AJUSTE DA LÂMINA DE IRRIGAÇÃO NA PRODUTIVIDADE DA CULTURA DO FEIJÃO KARINA ROSALEN 1,2*, VANDERLÉIA FORTUNA 1,2, PATRICIA MARA DE ALMEIDA 1,2, LEONARDO PANDOLFI 1, HUGO VON LINSINGEN PIAZZETTA 1,2 1 Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Erechim; 2 Grupo de Manejo Sustentável dos Sistemas Agrícolas - MASSA - UFFS; *Autor para correspondência: Karina Rosalen (karinarosalen@hotmail.com) 1. INTRODUÇÃO O feijão (Phaseolus vulgaris L.) destaca-se como um dos cultivos de maior expressividade no Brasil, sendo cultivado em sua grande maioria pela agricultura familiar (CARVALHO et al., 2014). De acordo com o mesmo autor, o feijoeiro caracteriza-se como uma planta exigente, sendo que a instabilidade climática das regiões produtoras, aliada ao alto grau de sensibilidade da planta à deficiência hídrica, determinam a oscilação de produtividade. Com o intuito de regularizar a disponibilidade hídrica para a cultura, a utilização de sistemas de irrigação tem demonstrado grande potencialidade do ponto de vista produtivo. No entanto, a otimização do uso da água é um dos desafios encontrados no planejamento da irrigação. Deste modo, destaca-se a necessidade de implantação de um sistema eficiente com uso racional da água, levando em conta o momento exato e a quantidade de água a ser aportada na área para atender as necessidades hídricas da cultura (JÚNIOR; FRIZZONE; PAZ, 2014). 2. OBJETIVO O objetivo foi avaliar o desempenho agronômico da cultura do feijão (Phaseolus vulgaris), submetido a formas de ajuste de lâmina de irrigação validando o uso da planilha Lâmina para manejo da irrigação. 3. METODOLOGIA O experimento foi conduzido na UFFS Campus Erechim, entre maio de 2016 e julho de 2017, comparando as formas de ajuste da lâmina de irrigação: sem irrigação (controle); umidade do solo na capacidade de campo (100 % CC); umidade do solo na
capacidade real de água no solo, equivalente a 45 % da capacidade total de água do solo (45 % CRA); e irrigação conforme a planilha Lâmina (Lâmina). No tratamento sem irrigação, a disponibilidade de água deu-se em função da ocorrência de chuvas, monitorada com estação meteorológica. No tratamento manutenção de 100 % CC e 45 % CRA, a umidade do solo foi determinada com auxílio de uma sonda TDR. Após a leitura, a umidade da capacidade de campo e a umidade da capacidade real de água no solo, foram reestabelecidas aplicando a quantidade de água necessária de acordo com as equações propostas por Bernardo (2005). A umidade na capacidade de campo foi obtida a partir da curva de retenção da água no solo, realizada anteriormente ao início do experimento utilizando a metodologia proposta Embrapa (1997), na tensão de 30 kpa e a umidade no ponto de murcha permanente na tensão de 1500 kpa. No tratamento Lâmina, foi fornecido a lâmina de água de acordo com planilha eletrônica desenvolvida pela equipe do projeto observando as recomendações estabelecidas por Allen et al. (1998). A semeadura foi realizada no dia 04 de novembro de 2016, sendo que o delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com quatro repetições. Cada unidade experimental foi constituída por um piquete de 9 m². A colheita foi realizada em 4 m² de área útil, quando a cultura atingiu a maturidade fisiológica. Nesta área, 10 plantas foram selecionadas aleatoriamente e cortadas rente ao solo para determinação do número de vagens por planta, comprimento da vagem, espessura da vagem, número de grãos por vagem e biomassa seca da parte área. As vagens restantes da parcela foram debulhadas, e com os grãos determinou-se a umidade e a produtividade em kg ha -1, o rendimento de grãos na área útil de cada parcela foi ajustado para 13 % de umidade e a população de plantas corrigida para 250.000 plantas ha -1. O peso de mil grãos foi determinado a partir de oito repetições de 100 grãos, pesados em balança analítica e corrigidos à umidade de 13 %. Em todos os tratamentos foi determinado a quantidade total de água recebida pela cultura, permitindo relacionar a quantidade de água aplicada com os componentes de rendimento e produtividade da cultura.
Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância, quando necessário foi realizado o teste de Tukey a 5 % de probabilidade de erro. Para realização das análises, utilizou-se o software estatístico SPSS v.17,0. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante o experimento, a temperatura média variou de 12,2 C à 25,8 C e a precipitação foi de 397,4 mm (Figura 1), suprindo a necessidade hídrica da cultura. A quantidade de água recebida por cada tratamento é apresentada na Tabela 1. Nos tratamentos 100 % CC e 45 % CRA, soma-se a lâmina aplicada com a precipitação ocorrida durante o período de experimento. Os demais receberam a mesma quantidade de água, advinda apenas da precipitação, pois no tratamento controle não se utilizava irrigação e devido a regularidade das chuvas, não houve necessidade de aplicação de nenhuma lâmina de água gerada pela planilha. Observa-se diferença apenas para o comprimento de vagem, sendo que os demais componentes: número de vagem por planta, espessura da vagem, número de grãos por planta, peso de mil grãos e biomassa seca da parte aérea, não apresentaram diferenças (Tabela 2). Os tratamentos também não apresentaram diferença para a variável produtividade de grãos e eficiência no uso da água (Tabela 3). 5. CONCLUSÃO Em anos com boa distribuição e regularidade de chuvas, a planilha Lâmina possibilita melhor ajuste da lâmina de irrigação, racionalizando o uso desta, mantendo a produtividade semelhante aos demais tratamentos. O manejo da irrigação, que leva em consideração apenas a umidade do solo, não se mostra adequado, visto que aumenta o risco de causar danos à cultura por excesso de água.
6. REFERÊNCIAS ALLEN, R.G.; PEREIRA, L.S.; RAES,D.; SMITH, M. Crop evapotranspiration: guidelines for computing crop water requirements. Rome: FAO, 1998. 300 p. (FAO. Irrigation and drainage paper, 56). BERNARDO, S. Manual de irrigação. 7. ed. Viçosa: UFV, 2005. 656 p. CARVALHO, J. J. et al. Manejo da irrigação no feijoeiro, cultivado em semeadura direta e convencional. Revista Brasileira de Agricultura Irrigada, Fortaleza, 8, 2014. 52-63. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Manual de métodos de análise de solos. 2 ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: EMBRAPA, 1997. 212 p. JÚNIOR, J. L. C. D. S.; FRIZZONE, J. A.; PAZ, V. P. D. S. Otimização do uso da água no perímetro irrigado formoso aplicando lâminas máximas de água. Irriga, Botucatu, 19, abr/jun 2014. 196-206. Palavras-chave: Agrometeorologia, agricultura irrigada.
Fonte de Financiamento: PROBIC - FAPERGS