ASPECTOS FUNCIONAIS DE IDOSOS DE UM CENTRO DE CONVIVÊNCIA
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1 ASPECTOS FUNCIONAIS DE IDOSOS DE UM CENTRO DE CONVIVÊNCIA Verbena Santos Araújo Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFPB. Camilla de Sena Guerra - Mestranda do Programa de Pós Graduação em Enfermagem na UFPB. camilla_sena_@htmail.com Marina de Moraes - Mestranda do programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFPB. ninamoraes_@hotmail.com INTRODUÇÃO Tem sido observado a cada dia o aumento exponencial da população idosa em todo o mundo há cerca de quatro décadas, particularmente nos países em desenvolvimento como o Brasil, onde o envelhecimento populacional tem revelado rápido e cuja projeção para o ano de 2025 infere que o número de indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos será de 32 milhões 1. Diante desse contexto, nota-se que o envelhecimento é um processo de construção influenciado por um conjunto de fatores internos e externos, e por isso precisa ser estudado mais profundamente e com novos olhares. Em função da singularidade do tema em estudo e da relevância do mesmo para a condição satisfatória de saúde dos idosos, emergiram as questões que nortearam o estudo: Será que idosos que participam de atividades em Centro de Convivência são potencialmente funcionais? Qual será a influência das atividades realizadas no Centro de Convivência na qualidade de vida dos
2 idosos? E, para responder tais inquietações, a pesquisa teve como objetivo avaliar a capacidade funcional de idosos que frequentam o Centro de Convivência do Idoso no Município de Campina Grande/PB no intuito de traçar um perfil sobre sua influência na qualidade de vida dos mesmos. METODOLOGIA Realizou-se uma pesquisa exploratória de campo com abordagem quantitativa, na qual se buscou avaliar os aspectos funcionais de idosos que frequentam o Centro de convivência do idoso de Campina Grande/PB, a fim de desvelar a influencia destes, sobre a qualidade de vida no processo de envelhecimento. A coleta dos dados foi realizada no Centro Municipal de Convivência do Idoso no Município de Campina Grande-PB. A população para pesquisa foi constituída por 200 idosos que frequentam assiduamente a referida instituição e participam assiduamente das atividades proporcionadas pelo Centro de Convivência. Todos entrevistados (homens e mulheres) aceitaram participar da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido, deixando clara a sua participação voluntária, de forma a evidenciar sua percepção acerca do tema proposto. Foi respeitada a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Para alcançar o objetivo proposto nesse estudo, o instrumento utilizado para a coleta de dados foi o modelo da ficha de auto-avaliação da capacidade funcional, já validada no Brasil e proposta por Spirduso (1995) 2. Todos os dados quantitativos coletados passaram pela análise estatística através do Software SSPS versão 18.0, cujo intuito foi de traçar o perfil socioeconômico e
3 realizar a avaliação da capacidade funcional dos idosos. RESULTADOS Dos 200 idosos com idade variando de 60 a 89 anos entrevistados, 82 (41%) eram do sexo masculino e 118 (59%) do sexo feminino. Todos os idosos frequentavam assiduamente o Centro de Convivência do Idoso do Município de Campina Grande-PB no horário da manhã. Para o sexo masculino o percentual de casados (62,20%) foi maior quando comparado com o sexo feminino (20,34%) enquanto que o percentual de indivíduos viúvos foi bem mais elevado no sexo feminino (50,85%). Com relação ao grau de escolaridade os percentuais foram semelhantes para ambos os sexos, sendo a maioria enquadrada na categoria não alfabetizados (43,90%) e (38,14%) homem e mulher, respectivamente. Vale ressaltar que dos indivíduos analisados, apenas seis indivíduos quando considerado ambos os sexos apresentavam nível superior. Com relação à característica de moradia, um percentual superior a 60% para ambos os sexos não moravam sozinhos. Quanto à ocupação atual dos idosos e as condições de renda ainda descritas, observou-se que a maioria eram aposentados (96,34%) e (88,98%) homem e mulher, respectivamente, e os rendimentos na sua maioria eram de um salário mínimo para ambos os sexos. Os dados revelaram que as atividades de vida diária dos idosos não estavam prejudicadas. Podemos observar que atividades simples tais como comer, beber, higiene corporal, movimentar-se sem empecilho, entre outras, não afetaram a capacidade funcional dos idosos estudados para ambos os sexos. No entanto, para desenvolverem atividades que exigem maiores esforços físicos como subir escadas, atividades pesadas de limpeza, entre outras, os mesmos mostraram um pequeno percentual de dependência ou
4 incapacidade funcional. Os idosos entrevistados se mostraram ativos no que diz respeito às atividades de vida diária (AVD) já que 100% dos entrevistados relataram realizar com facilidade tarefas simples como alimentar-se, lavar as mãos, ir ao banheiro e vestir-se. Isto pode estar associado à socialização entre eles através de atividades esportivas, culturais e lazer que são praticadas no Centro, ou até mesmo as condições precárias de vida dos mesmos onde fazem com que estas atividades sejam executadas sem ajuda. Alem disto, apesar dos idosos entrevistados possuírem baixa renda, o Centro de Convivência dispõe de profissionais já de diferentes áreas já mencionadas que conhecem as síndromes geriátricas e buscam auxiliá-los na busca de uma qualidade de vida saudável. Idosos que mantém relacionamentos com amigos e participam de atividades de interação social como jogo de salão dança e atividades manuais apresentaram menos risco de perda funcional, bem como menor índice de sintomas depressivos. Isso pode ser evidenciado neste estudo já que a perda das atividades de vida diária (AVD) são relevantes quando comparado as atividades que são desenvolvidas ainda com facilidade pelos idosos mesmo com a idade avançada 3. Com relação à qualidade de vida dos idosos que participaram deste estudo, podemos citar que os mesmos associam a boa convivência social, o desenvolvimento de atividades físicas, mentais e intelectuais, lazer e conseguirem desenvolver suas atividades cotidianas a uma qualidade de vida satisfatória e feliz, levando-os a ter uma percepção de auto-realização, felicidade e bem-estar, parâmetros mais significativos na avaliação de qualidade de vida. Diante deste fato, e de suma importância a existência de
5 Centros de Convivência para pessoas idosas, com o objetivo de proporcionar ambientes adequados ao desenvolvimento destas atividades ocupacionais e relacionamentos interpessoais e construtivos. Sabendo que o envelhecer é um processo natural, progressivo na espécie humana e que implica em mudanças contínuas e inevitáveis, além de irreversíveis, relacionadas ao avançar da idade e sucede a despeito de o indivíduo gozar de boa saúde e ter um estilo de vida ativo e saudável, o mesmo desencadea o desgaste orgânico, provoca alterações diretas e indiretas nos aspectos culturais, sociais e emocionais, que contribuem significativamente para a ocorrência de patologias inerentes a idade 4. E como o aumento do envelhecimento demográfico é uma realidade mundial ressalta-se a importância e relevância de estudos neste sentido para o desenvolvimento de estratégias no intuito de promover o desenvolvimento de estratégias (políticas econômicas, sociais e culturais) voltadas à manutenção da saúde e de uma vida livre de incapacidade. CONCLUSÃO A avaliação da capacidade funcional é fundamental para determinar o comprometimento e a necessidade de auxílio para as atividades de manutenção da própria saúde e de gestão do ambiente familiar por parte dos idosos. Vale ressaltar que este comprometimento na vida do idoso tem implicações relevantes para a família, a comunidade, para o sistema de saúde e para a vida do próprio idoso, uma vez que a incapacidade ocasiona maior vulnerabilidade e dependência na velhice, contribuindo para a diminuição do bem-estar e da qualidade de vida dos idosos. Este estudo procurou conhecer os aspectos funcionais no processo de envelhecimento em idosos que de certa forma, mantêm-se ativos dento do
6 Centro de Convivência, bem como tem acesso profissionais da área de saúde e, de acordo com os resultados obtidos sugere-se a importância da realização de atividades físicas e atividades sociais na manutenção das AVD dos mesmos e de acompanhamento médico. Salienta-se ainda manter-se ativos pode ter importantes implicações na qualidade de vida dos mesmos, visto que possibilita ao idoso a manutenção de sua independência para a realização de atividades cotidianas garantindo uma melhor qualidade de vida durante seu envelhecimento. A despeito disto, ressaltamos a importância de pesquisas para melhor conhecimento das questões ligadas a fragilidade do idoso no intuito de contribuir para o desenvolvimento de estratégias capazes de ajudar a transpor as barreiras postas pelo avançar da idade. Além disso, é de suma relevância o planejamento de programas específicos de intervenção para a eliminação de certos fatores de risco relacionados com a incapacidade funcional. Fatores socioeconômicos e demográficos são pouco sujeitos a intervenções de prevenção que incluam a ação direta dos profissionais em saúde. Entretanto, os programas e serviços de saúde podem incluir ações preventivas especificamente voltadas para certos fatores tais como: atenção e cuidados especiais, formação de grupos de idosos com a realização de atividades recreativas, físicas e de lazer que certamente irão propiciar benefícios e o prolongamento do bem estar da população idosa. Espera-se que os resultados obtidos neste estudo possibilitem novos diagnósticos e intervenções precoces, para que esses anos adquiridos com a longevidade sejam isentos de muitas patologias e de alto custo de dependência, como também, melhorar as políticas publicas de atenção a saúde do idoso, garantindo-lhe um atendimento digno e de qualidade, como reza o
7 Estatuto do Idoso. REFERÊNCIAS 1. PAPALEU NETTO M.. Processo de envelhecimento e longevidade. In: Papaléo Netto M. Tratado de gerontologia. 2ªed. rev. ampl. São Paulo: Atheneu; p MATSUDO, S. M. M. Avaliação da aptidão física e da capacidade funcional. In: Avaliação do Idoso: Física & Funcional, 3 a ed. Santo André, Mali: 2010, p XAVIER A.J.; et. al. Trabalho, suporte social e lazer protegem idosos da perda funcional: Estudo Epidoso.. Revista de Saúde Pública, São Paulo,v. 45, n. 4, p , ALVES, L. C. et al. A influência das doenças crônicas na capacidade funcional dos idosos do Município de São Paulo, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 23, n. 8, p , 2007.
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