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Transcrição:

Neste conceito, a situação de saúde é direta ou indiretamente produto das condições da vida biológica, social e cultural e da interação entre o meio físico e social.

A interdependência entre saúde, meio ambiente e desenvolvimento é reconhecida à muito tempo, no entanto, nosso modelo de desenvolvimento vem provocando danos irreversíveis ao meio ambiente e consequentemente sobre a saúde. Com o rápido crescimento populacional e a urbanização vem toda espécie de abusos e destruição colocando em risco não só a qualidade de vida e a saúde das pessoas, mas também a biodiversidade e os processos naturais que sustentam a sobrevivência na terra.

O conceito de desenvolvimento sustentável engloba não só o crescimento econômico, mas a igualdade social e o equilíbrio ecológico. Esses princípios apontam para uma nova forma de ver o mundo, focando na responsabilidade presente e a qualidade de vida das futuras gerações.

A poluição das águas é consequência principalmente de atividades humanas, como o lançamento de efluentes domésticos e industriais sem tratamento. O termo utilizado para as águas que apresenta suas características naturais alteradas após a utilização humana é efluente (esgoto). São na sua maioria compostas por excretas humanas e água de origem doméstica, comercial e industrial. Os poluentes que podem estar presentes nas águas podem ser divididos em categorias. Nos efluentes domésticos os principais poluentes encontrados são os poluentes orgânicos: matéria orgânica e organismos patogênicos. Nos efluentes industriais, além da matéria orgânica, também envolve substâncias metálicas e compostos organossintéticos.

O termo contaminação do solo se refere à presença de substancias toxicas como: Hidrocarbonetos, óleos pesados, subprodutos petroquímicos, metais pesados, elementos inorgânicos, solventes, compostos clorados, pesticidas, entre outros. Os poluentes inorgânicos são conhecidos como elementos tóxicos e compreendem elementos metálicos e metaloides da tabela periódica. Incluem se nessa denominação elementos que em baixa concentração são essenciais aos organismos vivos, mas quando se apresentam em concentrações mais elevadas, provocam desequilíbrio, apresentando certa toxidez. Elementos como mercúrio, chumbo, cadmio e o arsênio, são altamente tóxicos aos seres humanos mesmo em baixas concentrações e são causadores de doenças e anomalias.

A poluição do ar pode ser definida como presença de matéria ou energia na atmosfera, de forma a torna-la imprópria, causar prejuízos aos usos antrópicos, a saúde pública e ao ecossistema natural. (Philippi,2014). Alguns poluentes atmosféricos são emitidos em maior quantidade e por um grande número de fontes, estando mais presentes em áreas urbanas poluídas, oferecendo maiores riscos a saúde, a flora e a fauna. Entre eles podemos destacar as partículas em suspensão, o dióxido de enxofre, os óxidos de nitrogênio, os hidrocarbonetos, o monóxido de carbono e os oxidantes fotoquímicos. Devemos citar também os poluentes que apresentam grande impacto na saúde pública e ocupacional, dentre eles podemos citar o cloro e seus compostos, as névoas acidas, os odores, as fumaças, o mercúrio, partículas dechumbo, amianto, partículas radioativas, etc.

Para termos um desenvolvimento sustentável, devemos equilibrar as atividades antrópicas suas modificações ambientais e os impactos causados que podem comprometer negativamente a qualidade de vida presente e futura. Com isso bem claro, podemos propor mudanças no padrão de consumo com uma maior eficiência no sistema de produção com a otimização dos recursos naturais e minimização da geração de rejeitos. Como resultado, teremos uma redução na quantidade de poluentes lançados no meio, melhoria da qualidade de vida e da saúde da população.

A ação do homem sobre o meio ambiente, dentre os quais, a exploração de ecossistemas, a migração de homens e mulheres por toda parte do planeta, desenvolvimento industrial, resistência a antibióticos, etc. Todos esses aspectos fazem parte de um quadro complexo da saúde da população e sua relação com o meio ambiente. É neste contexto que se faz necessário o estudo das intervenções do homem no ambiente e nas populações. Uma das formas de compreender o processo são as ações de saúde, aquelas voltadas à coletividade. A saúde coletiva é o caminho para entender a ação do ser humano sobre populações diversas, tanto humanas com as da natureza: animais, vegetais, vírus e bactérias. A saúde une homens e ambiente, natureza e sociedade.

A epidemiologia é uma disciplina que surgiu para cumprir a tarefa de produzir conhecimentos científicos acerca da distribuição e determinação do processo saúde-doença em populações humanas e fornecer subsídios aos serviços de saúde para o controle de doenças. A epidemiologia fornece subsídios para a construção de conhecimentos em relação à saúde das comunidades orientando as ações em populações humanas e seu ambiente. Desde os primórdios muitos estudos já demonstraram as relações existentes entre problemas de saúde de populações e suas condições de vida, relativos basicamente às condições sanitárias, formas de alimentação e condições de trabalho. Na América Latina, por exemplo, podemos citar os trabalhos que demonstraram o papel dos mosquitos na transmissão da febre amarela. Esses estudos e muitos outros serviram para demonstrar que a relação entre saúde e as condições ambientais estão intimamente ligadas.

Enquanto a ciência médica atua principalmente no organismo a saúde publica é detentora de uma visão ecológica, procurando compreender as relações que se estabelecem entre populações, comunidades e ecossistemas. Os seres humanos ao interagir com outras espécies e com o ambiente recebe as influencias que podem definir seu estado de saúde. A forma de interação do homem com o meio passa ter uma relação muitas vezes direta entre saúde-doença. Diante disto destaca-se a importância da epidemiologia ambiental, cuja ênfase está na discussão dos fatores do meio, físicos, químicos, biológicos e psicossociais que atuam nas causas das doenças.

As ações dos diversos profissionais e instituições para a promoção da saúde tem como resultado a prevenção de doenças e a melhora da qualidade de vida da população. Sem dúvida a melhor forma de prevenir muitas doenças é garantir um ambiente que proporcione condições básicas de vida. A saúde pública é definida como a ciência de evitar doenças, prolongar a vida e desenvolver a saúde física e mental, para isso fazse necessário o saneamento do meio ambiente, o controle das infecções na comunidade, organização dos serviços médicos, diagnósticos e tratamento preventivo das doenças.

O conceito de politicas públicas, é compreendida como o conjunto de princípios, normas e diretrizes que orientam as ações tomadas e implementadas pelo estado (Philippi,2014). Cinco componentes das diretrizes nacionais para a prevenção e controle de epidemias de dengue: Assistência Vigilância Epidemiológica Controle Vetorial Comunicação e Mobilização Social Gestão

Paralelamente as politicas ambientais, diferentes ações para a promoção da saúde foram desenvolvidas a partir da década de 70, em diferentes países, com o objetivo de conseguir mais saúde para todos. Em 1974 no Canadá foram realizados estudos para identificar e analisar as causas determinantes da morbidade e mortalidade da população e como essas causas influenciavam os níveis de saúde. Pela primeira vez então foi feito o paralelo entre saúde e meio ambiente, no momento que foi feita a correlação de problemas relacionados com a poluição. Foram avaliados também outros fatores como a incompetência dos serviços de saúde; os comportamentos e o estilo de vida que geravam várias doenças bem como as causas socioeconômicas, politicas e culturais.

Com a rápida e desordenada industrialização na década de 60, aconteceu uma rápida deterioração das condições sanitárias dos centros urbanos, em decorrência deste processo houve um direcionamento nesse período para o controle da poluição provocada pelas industrias. Mesmo sem uma politica formalizada nesta época, havia claramente uma preocupação em controlar a poluição industrial em especial o controle da qualidade do ar e da água.

O consumo dos recursos naturais em bases insustentáveis resulta na degradação dos sistemas físico, biológico e social, e tem relação com o risco do agravo à saúde pública. As modificações ambientais, como a disposição inadequada de resíduos e lançamentos de efluentes sem tratamento adequado nos cursos de água, podem criar ambientes propícios para a existência de vetores de interesse em saúde pública. Os determinantes sociais como: hábitos, estilo de vida e aspectos de organização, ganha cada vez mais espaços nos projetos de desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida. A saúde pública deve ter, como objetivo, a busca de soluções para os problemas que levam ao agravamento da saúde e da qualidade de vida da comunidade. Compreendem as ações de saúde pública a medicina preventiva e social e as atividades desaneamento domeio.

Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms. Nilza Maria Coradi Revisão Textual: Prof. Esp. Natalia Mendonça Conti