PSICO ONCOLOGIA PEDIÁTRICA E SUAS MUDANÇAS NO COTIDIANO FAMILIAR

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Transcrição:

PSICO ONCOLOGIA PEDIÁTRICA E SUAS MUDANÇAS NO COTIDIANO FAMILIAR Autores: CALORY, J.L.; OLIVEIRA, A.; OLIVEIRA, B.; OLIVEIRA SENA, E. O.; SILVA, P. R.; VALADÃO F. L. Resumo: O câncer é uma doença temida por muitos nos dias atuais, mesmo com tantos avanços que ocorrem diariamente no universo da medicina, a falta de informação, de aceitação e de suporte para com as famílias envolvidas torna todo o processo mais difícil. O objetivo deste trabalho é identificar o impacto que os pais de filhos com câncer sofrem em seus relacionamentos conjugais, na sua vida profissional e no relacionamento com os outros filhos saudáveis, apresentando pesquisas bibliográficas realizadas em artigos e livros sobre o tema e seguida de entrevistas realizadas com pais de filhos com câncer dando ênfase as experiências, reações, sentimentos e concepções que podem melhor nos informar o que acontece durante este processo de descoberta e vivência com o diagnóstico. Palavra-chave: câncer; filhos; pais Abstract: Cancer is a disease feared by many today, even with so many advances occurring daily in the medical world, the lack of information, acceptance and support for the families involved makes the whole process more difficult. The objective of this study is to identify the impact that the parents of children with cancer suffer in their marital relationships, in their professional life and in the relationship with other healthy children, presenting bibliographical researches in articles and books on the subject and followed by interviews with parents of children with cancer emphasizing the experiences, reactions, feelings and conceptions that can better inform us what happens during this process of discovery and experience with the diagnosis. Keywords: cancer; children; parents Introdução: Mesmo com tantos avanços na medicina e na tecnologia, o câncer ainda é uma doença muito temida e fortemente associada à morte. De acordo com INCA (2016) O câncer infantil corresponde a um grupo de várias doenças que têm em comum a proliferação descontrolada de células anormais e que pode ocorrer em qualquer local do organismo. São mais frequentes na infância e na adolescência os tumores de leucemias e os do sistema nervoso central e linfomas. A falta de informação e compreensão desses casos torna tudo mais difícil quando se tem o resultado de um diagnóstico. A descoberta da doença traz

consigo um misto de sentimentos, medos, ansiedades, sofrimentos, dores, angústias em relação ao que os espera. Santos (2008) quando se dá a descoberta do câncer pediátrico, algo que nunca imaginavam vivenciar, as famílias se veem obrigadas a deixar para trás tudo aquilo que era prazeroso e que fazia parte de suas rotinas como: trabalhar, frequentar festas, passear e estar com outras pessoas em momentos de lazer. Portanto, essas alterações se configuram em limitações que passam a fazer parte das suas vidas. As principais áreas que são afetadas na vida da família da criança com câncer são, na vida conjugal dos pais, vida profissional e a relação com os filhos saudáveis. Cardoso (2007) fala sobre a dinâmica familiar, que isso modifica todo cotidiano dos membros da família e a forma com que lidam com essa situação. Cardoso (2007) fala da relação matrimonial dos pais da criança que podem sofrer abalos. Por manterem todo o foco no tratamento do filho acabam deixando sua vida conjugal de lado, podendo resultar em problemas de relacionamento do casal. A vida profissional também é afetada, a mãe como cuidadora necessita deixar de lado sua carreira para dedicar integralmente ao filho que passa a necessitar de cuidados especiais. Outro fator são os irmãos da criança com câncer, por também serem membros da família acabam sofrendo muito com a situação da doença, em especial durante o tratamento, pelo fato de os pais estarem dando mais atenção ao filho doente acabam deixando um pouco de lado o filho saudável, afetando assim a relação e rotina do mesmo. Além deste fator a preparação e o acompanhamento dos profissionais, tanto médicos quanto psicólogos são de suma importância para a família que se encontra nesta situação. De acordo com Pessini & Bertachini (2004) o trabalho do psicólogo com a equipe médica envolve gerar um diálogo compreensível entre os profissionais da área médica, o paciente, e os familiares, promover principalmente dentro da instituição o processo de humanização do paciente que é quem mais sofre com o suporte da doença tanto física como também psicologicamente, desenvolver a compreensão desses profissionais com a família que também sofrem em ver a criança sendo um ser mais frágil e vulnerável carregando tamanha dor.

Com isso é importante que aja compreensão e aceitação do diagnóstico não somente por parte do paciente, mas também dos familiares, faz com que tudo flua melhor, principalmente para a recuperação do paciente. Objetivo Primário: Identificar através dos relatos de pais que tenham filhos diagnosticados com câncer, quais as questões relativas ao adoecimento e tratamento dos filhos tem afetado suas vidas. Objetivo Secundário: Analisar o quanto o cotidiano familiar é afetado pelo adoecimento e tratamento dos filhos diagnosticados com câncer. Investigar se houveram mudanças no relacionamento com o(s) outro(s) filho(s) saudáveis. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa com enfoque qualitativo, tal estudo foi divido em dois momentos. O primeiro momento contou com uma pesquisa bibliográfica em livros e artigos científicos onde se estabeleceu um primeiro contato com a produção existente do referido tema. Em um segundo momento, foi realizada uma pesquisa qualitativa, na qual utilizou uma entrevista semiestruturada, com perguntas abertas referentes à vivência do câncer dentro do ambiente familiar, visando descobrir como eles lidaram com a situação e o quanto foram afetados na área matrimonial, profissional e na relação com os filhos saudáveis. A pesquisa foi realizada em uma instituição localizada na cidade do norte do Paraná, onde foram feitas 2 entrevistas com pais de crianças com câncer, no qual esses pais tinham mais de um filho sendo esse outro filho (a) saudável. A partir dessas entrevistas fizemos a análise mais detalhada das informações que foram levantadas. Resultados: Foram entrevistadas duas famílias cujos filhos realizam tratamento oncológico no Hospital de uma cidade do norte do Paraná. Com as famílias entrevistadas foi possível perceber essa diferença desde o processo da descoberta do diagnóstico, ambos ficaram muito tristes, mas a aceitação da doença em uma das famílias foi bem melhor que na outra.

Segundo o pai da família A, desde a descoberta do diagnóstico ele e sua esposa se reuniram com todos os filhos, explicaram o ocorrido e deixou claro que a partir daquele momento a filha do casal teria a necessidade de um cuidado e atenção maior, mas que mesmo com isso o amor e carinho pelos outros filhos não iria mudar. Mesmo com essa maior aceitação os pais se deparam diretamente com a incerteza, a possibilidade de perda, já que essa doença é muito inconstante. Já na família B foi possível perceber que quando questionada sobre o processo de descoberta da doença, ela se mostrou abatida, não querendo falar sobre o assunto, dando respostas curtas, somente disse que demorou cerca de dois anos para começar a aceitar a doença. Percebemos que diante dos relatos da mãe da família B foi possível observar que ela ainda se encontra em processo de aceitação, portanto podemos constatar que suas respostas curtas e diretas se remetem a uma negação diante da situação. A família A relata que tiveram que parar de trabalhar, devido ao tratamento, isso já afetou grandemente a vida deles, os filhos saudáveis do casal ficavam com a filha mais velha deles, que inclusive no decorrer do tratamento se casou, mais mora na mesma casa dos pais para poder cuidar dos outros irmãos. Já a família B relatou que também teve que abandonar o emprego, pois conciliar serviço e tratamento não era possível. Também relataram que possuem um filho pequeno que fica com parentes e o mesmo não entende o que está ocorrendo devido sua pouca idade. Já a questão do matrimonio, ambas as famílias não relataram haver mudanças no convívio. A família A tem uma melhor aceitação e compreensão da família e dos filhos, fazendo com que a família se tornasse mais unida para a melhora da irmã com câncer, já na família B, é bem mais complicado que mesmo depois de 2 anos tem dificuldade de aceitar o tratamento, se pergunta porque passar por isso, mostrando se um pouco desconsolada com toda essa situação.

Conclusão: Os pais enfrentam uma corrida por um caminho desconhecido quando descobrem que sua criança está com câncer. Essa fase envolve mudança em toda rotina de vida e casa, abandono do cônjuge e dos outros filhos, idas incessantes aos hospitais e cuidado intensivo com o filho doente, carregando consigo culpa, ansiedade e angustia sobre as incertezas e desfecho da doença. Considerando apontamentos da entrevista verifica-se a que a união familiar é parte fundamental para se passar por esses momentos de descoberta e tratamento, uma vez que isso envolve todos os membros, a ajuda e colaboração de todos faz com que esse momento seja superado dia-a-dia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARDOSO, F. T. Câncer infantil: aspectos emocionais e atuação do psicólogo. Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s1516-08582007000100004>. Acesso em: 24 de abril 2016. Instituto Nacional do Câncer, INCA. Brasil. 2016. Disponível em: <http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/infantil> Acesso em: 26 de maio 2016. PESSINI L.; BERTACHINI L. (orgs.). Humanização e cuidados paliativos. EDUNISC-Edições Loyola, São Paulo, 2004, 319 p. SANTOS, L. M. P.; GONÇALVES, L. L. C. Crianças com câncer: desvelando o significado do adoecimento atribuído por suas mães. 2008.