O PROFISSIONAL ENFERMEIRO FRENTE À AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL DO IDOSO INSTITUCIONALIZADO 1 SALBEGO, Cléton 2 ; DORNELLES, Carla da Silveira 3 ; ESPÍNDOLA, Roselaine Boscardin Espíndola 4 ; ALBERTI, Gabriela Fávero 5. RESUMO O envelhecimento da população brasileira tem ocorrido em crescente velocidade, sem precedentes e consequentemente tem causado um impacto na economia do sistema de saúde. A capacidade funcional é um dos importantes marcadores de um envelhecer bem sucedido e da boa qualidade de vida dos idosos. O presente estudo visa relatar uma experiência acadêmica ocorrida durante as práticas curriculares da disciplina de Saúde do Idoso na Sociedade Assistencial Santa Izabel, Instituição de Longa Permanência da cidade de Santiago, RS. Neste estudo pretende-se refletir sobre a atuação do profissional enfermeiro frente à avaliação da capacidade funcional de idosos institucionalizados, a partir de fatores relacionados à capacidade destes indivíduos em realizar atividades físicas e mentais necessárias para a manutenção de suas atividades básicas e instrumentais. Durante as práticas curriculares utilizou-se como instrumento de avaliação, o Índice de Katz que possibilitou elencar as fragilidades dos sujeitos, utilizando como método a entrevista, e o acolhimento. Os resultados obtidos através da aplicação deste índice evidenciaram que podem ser decorrentes do processo natural de envelhecimento do ser humano, perdas cognitivas que em muitos casos é o motivo da institucionalização dos sujeitos. As 1 Relato de Experiência. Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI Campus Santiago). 2 Apresentador. Curso de Enfermagem da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), Santiago, RS, Brasil. E-mail: cletonsalbego@hotmail.com 3 Curso de Enfermagem da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), Santiago, RS, Brasil. 4 Curso de Enfermagem da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), Santiago, RS, Brasil. 5 Curso de Enfermagem da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), Santiago, RS, Brasil. 1
percepções acadêmicas elencadas durante as práticas foram apresentadas aos profissionais da entidade para que estes pudessem usá-las no cuidado aos idosos. Descritores: Envelhecimento; Capacidade Funcional; Idoso Institucionalizado. ABSTRACT The aging of the population has been increasing in speed, unprecedented and therefore has caused an impact on the economy of the health system. Functional capacity is one of the important markers of a successful aging and quality of life for seniors. This study aims to describe an experience that occurred during the academic curriculum practices of the discipline of the Elderly Health Care Society in Santa Izabel, Long Term Institution of Santiago, RS. This study aims to reflect on the role of the professional nurse in the assessment of functional capacity of elderly subjects, from factors related to the ability of individuals to perform physical and mental activities required for the maintenance of its basic and instrumental activities. During the curriculum practices was used as an evaluation tool, the Katz Index to rank the possible weaknesses of the subjects, using the interview method, and the host. The results obtained through the application of this index showed that may result from natural aging process of the human being, cognitive losses that in many cases is the reason for the institutionalization of the subject. The perceptions listed during the academic practices were presented to the professional body to enable them to use them in caring for the elderly. Keywords: Aging; Functional Capacity; Institutionalized Elderly. 1. INTRODUÇÃO O envelhecimento da população brasileira tem ocorrido com crescente velocidade nos últimos anos, como resultado deste, evidencia-se o aumento de idosos portadores de patologias crônicas degenerativas. Considera-se pessoa Idosa o sujeito que possuir idade igual ou superior a sessenta anos. Dados recentes publicados pela Organização das Nações Unidas (ONU) salientaram que o Brasil ocupará, em 2025, o 6º lugar entre os países com maior quantidade de pessoas idosas. (1) Para tanto, as Instituições de Longa 2
Permanência tornaram-se alternativas no processo de construção social da velhice e, conseqüentemente, para o cuidado. Muitas são as alterações anatomicofisiológicas que acometem os idosos, limitando sua capacidade funcional, como: redução do volume muscular, aumento de gordura, e tecido conjuntivo, redução da força, redução da capacidade aeróbia, redução da capacidade neurológica. (2) Frente ao citado pelo autor, evidencia-se que os idosos necessitam de profissionais capacitados para trabalhar com estas alterações. Neste contexto surge o profissional enfermeiro, que através de sua formação profissional, possui capacidades de prestar assistência integral a estes sujeitos, preconizando a humanização, acolhimento, emancipação do sujeito, autonomia. Com o passar do tempo o ser idoso vai perdendo gradativamente sua autonomia, ficando assim dependente de familiares ou cuidadores, para a realização de práticas e atividades rotineiras. Concordando com o autor (3), de modo geral, a capacidade de funcionar de maneira independente declina com a idade e este declínio é influenciado por um conjunto de fatores biológicos, psicológicos e sociais. A permanência dos idosos em Instituições de Longa Permanência muitas vezes é a melhor alternativa para a família, uma vez que não há disponibilidade de suporte familiar, psicológico e financeiro que estes necessitam. Seguindo esta idéia, para alguns idosos estar institucionalizado, significa ter acesso a uma assistência integral, humanizada, e com uma visão holística da equipe de enfermagem, mas a família deve estar sempre participativa para garantir a excelência da assistência. A avaliação da capacidade funcional surge como um novo paradigma de assistência a saúde, particularmente relevante para o idoso. A saúde dentro dessa ótica passa a ser resultante da intervenção multidimensional entre saúde física, saúde mental, independência na vida etária, integração social, suporte familiar e independência econômica. Qualquer uma dessas dimensões se comprometida, pode afetar a capacidade funcional de um idoso. (4) O presente relato de experiência tem por objetivo refletir a atuação do enfermeiro frente à avaliação da capacidade funcional de idosos institucionalizados, a partir de fatores relacionados à capacidade dos indivíduos em realizar atividades físicas e mentais necessárias para a manutenção de suas atividades básicas e instrumentais, tais como: tomar banho e vestir-se, preparar refeições e alimentar-se, usar telefone e caminhar certa distância, tendo como instrumento de compilação de dados o Índice de Katz. 3
2. METODOLOGIA Este trabalho está embasado nas práticas curriculares da disciplina de Enfermagem Aplicada à Saúde do Idoso, realizada no V semestre do Curso de Graduação em Enfermagem da URI Campus Santiago. Tais práticas ocorreram no primeiro semestre de 2011, nas dependências da Sociedade Assistência Santa Izabel do município de Santiago RS, totalizando 30 horas, sob acompanhamento da professora supervisora da disciplina. Atualmente a Instituição de Longa Permanência possui cerca de 66 idosos permanentes, sendo alguns destes, portadores de patologias degenerativas que resultantemente acometem sua capacidade funcional. Durante as práticas curriculares utilizou-se o Índice de Katz como instrumento de avaliação das capacidades funcionais do ser idoso. Cada acadêmico tinha como objetivo avaliar os sujeitos a fim de identificar fragilidades (quando houver), utilizando como método a entrevista e o acolhimento. Mediante a utilização do Índice de Katz, esperou-se identificar as principais dificuldades encontradas pelos idosos ao desenvolver atividades motriciais cotidianas como: tomar banho, vestir-se, alimentação, marcha, equilíbrio. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES A avaliação funcional é definida pelos autores (5), como "[...] uma tentativa sistematizada de mensurar os níveis nos quais uma pessoa se enquadra, numa variedade de áreas, tais como: integridade física, qualidade da auto-manutenção, qualidade no desempenho dos papéis, estado intelectual, atividades sociais, atitudes em relação a si mesmo e ao estado emocional". Para o autor (6), a independência funcional defini-se como a capacidade de realizar atividades por seus próprios meios os que estão ligados à mobilidade e à capacidade funcional do indivíduo. Com o passar dos anos o idoso começa a prejudicar ou perder gradativamente sua funcionalidade seja ela motora ou psicológica. No contexto familiar, evidencia-se hoje que o idoso vem sendo privado deste convívio, ocasionando sua migração, algumas vezes involuntária para as Instituições de Longa Permanência. Nestes espaços os sujeitos passam a vivenciar uma nova realidade, um novo modelo familiar, onde pode vir a não ser aceitado. O acometimento emocional é 4
um dos reflxos na saúde do idoso que ocorre com mais frequencia nestas instituições, e a que a falta de profissionais capacitados pode vir a prejudicar seu estado emocional. (4) Após a execução do instrumento constatou-se que alguns dos sujeitos estudados possuem fragilidades. Nesta conjuntura foi possível orientar os profissionais da instituição para atentarem as particularidades de cada sujeito. Dentre os cuidados de enfermagem executados pela equipe observou-se que o Índice de Katz não faz parte da rotina da instituição, mesmo sendo perceptível sua importância. 4. CONCLUSÃO O processo de envelhecimento tem uma influência significativa na independência e capacidade funcional do ser humano. A utilização de instrumentos de avaliação funcional geriátrica, como o Índice de Katz facilita na obtenção de informações, as quais proporcionarão aos profissionais da saúde um melhor acompanhamento do progresso de cuidados que tende a ser mais apropriada a cada caso. Frente a essas considerações apresentadas, percebemos que a presença do enfermeiro em Instituições Asilares é de grande importância, tendo em vista que este profissional possui as competências necessárias para planejar e executar planos de cuidados que venham a avaliar, minimizar danos e proporcionar um envelhecimento com autonomia e independência. REFERÊNCIAS 1 SILVESTRE, Jorge Alexandre. COSTA NETO, Milton Menezes da. Abordagem do idoso em programas de saúde da família. Cad. Saúde Pública [online]. 2003, vol.19, n.3. 2 ALVES, M. J. M. Perfil da Capacidade Funcional do Idoso. Caxambu-MG, 2008. http://www.abep.nepo.unicamp.br/encontro2008/docspdf/abep2008_1534.pdf. Acesso em 10 de outubro de 2011 às 08h. 3 GUCCIONE, A. A. Fisioterapia geriátrica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. 4 FREITAS, E.V. et al. Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. 5 OLIVEIRA, D. L. C.; GORETTI, L. C.; PEREIRA, L. S. M. O desempenho de idosos institucionalizados com alterações cognitivas em atividades de vida diária e mobilidade: 5
estudo piloto. Rev. Bras. fisioter., São Carlos, v. 10, n. 1, 2006. 6 MARTINS, G. B. Avaliação da Capacidade Funcional de Idosos Institucionalizados e não Institucionalizados. http://www.fisio-tb.unisul.br/tccs/06b/gilmara/artigogilmara.pdf. Acesso em 14 de outubro de 2011 às 14h e 15min. 6