abstenção concelhia, nas eleições para a Assembleia da República, por NUTS II, 2005 60% 50 40 30 20 Melgaço Vizela Murtosa Sardoal Montijo Loures Moura Avis Olhão Vila do Porto Monchique Corvo Máximo Mínimo São Vicente Santa Cruz 10 0 R. A. Açores R. A. Madeira A publicação Retrato Territorial de Portugal 2004 é divulgada em formato papel (acompanhada de CD-ROM) e em formato pdf em: http://www.ine.pt/prodserv/quadros/periodo.asp?pub_cod=410. Os Anuários Estatísticos Regionais (disponíveis para as sete NUTS II de Portugal) são divulgados em ficheiro em formato excel e pdf (http://www.ine.pt/prodserv/quadros/public.asp?tema=a&subtema=28) e publicados em papel. Retrato Territorial de Portugal 2004 6/6