Aplicações clínicas de células tronco hematopoiéticas

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Transcrição:

Universidade Federal de Pelotas Centro de Desenvolvimento Tecnológico Disciplina de Engenharia de células e tecidos Prof: Fernanda Nedel e Flávio Demarco Aplicações clínicas de células tronco hematopoiéticas João Paulo Luiz Lucas Lorenzon Wallace Pereira

Sangue Fluido corpóreo especializado Composto por células e plasma sanguíneo Sistema circulatório

Componentes do sangue Células 1. Eritrócitos 2. Leucócitos 3. Trombócitos Plasma

Médula Óssea Orgão central formador de células do sangue Localização Medula óssea ativa e inativa

Células tronco hematopoiéticas Características funcionais: Auto-renovação Multipotência Plasticidade Heterogeneidade Mobilidade

Tipos de HSC long-term self-renewing HSCs (LT-HSCs), short-term self-renewing HSCs (ST-HSCs), multipotent progenitors (MPPs)

Mecanismos celulares e moleculares A dinâmica da hematopoiese é relativamente complexa; A comunicação entre as células é feita através de moléculas sinalizadoras, as citocinas. Proliferação, diferenciação e apoptose. Interleucina 6

Mecanismos celulares e moleculares Estroma da medula óssea (adipócitos, células endoteliais, macrófagos and fibroblastos); Colágeno e proteoglicanos; Fixação de HSC a moléculas de adesão; CD164; CD164

Mecanismos celulares e moleculares As HSC possuem marcadores de superfície celular específicos; CD34 + /CD38 -

Expansão ex vivo Meio de cultura: depende da objetivo da expansão; Meio contendo soro vantagens e desvantagens; Nutrição + proteção; Controle;

Expansão ex vivo Células acessórias: produzem citocinas, importantes para o cultivo; Cultivos com estroma pré-estabelecido mantém as células no seu fenótipo primitivo;

Expansão ex vivo Produção de fatores inibitórios da proliferação das células tronco; Parâmetros fisioquímicos, como ph, glicose e O2 interferem na produção endógena de citocinas; Estratégias para manter o balanço entre moduladores inibitórios e indutores da proliferação;

Expansão ex vivo Tensões de oxigênio de 1 a 10 % aumentam o tamanho e a quantidade de células; Baixas concentrações de óxido nítrico, peróxido de hidrogênio e radicais de oxigênio

Expansão ex vivo A acidificação do meio pode causar inibição do crescimento. Pequenas variações no ph podem alterar a sobrevivência e a diferenciação das HSC. Granulócito e macrófago ph 7.2 7.4 Eritrócito ph 7.6

Biorreatores T-flask cultura estática; Limitações: gradientes de concentração, manuseio, baixa reprodutibilidade, difícil controle, produtividade limitada pela superfície da garrafa;

Câmara de perfusão Biorreatores

Biorreatores Stirred reactors; Não requer ligação à superfície; Agitação pode alterar Receptores de citocina.

Biorreatores Packed bed reactors Primeiramente, cultivo de células do estroma;

Obtenção das HSC Múltiplas punções com agulhas -bacia, esterno, costela e vértebras Mobilização das células 10 a 15 ml/kg Através de leucaférese

Separação de células sanguíneas Centrifugação Panning Separação imunomagnética Cromatografia de afinidade Citometria de Fluxo FACS ( fluorescence- activated cell sorter)

Separação de células sanguíneas Centrifugação em gradiente Envolve a separação de partículas com base na sua massa e forma numa solução de densidade e/ou concentração decrescente A amostra é colocada no cimo do tubo e durante a centrifugação migra de acordo com a sua velocidade e sedimentação, ex: gradiente de Ficoll-Hypaque Eritrócitos+ PMNs - mais densos Células mononucleares (linfócitos/ monócitos)-menos densos: recuperados à superfície

Separação de células sanguíneas Panning Aderência celular a uma superfície sólida

Separação de linfócitos por Panning Análises Clínicas (Linfócitos) Técnica usada no isolamento de subpopulações de linfócitos, em que estes podem aderir á superfície se esta estiver coberta com os anticorpos apropriados Método eficaz na separação Th de Tc usando anticorpos CD4+ e CD8+ Eficaz também na separação de linfócitos T e B usando anti-igs

Separação de células sanguíneas Separação imunomagnética

Transplante de HSC São definidos de acordo com o doador e a origem das células transplantadas Autólogo: Retiradas do próprio paciente Alogênico: Doador compatível, podendo ser familiar ou não-familiar Singênico: Gêmeos univitelinos

Aferese

Irmão: 25% Familiar: < 5% Não aparentado:?

Origem das HSC para transplante Medula óssea Punção Metodologia clássica Sangue periférico Aferese Metodologia mais utilizada atualmente em pacientes > 20 anos Cordão umbilical Em média 100 ml, contendo HCS Mais utilizada em crianças

Métodos para aumentar o sucesso do transplante Expansão quantitativa ex vivo Culvito in vitro Biorreatores Imunossupressão Quimioterapia e radioterapia Ciclosporina A e FK-506: Inibe síntese de IL-2 (ligação Agreceptor) Rapamicina: Interfere transdução de sinal IL-2xIL-2R Agentes bloqueadores de proliferação de células T Seleção de doador Regiões com HLA D compatíveis ABO compatível Baixa compatibilidade: Remoção de linfócitos T do doador

Rejeição das HCS transplantadas Hospedeiro contra o enxerto: Receptor imunocompetente Resposta imune contra as células enxertadas. Enxerto contra o hospedeiro: Receptor imunocomprometido Progenitor linfóide competente Células T imunoreativas atacam tecidos do receptor

Indicações de transplante de HSC autólogo Benefícios já provados em grandes estudos: Linfoma Não-Hodgkin Recaídos Leucemia Mielóide Aguda Mieloma Múltiplo Benefício provável Leucemia Mielóide Aguda Doença de Hodgkin Recaída Tumores Germinativos Reciditivados Benefícios possíveis (ainda não comprovados) Câncer de mama Leucemia Linfóide Crônica Câncer de pulmão Outros tumores Doenças autoimunes severas (ex: artrite reumatóide)

Indicações de transplante de HSC alogênico Como única chance de cura: Aplasia de medula Hemoglobinopatias (Talassemias e anemia falciforme) Imunodeficiências primárias Leucemia Mielóide Crônica Como tratamento melhor que a quimioterapia: Leucemia Mielóide Aguda Leucemia Linfóide Aguda Mielodisplasias

Potenciais aplicações clínicas Restauração de células T e B - Células T esgotadas Cordão umbilical - baixa capacidade de indução de reatividade - limitado número de células Sangue periférico

Expansão ex vivo para terapia gênica Longo tempo de vida Geralmente modificados através retrovírus Todos seus progenitores carregam o gene de interesse Necessitam de indução de citocinas

Imunoterapia baseado em células dendríticas Poderosas células apresentadoras de antígenos Estimulam células T citotóxicas e T helpers Difícil isolamento

Produção de células sanguíneas maduras Produção em larga escala de produtos sanguíneos maduros Elimina problemas como: Escassez de tipos sanguíneos específicos Aumento de produtividade e melhora no controle das linhagens

Referência Cabrita et al. Hematopoietic stem cells: from the bone to the bioreactor. TRENDS in Biotechnology. 2003 Sorretino et al. Clinical strategies for expansion of haematopoietic stem cells. Nature. 2004 McAdams et al. Hematopoietic cell culture therapies (part II): clinical aspects and applications. TRENDS in Biotechnology. 1996 Kondo et al. Biology of hematopoietic stem cells and progenitors: implications for clinical application. Annual Reviews of Immunology. 2003