BARROCO Artes
Contexto histórico A arte Barroca origina-se na península itálica, mas não tardou a irradiar-se por toda a Europa, espalhando sua beleza e fixando seu estilo em cada região de maneiras bem diferentes. O Barroco rompe o equilíbrio renascentista entre sentimento e razão, e entre arte e ciência, e é também utilizado pela igreja para ganhar novos adeptos para a fé cristã, aliando-se ao movimento da contra-reforma. A Contra-Reforma teve este objetivo. Se utilizando da arte, ela arma formas de impressionar e resgatar suas ovelhas perdidas.
O Barroco é a supremacia da emoção sobre a razão. Arte barroca-exagero e dramaticidade A arte barroca preza pela teatralização, pela dramaticidade, pelo exagero das formas, quebra o equilíbrio, aumenta o contraste entre claro e escuro, busca as formas assimétricas e não mais distribui as imagens de forma equilibrada, tudo para causar o maior impacto emocional no observador.
Pintura barroca A pintura barroca, por exemplo, pode ser vista como exagerada e extravagante se compararmos com a pintura da renascença. Os corpos retorcidos e a carga dramática, teatralizando a obra são características deste estilo, assim como a quebra do equilíbrio das imagens na tela e o contraste entre claroescuro, que intensificam a expressão dos sentimentos. OBS: Se olharmos para uma obra renascentista, veremos linhas equilibradas atravessando horizontalmente e verticalmente a obra, sempre em direção ao centro da tela num ponto chamado ponto de fuga.
O barroco desarruma a cena e contorce os corpos, teatraliza a luz e intensifica o que antes estava equilibrado, desorganiza os grupos amontoando-os em cena ao invés de distribuí-los simetricamente no espaço. Até mesmo cortes nas imagens acontecem quando estes são colocados no canto, tudo para buscar a intensificação das emoções tirando o conforto renascentista. Podemos ver essas características na obra Sansão e Dalila de Rubens.
Peter Paul Rubens Período: Barroco Material: Tinta a óleo Criação: 1609 1610
Caravaggio Outro pintor barroco incrível, que exagerou no realismo em suas obras conduzindo-o à novas alturas. Seus contemporâneos o chamavam de gênio do mal e anti-cristo da pintura, e foi acusado de se alimentar de horror, feiúra e da sujeira do pecado.
OBRA SÃO TOMÉ Caravaggio desprezava as convenções artísticas e defendia a quebra das tradições. Suas obras fascinam pelo realismo impactante como na tela Tomé, o Incrédulo (FOTO 14). Uma característica forte deste pintor é a utilização do fundo preto para aumentar o contraste, e a colocação da luz artificial que direciona o olhar do observador para a ação. O realismo impressiona nas expressões e no movimento das roupas, e a ação de Tomé exagera o drama contado nos evangelhos bíblicos.
Eram incríveis os efeitos conseguidos pela arte barroca, criada para impressionar e para causar impacto emocional. A igreja se utilizou disso e com certeza teve grandes méritos, pela força original alcançada neste estilo. Por isso, outro espaço em que a pintura barroca foi utilizada, eram os tetos das igrejas. Assim podemos ver no teto da igreja de Santo Inácio, em Roma, feito pelo artista Andrea Pozzo, a pintura A Glória de Santo Inácio. A obra impressiona pelo número de figuras e pela ilusão criada pela perspectiva. A impressão que temos é que o teto se abre e que os anjos e santos convidam os homens para a santidade. Esta técnica tornou-se comum na época, e podemos ver também muitas pinturas nos tetos das igrejas barrocas do Brasil.
A arte barroca explora o movimento de uma forma bem teatral, e dá às imagens força dramática quebrando o equilíbrio renascentista. Na arte barroca as imagens parecem se comprometer com o observador e pulam aos nossos sentidos como feras enlouquecidas. Se no Renascimento o equilíbrio dá às imagens o distanciamento necessário para observarmos a calma e a tranquilidade das estatuetas (no caso das esculturas), no Barroco o cenário é bem diferente. E não é a toa que utilizo a palavra cenário, pois é justamente isto que os artistas barrocos faziam, uma cena para trazer toda a carga emocional necessária para tocar aos que ali estavam. É este o caso do Êxtase de Santa Teresa, do escultor barroco Bernini.
Mesmo espalhado pela Europa, e variando de artista para artista, ou de região para região, o Barroco sustenta traços em comum, e traz para a arte o calor das emoções e a teatralização da vida. A agonia dos corpos agora reflete com impacto, traços do homem que não foram explorados no Renascimento, e com certeza revelam uma parte importante da história do ser O Barroco desequilibra a estabilidade renascentista, e explode as linhas e formas de uma forma inacreditável. Foi preciso sacudir para revelar o homem em todas as suas potencialidades, e é claro que o movimento feito pelo Renascimento foi fundamental para este acontecimento. Mas o Renascimento esqueceu o desespero e a agonia que fazem parte de nossas almas.
Na Holanda, Vermeer trabalha a delicadeza da vida cotidiana. Trabalhando com tons expostos à claridade, seus temas atingem a vida privada e os costumes holandeses de sua época. Vermeer também era habilidoso no domínio da luz, e pintava com exageros de detalhes cada forma que a luminosidade natural empregava nos objetos. As cores de Vermeer alcançavam um brilho intenso incrível. Uma obra incrível de Vermeer é Moça com Brinco de Pérola. Nesta tela toda a atenção do observador concentra-se na expressão do rosto da figura feminina (PROENÇA, 2007, p. 146). O artista centra seu tema na figura feminina, e sem a utilização de cenário e a anulação do fundo concentrando as cores luminosas na mulher, fazem desta o tema central da obra.
Vermmer Moça com o Brinco de Pérola ou Rapariga com o Brinco de Pérola é uma pintura do artista neerlandês Johannes Vermeer de 1665. Como o seu nome indica, é utilizado um brinco de pérola como ponto focal. A pintura está no Mauritshuis de Haia
O BARROCO NO BRASIL No Brasil, o Barroco chega um pouco mais tarde. Ele só se desenvolve plenamente no século XVIII até o início do século XIX. Na Europa, os artistas já tinham abandonado este estilo e a arte volta para os modelos clássicos. O Barroco brasileiro é claramente associado à igreja católica, e podemos apontar duas linhas diferentes: uma nas regiões enriquecidas pelo comércio de açúcar e pela mineração, como em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco e nas regiões onde não havia nem açúcar e nem ouro, e nesses locais a arquitetura era mais modesta, como em São Paulo.
Minas Gerais é outra região riquíssima por causa da exploração de minério, e um dos artistas mais conhecidos desta região é Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Sua arte era plena e muito harmoniosa, como vemos no projeto e na construção da igreja de São Francisco, em Ouro Preto. Na portada podemos ver medalhões, anjos e fitas esculpidos em pedra-sabão. A pedra-sabão é uma rocha com pouca rigidez, comum em Minas Gerais e bastante usada pelos escultores da região no século XVIII. Nas esculturas de Aleijadinho podemos ver alguns traços característicos como os olhos amendoados, sobrancelhas em V, bigode solado nas narinas, roupas com dobras harmoniosas e barbas encaracoladas, suas obras tem personalidade e modela imagens sacras com feições populares.
Manuel da Costa Ataíde Outro grande artista conhecido como um dos maiores pintores do barroco mineiro Mestre Ataíde revela um domínio excepcional em sua pintura Seu trabalho é encontrado no forro das igrejas barrocas, nas telas e nos painéis pintados nas sacristias e nas paredes laterais. Assunção da Virgem: a mais importante obra de Ataíde.