Tribunal de Contas da União Dados Materiais: Acórdão 236/97 - Plenário - Ata 42/97 Processo nº TC 299.048/93-4. Interessados: Byron Costa Queiroz, Presidente, e Osmundo Evangelista Rebouças, Presidente em exercício. Entidade: Banco do Nordeste do Brasil S.A. - BNB. Relator: Ministro Carlos Átila Álvares da Silva. Representante do Ministério Público: Dr. Walton Alencar Rodrigues. Unidade Técnica: SECEX/CE. Especificação do "quorum": Ministros presentes: Iram Saraiva (na Presidência), Carlos Átila Álvares da Silva (Relator), Humberto Guimarães Souto e os Ministros-Substitutos José Antonio Barreto de Macedo e Lincoln Magalhães da Rocha. Assunto: Recurso de Revisão em Prestação de Contas Anual. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Prestação de Contas anual do Banco do Nordeste do Brasil S.A. - BNB, exercício de 1992; Considerando que, na Sessão de 20/09/1995, o Plenário deste Tribunal julgou as presentes contas regulares, com ressalvas, e determinou a adoção de diversas providências (Acórdão nº 120/95-TCU - Plenário); Considerando que, após a notificação, a Direção da entidade interpôs Recurso de Revisão ao Acórdão nº 120/95-TCU - Plenário, questionando o subitem 8.2, alínea "a", e subitem 8.3 e pedindo que seja autorizada a permanência da contribuição à Caixa de Assistência Médica dos funcionários do BNB - CAMED, na forma até aqui adotada e seja mantido o sistema de concessão de direito de uso de imóveis residenciais aos seus funcionários; Considerando os pareceres da Unidade Técnica e do Ministério Público junto a este Tribunal; ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as razões expostas pelo Relator e com fundamento no art. 35 da Lei nº 8.443/92 c/c o art. 236 do Regimento Interno, em: 1. conhecer do presente recurso de revisão, para, dando-lhe
provimento parcial, dar a seguinte redação ao subitem 8.2., alínea "a", do Acórdão nº 120/95-TCU - Plenário: "8.2... a) determinar à Direção do Banco do Nordeste do Brasil S/A - BNB que não inclua, em futuros Acordos Coletivos de Trabalho, cláusula que permita a transferência de recursos da Entidade para a Caixa de Assistência Médica dos funcionários do BNB - CAMED, em obediência ao Decreto nº 99.509/90, alterado pelo Decreto nº 1.315/94;" 2. comunicar ao Ministério Público do Trabalho e também ao Advogado-Geral da União a inclusão em Acordos Coletivos de Trabalho homologados pela Justiça do Trabalho, celebrados por empresas estatais, de cláusulas que contrariam o disposto no Decreto nº 99.509/90, bem como o inciso VII, art. 6º do Decreto-lei nº 2.355/87, para adoção das providências cabíveis, remetendo-lhes cópias desta Decisão, bem como do Relatório e Voto que a fundamentam; 3. manter os demais termos do Acórdão nº 120/95-TCU - Plenário; e 4. dar ciência desta deliberação aos interessados. Ementa: Prestação de Contas. BNB. Recurso de revisão contra acórdão que determinou a exclusão de cláusula de Acordo Coletivo visando restringir as contribuições para a Caixa de Assistência Médica e para a Associação de funcionários, e que vedou a concessão do direito de uso de imóveis residenciais mediante locação a terceiros. Análise da matéria. Conhecimento. Provimento parcial. Alteração de subitem do acórdão. - Entidade privada.concessão de auxílios e contribuicão pecuniárias por órgão e entidade da Administração Federal. Entendimento já firmado pelo Tribunal. Data DOU: 03/11/1997 Página DOU: 24855
Data da Sessão: 22/10/1997 Relatório do Ministro Relator: GRUPO I - CLASSE I - PLENÁRIO TC 299.048/93-4 (com 04 Volumes). ANEXOS: TC 275.32/92-0 TC 275.175/92-8 (com 02 Volumes) NATUREZA: Recurso de Revisão (Prestação de Contas Anual). ENTIDADE: Banco do Nordeste do Brasil S.A. INTERESSADOS: Byron Costa Queiroz, Presidente, e Osmundo Evangelista Rebouças, Presidente em exercício. EMENTA: Recurso de Revisão. Cláusula de Acordo Coletivo de Trabalho contrário à norma infraconstitucional. Locação de imóveis para funcionários, sem amparo legal. Conhecimento. Provimento parcial para retificar determinação. Comunicação ao Ministério Público do Trabalho e Advogado-Geral da União. Ciência aos interessados. Na Sessão do Plenário de 20 de setembro de 1995, este Tribunal julgou regulares, com ressalvas, a Prestação de Contas do Banco do Nordeste do Brasil S.A. - BNB, exercício de 1992, e determinou à Direção da Entidade a adoção de diversas providências, dentre outras (Acórdão nº 120/95-TCU - Plenário, fls. 1019/1020): "8.2... a) adote as providências cabíveis, inclusive frente à Justiça do Trabalho, para que seja excluída do Acordo Coletivo dos empregados dessa instituição a cláusula que mantém inalteradas suas contribuições para a Caixa de Assistência Médica dos funcionários do BNB - CAMED, por contrariar o disposto no Decreto nº 99.509/90, que restringe o repasse de verbas a Associações de funcionários e servidores ao atendimento de creche e assistência pré-escolar, cessando, por conseqüência, o repasse de recursos a essa Associação; esclarecendo, ainda, que tal providência não obsta que a assistência médica concedida aos empregados seja realizada diretamente pelo BNB;... 8.3. deixar assente à Direção do Banco do Nordeste que a concessão de direito de uso de imóveis residenciais, mediante locação a terceiros, foi expressamente vedada pelo inciso VII do art. 6º do Decreto-lei nº 2.355/87, ficando esse benefício restrito aos empregados que já o recebiam até 27.08.87;"
Após a notificação (fls. 1021), a Direção do BNB encaminhou a este Tribunal o documento de fls. 1023/1028 a título de recurso de revisão. Em aditamento, encaminhou também o documento de fls. 1031/1038. Nas referidas peças, a Presidência da Instituição requer a revisão dos subitens 8.2, alínea "a", e 8.3 do Acórdão nº 120/95-TCU - Plenário acima transcritos. No essencial, os recorrentes, quanto ao subitem 8.2, alínea "a'', ponderam: - a contribuição do Banco à Caixa de Assistência Médica do BNB (1,5% sobre a remuneração total do empregado) vem constando do Acordo Coletivo de Trabalho desde 1992; - em negociações coletivas, os sindicatos exigem como condição mínima para o acordo a manutenção do benefício, e não abrem mão de direitos constantes de acordos coletivos celebrados anteriormente; - a prestação de Assistência Médica aos empregados feita diretamente pelo BNB, na forma em que o Tribunal fez referência no item 8.2, alínea "a", do Acórdão fere o princípio da economicidade, vez que aumentará as despesas do Banco, consoante demonstrado às fls. 1026. Quanto ao subitem nº 8.3 do Acórdão, os recorrentes, em resumo, afirmam: - a concessão de direito de uso de imóveis a funcionários, mediante locação de terceiros já havia sido convalidado pelo Ministro de Estado do Interior em Despacho publicado no D.O.U. de 25/08/86; - o direito de uso de imóveis residenciais somente é destinado aos funcionários do Banco que ocupam funções de gerência, dirigentes e administradores da Direção-Geral. O pagamento de aluguel é de interesse do Banco, para que os funcionários ocupantes de funções possam exercê-las em localidades em que não haja imóveis residenciais. O não pagamento de aluguel inviabiliza o exercício dessas funções, porque o funcionário comissionado pagará, invariavelmente, um aluguel maior do que o valor que irá receber da comissão. A SECEX/CE analisou as alegações dos recorrentes na instrução de fls. 1041/1043. Ponderou que, embora a contribuição à CAMED venha constando de Acordo Coletivo desde 1992, é vedada pelo Decreto nº 99.509/90. Salientou também que o direito de uso dos imóveis residenciais locados de terceiros é vedado em legislação específica (inciso VII
do art. 6º do Decreto-lei nº 2.355/87), ficando esse benefício restrito aos funcionários que já estavam contemplados antes do Decreto-lei nº 2.355/87. Ao concluir, em pareceres uniformes, propõe que o Tribunal (fl. 1043): "I - não conheça do recurso, por não satisfazer os pressupostos de admissibilidade elencados no art. 236 do Regimento Interno; II - caso conhecido, dê provimento parcial, mantendo o item 8.3 e alterando o item 8.2, "a", que passaria a ter a seguinte redação: 8.2. a) determinar à Direção do Banco do Nordeste do Brasil S/A - BNB a não inclusão em futuros Acordos Coletivos de Trabalho de cláusula que permita a transferência de recursos do Banco para a CAMED, ao arrepio do Decreto nº 99.509/90; III) ademais, sugerimos que esta Corte de Contas comunique ao douto Ministério Público do Trabalho, na pessoa do seu Procurador-Geral, a inclusão em acordos coletivos de trabalho homologado pela Justiça do Trabalho, celebrados por empresas estatais, de cláusulas que contrariam o disposto no Decreto nº 99.509/90, bem como o inciso VII, art. 6º do Decreto-lei nº 2.355/87, para adoção das providências cabíveis." O Ministério Público junto a esta Corte de Contas manifesta-se pelo conhecimento do recurso interposto pelo Banco do Nordeste do Brasil S.A., nos termos do art. 35 da Lei nº 8.443/92 e, no mérito, pelo provimento parcial, alterando a redação do subitem 8.2. "a" do Acórdão nº 120/95-TCU - Plenário, na forma sugerida pela Unidade Técnica (fl. 1045). Adicionalmente, propõe que se comunique ao Ministério Público do Trabalho e, também, ao Advogado-Geral da União, a inclusão em acordos e convenções coletivos celebrados por empresas estatais e homologados pela Justiça do Trabalho, de cláusulas que contrariam o disposto no Decreto nº 99.509/90, bem como o inciso VII, art. 6º do Decreto-lei nº 2.355/87, com vistas a adoção das providências cabíveis, consoante a conclusão da instrução da Unidade Técnica. É o Relatório. Voto do Ministro Relator: No recurso em apreciação, a Direção do Banco do Nordeste do Brasil S.A. - BNB pede a revisão do Acórdão, para que seja autorizada a
permanência da contribuição à Caixa de Assistência Médica dos funcionários do BNB - CAMED, na forma até aqui adotada, por ser menos onerosa ao Banco e mais benéfica aos empregados. Pede também que seja mantido o sistema de concessão de direito de uso de imóveis residenciais aos seus funcionários. No tocante à primeira questão, por força do vigente Decreto nº 99.509/90, alterado pelo Decreto nº 1.315/94, é vedado aos órgãos e entidades da Administração Federal, empresas públicas, sociedades de economia mista e demais entidades controladas, direta ou indiretamente, pela União, efetuar, em favor de clubes ou outras sociedades civis, de caráter social ou esportivo, inclusive os que congreguem os respectivos servidores ou empregados e seus familiares, contribuições pecuniárias a qualquer título, exceto despesas com a manutenção de creches e escolas para atendimento pré-escolar. Neste caso, o benefício encontra-se inserido em Acordo Coletivo de Trabalho homologado pela Justiça do Trabalho, que apesar de ser lei entre as partes, não é suficiente para tornar inaplicável, na esfera administrativa, uma norma infraconstitucional (Decreto nº 99.509/90), conforme defendem os recorrentes. A redação contida no subitem 8.2., alínea "a", do Acórdão recorrido determina a exclusão da cláusula do Acordo Coletivo que mantém inalteradas as contribuições do Banco à Caixa de Assistência Médica dos funcionários do BNB - CAMED. Considerando o tempo decorrido entre a data do julgamento das contas e o mérito desse recurso, e considerando ainda que o Acordo Coletivo de Trabalho pressupõe um ajuste fundado na manifestação da vontade das partes (mútuo consentimento entre empresa e empregados) parece-me adequada a proposta de retificação sugerida pela Unidade Técnica, anuída pelo Ministério Público junto a este Tribunal, no sentido de que se determine à Entidade em questão que não inclua em futuros Acordos Coletivos de Trabalho cláusula permitindo a transferência de recursos do Banco para a CAMED, em observância à vedação prescrita no Decreto nº 99.509/90. De igual forma também estou de acordo com a sugestão de que se comunique ao Ministério Público do Trabalho e ao Advogado-Geral da União a inclusão em Acordos Coletivos, homologado pela Justiça do Trabalho, celebrados por empresas estatais, de cláusulas que contrariam o disposto no Decreto nº 99.509/90, bem como o inciso
VII, art. 6º do Decreto-lei nº 2.355/87, para adoção das providências cabíveis. Quanto à segunda questão, o Decreto-lei nº 2.355/87, atualmente em vigência, expressamente estabelece em seu art. 6º, inciso VII, que, ressalvados o direito adquirido e a coisa julgada, é vedada a concessão de direito de uso de imóveis residenciais, mediante locação a terceiros. Assim, em observância ao princípio da legalidade, é possível acatar as razões dos recorrentes. Diante do exposto, acolho o parecer da Unidade Técnica e do Ministério Público e VOTO por que o Tribunal aprove o Acórdão que ora submeto a este Plenário. Indexação: Prestação de Contas; BNB; Recurso de Revisão; Acordo Coletivo de Trabalho; Contribuição; Associação de Servidores; Repasse; Recursos Financeiros; Imóvel Funcional; Locação; Cessão de Direitos; Assistência Médica; Imóvel Residencial;