62. Uma experiência de formação em Primeiros Socorros no 1.º Ciclo do Ensino Básico: que aprendizagens?

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Transcrição:

SEPARATA

62. Uma experiência de formação em Primeiros Socorros no 1.º Ciclo do Ensino Básico: que aprendizagens? Mónica Rosário 1 e Elisabete Linhares 2 1 Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Santarém, Santarém, Portugal, 2 Departamento de Ciências Matemáticas e Naturais, Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Santarém, Santarém, Portugal, Unidade de Investigação e Desenvolvimento em Educação e Formação do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa UIDEF, 1 monica_rosario_29@hotmail.com, 2 elisabete.linhares@ese.ipsantarem.pt Resumo Este estudo pretendeu verificar o impacte da abordagem dos Primeiros Socorros no 1.º CEB recorrendo a questionários e à entrevista realizados a Bombeiros, a uma turma de 3.º ano e à sua professora. Constatou-se que as atividades de Primeiros Socorros capacitaram os alunos a realizarem procedimentos de Primeiros Socorros. Palavras chave Educação para a Saúde, Primeiros Socorros, Segurança, 1.º Ciclo do Ensino Básico. 1. Enquadramento teórico A capacidade de perceção e intervenção numa situação de emergência é de extrema importância designadamente contactar os meios de socorro. Até à chegada do socorro e tendo conhecimentos para isso, é possível fazer alguma coisa para ajudar a outra pessoa. Estes conhecimentos podem ser adquiridos com formação em Primeiros Socorros (PS). No entanto, uma formação em PS com obrigatoriedade no currículo só é possível se o governo tiver essa iniciativa (Bollig, Wahl e Svendsen, 2009; Lockey e Georgiou, 2013; Mendes, 2010; Ribeiro, Menezes, Germano, Schmidt e Pazin-Filho, 2010). Esta formação pode surgir integrada no âmbito da educação para a saúde, como uma forma de prevenir as sequelas de um acidente ou mesmo uma forma de salvar vidas (Gomes, Santos, Vieira e Barbosa, 2011). 375

La enseñanza de las ciencias: desafíos y perspectivas O ensino dos PS desde o ensino básico justifica-se por se tratar de um nível de escolaridade em que as crianças estão ávidas em aprender e se encontram a desenvolver diversas competências essenciais à sua vida futura como cidadãos (Connolly, Toner, Connolly e McCluskey, 2007). A criança pode ser a primeira pessoa a deparar-se com uma situação de emergência médica e, caso não esteja um adulto por perto, tem de ser capaz de pedir e prestar ajuda. Assim, é sugerido que crianças com 6-7 anos de idade aprendam Suporte Básico de Vida (SBV) para poderem salvar vidas (Bollig et al., 2009). Como explicam Lockey e Georgiou (2013) os conteúdos a abordar com as crianças devem ter em conta o ano de escolaridade que se encontram a frequentar. Para alguns autores, a possibilidade de realizar procedimentos de PS que possam comprometer o estado de saúde da vítima é muito reduzida, comparativamente com o número de mortes que podem ocorrer devido à falta de socorro (Bollig et al., 2009). Em Portugal, foi recentemente apresentada uma resolução na Assembleia da República que recomenda ao Governo, uma formação de frequência obrigatória em Suporte Básico de Vida (SBV) no 3.º ciclo do ensino básico (Grupo Parlamentar CDS-PP, 2013) reconhecendo, desta forma, a importância de uma formação nesta área no ensino obrigatório. Com o intuito de promover aprendizagens significativas e apropriadas ao nível etário dos alunos, os conteúdos a abordar foram definidos em função das recomendações e resultados apresentados nos estudos analisados (Bollig et al., 2009; Connolly et al., 2007; Lubrano et al., 2005) e considerando as idades dos alunos, o programa de estudo do meio para 1.º CEB (ME-DEB, 2006) e o Manual de Primeiros Socorros - Situações de Urgência nas escolas, jardins de infância e campos de férias de Reis (2010). Os principais conteúdos definidos foram: a importância da chamada de emergência e como fazê-la corretamente; dificuldade respiratória - asma; ferida e/ou hemorragia; hemorragia nasal; desmaio; queimadura; entorse; picada; mordedura; Posição Lateral de Segurança (PLS), obstrução da via aérea e reanimação. 2. Metodologia O presente estudo é de natureza qualitativa assumindo um formato de estudo de caso, ou seja, a observação detalhada de um contexto particular (Ponte, 2006), neste caso, uma turma de 3.º ano do 1.º Ciclo do Ensino Básico (CEB). Segundo Yin (2005), este tipo de estudo incide sobre acontecimentos atuais dentro do seu contexto natural quando os limites entre os acontecimentos e o contexto não estão claramente definidos. As fontes para este tipo de estudo são várias (documentos, artefactos, entrevistas e observações) o que faz com que haja a necessidade de convergir em formato de triângulo, e, ( ) beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas (p. 33) para conduzir a recolha e análise de dados. A revisão da literatura realizada pretendeu analisar ( ) pesquisas anteriores para desenvolver questões mais objetivas e perspicazes 376

Rosário e Linhares sobre o mesmo tópico (p. 28). Neste sentido, procedeu-se a uma revisão teórica aprofundada sobre o tema para definir melhor os objetivos do estudo e identificar os instrumentos de recolha de dados a utilizar. Com este estudo pretendeu-se verificar o impacte da exploração didática do tema dos PS numa turma de 3.º ano do 1.º CEB. Numa primeira fase, os participantes foram: a) o corpo de Bombeiros Voluntários da área de residência da investigadora; b) os alunos de 3.º ano de uma escola; e c) a professora titular da turma. Nesta fase foram utilizados questionários e uma entrevista para aceder às perceções sobre uma formação em PS no 1.º CEB. Na segunda fase, os participantes foram os mesmos, no entanto, em relação aos bombeiros apenas participaram os dois bombeiros que dinamizaram sessões de PS. Foi utilizado um questionário aplicado aos alunos, entrevista aos bombeiros e professora e documentos produzidos pelos alunos, para se conhecer o impacte da exploração didática na promoção de competências em PS. 3. Apresentação e discussão dos resultados No que à corporação de bombeiros diz respeito, dos 78 elementos que a constituem, foram conseguidas respostas de 47 bombeiros com idades compreendidas entre os 20 e os 56 anos, tendo entre 2 e 31 anos de carreira. Após analisar os questionários destes profissionais foi possível concluir que quase todos (94 %) consideraram importante a dinamização de formação sobre PS com jovens do 1.º CEB. Ao questionário dos alunos responderam 15 participantes com idades entre os 7 e os 8 anos, de uma turma formada por 20 alunos. Da análise realizada foi possível perceber que os participantes não tinham uma compreensão profunda do conceito de PS, referindo de uma forma solta e desconexa, ideias relacionadas com o tema. As respostas dadas às questões específicas de emergência evidenciaram uma falta de conhecimento geral da turma sobre o tema. As atividades de exploração didática dinamizadas (por exemplo, da caixa de primeiros socorros) sobre PS permitiram aferir que existiam algumas conceções incorretas sobre situações de emergência. Na segunda fase do estudo, a entrevista realizada aos bombeiros permitiu verificar que estes consideraram ter promovido aprendizagens de PS nos alunos, tendo em conta o desempenho dos participantes nas atividades dinamizadas. Apontaram ainda, como aspeto positivo, a motivação e o envolvimento da turma nesta experiência didática. Um aspeto a melhorar, referido por estes profissionais, seria a duração da formação, que deveria ser maior. Para a professora titular de turma esta experiência didática foi uma mais-valia para os alunos, pois realizaram aprendizagens significativas verificadas através dos métodos de aferição de conhecimentos aplicados (por exemplo, atividades, questionário e avaliação da capacidade de execução de situações de emergência): ( ) porque os resultados notaram-se na aferição de conhecimentos. Alcançouse uma aprendizagem muito prática e proveitosa ( ). Esta formação 377

La enseñanza de las ciencias: desafíos y perspectivas proporcionou conhecimentos que os alunos poderão aproveitar durante toda a sua vida (Ent2p: 136). Depois da exploração didática, foi aplicado um questionário aos alunos que versava sobre conteúdos trabalhados nas sessões, tendo-se verificado um aumento de respostas corretas às questões específicas de situações de PS. Por exemplo, quando questionados sobre o que se deve fazer em primeiro lugar quando se encontra uma pessoa caída, na fase anterior à exploração didática, nenhum dos alunos assinalou a resposta correta, enquanto depois de participarem na formação, 73 % conseguiu referir que se deve verificar se o local é seguro. Perante a questão o que se deve fazer quando alguém sangra do nariz, passou-se de uma percentagem de 27 % de respostas certas para a totalidade de alunos que aprendeu que se deve manter a cabeça direita apertando as narinas e aplicar frio no local. Melhorias nas respostas obtidas foram igualmente identificadas nas situações relacionadas com o local onde se devem realizar as compressões torácicas, o que fazer em caso de crise asmática, de ferida pouco profunda e de picada. 4. Conclusões Os resultados evidenciam o enriquecimento dos conhecimentos dos alunos depois de terem participado na exploração didática sobre PS. Foi possível aferir um aumento do número de respostas corretas no último questionário relativamente ao primeiro. Assim, pode-se concluir que a exploração didática dinamizada foi uma mais-valia para as crianças no desenvolvimento das suas competências em PS. Neste estudo, à semelhança de outros (Bollig et al., 2009) são mostrados resultados positivos ao nível da promoção de aprendizagens de PS no 1.º CEB, vindo sustentar e justificar a pertinência da abordagem do tema neste nível de escolaridade. O número reduzido de participantes e o curto período de formação são limitações do estudo. Apesar de um estudo de caso não se poder generalizar, pode refletir os resultados de uma formação em PS no 1.º CEB. Esta investigação permite ainda alertar para a necessidade de formar os professores de modo a que estes consigam formar os seus alunos. Apesar de as escolas não terem equipamentos específicos para abordar esta temática, é sempre possível recorrer aos profissionais que trabalham nesta área e conseguir a sua colaboração. O facto de existir uma proposta de lei para o ensino de PS no 3.º ciclo do ensino básico já é uma tentativa de mudança de mentalidades no nosso país, mas pensamos que é possível ir mais além e, já que queremos ser iguais em tantas outras coisas a outros países, porque não tentarmos fazer o mesmo a nível da educação, nomeadamente a educação em PS? 378

Rosário e Linhares 5. Referências bibliográficas Bollig, G., Wahl, H. A. e Svendsen, M. V. (2009). Primary school children are able to perform basic life-saving first aid measures. Resuscitation, 80, 689-692. Colquhoun, M. (2012). Learning CPR at school Everyone should do it. Resuscitation, 83, 543-544. Connolly, M., Toner, P., Connolly, D. e McCluskey, D. R. (2007). The ABC for life programme - Teaching basic life support in schools. Resuscitation, 72, 270-279. Gomes, L., Santos, C., Vieira, M. e Barbosa, T. (2011). Cadernos de Ciência e Saúde, 1 (1), 57-64. Grupo Parlamentar CDS-PP (2013). Projecto de Resolução N.º 590/XII/2.ª. Lisboa: Assembleia da República. Lockey, A. S. e Georgiou, M. (2013). Children can save lives. Resuscitation, 84, 399-400. Lubrano, R., Romero, S., Scoppi, P., Cocchi, G., Baroncini, S., Elli, M., Turbacci, M., Scateni, S., Travasso, E., Benedetti, R., Cristaldi, S. e Moscatelli, R. (2005). How to become an under 11 rescuer: a practical method to teach first aid to primary schoolchildren. Resuscitation, 64, 303-307. ME - DEB (2006). Organização Curricular e Programas - Ensino Básico - 1.º Ciclo (5.ª edição). Lisboa: Ministério da Educação - Departamento da Educação Básica. Mendes, V. R. O. (2010). Relatório de Estágio em Emergência Médica. Faculdade de Medicina, Universidade do Porto, Porto, Portugal. Ponte, J. P. (2006). Estudos de caso em educação matemática. Bolema, 25, 105-132. Reis, I. (2010). Manual de Primeiros Socorros: Situações de Urgência nas Escolas, Jardins de Infância e Campos de Férias. Lisboa: ME - Direção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular. Ribeiro, L. G., Menezes, P. L., Germano, R., Schmidt, A. e Pazin-Filho, A. (2010). Teaching Basic Life Support to Brazilian School Children Using American Heart Association Video-Based Course Model by Undergraduate Medical Students. Annals of Emergency Medicine, 56 (3), S152. Yin, R. (2005). Estudo de caso. Planejamento e Métodos. Porto Alegre: Bookman. 379

ISBN 978-84-15524-24-3